sexta-feira, 6 de setembro de 2019

ARTIGO- Soberania e o sete de setembro (Padre Carlos)




Soberania e o sete de setembro


            Um dos marcos de identidade de um país, sempre será relacionado à sua independência. A celebração da nossa libertação do jogo português é um traço comum em nossa terra natal, de dimensão continental, seu papel além de fato histórico, é buscar unir o povo em um projeto coletivo, criando uma identidade em todo o território nacional.

            Para além de lamentável, é absolutamente vergonhoso que um Governo considere que um país, que seu povo, passa melhor sem memória coletiva, sem símbolos, sem identidade.   Não podemos negar que foi a estupidez deste governo em relação ao meio ambiente e o estímulo à exploração de garimpeiros, madeireiros e ruralistas em áreas preservadas que levou nestes últimos dias ao caos ambiental.
         
   Neste sete de setembro, gostaria de ressaltar, que a soberania é um dos alicerces que dá sentido ao projeto de nação. A soberania é o direito que a população tem sobre suas riquezas, sobre suas empresas. “Soberania nacional significa futuro de um país.”

            Quando falo estas coisas, me refiro da necessidade de resgatar a memória e só se resgata celebrando. Quando memorizamos, isto é, resgatamos a memória, festejamos nossas vitórias e passamos para os mais novos o quanto ela é importante e da necessidade de manter estas conquistas.

            As forças progressistas precisam entender, quando falo isto não me refiro apenas os partidos de esquerdas, mas também aos democratas e nacionalistas, da importância de lutar pelas nossas riquezas e da independência nossa em relação à auto-suficiência em petróleo e a exploração da camada do pré-sal, elas só retornarão, se forem concebidas como um projeto de nação.

            A "Campanha do Petróleo", 1948 – 1953, cujo lema, "O Petróleo é Nosso", ganhou as ruas de todo o país.  Esta luta, enfrentou uma série de obstáculos, como o boicote da grande imprensa, a repressão policial, a hostilidade do empresariado, entre outros.

            Assim, fica evidente que o monopólio do petróleo não foi uma conquista fácil, e quando trago estes elementos a tona, é para lembrar aos brasileiros, que não basta conquistar, é preciso celebrar as nossas conquista, para que as novas gerações saibam valorizar todo o esforço empreendido por uma geração, para que tivéssemos independência.

       
       A atual e triste realidade brasileira neste sete de setembro, ajuda na compreensão do conceito de soberania nacional, pela contradição que a direita brasileira impõe à classe trabalhadora. Agora, está claro que o governo que aí está não é nada nacionalista, eles não têm nenhum interesse em defender a Nação. Até o Comando das Forças Armadas abandonaram o conceito de defesa da Nação, quando se omitiram em relação as política predatória a nossa Amazônia; o silencio diante de tantos desgovernos e gestos entreguista não faz jus à reputação que goza no seio da sociedade. Assim, temos o preto como o luto em respeito a nossa Independência.
            Vamos celebrar a independência e todas as conquistas que a classe trabalhadora ainda não perdeu. “Verás que um filho teu não foge à luta”

            “ Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada Brasil!”
           
Padre Carlos


quinta-feira, 5 de setembro de 2019

ARTIGO - Personalidade do Ano de 2020 ( Padre Carlos )



Personalidade do Ano de 2020




         Antes de descobrimos o conluio que existia na república de Curitiba, achávamos que era justo as Pessoas do Ano serem escolhidas entre juízes e policiais que tem como função corrigir nossos erros do passado. Se parássemos na época para avaliar as nossas escolhas, teríamos diagnosticado a neurose coletiva que se abateu sobre o nosso país, só assim, poderíamos justificar as escolhas no lugar de pessoas que constroem nossas riquezas, políticos, empresários, intelectuais.
  
       Durante toda a nossa história, as elites mantiveram relações promíscuas enriquecendo empresários, políticos e partidos sem que a nossa imprensa se preocupasse em denunciar estes fatos, já que elas sempre fizeram parte deste métier. Mas, em 2015, um fato novo chama atenção dos cientistas políticos, as mesmas famílias que se beneficiaram com todo tipo de mazelas, descobriram em um raro momento de lucidez que o Brasil foi tomado pela corrupção medida em bilhões.
         Descobrimos que aquele fato era inédito e um partido que não era os seus aprendeu a jogar muito bem dominando melhor que seus representantes as regras dos seus jogos.
         Este partido não só aprendeu as regras do jogo, como também descobriu ainda que além desta “corrupção no comportamento dos políticos” há uma “corrupção nas prioridades da política” quando mesmo sem roubo de dinheiro para bolsos privados, há desvio de dinheiro de obras do interesse da população e da nação para obras de interesse de minorias privilegiadas e passou a inverter estas prioridades.
         O Estado e o Governo passaram a entender, que um prédio estatal de luxo ao lado de favelas sem água e esgoto é corrupção, mesmo que não haja superfaturamento, nem propina é considerado um crime contra os mais pobres deste país.
         Descobrimos que a crise econômica que vinha sendo anunciada por muitos analistas era fruto de um grande esquema “estava bem, mas não ia bem”, porque o sintoma da crise não chegava às camadas mais baixa que eram os mantenedores deste projeto e precisava tornar visíveis, assim os observadores das elites partiram para criar uma conjuntura desfavorável.
         Depois de apear Dilma do poder, como Lacerda tentou fazer com Vargas em 1954, temos a noção do que aconteceu. Agora, além de não termos um projeto de desenvolvimento, temos recordes negativos de desemprego, desvalorização cambial, recessão, déficits nas contas públicas, mas descobrimos que nossa crise dá sinais não de uma decadência estrutural, mas, por falta de um projeto que possa tirar o nosso país da crise que as elites colocaram com o golpe parlamentar.
     
    Este foi um ano de descobertas graças a Vasa Jato, descobrimos que procuradores, policiais e juízes, não serão as personalidades do ano e por isso, os Moros, os Deltan e os policiais da PF não serão os brasileiros do ano 2020.
         Esperemos que no ano que vem, possa ser um ano de início de construção, e os brasileiros do ano sejam cientistas, empresários, políticos, artistas, atletas, filósofos fazendo o certo e o novo. Para isso, é preciso que, daqui para frente, os brasileiros de cada ano sejam os eleitores que escolhem os construtores do futuro.


Padre Carlos



quarta-feira, 4 de setembro de 2019

ARTIGO - O futuro começa na urna. ( Padre Carlos )





O futuro começa na urna.



            Às vésperas de mais um ano eleitoral, programada para outubro 2020, os brasileiros se voltarão para aquele que é o momento mais importante e que definirá os destinos das nossas cidades – pelos próximos quatro anos.
            À primeira vista, alguns podem até imaginar que Bolsonaro e suas reformas assassinas, fazem parte de uma realidade distante e que pouco tem a ver com o voto local. Entretanto, talvez tenha sido justamente por relegar o momento eleitoral a segundo plano que hoje a sociedade brasileira assiste incrédula, o desmonte do Estado Brasileiro sendo vendido os seus patrimônios a preço de banana e o descaso com as coisas públicas.
     O Brasil só vai voltar a crescer e ter esperança novamente, se essa mudança começar nas cidades, com a eleição de prefeitos e vereadores dignos do nosso voto e da nossa confiança.
      
      As eleições do ano que vem, tem uma dimensão e uma importância ainda maior nesta quadra delicada pela qual passa o país. O poder local é fundamental e deve ser fortalecido, não apenas de forma institucional, tem que se dá também com os movimentos populares e as forças de esquerdas.
            Afinal, não vivemos nos Estados ou na União, mas nos bairros, nos municípios, nas cidades, e é nelas que devemos exercer, primordialmente, nossos direitos e deveres como cidadãos. Entre eles, está o compromisso do voto – e o objetivo comum a todos deve ser escolher os melhores representantes para os Executivos e Legislativos municipais e temos parâmetros para medir.
            Em meio à maior recessão da história brasileira, gerada pela incompetência e irresponsabilidade do governo que aí está e que não tem projeto de desenvolvimento, fica difícil para qualquer prefeito administrar sua cidade. A condução da nossa economia, não pode ser terceirizada segundo os interesses do sistema financeiro. Não será fácil para o Brasil se recuperar desta crise criada pela inercia de politicas de desenvolvimento, e retomar o caminho do patamar que alcançamos nos governos de Lula e Dilma.
            Precisamos com urgências de medidas necessárias para fazer o país voltar a crescer. Por isto, temos que escolher verdadeiros administradores para vencer esta crise e colocar no comando das Prefeituras das cidades brasileiras políticos capazes e responsáveis para levar adiante essa tarefa de reconstrução nacional.
            Seja nos pequenos, médios ou grandes municípios, a atuação de gestores públicos conscientes do momento enfrentado pelo país será determinante para superarmos a terrível herança desta crise criada pela direita brasileira.
            Apesar de está sendo importante para o Brasil a Vasa Jato, onde passamos a tomar conhecimento de nossas instituições e a forma como O Ministério Público e o Judiciário interferiram no processo eleitoral, precisamos voltar a acreditar na democracia, apesar de achar que temos que tomar medidas extremas para punir quem cometeu ilegalidades – mas, evidentemente, não podem ser motivo de júbilo ou comemoração por quem quer que seja.
            O ideal é que vivêssemos em um país no qual procurador e juiz se comportassem de forma digna no exercício do cargo e concluíssem seus inquéritos de forma imparcial. Se, por um lado, a anulação destas sentenças demonstra o reconhecimento das injustiças cometido a algumas pessoas, o vigor da democracia brasileira, por outro também escancara o quanto ainda estamos distantes do país que queremos construir.
  
          A jornada é longa, o caminho é tortuoso, mas o processo é inevitável. Não há outra possibilidade de desenvolvimento para o Brasil além do voto consciente e da fiscalização permanente dos representantes que elegemos.
            As eleições municipais que se aproximam podem significar o primeiro capítulo de uma nova página que os brasileiros começarão a escrever.
            O tamanho do nosso compromisso e a responsabilidade com a qual exerceremos nosso direito inalienável ao voto será proporcional às chances de transformarmos as cidades e o país.


Padre Carlos

terça-feira, 3 de setembro de 2019

ARTIGO - Pequenas Igrejas, grandes negócios.(Padre Carlos)




Pequenas Igrejas, grandes negócios.


            As crenças e a fé dos brasileiros sempre deram origem a uma proliferação de empresas religiosas, fruto, talvez, do empreendedorismo e da criatividade da nossa gente em contextos de miséria humana e de desesperança. Hoje vemos que estas empresas da fé estão concentradas nas periferias das grandes cidades. Ou seja, espaços dominados por milícias e tráficos com fraca ou inexistente presença do Estado.
     
       A escolha de uma área não é deixada ao acaso, porque a localização destas organizações demonstra, desde logo, uma estratégia para conquistar parcelas deste público, que se encontra desamparada e assim, acabam por receber a esperança como produto. Estes comportamentos servem acima e tudo os interesses das bancadas evangélicas que transformam a fé das suas ovelhas em bases eleitorais. Ou seja, há um ciclo vicioso que traz mútuos ganhos para as empresas da fé e para os governos, sejam de esquerda ou direita.
            De facto, as empresas da fé precisam tanto de fiéis como os governos autoritários ou populares precisam de seguidores que não questionem nem se interessa por política. Demonstrando, assim, que a fé dos brasileiros tem servido, sobretudo, para encontrar um caminho para a salvação eterna individual, sem provocar qualquer ato de transformação política, remetendo muitos brasileiros para a condição de súdito de uma fé cega, ou de não sujeitos.
            Os súditos da fé entregam-se a uma doutrina religiosa cristã que defende que a bênção financeira é o desejo de Deus para os cristãos e que a , o discurso positivo e as doações para os ministérios cristãos irão sempre aumentar a riqueza material do fiel. Desta forma, determinam que a única mudança deve ocorrer através da realização de milagres. Assim, quando um dos membros dessas comunidades consegue ser bem-sucedido o resultado acaba por ser apresentado como uma obra divina, não sendo dado qualquer crédito às suas capacidades humanas.
            A realização humana de um súdito da fé é apresentada e celebrada como o fruto do seu investimento nos caminhos da fé. Tal dedicação religiosa acaba por conduzir a uma forma de aprisionamento e colocar os membros numa situação de incapacidade, afastando-os das lutas políticas e sociais com vista à construção de um bem-estar social coletivo.
  
          Esta postura social de muitos brasileiros pode servir para explicar, o fenômeno da extrema direita, que persistem livres de quaisquer tipos de pressão social e política radical. Por isso, atualmente, os partidos, até os de matriz socialista, outrora críticos do obscurantismo religioso, aceitam e acolhem figuras religiosas na sua estrutura partidária. A cooptação dessas figuras religiosas permite exercer um controle das mentes e das ações populares de desestabilização buscado assim um enfraquecimento da própria democracia.
            Portanto, este comportamento da população em geral, e da juventude em particular, pode ser explicado pelo impacto da fé que motiva uma paralisia mental e inércia social impedindo assim rupturas políticas. Ou seja, a proliferação da fé é um produto incentivado pelos regimes que, deste jeito, controlam os líderes empresariais da fé para evitar qualquer tipo de insubordinação política e social.

Padre Carlos






segunda-feira, 2 de setembro de 2019

ARTIGO - Qual a verdadeira razão? (Padre Carlos)




Qual a verdadeira razão?



            Quando tomei conhecimento que o nosso Prefeito oficializou a doação de um terreno do município à Assembleia de Deus, avaliado em um milhão e meio, pude assim constatar o nível que esta se dando esta relação das igrejas evangélicas e os poderes públicos. É necessário que o MP venha questionar a legalidade dessas concessões. A nossa justiça tem que entender que a doação de terrenos a igrejas é irregular, porque o município não pode beneficiar uma determinada religião em detrimento das demais que precisam e tem os mesmos direitos.
  
          A doação de terrenos públicos a igrejas, apesar de ser uma prática comum nas prefeituras, é um tema polêmico e costuma ter sua legalidade questionada pelo Ministério Público em vários estados do país. Há casos em que o MP entende que a doação de terrenos a igrejas é irregular, porque o município não pode beneficiar uma determinada religião.
Além disso, a área de 2.400m² (80m x 30m) está avaliada em R$ 1,5 milhão de reais foi doado há cerca de um ano e agora teve a decisão ratificada. O que mais me revoltou, nesta decisão foi saber que ela conta com a aprovação da Câmara de Vereadores, ficando evidente o corporativismo daquela casa e dos seus pares.
            O terreno está localizado na Avenida Serrinha, s/n, loteamento Brasília, Bairro Brasil. Diante destes abusos, os moradores do bairro precisam acionar a Justiça questionando a apropriação e destinação irregular do bem público, por parte da prefeitura. Esse bairro em que se encontra esse bem público, precisa de equipamentos públicos para que a população possa exercer a sua cidadania e ter direito ao espaço público.
        Entendemos que a doação deste terreno a igrejas é irregular, porque o município não pode beneficiar um determinado seguimento religioso. Além disso, a área doada é institucional, ou seja, reservadas para a construção de escolas, creches e postos de saúde ou área de lazer.
     A oficialização foi feita por meio de uma concessão de direito real de uso de bem público dominical imóvel, que uma forma de transferir a posse direta de um bem público a um terceiro.
      
      Diante disto, gostaria de lembrar aos vereadores de Vitória da Conquista e ao Prefeito desta cidade que conforme o entendimento, a República Federativa do Brasil é um Estado laico, de modo que a administração pública não pode ajudar auxiliar ou amparar de qualquer forma a atividade ou interesse de ordem religiosa. Além disso, a Constituição Federal proíbe a União, estados, Distrito Federal e municípios de estabelecerem ou concederam subsídios a cultos religiosos ou igrejas.




Padre Carlos





domingo, 1 de setembro de 2019

ARTIGO - Um ilustre visitante (Padre Carlos)




Um ilustre visitante

            Não podemos ficar invocando os mortos, que uma hora eles aparecem e vem nos visitar. Assim aconteceu com Maquiavel, ele resolveu visitar Brasília. Como um bom mestre, veio constatar se seus conselhos estavam sendo colocados em práticas da forma como ele ensinou aos seus discípulos e não poderia demorar muito porque já tinha um voo marcado para Curitiba neste mesmo dia.
            Para recepciona-lo, estiveram presente três ministros do STF e ao passar pela Praça dos Três Poderes, surpreendeu-se com a quantidade de “Príncipes” vindo de diversas cortes: de caciques, coronéis, oligarcas, linhagem, diferentemente das cortes na velha Itália, que se moviam em torno de um único Príncipe.
            Com sua astúcia, percebeu logo que por aqui existem vários polos de poder, sem que isso signifique democratização. E identificou na capital do Brasil uma luta de poder multipolar bem mais complexa dos que as disputas entre o Reino de Nápoles, o Ducado de Milão, os Estados Pontifícios e a República de Veneza.
            Prosseguindo em sua observação, Maquiavel verificou que no Distrito Federal, mesmo passados cinco séculos da publicação de seu clássico livro (não à toa intitulado O Príncipe), o que alimenta a política é a conquista e a manutenção do poder, conforme já denunciava no livro.
            Independentemente de outros aspectos. E que, ainda conforme preconizou, muitos políticos se valem de todos os meios para se manter no comando.
            Assim, constatou que a sua lição de que os fins justificam os meios foi muito bem aprendida pelos nobres que frequentavam aquela praça.
            Ao tomar conhecimento da Vasa-Jato, o pensador, que nasceu em 1469 em Florença (onde também morreu, aos 58 anos), ficou atordoado: como vocês permitiram que Deltan Dallagnol e outros procuradores agissem ao arrepio da lei para obter dados sigilosos da Receita Federal de pessoas que queriam investigar.
            Ouvindo os relatos sobre a investigação, disse que os Príncipes daqui exageram no tocante a não serem limitados pela moralidade. Teria inclusive sugerido às minhas fontes que até para ser imoral deve existir um limite. E que o limite é o bom-senso, artigo em falta no país.
            Sabendo que a Lava-Jato estabeleceu um conluio com o juiz Sérgio Moro para, de forma questionável, levar o ex-presidente Lula à prisão, terem se beneficiado com dinheiro em palestras para empresas que eram investigadas na operação e terem incentivado ilegalmente a investigação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Maquiavel pensou em sugerir uma ampla anistia aos procuradores, desde que eles fossem banidos da vida pública e se retratassem publicamente. Ignorou comentários irônicos de que eles não conhecessem a Constituição e que por aqui, como a esperança é sempre a última que morre, é melhor ir empurrando tudo com a barriga.
            Já no aeroporto desistiu de ir a Curitiba para conhecer o presidente Lula, Maquiavel declinou do convite. Temia que em um surto de ativismo judicial pudesse indicia-lo nos inquéritos e ficasse assim, impedido de voltar ao Além. Vá lá que alguém o delatasse?! Preferiu não arriscar.
     
       Paradoxalmente, observou que os políticos brasileiros são lenientes com os adversários: o inimigo de hoje pode ser o amigo de amanhã. E vice-versa. Ele acha que é assim mesmo em política, só que não se pode exagerar. Um dos principais papeis no jogo político e democrático é exercido pela oposição. Ela é o que costumamos chamar de contraponto do poder. A alternativa de projeto de governo. É justamente neste ponto que sentir aqui que tá faltando algo. Olhando na perspectiva de que a democracia é o contraditório, realmente é ruim para a democracia ter uma oposição fraca e desorganizada no Congresso. Vocês não fizeram um projeto alternativo para as pautas neoliberal deste governo? São minorias e em decorrência disto, tem que ter capacidade para dialogar com o centro e lideranças capazes de deslocar parte destas forças em torno de um projeto político, será que vocês não aprenderam nada comigo?  Mas sem uma liderança capaz de fazer este trabalho e um projeto de esquerda alternativo, continuarão batendo cabeça no parlamento, e amargando as derrotas imposta pelo governo.
            Nesse sentido, viu que os políticos no Brasil de hoje não levam em conta a história. Que a maioria mal sabe o que é história – pensa que é o que está no jornal de ontem e nem desconfia que ela pode ensinar.
            Viu ainda que o Brasil e os brasileiros aproximam-se para o momento crucial, que pode revelar um país ameaçado de ser tomado pelas milícias. Seu poder intimidatório, somado aos das milícias virtuais alimentadas pelo Soberano, em nada fica a dever aos porões da ditadura. É um poder paralelo e assassino. Daí o desprezo pela história e o descuido com o futuro.
      
      O que fez o pensador concluir que O destino do país, mais do que nunca, dependerá das instituições. É hora do Supremo Tribunal Federal, da Procuradoria Geral da República, do Ministério Público Federal e das próprias Forças Armadas começarem a se preparar para uma luta inevitável em defesa do país.
            Vendo a confusão instalada, teve medo do que seus cicerones falavam a respeito do Brasil, pediu licença aos três amigos e marcou o mais rápido a passagem e voltou para o além.

Padre Carlos


sábado, 31 de agosto de 2019

ARTIGO - Uma Igreja com novos caminhos ( Padre Carlos )




Uma Igreja com novos caminhos



            O Sínodo de outubro sobre a Amazónia constitui para todos os cristãos, uma esperança para vivenciarmos o Concílio e construir uma Igreja que seja de todos e todas.
        
    São “Novos Caminhos para Uma Igreja e ecologia integral”, que todos e todas devemos percorrer, juntamente com os povos indígenas da Amazónia, as grandes cidades, as zonas rurais, e cada esquina de cada viela, onde nos encontrarmos. A Amazónia é tão importante, que para além da defesa deste importante território, abrangendo diversos países, temos a nossa cidade e o nosso país. Sim, Esta Amazónia que corre nas nossas veias, com o sangue derramado das comunidades extrativistas e indígenas, deixam profundas marcas no planeta e nas nossas vidas. Os pulmões da Amazónia vivi atualmente em uma “cultura de morte e descarte”, é uma região de muitos povos que vivem em harmonia entre si e com a Natureza, a sua riqueza está na biodiversidade, na pluralidade das suas culturas e tradições religiosas. É toda a Humanidade, a Vida e o seu Criador que estão sendo derrubados, pela intervenção humana. É uma região espelho de toda a Humanidade, por isso é nossa responsabilidade como cristãs e cristãos a sua defesa e exigência de mudanças que regimes autoritários, não querem. Lutar contra governos predadores e que com o seu discurso de desprezo aos povos da Amazônia, destrói o país e ameaça a soberania nacional, é nosso dever como cristão e ser desta mãe que acolhe seus filhos, chamada planeta terra. Não podemos negar que foi a estupidez deste governo em relação ao meio ambiente e o estímulo à exploração de garimpeiros, madeireiros e ruralistas em áreas preservadas que levou nestes últimos dias ao caos ambiental.
            Se este Sínodo já foi notícia maior, por nele se defender a possibilidade do retomar a vida plena na Igreja das mulheres e da ordenação de homens casados como presbíteros, o que é em meu entender -, um importante avanço na Igreja Católica Romana e uma singular posição de atualização da Igreja – já tardia, diga-se -, não pode apagar aquilo que é de mais substantivo no Sínodo, o querermos viver um futuro tranquilo, ou o “Bem-Viver”, como está bem explícito na Carta da Terra, na construção de um planeta e cosmos que rompa com estruturas que sacrificam a vida, que Deus nos concedeu. A “cultura do encontro” com todas e todos permite um diálogo intercultural, não colonizador, que faça renascer a Fé no descobrir o Reino de Deus, que não é preciso construir, pois ele já está entre nós, é necessário só descobrir, porque está abafado pelas nossas iniquidades.
    
        Nossa esperança não está somente na possibilidade do retomar a vida plena na Igreja das mulheres e da ordenação de homens casados como presbíteros, mas, na liberdade de vivenciar o nosso batismo, em uma ecologia ambiental, em uma ecologia social, em uma ecologia econômica, em uma ecologia cultural, dentro da nossa Igreja. Teremos que vivenciar dentro da Igreja a Boa Nova de Jesus, para podermos pregar e levar aos irmãos.


Padre Carlos


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...