segunda-feira, 7 de outubro de 2019

ARTIGO - Nossos Partidos políticos (Padre Carlos)




Nossos Partidos políticos

Quando estudamos filosofia política, passamos a entender que os partidos políticos têm origem na Grécia e Roma antigas. Conceitualmente eram grupos de pessoas que seguiam uma ideia ou doutrina. No Século XVIII, na Inglaterra, pela primeira vez, os partidos assumem a natureza de instituição como conhecemos nos dias de hoje, congregando partidários de uma mesma ideia política. No Brasil, os partidos políticos surgiram no segundo reinado.  Foram o Partido Conservador e o Partido Liberal, que surgiram primeiro, depois apareceu no cenário político o Partido Republicano Paulista.
Na República Velha cada estado tinha um Partido Republicano, cada um com seus estatutos próprios. Com o regime militar estabeleceu-se o bipartidarismo, com a Aliança Renovadora Nacional e o Movimento Democrático Brasileiro. Atualmente vinga o pluripartidarismo, com 35 partidos políticos registrados e outros 56 aguardam autorização do TSE.
É definido a impossibilidade por lei dos registros de partidos de ideias monarquistas, fascistas e nazistas. Conceituação do analista político José Afonso da Silva diz que o partido político “é uma agremiação de um grupo social que se propõe organizar, coordenar e instrumentar a vontade popular com o fim de assumir o poder para realizar seu programa de governo”.
O interessante no Brasil, é que alguns membros dos partidos políticos não têm nenhum respeito pelos programas destes partidos. A história o estatuto e o programa não têm nenhum valor. Um casso clássico é o comportamento do PTB nas matérias trabalhistas. Tudo isto reflete ao comportamento dos seus membros e a falta de princípios dos partidos, ou seja, não se filiam a eles porque comungam com sua ideologia. Filiam-se, sim, por interesses próprios de assegurarem suas eleições ou reeleições. Por isso que é engraçado ver um político de centro ou direita, por exemplo, filiar-se em partido de centro esquerda, pensando com isto que muda sua imagem junto ao eleitorado. Daí, podemos deduzir que alguns partidos não reflete a vontade popular, mas sim, a vontade do próprio político.
A Lei dos Partidos Políticos no Brasil determina que “na Casa Legislativa, o integrante da bancada do partido deve subordinar sua ação parlamentar aos princípios doutrinários e programáticos e às diretrizes estabelecidas pelos órgãos de direção partidários, na forma do estatuto”. E não se vê isso também, quando o Governo compra os votos dos parlamentares para garantir sucesso nos seus projetos de lei, como agora se observa para a aprovação da reforma da Previdência Social. A não credibilidade aos políticos brasileiros não é só oriundo dos esquemas de corrupção que se encontram sendo investigados, mas também por esse descompromisso que compromete a autenticidade do sistema representativo. Como fazer uma reforma política com um parlamento corporativista e mercenário é quase impossível propor e votar uma reforma que possa dá credibilidade ao eleitor quanto aos seus representantes. Infelizmente, o fundo partidário foi o único ponto da proposta que teve aprovação tanto do Senado quanto da Câmara, já que os senadores rejeitaram o restante do projeto que acabou sendo retomado depois pela Câmara. 
Segundo o filósofo político Daniel Inneraty, “Quando a democracia de massas surgiu, os partidos conseguiram estabilizar durante muito tempo as identidades políticas e suas correspondentes opções eleitorais. Esse período era chamado de democracia dos partidos”. Hoje, com segurança, podemos afirmar que esse período se findou.
Já faz alguns anos que enfrentamos uma crise dos partidos políticos, que vem se agravando ampliando seu descrédito, fragmentando-os, fazendo com que percam a relevância junto à sociedade. O parlamento não pode conviver com uma falta de credibilidade dos partidos e sem representação a democracia corre risco
Durante quarenta e três anos de militância, participei de dos partidos: O PCdoB, de 1975 a 1979 e o PT, da sua fundação aos dias de hoje. Portanto, já vivi o suficiente para entender que a maior parte dos partidos políticos nem sempre cumprem seus propósitos, servindo apenas de meio de realização de interesses dos seus membros.

Padre Carlos


domingo, 6 de outubro de 2019

ARTIGO - O amigo Balbino (Padre Carlos)




O amigo Balbino


       Fazer amizade sincera hoje em dia é muito difícil, vivemos no mundo virtual que predomina o agora, não há mais tempo para conversas, para encontros, não existe mais “calor humano” pois o tempo da vida é o tempo do celular, tudo está conectado porém sem relação humana, o aperto de mão ou abraço está restrito pelo bater na tecla de sofisticada aparelhagem eletrônica. A amizade somente vale se trouxer alguma vantagem financeira ou política pois o dinheiro é o deus supremo que escraviza a tudo e a todos, o ser humano é avaliado em termos de “ter” e não de “ser”.
     
Shakespeare (O mestre maior das paixões humanas) escreveu que “quando alguém morre, a sua bondade é também enterrada com ele”, o que não ocorre com Balbino pois a sua bondade permaneceu desde que muitas vezes defendeu o seu semelhante desinteressadamente, sem receber o vil metal, bondade através de sua humildade, sua capacidade de fazer amigos, sua coragem como líder sindical transcendia toda a zona rural. A sua risada muito característica durante as conversas era um espelho de sua bondade, de sua ausência de maldade. A sua morte faz lembrar que quando morre um amigo, nós também morremos um pouco e como disse o poeta inglês: “a morte de alguém sempre me diminui pois faço parte da humanidade. Assim, não perguntes porque os sinos tocam pois ele também dobra por ti” e por todas as lideranças que passaram por este sindicato.
       A Divina Misericórdia recebeu Balbino de braços abertos no Paraíso, perdoando os seus pecados, pois todos nós somos pecadores, todos os dias o Papa Francisco pede que rezem por ele pois é um pecador. Amigo Balbino, muito obrigado por sua amizade e descanse em paz.


Padre Carlos

ARTIGO - O que é a social-democracia? (Padre Carlos)




O que é a social-democracia?


A social-democracia apesar de continuar tendo apoio popular em diversos países foi derrotada com um “abraço de urso” pelo capitalismo. Em vez de transformar o capitalismo, foi transformada por ele.
Levantei recentemente no meu blog, uma polémica sobre a social-democracia e os partidos políticos brasileiros que nela se reveem ou que apresentam programas eleitorais que nela se enquadram. Se avaliarmos os partidos no nosso país, poderemos afirmar que todos os principais da esquerda brasileira tem no deu conjunto uma ação ideológica social- democrata.
       
     Eu vou fazer para os leitores uma breve excursão na história do movimento social-democrata na tentativa de responder à pergunta do título.
Os partidos sociais-democratas surgiram para representar a classe operária e os trabalhadores em geral, lutar pela sua emancipação e pelo fim do capitalismo que daria lugar ao socialismo. Inicialmente, a estratégia considerada adequada para atingir esse objetivo era a revolucionária, mas com o tempo e a repressão por parte dos Estados e governos, assim fugindo desta conjuntura, começaram a surgir vozes defendendo uma estratégia reformista e gradual. Aproveitar as eleições para ganhar poder e assim iniciar a transição para o socialismo. Uma das vozes que elaborou e publicou sobre o tema foi Eduard Bernstein, dirigente do SPD (partido social-democrata alemão – partido referência do movimento social-democrata). Bernstein formulou teoricamente uma revisão crítica de várias teses marxistas e defendeu que no quadro do sufrágio universal (que era o voto masculino) e dada a superioridade ética do socialismo, os trabalhadores podiam usar as eleições, o parlamento e o governo para avançar legislativamente rumo ao socialismo. Segundo ele, o movimento (focado nas reformas) era tudo e o objetivo final nada. A revolução era desnecessária.
Desde o início do século a social-democracia  foi se afastamento de forma contínua em relação à sua versão original. Foi só na conferência de Bad Godesberg, em novembro de 1959, que o SPD mudou formalmente a sua orientação política e ideológica abandonando o marxismo e o objetivo de superar o capitalismo. Nesta época os partidos sociais-democratas estavam focados na defesa do pleno emprego e do Estado Social, que estava sendo desenvolvido em vários países europeus, dentro de uma perspectivas ideológicas, no quadro dos chamados “ os gloriosos trinta anos”, que foram as décadas com taxas relativamente elevadas de crescimento económico, onde as relações comerciais desiguais com os países coloniais e ex-coloniais (as independências formais não acabaram com a exploração) e o medo que as burguesias nacionais tinham do movimento comunista desempenharam um papel fundamental.
A partir da década de 1970 e da crise do petróleo, com a estagflação (estagnação económica e inflação) e da entrada na época da ascensão do neoliberalismo, os partidos sociais-democratas foram-se tornando defensores da necessidade de adaptar (na prática reduzindo-o) o Estado Social, apoiando a globalização, a liberalização e as privatizações como forma de promover o crescimento económico. Passaram a apresentar-se como gestores do capitalismo dando-lhe uma “face mais humana”. Esta postura consolidou-se na década de 1990 com a chamada Terceira Via. Este foi um dos motivos que levaram FHC e seus teóricos a perderem por completo suas origens.
Portanto, a social-democracia numa primeira fase queria acabar com o capitalismo, na fase seguinte quis realizar reformas rumo aos socialismos, depois aceitou o capitalismo defendendo o Estado Social e o pleno emprego, posteriormente abandonou a ideia de pleno emprego e uma adaptação do Estado Social às exigências dos mercados internacionais e dos privados. Na prática, com o tempo, muitos partidos sociais-democratas tornaram-se partidos neoliberais.
Mas então, o que é afinal a social-democracia? Como vimos há várias versões históricas de partidos político e fases cujo percurso é de um afastamento maior ou menor em relação à sua génese. A social-democracia apesar de continuar tendo apoio popular em diversos países, sua versão mais liberal está sendo derrotada com um “abraço de urso” pelo capitalismo. Em vez de transformar o capitalismo, foi transformada por ele. Um exemplo clássico deste fenômeno, é o PSDB aqui no Brasil.
Se fizermos uma análise historiográfica e sociológica sobre a trajetória do Partido dos Trabalhadores, PT, iremos comprovar que ele cumpriu no Brasil de forma concentrada todas as três fases que caracterizaram os partidos social-democratas na Europa: uma primeira apoiada nas lutas operárias, com forte conteúdo ideológico socialista e de oposição extra-parlamentar privilegiando a ação direta, especialmente a grevista. Essa fase foi da fundação em 1980 até 1989. Uma segunda fase é a da consolidação como partido institucional, sendo a principal força de oposição dentro do parlamento e com grande peso de deputados e de profissionais políticos. Ela ocorre durante uma década de fraca mobilização social, durante os dois governos FHC, entre 1990 e 2002.
A terceira é da ascensão ao poder, indo de 2002 até hoje, com a descaracterização do ideário socialista fundador em prol de um pragmatismo e, além de uma política eleitoralmente bem sucedida de assistência social junto com uma aliança estratégica com os setores organizados da sociedade civil, financeiro e o agronegócio.
       
 Podemos concluir que o movimento social-democrata teve um papel importante no apoio ao capitalismo, na procura de soluções para os seus problemas, na criação de condições para os trabalhadores (sobretudo dos países europeus) melhorarem as suas vidas e na oposição a movimentos que tentaram construir uma alternativa ao capitalismo (que era a meta original da social-democracia).
Deveríamos avançar nestas questões e aprofundar nossos conhecimentos nas nossas ações e conhecer de perto todo o nosso arcabouço teórico.


Padre Carlos



sábado, 5 de outubro de 2019

ARTIGO - Gilmar, o combatente solitário (Padre Carlos)





Gilmar, o combatente solitário
           


            Um fato que chamou minha atenção e deixou a classe política e jurídica preocupada, foram as afirmações que o ministro Gilmar Mendes, do STF  (Supremo Tribunal Federal),  fez  durante a sessão da Corte que tinha como objetivo a anulação das condenações da Operação Lava Jato. Sendo assim, afirmou o magistrado que as prisões provisórias foram utilizadas como "elemento de tortura" para que os detidos firmassem os acordos de colaboração premiada com a força-tarefa da operação. "Usava-se a prisão provisória como instrumento de tortura" e lembrou aos membros daquele Tribunal, "quem defende tortura não pode ter acento na Corte Constitucional". O uso da prisão provisória tinha essa finalidade", avalia Gilmar, que cita as conversas reveladas entre os procuradores da força-tarefa pelo site The Intercept como prova da sua afirmação.
         
   O grande problema da indiferença não está somente quanto ao alvo, mas principalmente em sua real intenção. Há quem jamais ignore uma cena de violência e injustiça contra seus pares, assim como a legitimidade do conteúdo do site The Intercept como prova quando a honra de alguns membros deste Carte são vitimadas ou  das afirmações do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot.  A gente até espera que os leigos quando o assunto é o Direito e todo o conjunto de normas jurídicas, tenham este comportamento, mas não podemos aceitar certas posições ou omissões de quem é verdadeiramente um profundo conhecedor do direito e processos penais.
            Só o constrangimento poderia tirar seus colegas da inercia que se encontram. Desta fora, quando as câmeras da TV Justiça mostravam um ângulo mais aberto das imagens – durante a sessão Gilmar enumerou as citações feitas por procuradores da Lava Jato a outros ministros, como Luiz Fux, Cármen Lúcia e o relator da Lava Jato Edson Fachin.
            As citações foram feitas em mensagens enviadas através do aplicativo Telegram, reveladas pelo site The Intercept Brasil e parceiros.
            “In Fux we trust”, escreveu Moro, brincando com a frase que consta na nota do dólar — “em Deus acreditamos” — depois de receber mensagens de Dallagnol segundo a qual Fux amava incondicionalmente a Lava Jato.
            Fachin “é nosso”, declarou Deltan depois de conversar com o relator que assumiu o lugar de Teori Zavascki, morto em acidente aéreo.
            Cármen, por sua vez, seria “frouxa”, na avaliação de integrante da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba.
            Assim, quando esta indiferença quanto a gravidade destes fatos denunciados, vem da Suprema Corte, devemos ficar preocupado. Assim quando vem à tona todos estes fatos apontados por Gilmar que expõe a tolerância do Judiciário com as agressões a nossa Carta Magna, não podemos nos calar.  E desta forma, quando isto acontece não resta outra opção a não ser perder por completo o respeito e a confiança no nosso sistema judicial.  A Constituição é a lei máxima de um país, que traça os parâmetros do sistema jurídico e define os princípios e diretrizes que regem uma sociedade. Não podemos deixar de descumprir o que diz a Lei máxima do país, porque ela favorece meu adversário político.
   
         O Brasil tem vivido uma era de trevas no que diz respeito ao processo penal. Ninguém combate ao crime cometendo crimes como tem feito a Força Tarefa. Tudo isto se tornou um escândalo de proporções internacional e com certeza terá consequências gravíssima para que possamos voltar acreditar no estado de direito.

Padre Carlos
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sexta-feira, 4 de outubro de 2019

ARTIGO - Depressão e suicídio entre os jovens (Padre Carlos)




Depressão e suicídio entre os jovens



Um dos grandes problemas que tem chamado minha atenção nos últimos tempo é o aumento da morte prematura de jovens, como consequência do suicídio. Por meio de um ato extremo, em um momento que foge a nossa percepção aquele sorriso que nos acompanhou por muito tempo é substituído por lábios frios e cerrados e perdemos sem entender os nossos meninos. Aquele corpo que um dia irradiava alegria e vitalidade, agora se transforma em matéria inerte, rígida e inanimada.
        
Quando exerci o ministério sacerdotal, recebi uma carta de uma mãe desesperada com a tragédia que tinha se abatido sobre sua família. Este fato chamou minha atenção e a partir daquele dia, passei a adotar como carisma esta pastoral. Nunca me recusei a acompanhar estes irmãos e fui chamado diversas vezes no meio da noite para aconselhar jovens com depressão e distúrbio de polaridade.
Quando tomamos conhecimento da morte por suicídio de um jovem na “flor da idade”, como se diz costumeiramente, falhamos como família Igreja e como humano, nos sentimos impotentes e ficamos diante de uma tragédia que poderíamos ter evitado. Por isto, nunca medir esforços para atender pessoas com quadro depressivo. O suicídio em qualquer idade é um ato derradeiro que nos entristece. No entanto, ao ser cometido por alguém jovem, se reveste de uma diferenciada comoção, face ao contexto de uma vida que desabrochava para o mundo, revestida de sonhos e de ilusões.
Quando tomei conhecimento do fato, procurei analisar o histórico de vida daquela jovem que faleceu. Não podemos nos enganar, por trás do suicídio há sempre a sombra de uma depressão que vinha consumindo aquela alma. Na sua grande maioria estas pessoas que morrem por suicídio apresentavam um quadro depressivo ou outro distúrbio de humor.
Não podemos negar que este cenário é extremamente grave e serve de alerta para os familiares e amigos mais próximos das pessoas que apresentam depressão ou outro distúrbio de humor. É certo que a depressão afeta de forma profundamente negativa as relações familiares da pessoa, impactando na vida familiar e no ambiente de trabalho. Mas, não podemos desistir, temos que estender a mão, saber ouvir e ser naquele momento o companheiro de Emaús.
Passei a conhecer esta enfermidade desde cedo, dentro de casa e ao depara com os sintomas desta doença, não foi difícil por conhecer de perto este quadro. Geralmente aparecem entre os 20 e os 40 anos de idade, sendo duas vezes mais comum entre as mulheres do que entre os homens.
A depressão é um distúrbio, ele se instala, acompanhado de baixa autoestima, pouca energia, dor sem causa definida. A pessoa que está sofrendo, perde o interesse pelas atividades que antes eram consideradas prazerosas. Assim, não é difícil a família entender que algo está acontecendo.
Conversava muito com uma amiga psiquiatra sobre as pessoas que me procuravam e ela sempre me alertava  que a depressão é causada por uma conjunção de fatores genéticos, ambientais e psicológicos, estando associada a certos fatores de risco, a exemplo da história de depressão na família, alterações significativas na vida, uso contínuo de certos medicamentos, problemas crônicos de saúde e até ao consumo de drogas. Me ajudou muito aquelas informações para que pudesse ajudar aquelas pessoas e suas famílias.
Muitas vezes ao visitar estes enfermos, testemunhava de certa forma, como os familiares interpretava de forma equivocada, algumas pessoas confundem a depressão com a tristeza que é algo normal da vida. Desta forma, meu trabalho se estendia como padre também a toda família.
Uma pastoral, jamais irá substituir o tratamento e não é sua pretensão. O tratamento geralmente inclui medicamentos, psicoterapia ou uma combinação dos dois. Cada vez mais, as pesquisas sugerem que esses tratamentos podem normalizar a função cerebral associada à depressão.
Nosso trabalho é levar um pouco e conforto espiritual e demostrar para a pessoa que está sofrendo, que o nosso Deus é Pai e misericordioso. Ele ama seus filhos e eles podem contar com sua graça e seu perdão.

Padre Carlos

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

ARTIGO - Uma eleição polarizada (Padre Carlos)




Uma eleição polarizada

Um amigo uma vez me aconselhou não iniciar um texto com um título taxativo que definisse minha posição política. O perigo do articulista se expor agindo assim é grande. Desta forma, termina correndo o risco de ser julgado pelos leitores apressados, cuja leitura não avança além do título. Este não é o grande problema daqueles que escrevem apenas para o seu métier, ou seja, aqueles que partilham da mesma fé, da mesma ideologia. Acredito que não é a preocupação daqueles que defendem verdades absolutas, os panfletários e os que fazem proselitismo.
Em tempos de acirramentos das posições políticas e ideológicas, de definições nítidas de campos que se opõem em fronteiras rígidas, são destruídas as pontes que possibilitam a communicatione, delimitam-se trincheiras intransponíveis e são implodidas as condições para o diálogo. Quando cada um fecha-se em torno das próprias certezas, torna-se impossível ouvir a fala do outro, seus motivos e suas razões. A reflexão crítica e auto-crítica é substituída pelas dicotomias maniqueístas que apelam para a simplificação da realidade, a redução ao “nós” versus “eles”, o “bem” contra o “mal”. Neste contexto, a polêmica tende a suplantar o diálogo:
Desta forma, as eleições para prefeitos e vereadores no ano que vem terá este caráter. Não é uma ‘mera’ polarização, no sentido de rivalidade partidária. Estamos vivendo no nosso país, uma cisão profunda, que chega, algumas vezes, às raias da violência, e cujo caráter antidemocrático parecia ter-se perdido em nosso passado
Quando levanto estes questionamentos, chamo atenção dos leitores que na conjuntura atual aqui em Conquista ou em qualquer cidade média ou nos grandes centros, não há espaço para uma terceira via. A política brasileira ficou polarizada entre dois projetos: o de Lula, pelo PT, e da Direta, de Bolsonaro. Não me parece que haja espaço para a terceira via. A economia, a sociedade e a política brasileira continuam polarizadas entre dois projetos: um projeto conservador e um projeto progressista. Um representa a esquerda e o projeto da extrema-direita que é Bolsonaro, PSL e o Centrão.
A política é movida por dois elementos: paixão e ideologia. Quando levanto a tese que em uma eleição polarizada não existe espaço para uma terceira via, quero dizer que dentro de uma conjuntura ideologizada não existe o terceiro elemento. Porem, a paixão é o único fator que poderia quebrar a polarização, com isto, seria necessário uma força eleitoral que transcendesse partidos e ideologias e esta nova conjuntura viria por meio de um eleitor de tipo personalista, o qual decide seu voto, principalmente, a partir da paixão e de uma visão messiânica, passando a incorporar no candidato os valores: de competência e honestidade. Por fim, busca-se uma explicação de origem psicológica para esse padrão de comportamento eleitoral. Esta nova conjuntura se formaria através de valores emocionais e não ideológico.  São poucos os políticos que conseguem esta proeza e aqui em Vitória da Conquista, temos um quadro no campo da esquerda que se encaixa nestes requisitos.
Já a direita no nosso município, está completamente fragmentada. A liderança do atual prefeito não foi capaz de agregar sua base política, criando assim uma cisão neste bloco. Com altos índice de impopularidade e rejeição, fica difícil articular seus liderados e suas bases e desta forma, não podemos definir neste momento quem de fato enfrentará o candidato da esquerda.
Como diz o poeta: “Ainda leva uma cara
Pra gente poder dar risada
Assim caminha a humanidade
Com passos de formiga
E sem vontade”.
Vamos aguardar as novas rodadas deste processo e analisar como estas forças se movimentarão nestes próximos meses, para podermos fazer uma análise mais próxima da realidade.

Padre Carlos


terça-feira, 1 de outubro de 2019

ARTIGO - Os olhos do poeta (Padre Carlos)




Um ano se Charles Aznavour



Não podemos negar que o inconsciente de uma geração se lê e se escreve através dos olhos do poeta.     
       
       Hoje faz um ano que os franceses perderam Charles, um rosto familiar que levou durante mais de 70 anos o nome da França e suas canções inesquecíveis a todos os cantos do mundo.
      Profundamente francês, visceralmente ligado às suas raízes arménias, reconhecido em todo o mundo, Charles Aznavour teve a oportunidade de acompanhar as alegrias e as tristezas de três gerações. As suas obras-primas, o seu timbre, o seu brilho único sobreviverão por muito tempo,A França deve muito a  Aznavour, um dos seus grandes poetas, sempre na vanguarda, uma verdadeira lenda que atravessou fronteiras e épocas.      Naquele primeiro de outubro de 2018, sentimos que as ruas de Paris estavam mais tríste do que de costume. O povo francês sabia que aquela perda era incalculável, seu poeta que soube como ninguém traduzir no pós-guerra à França de uma Belle Époque, estava partindo.     Estamos falando das vielas e cafés de uma época boêmia, mas também de toda uma geração de toda uma cultura que brotou entre o final da década de quarenta ao final da década de sessenta. Sartre, Simone e Camus. 

Estamos falando de Montmartre, conhecido como o “bairro dos pintores”, as ruas estreitas e empinadas que formam uma rede que inclui desde os antigos cabarés até os arredores da Basílica de Sacré Coeur, repletas de restaurantes e um ambiente boêmio e artístico onde nasceu tantas inspirações, berço dos existencialistas. Naquele dia Montmartre se despedia de seu mais ilustre poeta e a boemia perdia o seu charme.
 

Padre Carlos

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...