segunda-feira, 25 de novembro de 2019

ARTIGO - A Igreja e o projeto de lei excludente de ilicitude (Padre Carlos)




A Igreja e o projeto de lei excludente de ilicitude




Enquanto o presidente Jair Bolsonaro defende o projeto de lei excludente de ilicitude para forças de repressão durante operações da GLO (Garantia da Lei e da Ordem), o Papa Francisco e a Igreja corrigem a sua posição em relação à pena de morte. Até agora, como se podia ler no Catecismo da Igreja Católica, em "casos de extrema gravidade" admitia-se que se pudesse aplicar essa pena. Por que estamos fazendo esta analogia?  O projeto que o presidente está preparando para encaminhar ao Congresso, dar a liberdade para todas as polícias e bombeiros reprimirem, torturarem e assassinarem todos aqueles que considerarem ameaça contra a "Lei e a Ordem".                


Essa tentativa de Bolsonaro de criação desse projeto vem com a intenção de torná-lo a face repressiva do Estado contra qualquer tipo de manifestação que vá contrária aos interesses do seu projeto de governo.

O Papa Francisco obrigou a Igreja a corrigir a sua posição em relação à pena de morte. Até agora, como se podia ler no Catecismo da Igreja Católica, em "casos de extrema gravidade" admitia-se que se pudesse aplicar essa pena. O Papa Francisco mandou corrigir o artigo 2667 para que fique claro que o discurso oficial da Igreja não aprova, em nenhuma circunstância, que se tire uma vida. Jamais a Igreja poderia aprovar esta política de legalizar o genocídio contra o povo pobre e em especial o povo negro; e a mão repressiva que irá calar e destruir qualquer tipo de manifestação de luta contra a precarização da vida da juventude e da classe trabalhadora.

O Papa lembra os católicos, que "a Igreja ensina, à luz do Evangelho, que "a pena de morte ou a autorização para matar é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa" e empenha-se com determinação a favor da sua abolição em todo o Mundo". Esta formulação integra uma citação de um discurso do Papa Francisco em 2017.

         Este é, na verdade, um passo que leva a Igreja a ser mais fiel aos ensinamentos de Jesus Cristo no Evangelho e a estar mais de acordo com a sua práxis, a qual preferia vincar a imagem de um Deus misericordioso, em vez de um Deus justiceiro e castigador.  Se os Bispos não se levantarem contra este crime e justificarem a lei excludente de ilicitude, estarão cometendo o mesmo pecado quando a Igreja foi infiel ao Evangelho," quando defendeu a pena de morte. Só agora, ao considerá-la "inadmissível", a Igreja fez a passagem do Antigo para o Novo Testamento.
        Ao rever a sua posição, ainda que muitos anos depois do desejável, por fim a Igreja Católica atreve-se, neste campo, a ser cristã. Por fim, tem a ousadia de acreditar no Evangelho, com o que implica de fé na vida e de superação de um tipo de lei punitiva marcada pela lei do talião do olho por olho e dente por dente.
         De fato, quem aceita e prega a cultura da morte não acredita no Evangelho, nem no Deus misericordioso.  A questão é que esta não é uma forma cristã de encarar a vida e a condição humana. Pelo contrário, esvazia completamente e retira qualquer sentido à entrega de Jesus na cruz, que veio para salvar o que andava perdido e demonstrar que há "mais alegria no Céu por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não necessitam de conversão" (Lc. 15, 7).
      
   Para além disso, a Igreja cometia uma grave incongruência ao vincar tanto a inviolabilidade da vida humana em situações como o aborto e a eutanásia e, ao mesmo tempo, a abrir mão desse seu princípio ao admitir a pena de morte. Ainda bem que, graças à determinação do Papa Francisco, a Igreja se reencontrou com a beleza da misericórdia divina que respira em todas as páginas do Evangelho. E pode, assim, ser mais determinada na América Latina na defesa da vida.

Padre Carlos

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domingo, 24 de novembro de 2019

ARTIGO - O papel fiscalizador dos nossos Vereadores (Padre Carlos)


O papel fiscalizador dos nossos Vereadores.


            Diante de tantos problemas que a cidade vem enfrentando, nunca é tarde demais, para lembrar aos representantes do povo, que o papel principal do vereador é fiscalizar. Quando exerce seu mandato, o vereador está de alguma forma ajudando o prefeito administrar o município; desta forma, o ato de a fiscalizar não significa necessariamente uma denúncia e pode ser exercido também pela bancada de vereadores que apoiam esta gestão.
Seria uma injustiça da nossa parte se generalizasse aqui todos os vereadores, sabemos que existe no nosso parlamento pessoas sério e preocupado com a nossa cidade.
Quando o legislativo, passa a não cumprir suas funções, deixa um vazio na esfera do poder e abre espaço para o Ministério Público assuma este trabalho tornando-se assim, protagonista do processo e isso pode gerar um desgaste muito grande entre o MP e as autoridades que não é salutar para a democracia. O parlamento precisa se adequar aos novos tempos e diante disto, é necessário entender o novo posicionamento do Ministério Público, que vai exigir uma atuação mais fiscalizadora dos parlamentares e o vereador que não fiscalizar poderá ser cassado por ato de improbidade administrativa por omissão. Além disso, a ineficiência traz prejuízo para a cidade pelo volume de recursos que se perde e a voz das ruas pede um poder público mais eficiente
Por que estamos levantando estes questionamentos em relação aos nossos representantes? Na verdade, já faz algum tempo que estamos constatando que o nosso Legislativo vem passando por um processo de acomodação e diante de tantos problemas que a cidade vem enfrentando, não podemos mais nos calar. A quantidade de denúncias que os órgãos de impressa da nossa cidade vem levantando precisa ser analisada de forma que o Ministério Público possa tomar conhecimento e fazer um levantamento mais sério destas matérias. Temos a obrigação de resgatar a verdadeira função desta casa, para cumprirem o seu papel fiscalizador, sob pena de responderem por omissão, caso não fiscalizem as ações do prefeito 
Para o menos avisado, a principal arma do parlamentar é o requerimento, onde pode solicitar qualquer informação ao Prefeito sobre a Administração Municipal. Ela vai mais longe e enfatiza que os vereadores que votarem contra qualquer requerimento poderão responder por isso, caso não tenha um motivo justificável. Simplesmente por não aprovar, esses vereadores poderão ser processados e questionados porque estão impedindo o trabalho dos seus colegas.
O Ministério Público é a última fronteira entre a barbárie administrativa e a civilização. Por isto não entendemos porque vários casos alvos de denúncias no Ministério Público ainda não deram resultado: “caos da saúde, caos do transporte público, caos da Educação e diversas áreas”. “Doutora Ediene ficou de propor à Doutora Guiomar que se realize aqui um mutirão para que essas denúncias tenham mais celeridade. Precisamos voltar acreditar nas Instituições e para isto, é preciso que seja apuradas todas as denúncias de improbidade administrativa e nepotismo contra o prefeito Herzem Gusmão e que sejam verdadeiramente investigadas.

Padre Carlos

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quinta-feira, 21 de novembro de 2019

ARTIGO - Aristides, o Justo e Lula (Padre Carlos)


Aristides, o Justo e Lula



Aristides foi um funcionário público ateniense conhecido por sua honestidade, justeza e bondade. Em Atena, assim como no Brasil, não é fácil ser Aristides na vida pública. Entre dezenas de dirigentes da democracia ateniense, no séc. V a.C. era o único homem público que jamais alguém colocou em dúvida suas ações. Era de forma reconhecida, um homem honesto, íntegro, sério, digno de uma conduta ilibada em toda sua gestão pública.  Conhecido pelos atenienses como: prostatai tou demou, “Protetor do povo”. Sempre condenou fazer do cargo público uma fonte de renda. Plutarco registra em sua obra Vida de Aristides, que ele morreu pobre, enterrado à custa do erário público.
    
   Não obstante, foi condenado ao ostracismo, por volta de 483 aC. Consta que, estando como um simples funcionário de forma incógnita na assembléia durante a votação da proposta do seu banimento, dele aproximou-se um cidadão pedindo-lhe o voto contra Aristides, o Justo. Aristides, então, indagou: "Que mal te fez este homem?" Resposta: "Nem sequer o conheço. Todos falam bem dele, todos o chamam de o Justo; mas quero que vá para o ostracismo porque não suporto mais ouvir tanta louvação".
O que está aqui em questão não é se ex-presidente do Brasil é honesto, bravo, justo e bondoso como foi o Aristides de Atenas, apesar dos  seus algozes até o momento não conseguiram provar nada que     comprometa sua liderança junto ao seu eleitorado. Mas todos, dizem que "nunca antes neste país" houve um presidente como Lula. Acredito que boa parte da população que queria que Lula não saísse da cadeia, defendia o ostracismo dele apenas porque não suportava mais ouvir tantos elogios e reconhecimento mundial no que diz respeito ao combate da fome e a pobreza.

            No mundo em que vivemos hoje, globalizado e vigiado, é cada vez mais difícil esconder alguma coisa do grande público. A vida privada se tornou bastante pública. Temos vigilância no nosso trabalho, nas ruas, nas repartições públicas e privadas. Assim como fala o Livro Santo, foi revelado   esta semana, que o juiz Mouro se encontrava com o representante do atual presidente antes das eleições. Já os membros do Ministério Público, negociava suas palestras com empresas envolvidas na Operação Lava-Jato.
      
      Para advogados e juízes ouvidos sobre esta questão, o caso coloca em dúvida a imparcialidade de Moro, agora ministro da justiça do governo liderado por Jair Bolsonaro.  O ministro Marco Aurélio Mello, sublinhou que "a equidistância do órgão julgador tem de ser absoluta". Hoje entendo o que Aristides, o justo queria dizer dos funcionários públicos que fazia do cargo uma fonte de renda.
            Um presidente que governou por dois mandatos este país, ao termino da sua gestão, retorna para o mesmo apartamento de classe média que adquiriu há vinte anos atrás, não poderia ser tratado de outra forma como o nosso Aristides o Justo.

Padre Carlos

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Zezéu Ribeiro



Zezéu Ribeiro


Shakespeare (O mestre maior das paixões humanas) escreveu que “quando alguém morre, a sua bondade é também enterrada com ele”, o que não ocorreu com meu amigo Zezéu pois a sua bondade permaneceu desinteressadamente, sua bondade através de sua humildade, sua capacidade de agregar os amigos, sua coragem como militante e político, ajudou o PT da Bahia a se tornar um partido viável eleitoralmente.
A sua risada muito característica durante as conversas era um espelho de sua bondade, de sua ausência de maldade. A sua morte faz lembrar que quando morre um companheiro de luta como este, o PT também morre um pouco e como disse o poeta inglês: “a morte de alguém sempre me diminui pois faço parte da humanidade.
            Tive oportunidade de conhecer Zéu, Doia e Pola e criar uma amizade com aqueles meninos. Coordenei sua campanha em 1990. Meu amigo partiu em 2015, se estivesse vivo estaria fazendo hoje 70 anos.
José Eduardo Zezéu Vieira Ribeiro (Salvador21 de novembro de 1949 — São Paulo25 de fevereiro de 2015)

Padre Carlos

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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

ARTIGO - Francisco, o papa dos pobres (Padre Carlos)





Francisco, o papa dos pobres
  

A primavera que vem vivenciando nossa Igreja, através do pontificado do Papa Francisco, tem me lembrado da figura do Santo de Assis que soube semear o amor aos pobres e defende-los. Dizem que "Deus dá o frio conforme o cobertor". No entanto, nosso cobertor não era suficientemente grande para nos cobrir por inteiro. Por isto Deus enviou um jesuíta latino, Jorge Mario Bergoglio, para apascentar a sua Igreja. Desta forma, este enviado de Deus tem buscado em seu apostolado colocar em pratica os ensinamentos de Francisco, encarnando a verdade anunciada pelo santo de Assis.  Seu Pontificado busca se legitimar dentro e fora da instituição católica para trabalhar em defesa dos pobres. O Papa Francisco, vem tentando preencher uma demanda, que é uma ação messiânica, que encarne na vida real a figura de um líder religioso e até político com uma espiritualidade profunda e com um censo de realidade histórica para anunciar que um novo mundo é possível, inspirando e mobilizando muitos que estão insatisfeitos com o mundo existente.  
Só um santo como Francisco que fez a oito séculos atrás este compromisso, teria esta ousadia de  conceber para si a missão nos dias de hoje de profetizar o retorno a uma Igreja Servidora e Pobre, de acordo com os princípios que orientaram o famoso “Pacto das Catacumbas”, quando um grupo de padres e bispos fizeram no final do Concilio Vaticano II, na Igreja de Santa Domitila, em 16 de novembro de 1965.
Este mesmo Pacto das Catacumbas, em que a Igreja assume sua opção preferencial pelos pobres, foi renovado por boa parte dos pastores que se encontrava no Sínodo. A cerimônia ocorreu na manhã de domingo (20/10/2019) nas Catacumbas de Domitila, o maior e mais antigo cemitério subterrâneo de Roma. A missa reuniu cerca de 40 padres sinodais e o novo pacto foi assinado também por leigos e até membros de outros credos – religiosos da Igreja Anglicana e da Assembleia de Deus – que estiveram presentes ao encontro. No total, o documento terminou com pelo menos 200 signatários, dos quais 80 eram bispos.
Para o Papa, viver segundo o Evangelho significa encarnar a origem popular do cristianismo, que torna a ética da humildade e o estilo de vida simples e despojado, em elementos importantes do ideal de santidade cristã. Por isso a figura de São Francisco, com o seu casamento com a pobreza, é aceita por Dom Bergoglio como guia para a vida terrena que antecipa a vida celestial. O Francisco de Assis representa, assim, a encarnação da plenitude que conduz à presença de Cristo.
Ao almoçar com cerca de 1.500 moradores de rua no Vaticano para celebrar o Dia Mundial dos Pobres neste domingo, 17, talvez o Santo Padre, queira nos lembrar que a opção pelos pobres significa, em última instância, uma opção pelo Deus do reino que Jesus nos anuncia. O mesmo Deus que faz opção pelo pobre, age na história como o Deus libertador.

Padre Carlos

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sábado, 16 de novembro de 2019

ARTIGO - A responsabilidade de ser pai (Padre Carlos)





A responsabilidade de ser pai


Nos últimos anos, temos constatados cada vez mais um certo comportamento de alguns pais transferindo sua responsabilidade para terceiros, negligenciando desta forma a família e os filhos em benefício da vida profissional e da sua individualidade, chegando a confiar a educação dos filhos aos funcionários ou no professor e na escola como um todo, desligando-se da sua educação. Ser pai e mãe nos tempos de hoje não é nada fácil, sobretudo para quem não está disponível para dedicar tempo (sobretudo de qualidade) e fazer sacrifícios em prol da família e dos filhos. 
Segundo as ultimas pesquisas a respeito desta problemática, na última década  tem aumentados  os números de casos associados à violência nas escolas – estes casos, geralmente encontra na imprensa um forte apelo emocional. Violência entre alunos, violência entre jovens namorados(as), violência de professores contra alunos e até violência de alunos contra professores, são levantados de forma sensacionalista, sem levar em conta um estuda aprofundado dos verdadeiros motivos que vem desencadeando este comportamento. 
Este tipo de violência tem assumido tais proporções e criado em alguns setores da sociedade, a percepção de que a escolas se tornou um campo de batalha e o ato de ensinar, tornou-se uma profissão de alto periculosidade. Mesmo sendo um exagero afirmá-lo, é um problema que não podemos deixar de abordar e enfrentar, para encontrar suas causas e as suas verdadeiras consequências.
As famílias, as comunidades escolares, os poderes públicos, devem tratar este tema com a mesma seriedade que abordam as outras matérias - como a violência se tornou presente na sociedade contemporânea? Precisamos conhecer a influencia  que as redes sociais às televisões, aos filmes no cinema, aos jogos de computador, às playstation, estão exercendo sobre os nossos filhos e quais as consequências que tem causados estas  tecnologias no comportamento entre os nossos jovens
Soma-se a tudo isto a desestruturação cada vez maior das famílias na nossa sociedade. Não podemos esquecer que a família é a "célula mãe" das comunidades e apesar das crises e problemáticas atuais, é ainda esta formação familiar que agrega a maior parte dos cidadãos.  Não é difícil entender que se uma família é bem estruturada pode gerar indivíduos equilibrados e atuantes positivamente em uma comunidade. O contrário também é válido. Assim podemos afirmar, que famílias desestruturadas geram indivíduos desequilibrados e estes desequilíbrios estará presente em toda comunidade.

Vivemos tempos muito complexos, cheios de contradições ao ponto de achar que um pai ou uma mãe presente, dedicados e responsáveis sejam considerados como conservadores, ‘superprotetor’, etc., etc
Não podemos esquecer que a violência na escola podem  está associados a  outras variáveis, como a falta de condições para os professores desenvolverem um bom trabalho, das suas insatisfações com o descaso dos poderes públicos em razão de algumas das suas reivindicações e outro ponto fundamental, é a crise econômica e suas consequências no dia-a-dia de qualquer profissional na sala de aula. Sabemos e valorizamos a importância e o papel dos professores na formação destes novos cidadãos é nas escolas que se dar esta formação. Ao mesmo tempo, entendemos que a educação dos filhos, compete os pais. É na família que eles aprendem os valores éticos e morais e não podemos fugir desta responsabilidade nem terceirizar a paternidade. 
 Estamos proporcionando muita liberdade aos nossos filhos, para muita coisa, mas não estamos sabendo proporcionar responsabilidade que esta acarreta. É preciso saber dosar esta liberdade para que cresçam sabendo que existem limites na sociedade e que seus direitos terminam, onde começa o do outro.
Ninguém é obrigado a ter filhos ou adotar, mas somos obrigados a sumir nossas responsabilidades de ser pai ou mãe. Ninguém é obrigado a responsabilizar-se por filhos, crianças, adolescentes que não sejam responsáveis, mas somos chamados a exercer a paternidade por aqueles que são nossa obrigação protege-lo.  Aqueles que escolheram constituir família e ter filhos, podem dar a sua contribuição, dentro e fora de casa, para que eles tenham todas as condições, não só para ser felizes, mas para serem educados e ‘criados’ com equilíbrio, com responsabilidade, com carinho e com perspectivas de virem a ser cidadãos realizados e responsáveis. 
Por isto, não canso de falar do papel dos pais na educação dos seus filhos em família, em casa e na escola. Para isso, é necessário que os conheçam ‘verdadeiramente’, seja amigo, para cumprir assim esta rica tarefa  de ser pai. O papel destes, num quadro complexo, exigente e desafiante das sociedades contemporâneas, apela à observância de valores de vida e pilares estruturantes como o amor, a família, a liberdade, a responsabilidade, a segurança e a proximidade. Que devem ser estimulados.
Ser pai é um ministério é mais que vocação é uma missão. Não é uma relação biológica, não é apenas reprodução, ser pai é acima de tudo dar amor, carinho e proteção, ser amigo leal nas horas certas e severo quando for necessário. Para educar um filho ou uma filha, temos que ser guia e companheiros no caminho para Emaús, no caminho certo para que eles tenham vida.


Padre Carlos

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quinta-feira, 14 de novembro de 2019

ARTIGO - Ciro, aliado ou inimigo da esquerda? (Padre Carlos)




Ciro, aliado ou inimigo da esquerda?



Dois dias depois do ex-presidente Lula discursar para a sua militância em São Bernardo, e reacendendo assim a polarização política com o presidente Bolsonaro, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) fez duras críticas ao petista, a quem chamou de “sem escrúpulo”. “Lula é um encantador de serpentes. A presunção dele é que as pessoas podem, usando fetiches, intrigas e a absoluta falta de escrúpulos que o caracteriza, navegar nisso. O mal que Lula está fazendo ao Brasil é muito grave e extenso”, afirmou o ex-presidenciável.
Como disse o próprio Lula, faz-se grande quem sabe pensar grande. Se ele estivesse pensando como Ciro Gomes, em apenas eleição e no poder em si, e ficasse cego ao horizonte que descortinou com sua saída da prisão, passaria a ser mais uma estrela sem brilho no universo da vida política. E o que é pior, arrastaria consigo a esperança de milhões que esperavam ansioso a sua volta. Este comportamento irresponsável, só proporcionaria as condições para que o fascismo e o fundamentalismo religioso consolidassem o poder e roubasse as espeças que ainda resta no povo.
Desta forma, Lula não pode se dar ao luxo dos arroubos de adolescente que Ciro vem tendo. Ele tem certeza que a única política que poderá conter este risco é promover mudanças significativas para proporcionar um crescimento econômico acompanhado com a geração de emprego e um maciço investimento em educação e tecnologia. Não existe outra forma a não ser fazer a roda da economia girar, basta de paliativos, sem estas medidas não há saída. Salvar o Brasil implica em criar condições jurídicas e políticas para que Lula possa participar do processo eleitoral em 2022. Como articulador, Lula tem que buscar uma oposição “coesa”. Uma frente unida em prol de um objetivo comum: a derrota do inimigo comum. Todas as forças políticas oriundas dos mais diversos espectros da oposição – que não tem absolutamente nada de homogênea – se aglutinarão nesse projeto para derrotar o fascismo
Por isto, o coronel de Sobral vem tentando de todas as formas criar empecilho para que isto não aconteça. Assim como Ciro, pensava a Social-Democracia alemã, ao fechar os olhos e tornasse omissa quando Hitler perseguia e exterminava os comunistas alemães. Achava estes sociais democratas, que o pós-Nazismo não demoraria e que com a saída dos vermelhos da cena política, seria mais fácil chegar ao poder. O que Ciro esquece, é que aqueles que enganam, mente e pratica a falsidade e a traição como forma de crescer politicamente, um dia terá que prestar contas aos eleitores. Esta é a lógica de Ciro Gomes e o que mais nos espanta, é que por oportunismo, setores da esquerda venham alimentando os desejos de poder deste homem. O provérbio “o inimigo do meu inimigo é meu amigo” é quase sempre invocado em referência a questões políticas e nem sempre corresponde à verdade e este comportamento de Ciro termina fortalecendo o projeto da direita. Aí então começaremos a ver o desenrolar da armadilha que essa lógica do “inimigo do meu inimigo é meu amigo” sempre traz consigo.
Quando está motivado por essa lógica – que remonta a uma mentalidade tribal – que cai como uma luva no sistema político brasileiro, não se realiza alianças com “amigos”, se busca assumir o seu lugar. O que une os atores, como já vimos, é simplesmente o desejo de se derrotar um inimigo comum e para Bolsonaro e Ciro, este é sem dúvida alguma Lula e o PT. A política de Ciro para o campo da esquerda, é de autofagia e lutas internas até alcançar seus objetivos.
Temos que tomar consciência que tudo o que temos passado, tem um proposito para que nos sirva de lição. Quando não há clareza de quem são verdadeiramente os nossos adversários, corremos o risco de nos comportarmos como eles. De generalizarmos nossa ética e conduta e carregar o pragmatismo como a única verdade.
A inveja é o resultado de pequenos desejos. Ela não se faz senão através de detalhes que lhe acumulam na alma: desejar algo que não é seu, apropriar-se de algo que não lhe pertence, trair a confiança de um amigo, tudo isto são gestos de um covarde para ocupar o espaço do outro na história. Não é os bens nem o dinheiro que constitui a inveja. É a ganância, a arrogância, a convicção de que é mais importante e merece mais que o seu oponente.
Desta forma, o ex-ministro de Lula, jamais será um estadista se não tiver humildade, tem que ter noção do tamanho que é, nem maior nem menor do que ninguém. E sustentar a esperança na certeza de que só haverá colheita se desde agora se cuidar, delicada e anonimamente da semeadura. Como diz o poeta, não basta sair caçando borboletas é necessário ficar e cuidar do jardim, para que elas retornem.


Padre Carlos

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ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...