sábado, 30 de maio de 2020

ARTIGO - Francisco e o Pentecostes (Padre Carlos)



Francisco e o Pentecostes

Domingo, dia 30 de maio, neste dia a Igreja lembra e celebra o início da missão da Igreja no mundo, após os apóstolos terem recebido o dom do Espírito Santo. A Comemoração de Pentecostes acontece 50 dias após o Domingo da Ressurreição. O Espírito Santo desceu sobre a comunidade cristã de Jerusalém na forma de línguas de fogo. Aí todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas.
Nestes dias de quarentena minhas orações estiveram voltadas a uma unidade entre a natureza e o divino. Assim, não pude deixar de reconhecer a profundidade que a espiritualidade franciscana ensina-nos: obediência  a  Deus e à Igreja. Com o passar dos anos e os cabelos brancos como testemunho desta caminhada, vou descobrindo a necessidade desta ao Senhor. Esta tomada de consciência traz uma maturidade sobre a necessidade de carregar a cruz e a certeza desconcertante que ela é pesada.
A vida cristã tem que passar pela cruz, senão não é cristã. Jesus cumpriu sua missão de obediência ao Pai carregando a cruz dos nossos pecados e no calvário ofereceu-se pela humanidade. Um cristão, não deve fugir da cruz. São Francisco de Assis, o Arauto da Paz, encontrou a razão da sua vida e a força da sua vocação missionária diante do Crucificado. Portanto, a teologia da cruz está presente nas minhas orações diária. É nela, na cruz, que a vida dá-se e dela é que a vida prepara-se para renascer na ressurreição. Esse tempo pascal, que terminou no Domingo de Pentecostes, ajudou-nos a viver este mistério da vitória do Cristo.
Francisco, falando com o Crucificado, ouviu dele um pedido: “Vai, reconstrói a minha Igreja”. Ele obedeceu! Saiu dali e foi cumprir o pedido do Crucificado, começando sua atividade evangelizadora e foi atraindo irmãos, com os quais formou uma fraternidade missionária e ajudou a Igreja a se renovar. Acredito que foi este o contexto que Jorge Mário Bergólio vivenciou: “que queres que eu faça?”. O Senhor disse: “ide aos meus irmãos” aos pequeninos aos que sofrem aos pobres  para anunciar o Evangelho da esperança, apascentar o meu povo com o coração do Bom Pastor, santificar os fieis com os sacramentos da vida.
O apóstolo Paulo transmitiu “as decisões que os apóstolos e anciãos de Jerusalém haviam tomado. E recomendavam que fossem observadas. As Igrejas fortaleciam-se na fé e, de dia para dia, cresciam em número” (At 16, 4). Eles eram conduzidos pelo Espírito Santo e iam onde o Espírito levava-os. Por isso foram à Macedônia. E fizeram muito bem àquela Igreja. 
    Um jesuíta argentino chegou em Roma porque o Espírito Santo, que governa a Igreja, levou-o para fazer o bem aos seus irmãos. Não fui ele que escolheu a Cúria. Foi o Espírito Santo que  convocou-o em nome de Cristo e ele de bom grado veio como Companheiro de Jesus e a responsabilidade de Francisco, com a força do Espírito Santo para reconstruir a Igreja, que o Senhor lhe confiou.


ARTIGO - Quem não é visto não é lembrado (Padre Carlos)




Quem não é visto não é lembrado

Tem uma frase que sintetiza muito bem a experiências vividas por algumas pessoas que se sentem esquecidas: “quem não é visto não é lembrado,” com esta frase gostaria de começar este nosso texto.
Eventualmente, alguns padres terminam deixando de exercer o sacramento da Ordem para viverem novas experiências na sua vida e por afastar-se e deixar de fazer parte do clero, seja por falta de vocação ou não, terminam aceitando um certo tipo de exílio. Eles acabam abdicando de um lugar que era inerente a eles. Quando sai, um vazio toma conta do seu lugar.
 Com isso, eles acaba sendo esquecidos aos poucos pelos outros sacerdotes, mesmo que estes ainda se importem com eles. Sim, como diz a frase: Quem não é visto não é lembrado significa literalmente que alguém termina perdendo a atenção quando se ausenta.
De início é comum que os companheiros de seminários e a irmandade do presbitério, faça com que alguns lhe procurem nos primeiros anos, tentando repor a sua ausência. Contudo, quando um indivíduo se afasta, é bem mais fácil deixá-lo ir do que tentar mantê-lo. Aos poucos, os companheiros acabam abrindo mão de sua companhia. Se antes a ausência era um incômodo, hoje ela passa a ser tolerável.
Da mesma forma que acontece com a partida, o retorno a igreja também é feito de modo estranho. As pessoas já se acostumaram com o vazio que a saída destes deixaram e recebem de forma estranha o seu retorno. Não que vocês não sejam mais bem-vindo, nada disso. Entretanto, a comunidade de fé termina tendo que reaprender a ter vocês de volta, o que é desconfortável para ambos.
Como quem não é visto não é lembrado, é preciso fazer valer a sua presença e mostrar que a sua história de vida está ligada aquele grupo. Claro, isso não pode ser feito de qualquer forma, já que existe um linha que divide narcisismo de companheirismoEm falar em companheirismo, a palavra companheiro remete ao latim cum – pane; o seu significado é comunhão, isto é "o que come do mesmo pão, na mesma mesa. Sim, comemos do mesmo pão e fomos ungidos no mesmo altar, fomos investidos de autoridade por meio da mesma unção,







sexta-feira, 29 de maio de 2020

ARTIGO - Estado de emergência e o jogo da fraude e da corrupção (Padre Carlos)




Estado de emergência e o jogo da fraude e da corrupção


 

Não há nada melhor para um corrupto do que uma boa oportunidade!


Já diz o velho e conhecido ditado popular: “a ocasião faz o ladrão”. Afirmando que, de algum modo, a vítima do roubo ou furto facilitou a ação criminosa. O que queremos chamar a atenção do leitor é que a fraude e a corrupção “nascem” dentro de um contexto e diante da atual situação em que se encontra o pais, podemos afirmar que a conjuntura que se formou com a pandemia, termina criando dois fatores que podem proporcionar este crime. Um de natureza objetiva, a Oportunidade, e outro de natureza subjetiva, o Índice de Integridade e de Motivação do agente – o corrupto – para alcançar esse propósito.
Do ponto de vista do fraudador, a fraude e a corrupção são uma espécie de jogos em que participa com um único propósito. Ganhar sempre e o mais possível!
É como um jogo qualquer, se busca uma estratégia em função do contexto próprio de cada jogada, analisando e explorando com muito cuidado e friamente as oportunidades de êxito que elas lhe oferecem. Não há nada melhor para um corrupto do que uma boa oportunidade!
O contexto de pandemia gerado pela Covid-19, sobretudo as medidas preventivas que tem sido adotadas para lhe fazer frente, tem sido também uma grande oportunidade para o aparecimento dos fenómenos da fraude e da corrupção.
Todos nós recordamos como nas primeiras semanas se verificou uma falta generalizada de máscaras, de produtos de desinfecção e de ventiladores nos  prestadores de serviço do SUS, e também nas lojas, e nos fornecedores destes produtos, criando uma busca desesperada e se apropriando de uma situação em resultado do desequilíbrio repentino entre a oferta e a procura desses bens, como esse contexto foi de imediato explorado por alguns operadores de mercado como uma oportunidade para incrementarem de forma rápida e fraudulenta os lucros com a venda de tais produtos.
Por outro lado, os Estados se viram confrontados com a necessidade de adotar medidas restritivas dos contatos sociais, a fim de reduzir o risco de contágio, o processo de confinamento e os efeitos que ele tem provocado tornaram-se também objeto de fortes e necessários apoios financeiros. Estes apoios têm procurado assegurar fundamentalmente:
-              A garantia e o reforço da prestação de cuidados de saúde, através do (1) internamento e tratamento dos doentes infetados, e; (2) do controlo e prevenção da propagação do surto infeccioso;
-              A existência de campanhas sociais para os desempregados, às famílias e às empresas, devido sobretudo às situações das medidas que levaram ao confinamento, e;
-              A necessidade de apoiar a retomada da economia, com particular incidência nos setores que ficaram mais afetados com a crise.
Não se questiona, nem se pode questionar, a necessidade e utilidade destas ações! São momentos como este que nos mostram a importância de um Estado forte e a necessidade da existência destas estruturas em função dos nossos interesses coletivos! Se existissem alguma dúvida sobre a importância do Estado, estes contexto em que nos encontramos é suficientemente fortes para desfazer  qualquer discurso  liberal.
Mas, claro, todas estas medidas tem custos financeiros que tem de ser pagos! Nosso objetivo é chamar a atenção para os órgãos fiscalizador para acompanhar de perto estas despesas.
Não podemos esquecer, que a pandemia de Covid-19 pressiona prefeitos e governadores a agir de forma rápida para assegurar a aquisição de insumos necessários ao enfrentamento da doença. Respiradores, máscaras e demais equipamentos de proteção individual entraram para a lista prioritária de compras realizadas sem licitação em função do novo coronavírus. É uma guerra comercial, mas que revela implicações diante dos valores que são cobrados. Desde abril, investigações por mau uso do dinheiro público se espalharam por todo o país e por se tratar de verba federal a polícia federal deverá ser acionada.
Não podemos esquecer, que mesmo diante de tantas perdas fatais por covid-19, ainda há quem tenha coragem de aplicar golpes contra a administração pública.


quinta-feira, 28 de maio de 2020

ARTIGO - O espírito de comunidade e o covid-19 (Padre Carlos)




O espírito de comunidade e o covid-19


Quando foi decretada a obrigatoriedade do uso da máscara facial de proteção para prevenir o avanço da covid-19 no interior dos estabelecimentos comerciais e nos transportes públicos, passamos entender a importância destas medidas e o que é mais importante, passamos a ciar uma nova cultura.
          Diante da gravidade do problema e com a intenção do prefeito de flexibilizar o decreto municipal é necessário determinar que todos os habitantes do município sejam obrigados a usar máscaras faciais quando saírem de casa e sempre que frequentar locais públicos.
A decisão de massificar a utilização das máscaras faciais tem que partir das autoridades, mas está  sendo quase um consenso  a adesão a este tipo de proteção, que antecede esta decisão política, que teve por base as pressões que os empresários desta cidade vem fazendo junto aos poderes público. Estes atos, colocarão com certeza em risco a ´população de Vitória da Conquista. Não podemos fechar os olhos para o que vem acontecendo em Feira de Santana, a segunda maior cidade  da Bahia.
O que na verdade precisamos é criar na nossa cidade o espírito de comunidade inerente ao slogan que promove a ideia do uso massivo de máscaras: My mask protects you. Your mask protects me (A minha máscara protege-te. A tua máscara protege-me).
Num tempo em que, muitas vezes, o individualismo se sobrepõe, em que enfrentamos uma doença para a qual não existe tratamento ou vacina, mas que nos pode levar a temer e a rejeitar o próximo, esta ideia de que uma ação individual tem por fim proteger o outro e subjacente a ela tem a confiança de que o outro me protegerá a mim é uma afirmação cultural.
Esta nova realidade, em que usar máscara e manter o distanciamento, termina sendo para toda comunidade, um tempo de aceitação e de afirmação de cultura cívica.
O cumprimento das regras de confinamento e de distanciamento social, a utilização da máscara facial e o cuidado nas rotinas de higienização são sacrifícios que cada um faz, não apenas por si, mas pela comunidade, confiando que cada um dos membros desta zelará pela nossa segurança.
Além de colocar à prova a forma como a comunidade enfrenta e encontra formas de superar esta crise global de saúde pública, esta pandemia é um teste à natureza da própria comunidade, ou seja, de como os indivíduos interpretam a sua participação no que é comum.
Para vencer o alto grau de exposição ao vírus que o prefeito e o seu comitê estará impondo a nossa comunidade a partir de primeiro  de junho, temos como sociedade civil de educar a população de  tal forma que o uso de máscara precisa passar a ser entendido como um comportamento socialmente responsável, enquanto, pelo contrário, sair à rua ou usufruir do espaço público sem qualquer proteção tem que ser entendido como um comportamento antissocial, um desrespeito para com o outro que constitui um risco para a comunidade.
Este é o teste que a flexibilização do decreto nos traz e, para superá-lo, é necessário, primeiro, reconhecê-lo como tal e saber, depois, se estamos dispostos ao salto cívico que temos de dar para sermos uma comunidade e não, apenas, um conjunto de indivíduos.
Aceitar os imperativos desta realidade de proteção mútua num contexto de sociedades individualizadas e de baixa densidade social, é compreender que é preciso preocuparmo-nos com o outro, para que faça sentido ao outro preocupar-se conosco. Só há uma forma de superarmos uma crise desta natureza: juntos.


terça-feira, 26 de maio de 2020

ARTIGO - Quem fiscaliza o prefeito? (Padre Carlos)




Quem fiscaliza o prefeito?





Senhores Vereadores,

Vivemos um momento de pandemia, nesta conjuntura deixa de existir todos aqueles controles rígidos que geralmente são exigidos para qualquer tipo de contratação pública próprio da lei de licitação. Desta forma, o poder público para contratar não precisa atender uma série de requisitos, uma série de procedimentos inerente a esta lei. Com o decreto do estado de emergência, ouve uma certa flexibilização destra regras rígidas e o encurtamento dos prazos.
Assim, presenciamos a criação de diversos grupos de trabalhos sendo criados por diferentes órgãos fiscalizadores em todo o país, para evitar que o cenário de gastos sem licitação possa facilitar desvios de recursos públicos em prefeituras. Sabemos da importância da comissão de saúde desta casa e do trabalho que estes abnegados representantes do povo vem travando com o executivo para que possamos receber por parte dos poderes públicos, uma saúde de qualidade. Porém, diante do atual quadro que se formou é necessário que todos os representantes desta casa, se atentem para esta nova realidade.
Nesta situação é permitido que os prefeitos formalizem contratações sem a necessidade da burocracia da licitação. É justamente neste ponto que quero chamar a atenção dos senhores. Nos últimos dias, passamos a tomar conhecimento pelos órgão de impressa sobre alguns prefeitos que estariam usando o dinheiro público, que chegou ao caixa das prefeituras de repasse federal, de forma irregular. Assim, gostaríamos de saber como esta casa vem acompanhando os gastos de tais recursos?
O cenário de pré-campanha eleitoral, principalmente em nosso município, tem alimentado algumas denúncias e por se tratar de um órgão fiscalizador, precisamos saber se estas tem ou não consistência, para ir atrás dos elementos que possam confirmar ou desmentir o que já foi exposto. Mesmo que as denúncias tenham motivação política, não podemos desqualificar a demanda por esse motivo.
Não quero aqui ensinar Pai Nosso ao vigário, mas precisamos ampliar esta comissão para que possamos assim, de posse de algumas informações,  fazer um acompanhamento de perto destas despesas. Fazer comparações, verificar preços praticados e entender a necessidade de várias compras.
Precisamos entender que o cenário de pandemia não exclui as fiscalizações e esta casa tem o dever de permanecer fiscalizando, mesmo que remotamente, de olho em indícios de irregularidades.

segunda-feira, 25 de maio de 2020

ARTIGO - Senhora das Vitórias (Padre Carlos)




Senhora das Vitórias



“Maria, tu sempre brilhas em nosso caminho como sinal de salvação e esperança.
Nós nos entregamos a Ti, Saúde dos Enfermos...” (Papa Francisco)


Não poderiam escolher um mês para antecipar o feriado de Nossa Senhora das Vitórias que representasse tanto Maria como este. A presença mariana é marcadamente celebrada no mês de maio e diante da pandemia que se abate em nosso país, antecipar o feriado é convocar a mãe para olhar para seus filhos. O mês parece tornar-se mais afetivo, repleto das lembranças generosas entre mãe e filhos. Os católicos não se cansam de voltar-se para a Virgem Maria como aquela que perfeitamente foi fiel a Deus e que, como modelo, nos ensina a confiar no Senhor, principalmente nos momentos mais difícil.

Para os ensinamentos católicos, a intercessão em Maria é fundamental, caminhamos para o céu tendo a segurança de uma Mãe Santa e fiel. Ao longo de nossa caminhada, podemos contar sempre com o carinho e o amor de Maria. Ela sempre nos acompanhará no caminho de santidade, e neste caminho, pelas mãos Dela, recebemos a dádiva grandiosa de Jesus; e com Ele traz-nos o seu amor, a sua paz e a sua alegria.
            Nesta data, gostaria de colocar nas mãos de Nossa Senhora das Vitória, todas as Mães brasileiras que perderam seus filhos para o covid 19, para o H1N1, para Dengue, Zika e Chikungunya. E em nome de Thâmar, quero homenagear todas as mães.  Elas que não ponderam segurar os filhos mortos nos braços, enxugar o suor de seus poros e dar o beijo da despedida. Não jogou flores sobre o caixão e para aquelas em que os filhos foram enterrados em vala comum, nem teve uma sepultura para visitar quando a saudade doeu fundo na alma.   Para as mães brasileiras que vem sofrendo toda esta paixão e morte, só Maria pode entender esta dor, porque é impossível entender a dor de uma mãe, diz o papa Francisco.
Ao antecipar o feriado, terminam colocando Maria mais uma vez na cena da Ressurreição, para que possamos fazer como Maria de Madalena, encontrar-se com o Cristo que ressuscitou e correr para anunciar a Boa Nova.
Que Nossa Senhora das Vitórias possa mais uma vez nos ensinar a anunciar e lembrarmos que a Boa Nova se traduz na caridade que devemos praticar com o nosso próximo, no agir com Misericórdia para com os nossos irmãos que se encontram em dificuldade, que estão exposto ao vírus, que perderam o emprego, que são a imagem do crucificado para cada um de nós.
Tudo isso Vos pedimos ó Mãe, para que, através do Amor e da Misericórdia por nós ofertado, o próximo possa ressuscitar e ter devolvida a sua dignidade por Cristo, Nosso Senhor.




sábado, 23 de maio de 2020

ARTIGO - A mentira na política (Padre Carlos)




A mentira na política




“Jamais faltarão a um príncipe argumentos para desculpar o incumprimento das suas promessas” Maquiavel.



       Nossa história foi construída entre a realidade e as diferentes versões da mesma. Assim, estas narrativas vão sendo consolidadas através da força, das lutas do povo ou do capital. E entre estas estará sempre a mais perigosa, a do diabo. Isto é, a mentira.
 
Estas verdades nunca foram tão evidentes como temos presenciados nos últimos tempos. Política e mentira tem surgidos normalmente associadas, as vezes com maior ou menor intensidade, fazendo a gente acreditar que são sinônimos, ou são dois lados da mesma moedaE, de fato, os políticos tem dado ultimamente inúmeras razões para que pudéssemos pensar desta forma.
Sabemos que associar a política à mentira é tão antiga quanto a própria política. O que queremos abordar aqui é a intensidade que esta relação vem tendo e a sua aplicação como algo que faz parte da sua ação.
“Sempre consideramos as mentiras como ferramentas necessárias e justificáveis ao ofício não só do político ou do demagogo, como também do estadista”, escreveu Hannah Arendt. 
Da busca da verdade, perseguida incessantemente pelos pais gregos da filosofia, considerada “o fim de tudo” por Platão, estamos hoje, 25 séculos depois, disfarçando a mentira e escondendo suas consequências e chamando esta praga de pós-verdade, para justificar nossa canalhice.  Este é o grande problema que as democracias vem enfrentando e que deveremos encarar de frente e não jogar para debaixo do tapete toda esta sujeira. O grande escândalo ou tema do momento nos meio de comunicações e nas redes sociais, com certeza será as “Face News, Face News” para que a democracia possa continuar existindo.
A pós-verdade é a confirmação da razão de Goebbels: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. E porque não acreditar em Hitler quando afirmou que “as massas acreditam mais facilmente numa grande mentira do que numa pequena”?
Aliás, não é por acaso que a religião cristã elegeu o diabo como o anjo mau, o espírito da mentira. A origem latina da palavra, diabolôs, significa caluniador, o que profere falsas acusações.
A verdade, para um político, é quase sempre condicionada pelo seu ponto de vista partidário. Isto é, ele vê um aspecto da verdade, filtrado pela sua ideologia. Até aqui, tudo normal. O que ultrapassa todos os códigos morais e éticos é deliberadamente usar a mentira como base do seu discurso, apoiado muitas vezes por poderosos meios de comunicação, hoje fáceis de usar, uma vez que estão disponíveis para todos os cidadãos, permitindo o contato direto, sem intermediários: as redes sociais.
Em Vitória da Conquista, o último caso que tem chamado a atenção da comunidade política da nossa cidade é a forma nada ética e sensacionalista de certo vereador. As mentiras e agressões as seus pares e aquela casa não pode contar com a omissão ou corporativismo dos verdadeiros representantes desta terra.
Um caso que Santo Agostinho perdoaria porque, na sua ótica, “dizer uma coisa falsa não é mentira se alguém a crê verdadeira ou se tem opinião formada de que é verdadeiro aquilo que diz”. Não se aplica a este vereador, por se tratar de um operador do direito e assim, acreditamos que todas as ações políticas, são devidamente planejada.
Viveremos eternamente entre a realidade e as diferentes versões da mesma.
E entre estas estará sempre a do diabo. Isto é, a mentira. 

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...