sábado, 23 de maio de 2020

ARTIGO - A mentira na política (Padre Carlos)




A mentira na política




“Jamais faltarão a um príncipe argumentos para desculpar o incumprimento das suas promessas” Maquiavel.



       Nossa história foi construída entre a realidade e as diferentes versões da mesma. Assim, estas narrativas vão sendo consolidadas através da força, das lutas do povo ou do capital. E entre estas estará sempre a mais perigosa, a do diabo. Isto é, a mentira.
 
Estas verdades nunca foram tão evidentes como temos presenciados nos últimos tempos. Política e mentira tem surgidos normalmente associadas, as vezes com maior ou menor intensidade, fazendo a gente acreditar que são sinônimos, ou são dois lados da mesma moedaE, de fato, os políticos tem dado ultimamente inúmeras razões para que pudéssemos pensar desta forma.
Sabemos que associar a política à mentira é tão antiga quanto a própria política. O que queremos abordar aqui é a intensidade que esta relação vem tendo e a sua aplicação como algo que faz parte da sua ação.
“Sempre consideramos as mentiras como ferramentas necessárias e justificáveis ao ofício não só do político ou do demagogo, como também do estadista”, escreveu Hannah Arendt. 
Da busca da verdade, perseguida incessantemente pelos pais gregos da filosofia, considerada “o fim de tudo” por Platão, estamos hoje, 25 séculos depois, disfarçando a mentira e escondendo suas consequências e chamando esta praga de pós-verdade, para justificar nossa canalhice.  Este é o grande problema que as democracias vem enfrentando e que deveremos encarar de frente e não jogar para debaixo do tapete toda esta sujeira. O grande escândalo ou tema do momento nos meio de comunicações e nas redes sociais, com certeza será as “Face News, Face News” para que a democracia possa continuar existindo.
A pós-verdade é a confirmação da razão de Goebbels: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. E porque não acreditar em Hitler quando afirmou que “as massas acreditam mais facilmente numa grande mentira do que numa pequena”?
Aliás, não é por acaso que a religião cristã elegeu o diabo como o anjo mau, o espírito da mentira. A origem latina da palavra, diabolôs, significa caluniador, o que profere falsas acusações.
A verdade, para um político, é quase sempre condicionada pelo seu ponto de vista partidário. Isto é, ele vê um aspecto da verdade, filtrado pela sua ideologia. Até aqui, tudo normal. O que ultrapassa todos os códigos morais e éticos é deliberadamente usar a mentira como base do seu discurso, apoiado muitas vezes por poderosos meios de comunicação, hoje fáceis de usar, uma vez que estão disponíveis para todos os cidadãos, permitindo o contato direto, sem intermediários: as redes sociais.
Em Vitória da Conquista, o último caso que tem chamado a atenção da comunidade política da nossa cidade é a forma nada ética e sensacionalista de certo vereador. As mentiras e agressões as seus pares e aquela casa não pode contar com a omissão ou corporativismo dos verdadeiros representantes desta terra.
Um caso que Santo Agostinho perdoaria porque, na sua ótica, “dizer uma coisa falsa não é mentira se alguém a crê verdadeira ou se tem opinião formada de que é verdadeiro aquilo que diz”. Não se aplica a este vereador, por se tratar de um operador do direito e assim, acreditamos que todas as ações políticas, são devidamente planejada.
Viveremos eternamente entre a realidade e as diferentes versões da mesma.
E entre estas estará sempre a do diabo. Isto é, a mentira. 

Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...