terça-feira, 26 de janeiro de 2021

ARTIGO - Não podemos deixar o povo morrer (Padre Carlos)

 

Não podemos deixar o povo morrer

 




A expressão: “agua mole em pedra dura, tanto bate até que fura,” poderia definir bem a pertinência e a dificuldade que as forças democráticas vêm enfrentando para que os crimes deste governo sejam investigados e seus responsáveis possam ser assim, punidos pelos seus atos. Este foi o sentimento que os brasileiros tiveram quando a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu no sábado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para abrir uma investigação à conduta do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, devido ao colapso da rede de saúde pública em Manaus, na Amazónia, onde faltou oxigénio para os doentes de covid-19. A PGR pede que o ministro seja ouvido pela Polícia Federal.


O pedido foi feito pelo procurador-geral, Augusto Aras, na sequência de uma queixa apresentada pelo partido Cidadania, que acusa o ministro Pazuello de omissão perante a tragédia em Manaus, onde os hospitais estão no limite e o número de mortos continua disparando – levando as autoridades investigar mais de 50 mortes que teriam sido causadas pela falta de oxigénio.

A procura deste item tão básico para o tratamento dos pacientes da rede de saúde pública no estado do Amazonas foi, no início de Janeiro, 11 vezes superior à média. Este aumento pela procura agravou a carência nos hospitais onde estão internados os doentes da covid-19.

No pedido de investigação enviado ao STF, a Procuradoria cita um relatório oficial do dia 17 de Janeiro, sobre o que se passou entre 6 e 16 de Janeiro, que conclui que Eduardo Pazuello foi informado no dia 8 de Janeiro da falta de oxigénio pela fornecedora White Martins. Contudo, o Ministério de Saúde só reforçou a entrega de oxigénio na região a 12 de Janeiro, ou seja, o Governo ficou quatro dias sem tomar qualquer medida para evitar o colapso do sistema de saúde em Manaus.

Além disso, a PGR questiona as prioridades do Governo perante a crise em Manaus, particularmente a distribuição de 120 mil unidades de hidroxicloroquina no dia 14 de Janeiro, em plena escassez de oxigénio dos hospitais.

O texto enviado ao Supremo  sugere que, em vez de dar prioridade ao reforço de oxigénio, Pazuello privilegiou a distribuição de um remédio sem eficácia comprovada cientificamente no tratamento da covid-19.

Após a abertura de um procedimento preliminar na semana passada, em que a PGR pediu esclarecimentos a Pazuello, o ministro da Saúde enviou, no dia 19 de Janeiro, mais de 200 documentos explicando as medidas tomadas pelo Governo federal em Manaus, admitindo que foi alertado para a falta de oxigénio a 8 de Janeiro, mas que a empresa que distribui o produto não tinha capacidade para dar resposta.

Augusto Aras considerou as respostas do ministro insuficientes e, tendo em conta o estado de calamidade de Manaus, o procurador-geral considerou necessária a abertura de um processo para investigar os fatos.

Horas depois do pedido da PGR, ser aceito pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, determinando nesta segunda-feira (25) que a Polícia Federal abra um inquérito para investigar, em até 60 dias, as acusações de negligência ao ministro da Saúde, durante o combate ao coronavírus em Manaus, Eduardo Pazuello viaja para Manaus para uma visita que o Governo de Bolsonaro espera que ajude a diminuir o desgaste do ministro, numa altura em que no seio do próprio executivo, sobretudo entre a ala militar, aumenta a pressão para que Pazuello deixe o cargo. Bolsonaro, no entanto, não parece entender a gravidade da situação e tenta de todas as formas salvar o seu ministro.


Assim como na tragédia portuguesa, poderíamos dizer para o nosso ministro que: “agora Inês é morta,”, mas não foi só Inês, foram Marias e Joãos que neste Brasil de meu Deus já somam mais de 215 mil pessoas.

Desta forma, não basta o Ministério da Saúde informar que Pazuello “não tem voo de volta para Brasília” e que vai ficar no estado do Amazonas “o tempo que for necessário”.

 

 


segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

ARTIGO - Estado de Defesa ou de Exceção? (Padre Carlos)

 

 

Estado de Defesa ou de Exceção?



 

Os romanos diziam: post festum, pestum, ou seja, depois da festa, a realidade, traduzindo-se livremente. Quando os políticos retornaram a Brasília, depois das festas de fim de ano, encontram o mesmo país que deixaram antes do recesso parlamentar, isto é,  um país ainda em guerra, dividido, onde não ecoa a palavra reconciliação. É que um Brasil unido e pacificado não interessa, neste momento, aos planos do presidente Jair Bolsonaro, que alimenta suas hostes com ataques contínuos a tudo e a todos os que não comungam das suas loucuras e das suas ideias, baseadas na confrontação ao invés da união.


Diante desta realidade, passamos a entender que quando a mascara que esta no rosto do político brasileiro não for para proteger do vírus é para atentar contra o Estado de Direito.  Neste início de ano, duas declarações chamaram minha atenção pelo grau de gravidade que carregam. A primero partiu do presidente da República quando afirmou que: “Quem decide se o povo vai viver em uma democracia ou ditadura são as Forças Armadas” e a segunda e não menos grave, foi proferida pelo Procurador da República, Augusto Aras: "o estado de calamidade pública (por causa da pandemia) é a antessala do estado de defesa". Estas ameaças, não podem deixar de ser levadas a sério devido à posição que as duas autoridades representam na estrutura do Estado brasileiro.

A disputa entre os legalistas e os bolsonaristas dentro da PGR, tem forçado o procurador-geral da República, Augusto Aras, reconhecer, que aumentaram as pressões para que ele investigue as acusações contra o presidente Jair Bolsonaro. Diante disto e sem nenhum constrangimento perante a nação, esta autoridade faz insinuações que deixam qualquer jurista ou cientista político preocupado. Ao afirmar que: "o estado de calamidade pública  é a antessala do estado de defesa," ele  afirma que o "agravamento da crise sanitária" poderia justificar declaração de "Estado de Defesa", recurso que ampliaria poderes do presidente, que poderia tomar certas medidas previstas na Constituição de 1988 em que os direitos dos indivíduos são restringidos em razão de um objetivo maior, qual seja, a superação de cenário de crise e de ameaça à Democracia.

As falas do procurador e a do presidente estão alinhadas em uma suposta ameaça ao Estado de Direito. Qual o papel da PGR e qual a importância das forças armadas neste projeto?

Assim, o presidente aparece com um discurso tirado da guerra fria e sem conexão com a realidade pra dizer que existe um quarto poder da República e que este está à cima dos demais.

“Por que sucatearam as Forças Armadas ao longo de 20 anos? Porque nós, militares, somos o último obstáculo para o socialismo. Quem decide se um povo vai viver na democracia ou na ditadura são as suas Forças Armadas. Não tem ditadura onde as Forças Armadas não apoiam.”

         Podemos definir as declarações destas duas autoridades como uma ameaça e uma afronta a democracia. Como educador com formação em filosofia não poderia deixar de denunciar o estado de exceção que estão tentando implantar no Brasil, isto é, usar o direito para supostamente legitimar o que é ilegitimável. O que esta acontecendo é uma afronta à República e seus poderes. Onde estão os operadores do direito neste país?

Não podemos esquecer que o principal fator dos agentes que estão por traz destas declarações contra o Estado de Direito, é embaralhar todas as cartas do jogo político, e trapacear guardando o coringa para o xeque-mate, isto é, salvar o rei.

 


A vingança da elite brasileira é cruel, não podemos ser ingênuos ao ponto de achar que os conservadores e os militares, irão aceitar sair do governo e perder estas regalias. Nossa história constitucional é permeável de golpes, traições e farsas não podem esquecer isto.

Se os senhores juristas não fizerem nada, passado o estado de exceção, voltarmos às nossas pequenas questões, então seremos todos vencidos. Sim, se não fizermos nada, a extrema-direita ampliar-se-á, o ódio sairá vencedor, o fascismo renascerá. A palavra de Martin Luther King deve ecoa sobre a Suprema Corte, “o que me preocupa não é o grito dos maus, mas sim o silêncio dos bons”.

 

 

Pe. Carlos

 



domingo, 24 de janeiro de 2021

ARTIGO - Brasil tem sábado de protestos pela democracia (Padre Carlos)

 

Brasil tem sábado de protestos pela democracia

 


 

Sem nenhuma conotação religiosa, mas o tempo de colher chegou. O presidente Jair Bolsonaro, está colhendo nestes últimos dias o que plantou ao longo dos seus dois anos e mandato presidencial. Rechaçado por seus desvios e suas mentiras, o povo brasileiro cansado de tanta enganação, foi às ruas nestes sábado 23 de janeiro para pedir o impeachment do presidente e tentar banir do poder o governo de ultradireita e renovar a democracia.


Como professor de filosofia, em condições normais falaria para meus alunos que o impeachment é um processo extremo, traumático, imprevisível. E o pós-impeachment só beneficia a direita e seus representantes. Diria também, que a regra salutar da democracia é a alternância do poder. Regra que se impõe para a segurança do bem-estar do povo, o que não acontece no momento. O poder cega e o poder corrompem, por isto, com a exposição dos crimes de responsabilidade e todos os desvios do baixo clero nas suas entranhas, o momento não poderia ser outro. A continuidade do governo Bolsonaro seria a declaração de morte da Nação.

A resposta do povo foi um aviso de que a soberania lhe pertence, não sendo esta propriedade de ninguém, muito menos das forças conservadoras deste país. O presidente tem como função em seu mandato, representar os interesses do seu povo, não para causar um mal-esta, levando o Brasil para uma radicalização da extrema direita, com o proposito de “desconstruir o país” e limpá-lo de tudo que possa cheirar a esquerda ou simplesmente a progressismo.

Equivocado em sua pretensão, arrogante em sus atitude, o presidente deve ter aprendido a lição de que o povo não é massa de manobra para o alcance de suas pretensões. Mesmo com parcela da população iludida com este projeto conservador.

Não há agora o que reclamar. Não há agora que montar resistência sistemática. Não há agora que culpar ninguém, a não ser a si próprio. As reações do povo nas ruas são uma resposta a horrenda prática política por eles mesmos adotada. Não têm que chorar sobre o leite derramado. Eles e quando falo isto me refiro a todo o campo da ultradireita, quiseram desconstruir o Brasil e desconstruíram a si próprios.

Para o povo deverão estar permanentemente voltadas as ações dos políticos de todos os partidos, pois é ele o mandante do poder. Poder que emana do povo que delega aos seus representantes o seu exercício. Portanto, para a felicidade geral da Nação basta a obediência à Constituição, enfatizando-a nos objetivos fundamentais da República.


São estes: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, conforme consta no artigo 3º da Carta Magna.

Portanto, diante do acontecido, que todos os políticos, sem distinção de partidos, revejam suas ideias e as sintonizem com os reais interesses do povo. Este o que quer é ser feliz com emprego, educação, saúde e segurança.

 

 

 

 

sábado, 23 de janeiro de 2021

ARTIGO - A política externa brasileira ( Padre Carlos )

A política externa brasileira



A política externa do governo Bolsonaro, foi marcada nestes dois ano, com intervenções polêmica, amadorismo e constantes recuos. Podemos afirmar, que o Ministério das Relações Exteriores terminou os primeiros 24 meses da atual gestão com a imagem desgastada e internacionalmente enfraquecido.    A mensagem do governo brasileiro apoiando à operação determinada pelo presidente americano, Donald Trump, que matou o principal líder militar do Irã, o general Qasem Soleimani, foi entendida pela comunidade diplomática como uma clara declaração de apoio do Brasil à ação militar dos Estados Unidos, a ponto de o Irã chamar a encarregada de negócios da Embaixada brasileira em Teerã para prestar explicações. Na linguagem diplomática, essa medida é uma manifestação de insatisfação de um país com outro. 

      Outro ponto que merece destaque foi  os erros político pelo Itamaraty de abandonar aliados antigos como os BRICS, para apoiar a Política de Washington.  Sem receber apoio na OMC, Índia tirou Brasil da lista de prioridades para vacinas contra Covid-19. Em outubro, a Índia apresentou uma proposta à Organização Mundial do Comércio (OMC) para a licença compulsória (quebra de patente) temporária de produtos relacionados ao combate da pandemia e o Brasil votou contra.  Outro fato importante que não podemos deixar de mencionar, são as crise provocada pelas falas do Presidente e do eu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (Republicanos-SP) atacando a China  trouxe "graves danos" ao Brasil, estamos assistindo agora o país  adotando barreiras comerciais contra produtos brasileiros e buscando outros fornecedores de commodities.


    Diante de todos estes acontecimentos, podemos afirmar que a política externa brasileira, sofreu um retrocesso como poucas vezes se viu na história do país. Tivemos os dois primeiro ano ideologizado, com uma pauta que não se sustenta.  Quando vejo a imagem do Brasil tão desgastada no mundo, lembro o quanto lutamos por uma política de integração da América Latina e sua importância na “Política Externa Ativa e Altiva” dos governos do PT. Assim, foi criado as condições políticas para uma articulação sul-sul e da aproximação com os continentes africano,  asiático e o Oriente Médio. Infelizmente, podemos constatar o quanto perdemos nos últimos tempos da importância e liderança que exercíamos em relação aos países em desenvolvimento. Tínhamos a real noção da importância da formação de blocos como o Brics e o Ibas, vistos como estratégicos na construção de articulações contra hegemônicas e para a reforma da ordem internacional vigente e de suas instituições.
            Com a perda relativa do protagonismo internacional e uma  política externa de menor intensidade nos governos Temer e Bolsonaro ficam evidentes cada vez mais a importância que o presidente Lula teve no cenário internacional. O velho sindicalista e político, foi capaz de transformar principalmente seu conhecimento acumulado nas negociações com empresários e o governo militar, bem como com as correntes de esquerdas que formaram o PT, em subsídios para a criação de uma política externa e dando uma dimensão humana as relações internacionais. Foram estes elementos que determinaram a criação de um projeto de “Política Externa Ativa e Altiva” para a soberania de todo um continente.
           
    A postura do governo Bolsonaro, de se posicionar num conflito que não diz respeito diretamente ao Brasil, vai de encontro a tudo que construímos ao longo de quase duas décadas e destoa da tradição diplomática histórica do país, podendo trazer consequências irreparáveis principalmente em três áreas: diplomática, no comércio e na segurança. 
    Hoje, podemos constatar a falta que faz uma liderança capaz de conduzir com habilidade política, as  lutas e projetos para construção da soberania do Brasil e a toda a América Latina. Sempre admirei a  inteligência do presidente Lula, o seu compromisso com a democracia e a justiça social e a sua enorme capacidade de trabalho.

          Padre Carlos

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

ARTIGO - A vacinação em Conquista é questão de denúncia ou queixa crime? (Padre Carlos)

 


A vacinação em Conquista é questão de denúncia ou queixa crime?

 


 

A pandemia e a luta pelo direito a vida termina levantando temas éticos e morais no comportamento da sociedade de forma que deixa cada vez mais claro como o conceito de ética está prejudicado e não é compreendido como base da cultura brasileira. O que é, porém, ética? Ela corresponde à filosofia da conduta, que procura nortear o comportamento das pessoas em sociedade nas mais diversas situações. Uma dessas situações, que hoje é bastante comum e cada vez levanta mais controvérsias, diz respeito às formas que as autoridades e os profissionais de saúde precisam agir em momentos de crise sanitária.  Nossa sociedade e em especial as elites do nosso país não conseguiram ainda diferenciar entre o público e o privado, estas distorções de conceitos terminam levando as pessoas a um comportamento antissocial  e nada ético.


As notícias divulgados nos blogs da nossa cidade e as declarações do secretário do Gabinete Civil e também da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) que o Hospital de Base da nossa cidade estaria tentando tumultuar o processo de vacinação me deixaram muito apreensivo. Acredito que os secretários e a Prefeitura de Vitória da Conquista, não fariam uma acusação tão séria como esta, se não tivessem provas.

Segundo estas autoridades, o HGVC emitiu declarações para funcionários que não estavam na lista enviada previamente para a Secretaria de Saúde na qual constava a relação dos profissionais que atuavam na linha de frente do combate ao Coronavírus, que são os que fazem parte do grupo prioritário no recebimento do imunizante.

O Hospital de Base, além de reagir às acusações do atual secretário do Gabinete Civil, Marcos Ferreira, levanta em questão a falta de lisura que foi a distribuição destas vacinas para os funcionários do setor privado: “Aproveitamos o ensejo para levantar o questionamento em relação ao fato de que em unidades da rede privada, funcionários, independente de serem ou não linha de frente tiveram acesso à vacinação”.

         Quando uma autoridade chega a insinuar que de Almoxarife a  jardineiro foi imunizado, não querendo aqui desmerecer estes profissionais, ou da falta de lisura no setor público ou privado, ela esta denunciando um suposto crime e a suspeita deste implica em  noticiar o fato às autoridades competentes, nisso estão envolvidos tanto a polícia, quanto o Ministério Público.

Apesar das questões criminais, o que interessa ao profissional da filosofia é entender o comportamento destas pessoas. Todas essas questões envolvem a ética. Para mudar esse quadro é preciso constituir meios educacionais para que as pessoas se comportem eticamente. É uma questão ligada à cultura e a relação entre o público e o privado é mais séria do que pensamos gerando no imaginário do povo uma confusão de conceitos e consequentemente, a corrupção. 


O certo é que estes comportamentos apresentados por todo o Brasil neste início de vacinação só fortalece a certeza que vivemos verdadeiramente no país de Macunaímas (o herói sem caráter, lembram?), pois ao aceitarmos passivamente esse estado de coisas erradas que aqui acontecem somos, pelo menos, coniventes.

 


quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

ARTIGO - "Uma andorinha só não faz verão"! (Padre Carlos)

 

"Uma andorinha só não faz verão"!

 

Dizem os mais velhos que "uma andorinha só não faz verão". Houve um tempo em que eu acreditei nisso, hoje não mais. Estas certezas vieram a minha mente, depois que tomei conhecimento do protesto que o mandato do vereador Andreson Ribeiro, realizou em frente ao Banco do Brasil contra o processo de desmonte da instituição que levará a demissão além dos funcionários de carreira que serão demitidos em plena crise econômica que estamos enfrentando, os terceirizados que sofrerão as consequências desse projeto político desastroso. Este protesto do mandato desse abnegado representante do povo desta terra, contra a reestruturação do BB, que levará a demissões e fechamento de agência, teve ampla repercussão na mídia, mas evidenciou a falta de uma articulação dos partidos e de todo o campo das esquerdas na nossa cidade.


Quando este representante mesmo com toda dificuldade foi à rua denunciar estas ações, ele comunicava com a população não só com palavras, mas seus gestos gritava para o campo progressista, que a justiça é um valor que nasce no coração e se revela na coragem das nossas ações. Assim, gostaríamos de saber, onde estavam os outros representantes do povo? Por onde anda a oposição de esquerda ou não da nossa cidade.

Não podemos negar que há um vazio de lideranças, com capacidade de convocação geral. Quando falo isto não me refiro somente à classe política, mas o movimento sindical e popular. Temos que ter consciência que possivelmente esta situação obrigará uma articulação bem maior que um mandato e poucos assessores.

A esquerda precisa se renovar, no paradigma social, na linguagem, nas formas de se dirigir ao povo e especialmente se apresentar como um centro de reflexão séria sobre qual Brasil finalmente queremos. Falta pensamento e sobre movimentação.

A esquerda brasileira nunca teve muito enraizamento popular, apenas em algum dos sindicatos das grandes indústrias. Seu poder de mobilização é mais metafórico (bandeiras vermelhas e slogans) do que efetivo em termos de apresentar um projeto alternativo para o país. Ela sempre foi uma força auxiliar de grupos progressistas, 


Há uma situação de crise no nosso campo político. Estou convencido de que é falsa a tese da esquerda mortalmente ferida com o golpe de 2016 e no campo local com as duas ultimas derrotas sofridas pela nossa frente de partido, assim, não estou convencido que estes acontecimentos representem de forma simbólica o fim de um projeto.  Podemos afirmar a tese contrária: a de que ela nasce – ou melhor, renasce – justamente com a crise que se formou não só no PT, mas em toda a esquerda. Mas é também verdade que, desde essa crise, a esquerda vive uma situação difícil. Há uma ofensiva ideológica e político-prática da direita, no Brasil e no mundo, para a qual a esquerda tem tido dificuldade de encontrar a resposta adequada.


quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

ARTIGO - Quem semeia vento, colhe tempestade! (Padre Carlos)

 


Quem semeia vento, colhe tempestade!

 


Aproveito a notícia que o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), disse nesta 2ª feira (11. jan.2021) que a ação sobre a parcialidade do ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro pode ser julgada no 1º semestre de 2021 peço licença aos senhores para dedicar alguma atenção à realidade que tenho observado ao longo dos últimos anos e que acredito que seja, no mínimo, preocupante.


A definição simplificada de um Estado de Direito Democrático, como o que vigora no Brasil define, desde o início, na soberania popular, a qual legitima através do voto (eleição) o exercício do poder em seu nome aos seus representantes e inspira-se na separação de poderes que Montesquieu já falava (poder executivo, legislativo e judicial) autónomos, mas interdependentes. Nas palavras do mesmo, “para que ninguém possa abusar do poder, é preciso que pela disposição das coisas o poder limite o poder”.

Apesar de uma Constituição moderna com uma construção sólida da nossa forma de governo, encontramos uma (ainda tímida, mas até quando?) tentativa, por parte de alguns agentes judiciários (Juristas do Ministério Público e Magistrados do Judicial), devidamente (acolitados com rito e uma liturgia) por grandes corporações da comunicação representada por um grupo de jornalistas e pelas “hordas bárbaras” das suas mídias e das redes sociais, de inversão do funcionamento da democracia em prol de um verdadeiro Estado de Direito de uma operação, em que o poder judicial se arroga a ser o único a garantir a legalidade democrática e da moralidade do regime.

Podemos constatar esta nova ordem, através dos sistemáticos abusos por parte do MP e na investigação criminal, tais como, investigar através de processos administrativos intermináveis, acusações e detenções antes mesmo de qualquer investigação, abusando dos meios de obtenção de prova (como é o caso das escutas ilegais), vazamento de informação/violações do segredo de justiça, etc.

Fica constatado, quando percebemos a forma como determinados magistrados são tratados pelos grandes grupos de comunicação, onde são apelidados de superjuízes e outros adjetivos, como os verdadeiros arautos da aplicação da justiça e diminuindo os restantes milhares de magistrados ao papel de conivência com a violação das leis e a prática de crimes ou, na melhor das hipóteses, incompetência.

Isto tem levado a uma preocupante e profunda cisão no seio das magistraturas e em especial no Ministério Público. Não é difícil identificar pelos nomes os líderes deste movimento justicialista cujo principal porta-voz tem sido o jurista Deltan Martinazzo Dallagnol, assumindo-se como porta-estandarte da total e sem qualquer limite autonomia do Procurador, apesar de se encontrar dentro de uma estrutura hierarquizada, como é o caso do MP.

Não deixa, também, de ser irónico que os ministros do STF, que mais defenderam ou foram omissos quando a Força Tarefa agia contra Lula e o PT, agora descobre que também eram alvos desta operação e foram investigados e que havia uma intenção clara de construir uma narrativa para justificar o impeachment de alguns Magistrados da Suprema Corte do país.  Esse princípio de autonomia sem limites de procuradores acabaram com algumas das maiores empresas brasileiras que tinham competitividade no mercado internacional e foram responsáveis com a queda de mais de 80% das suas receitas e centena de milhares de postos de trabalhos extintos. Setores industriais inteiros foram destruídos e após cinco anos ainda não se recuperaram. A Lava Jato serviu aos interesses de potências econômicas externas, das ambições dos associados capitalistas do Brasil e de justificativa para a implementação da atual política ultraliberal fundamentada no contracionismo no gasto público que é responsável pela asfixia de hoje do crescimento econômico e da retração da arrecadação fiscal. A operação contribuiu para por fim à perspectiva de projeto da nação.

Onde andam agora os que contribuíram ou foram omissos para que se chegasse a este ponto? Onde andam os justiceiros, agora que o Brasil tomou conhecimento das “tenebrosas transações” que existem em Curitiba?


Na aplicação da justiça e na forma como uma parte (não a maioria) dos magistrados do MP vem se comportando, com a cobertura mediática de parte da imprensa, podemos dizer que se o Ministério Público e o STF, não entenderem que é necessário cortar “o mal pela raiz”. Precisamos pisar na cabeça da serpente agora. De todas as víboras que insistem e persistem em nossas vidas. Daqueles que se autodenominam “justiceiros”. Pisar a cabeça da serpente. Vencer o mal pela raiz.  É o caso para se disser para República de Curitiba que “quem semeia ventos arrisca-se a colher tempestades”.

 

 

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...