terça-feira, 26 de janeiro de 2021

ARTIGO - Não podemos deixar o povo morrer (Padre Carlos)

 

Não podemos deixar o povo morrer

 




A expressão: “agua mole em pedra dura, tanto bate até que fura,” poderia definir bem a pertinência e a dificuldade que as forças democráticas vêm enfrentando para que os crimes deste governo sejam investigados e seus responsáveis possam ser assim, punidos pelos seus atos. Este foi o sentimento que os brasileiros tiveram quando a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu no sábado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para abrir uma investigação à conduta do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, devido ao colapso da rede de saúde pública em Manaus, na Amazónia, onde faltou oxigénio para os doentes de covid-19. A PGR pede que o ministro seja ouvido pela Polícia Federal.


O pedido foi feito pelo procurador-geral, Augusto Aras, na sequência de uma queixa apresentada pelo partido Cidadania, que acusa o ministro Pazuello de omissão perante a tragédia em Manaus, onde os hospitais estão no limite e o número de mortos continua disparando – levando as autoridades investigar mais de 50 mortes que teriam sido causadas pela falta de oxigénio.

A procura deste item tão básico para o tratamento dos pacientes da rede de saúde pública no estado do Amazonas foi, no início de Janeiro, 11 vezes superior à média. Este aumento pela procura agravou a carência nos hospitais onde estão internados os doentes da covid-19.

No pedido de investigação enviado ao STF, a Procuradoria cita um relatório oficial do dia 17 de Janeiro, sobre o que se passou entre 6 e 16 de Janeiro, que conclui que Eduardo Pazuello foi informado no dia 8 de Janeiro da falta de oxigénio pela fornecedora White Martins. Contudo, o Ministério de Saúde só reforçou a entrega de oxigénio na região a 12 de Janeiro, ou seja, o Governo ficou quatro dias sem tomar qualquer medida para evitar o colapso do sistema de saúde em Manaus.

Além disso, a PGR questiona as prioridades do Governo perante a crise em Manaus, particularmente a distribuição de 120 mil unidades de hidroxicloroquina no dia 14 de Janeiro, em plena escassez de oxigénio dos hospitais.

O texto enviado ao Supremo  sugere que, em vez de dar prioridade ao reforço de oxigénio, Pazuello privilegiou a distribuição de um remédio sem eficácia comprovada cientificamente no tratamento da covid-19.

Após a abertura de um procedimento preliminar na semana passada, em que a PGR pediu esclarecimentos a Pazuello, o ministro da Saúde enviou, no dia 19 de Janeiro, mais de 200 documentos explicando as medidas tomadas pelo Governo federal em Manaus, admitindo que foi alertado para a falta de oxigénio a 8 de Janeiro, mas que a empresa que distribui o produto não tinha capacidade para dar resposta.

Augusto Aras considerou as respostas do ministro insuficientes e, tendo em conta o estado de calamidade de Manaus, o procurador-geral considerou necessária a abertura de um processo para investigar os fatos.

Horas depois do pedido da PGR, ser aceito pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, determinando nesta segunda-feira (25) que a Polícia Federal abra um inquérito para investigar, em até 60 dias, as acusações de negligência ao ministro da Saúde, durante o combate ao coronavírus em Manaus, Eduardo Pazuello viaja para Manaus para uma visita que o Governo de Bolsonaro espera que ajude a diminuir o desgaste do ministro, numa altura em que no seio do próprio executivo, sobretudo entre a ala militar, aumenta a pressão para que Pazuello deixe o cargo. Bolsonaro, no entanto, não parece entender a gravidade da situação e tenta de todas as formas salvar o seu ministro.


Assim como na tragédia portuguesa, poderíamos dizer para o nosso ministro que: “agora Inês é morta,”, mas não foi só Inês, foram Marias e Joãos que neste Brasil de meu Deus já somam mais de 215 mil pessoas.

Desta forma, não basta o Ministério da Saúde informar que Pazuello “não tem voo de volta para Brasília” e que vai ficar no estado do Amazonas “o tempo que for necessário”.

 

 


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