sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

ARTIGO - A vacinação em Conquista é questão de denúncia ou queixa crime? (Padre Carlos)

 


A vacinação em Conquista é questão de denúncia ou queixa crime?

 


 

A pandemia e a luta pelo direito a vida termina levantando temas éticos e morais no comportamento da sociedade de forma que deixa cada vez mais claro como o conceito de ética está prejudicado e não é compreendido como base da cultura brasileira. O que é, porém, ética? Ela corresponde à filosofia da conduta, que procura nortear o comportamento das pessoas em sociedade nas mais diversas situações. Uma dessas situações, que hoje é bastante comum e cada vez levanta mais controvérsias, diz respeito às formas que as autoridades e os profissionais de saúde precisam agir em momentos de crise sanitária.  Nossa sociedade e em especial as elites do nosso país não conseguiram ainda diferenciar entre o público e o privado, estas distorções de conceitos terminam levando as pessoas a um comportamento antissocial  e nada ético.


As notícias divulgados nos blogs da nossa cidade e as declarações do secretário do Gabinete Civil e também da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) que o Hospital de Base da nossa cidade estaria tentando tumultuar o processo de vacinação me deixaram muito apreensivo. Acredito que os secretários e a Prefeitura de Vitória da Conquista, não fariam uma acusação tão séria como esta, se não tivessem provas.

Segundo estas autoridades, o HGVC emitiu declarações para funcionários que não estavam na lista enviada previamente para a Secretaria de Saúde na qual constava a relação dos profissionais que atuavam na linha de frente do combate ao Coronavírus, que são os que fazem parte do grupo prioritário no recebimento do imunizante.

O Hospital de Base, além de reagir às acusações do atual secretário do Gabinete Civil, Marcos Ferreira, levanta em questão a falta de lisura que foi a distribuição destas vacinas para os funcionários do setor privado: “Aproveitamos o ensejo para levantar o questionamento em relação ao fato de que em unidades da rede privada, funcionários, independente de serem ou não linha de frente tiveram acesso à vacinação”.

         Quando uma autoridade chega a insinuar que de Almoxarife a  jardineiro foi imunizado, não querendo aqui desmerecer estes profissionais, ou da falta de lisura no setor público ou privado, ela esta denunciando um suposto crime e a suspeita deste implica em  noticiar o fato às autoridades competentes, nisso estão envolvidos tanto a polícia, quanto o Ministério Público.

Apesar das questões criminais, o que interessa ao profissional da filosofia é entender o comportamento destas pessoas. Todas essas questões envolvem a ética. Para mudar esse quadro é preciso constituir meios educacionais para que as pessoas se comportem eticamente. É uma questão ligada à cultura e a relação entre o público e o privado é mais séria do que pensamos gerando no imaginário do povo uma confusão de conceitos e consequentemente, a corrupção. 


O certo é que estes comportamentos apresentados por todo o Brasil neste início de vacinação só fortalece a certeza que vivemos verdadeiramente no país de Macunaímas (o herói sem caráter, lembram?), pois ao aceitarmos passivamente esse estado de coisas erradas que aqui acontecem somos, pelo menos, coniventes.

 


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