quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

ARTIGO - Votação do PT na Cidade é motivo de reflexão (Padre Carlos)

 

A luz do conhecimento

 


 

Entre as recomendações de Maquiavel até hoje adotadas como referência nos meios políticos, uma é fundamental para entendermos os resultados das ultimas eleições em nosso município. Ensinava o pensador italiano que o príncipe audaz deve tentar “dividir para governar” (ou reinar). “Divide et impera” – orientava ele.


Muitas vezes as análises e as avalições políticas não são leva a serio pela direção partidária e pelas correntes e os agrupamentos, por acharem que se trata de um contra ponto na disputa interna do partido. Precisamos entender as razões da votação dos dois períodos. Como o nosso candidato caiu de desempenho no segundo turno, quais urnas foram mais evidente esta mudança e quais os motivos que poderiam justificar esta perda expressiva de votos nessa eleição nas urnas da área urbana. Porque as pessoas que votaram em Zé Raimundo, mudaram de opinião em menos de trinta dias?

Confesso aos senhores que nunca fui apaixonado por números, não tenho nenhuma aptidão para exatas, minha praia mesmo é humanas, mas ao receber o estudo desenvolvido pelo professor Wilton Cunha sobre os números das urnas nos dois turnos de forma que pudéssemos entender o momento e a localização espacial daqueles votos, pude entender como seria importante traduzir para o eleitor e para a esquerda de um modo geral, o que representava e o que eles querem dizer sobre nossa ação política.

Não vou me prender aos números, deixo esta tarefa aos profissionais desta área, trabalharei aqui as questões de cunho político e filosófico, tendo com pano de fundo o estudo citado.

Quando fiz referencia no início do nosso artigo a celebre frase de Maquiavel, estava chamando a atenção para o fato da importância desta estratégia, apesar de ser muito antiga, tem uma eficácia tal, que a sua utilização perdura ainda nos tempos de hoje.
Não quero com isto dizer que o ciclo petista no nosso município se deu única e exclusivamente em decorrência desta estratégia. Mas não podemos negar que tudo começou a dá errado para Frente Conquista Popular, quando não soubemos valorizar estes quadros que estavam integrados ao nosso projeto, nem criamos uma política de valorização para mantê-los nas nossas fileiras. Assim, pudemos ouvir do nosso adversário em 2016, que sua campanha sem este apoio não teria chances reais de se eleger.

Nosso erro foi achar que a direita não iria se reagrupar e não entender o que estava acontecendo debaixo de nosso nariz foi uma falha imperdoável. Existe uma corrente na Psicologia que traduz bem para os leitores este fato e mostra de forma clara a perda de potencial que decorre da divisão de um todo: “o todo é maior que a soma das partes” espelha que verdadeiramente juntos, e em conjunto, seriam melhores, mais capazes, mais fortes.  As partes isolam-se, ou somam-se simplesmente, quando o seu “todo” seria bem maior – É uma estratégia que a direita tem usado no nosso município nas duas ultimas eleições e que tem funcionado para servir os interesses de uma elite que estava gasta de ideias e ferida de princípios éticos e morais.

Quando levanto estas questões, não me refiro só às táticas da direita para manter-se no governo, falo também que além de manter um controle soberano sobre as populações, também podem ser aplicada ao partido e a qualquer instituição, quando em uma campanha se joga com interesses de partes, partes que juntas e em união poderiam ser capazes de causar uma oposição forte e perigosa a determinadas correntes – uma oposição indesejável para aqueles que querem dividir para governar.

Mas temos também que botar o dedo na ferida e buscar entender como entramos em uma pré-campanha com todos indicativos apontando para uma vitória, e com as pesquisa favoráveis, inclusive com uma folga de dois dígitos, conseguimos o que todos analistas achava difícil, perder as eleições. Como a coordenação conseguiu desfazer com seu planejamento esta vantagem? Lembro-me das antigas propostas quando fazíamos o tal laboratório para entender e planejar a campanha acredito que naquela época havia um brilho nos nossos olhos, que hoje não existe mais. Temos que admitir que não fizemos uma análise da conjuntura do que estava de fato acontecendo durante a eleição, estávamos sendo desidratado eleitoralmente desde o primeiro momento da campanha e por isto, não tivemos capacidade de reverter o quadro que se formou na ultima semana do segundo turno. Esta deveria ser o papel da coordenação: a agilidade para reverter um quadro inesperado, as estratégias de linguagem, a preparação do candidato que devido à idade e correndo o risco de ser infectado pelo coronavírus, teve limitada sua ação.

Durante as duas ultimas décadas, houve um revezamento entre dois grupos que não se preocuparam em renovar suas lideranças nem proporcionar outros grupos no partido a terem vida própria. Esta conjuntura que se formou em 2007, tinha como rubicão entre estas duas forças o Governo do Estado e a Prefeitura, fazendo com que as lideranças e quadros que não faziam parte desta divisão partissem para uma diáspora deixando Conquista. Até hoje esta política é colocada em prática, impedindo o surgimento de novas lideranças.  Essas coisas cansam. Podemos citar como exemplo o pedralismo ou o carlismo.  Há uma lógica de fadiga e se não soubermos trabalhar uma renovação de verdade, estaremos condenados a fazer parte da história. Ao longo das duas últimas décadas, houve um esgotamento do projeto petista, que não se renovou de forma a responder novas demandas da sociedade.


Outro ponto que deveríamos abordar foi à relação com nossos parceiros, o PSB e o PCdoB. Temos que entender que ser força hegemônica em um projeto, não significa ser a única corrente com capacidade de sobrevivência. Para manterem-se competitivos eleitoralmente estes partidos tiveram que abrir mão de projeto interno, não recebendo apoio das lideranças do nosso partido com sua estrutura ou mesmo a solidariedade de quem coordena o processo. Nosso papel como força hegemônica era fortalecer a esquerda e o centro. Deveríamos ter estendido a mão para o PSD da cidade, para o PV e para as forças de centro.

Como é possível que um partido que participa do Governo estadual há 14 anos e administrou nossa cidade por duas décadas, ter um desgaste tão rápido da sua imagem como foi constatado. Enquanto acharmos que somos autossuficientes e não precisamos de ninguém para por em prática nosso projeto; se não deslocar a base da direita de verdade; se não pensarmos em governar com uma coalizão de partidos, não chegaremos a lugar algum.

 

 

 

 

 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

ARTIGO - “Ladrão que não é apanhado, passa por homem honrado”. (Padre Carlos)

 

“Ladrão que não é apanhado, passa por homem honrado”.

 




Uma das coisas que lembro bem do meu tempo de criança são as palavras de meu pai dizendo estas expressões: “Ladrão que não é apanhado, passa por homem honrado”. Ele sempre se referia aos políticos quando se utilizava destes ditados. Sempre tinha um propósito aquelas falas do meu pai, pois em sua sabedoria de homem simples já chamara a atenção de seus filhos para os desvios das virtudes e ética que leva este comportamento danoso dos representantes do povo na vida pública do nosso país. E olha que estamos falando do período de uma ditadura que se transvertia de honesta.


Hoje, já sexagenário, constato a realidade de suas percepções. De fato, os escândalos que a imprensa divulga relacionados com a corrupção no Brasil são deveras impensáveis e inacreditáveis, tamanhas a dimensão desmedida em valores monetários desviados e a atitude cínica e desavergonhada de seus autores que quando são questionados, partem para ofensas à mídia.

O jornalismo investigativo vem expondo nos últimos anos as rachadinhas, compra de votos na eleição e os Leites Moça produzido por este governo. Com esta atitude, ela devassa a representação da elite e descobre que não são diferentes, os poderes atuam como se fossem uma só entidade, todos mancomunados nos mesmos objetivos: manter os privilégios, aumento salarial acima da lei, ganhar eleições, manter o poder, sustentar o tráfico de influência e enriquecer ilicitamente.

Este tipo de comportamento comum explica o: “Ladrão que não é apanhado, passa por homem honrado”, pois o modo de agir é o mesmo. A promessa eleitoral que não cumpre a negociata para a aprovação de projetos contrários aos interesses populares, à propina instituída às escondidas e tantos outros descaminhos. A pertença aos diversos partidos não os torna diferentes, pois nem professam a ideologia partidária que serve apenas para constar dos seus estatutos, o que justifica o ditado: “Ladrão que não é apanhado, passa por homem honrado”.

Se a classe política já não era tão bem vista à época em que os órgãos da imprensa era adesista ou amordaçado, sem este filtro ela caiu em total descrédito, é claro que toda regra tem exceções, mas a verdade é que fica difícil colocar a mão no fogo, quer sejam deputados federais ou senadores, deputados estaduais ou vereadores, governadores ou presidente, em que se possam confiar sinceramente. Estão todos lá porque é preciso que os cargos públicos sejam ocupados, mas desacreditados por seus eleitores, que não encontram pessoas honestas e comprometidas com a paz e a justiça social para colocarem em suas mãos os destinos da nação.


Algo, porém, é certo e bom. O povo começa acordar apontando nas ruas a necessidade de que os dejetos necessitam ser despejados. A limpeza se faz imprescindível, para que a nação possa respirar naturalmente livre. As futuras gerações não podem ser herdeiras de uma cultura sedimentada no negacionismo do Aquecimento Global, dos grupos anti-vacina e, mais recentemente, o movimento terraplanista. É preciso mesmo que façamos valer as estrofes do nosso hino nacional, de que nossos bosques tenham mais vida e em seu seio mais amores, a fim de que nossos descendentes possam viver em solo esplêndido e em comunhão com a justiça e a solidariedade humana.

 


terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

ARTIGO - Numa eleição de tubarão baleia é arraia miúda (Padre Carlos)

 

Numa eleição de tubarão baleia é arraia miúda

 





Nenhum ditado popular explica tão bem o resultado das eleições na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, como este: "Em terra de cego quem tem um olho é rei". Ele mostra a movimentação das grandes oligarquias e revela que existe um realinhamento das elites com a ultradireita, devido à formação de uma conjuntura polarizada entre a esquerda e a direita na próxima eleição.


Daqui até o próximo pleito, o país vai passa a viver um clima de tensão entre as forças democráticas e as tenebrosas transações que o executivo será obrigado a fazer para se manter no cargo. Ao perder uma parte da direita e das elites que esta representa o Governo demostrou que está sem força, sem autoridade e sem norte. Numa degradação irreversível, que já nem uma reforma ministerial conseguirá inverter.

 

Temos que entender que desta vez será diferente. Para compreender a conjuntura para a eleição de 2022, temos que somar à pandemia e à crise económica e social, o resultado disso é a tempestade perfeita. Acrescentando a estas duas crises o risco da ingovernabilidade política e a forma como o governo Bolsonaro vai ser refém destes grupos.

 

O problema mais sério ainda é que o governo por não ter uma base sólida, se tornou refém do que existe de pior no mundo da política e diante destas escolhas, a situação só tende a piorar, gerando graves crises política e ética para seu núcleo duro digerir. A ameaça de ingovernabilidade pode favorecer o campo da esquerda e tornar inviável o projeto da direita liberal com seus expoentes.  Na política não há soluções milagrosas. Ou há uma maioria estável e coerente e consegue-se um governo forte, ou não há e os governos vão se enfraquecendo levando consigo tudo que o representa. Por isto, o preço que o centrão cobrar para manter de pé Bolsonaro e seu governo vai ser alto. É o que sucede no presente. É o que se pode agravar no futuro.

        


Mais grave do que o resultado das eleições na Câmara e no Senado, é o momento em que elas aconteceram e a forma como expos a promiscuidade de alguns ou muitos “representantes do povo que se colocaram na dinâmica do toma lá dá cá”. Justamente quando o Brasil mais precisa mudar de vida e de ter um Governo forte. Precisamos ardentemente de começar a fazer o que é urgente e não o que é importante. Enquanto a direita se preocupa com a saúde das contas públicas, nós precisamos se preocupar é com a saúde do povo e isto ficou claro nesta pandemia. Em tudo o que dependia da ação do poder político, o país falhou.

 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

ARTIGO - A velhice! (Padre Carlos)

 

A velhice!

 

 


 

Quando exercia o ministério presbiteral, costumava perguntar para minha comunidade: quem gostaria de ir para o céu? Todos levantavam a mão e depois perguntava quem desejava morrer? Ninguém se pronunciava. Quem quiser ir para o céu, tem que morrer! Da mesma forma, todos desejam viver por muito tempo, mas ninguém quer ficar velho, a velhice só incomoda aqueles que se esqueceram de cultivar a alma. No dia 27  comemorei mais um ano de muitas bênção. Assim, passei o dia reflexivo e em oração. Foram estas reflexões, que deram origem a este texto.


Marco Túlio Cícero (106 a.C.-43 a.C.), filósofo estoico, ensinou que devemos aceitar os desígnios da natureza. A velhice não é inevitável, as consequências do envelhecer são inexoráveis. Na obra “Saber envelhecer”, ele afirma que “as melhores armas para a velhice são o conhecimento e a prática das virtudes” (p. 12).[1] Para ele, não devemos ter uma atitude pessimista diante do envelhecimento. Precisamos aprender a não nos importarmos com o incontrolável. Sem dúvida, a natureza é impiedosa: o passar dos anos nos deixa fisicamente mais frágeis, o corpo não reage mais como gostaríamos, impossibilita os prazeres da carne, as doenças tornam-se mais frequentes e a morte parece mais próxima.

Os poetas falam destes assuntos de forma que traduz no fundo da nossa alma o que estamos sentindo “Você lembra, lembra

Daquele tempo. Eu tinha estrelas nos olhos. Um jeito de herói. Era mais forte e veloz. Que qualquer mocinho. De Cowboy”.

Não podemos esquecer que a velhice com qualidade de vida depende das atitudes e escolhas que fazemos. Simone de Beauvoir nos diz que a velhice não é um fato estático; é o resultado e o prolongamento de um processo. Em que consiste este processo? Em outras palavras, o que é envelhecer? Esta ideia está ligada à ideia de mudança e acrescenta: “O tempo é irrealizável. Provisoriamente, o tempo parou pra mim. Provisoriamente.

Mas eu não ignoro as ameaças que o futuro encerra como também não ignoro que é o meu passado que define a minha abertura para o futuro. O meu passado é a referência que me projeta e que eu devo ultrapassar”.


O elogio à idade madura talvez seja um autoelogio. Será que o passar dos anos nos torna necessariamente mais sábios? Quem pode garantir que sabedoria é sinônimo de ancião? Não será o jovem capaz de alcançar a sabedoria e não terá ele algo a ensinar ao mais velho? A tolice não respeita idade; a sensatez não é privilégio dos mais velhos; e a experiência adquirida com a idade pode se revelar inútil. O argumento de autoridade fundamentado nas rugas do tempo nem sempre é sábio e desconhece a dialética do aprender e ensinar mútuos.

Diante de todas estas constatações, prefiro ficar com as palavras do poeta:

É! Talvez eu seja

Simplesmente

Como um sapato velho

Mas ainda sirvo

Se você quiser

Basta você me calçar

Que eu aqueço o frio

Dos seus pés

 

 

Padre Carlos!

 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

ARTIGO - Leite Moça ou mel na boca? (Padre Carlos)

 


          Leite Moça ou mel na boca?

 


 

 Não conheço a origem da expressão "cair como um pato"mas ela serve muito bem, para descrever o comportamento da imprensa e a esquerda brasileira quando se deixa engar por escândalos programados. Perdi a conta de quantas vezes fomos ludibriados por este governo. Ao desviar nossa atenção, deixamos de focar no fundamental, a Amazônia e os crimes de omissão e passamos desta forma, a investigar a farra com o cartão corporativo e a doçura do leite moça. Acredito que estão passando não leite, mas mel na nossa boca, quando não percebemos a engenharia que está por traz destes escândalos.  Até quando seremos inocentes e deixaremos que criem novos escândalos, retirando o foco da atuação desastrada e criminosa no combate ao vírus da covid-19. 

            


Considerando que o que um orador quer dizer e o que um ouvinte gostaria de ouvir pode ser muito diferente e chocar quem não esta acostumada à determinada comunicação. Esta é a grande arma que este político tem usado para desviar a atenção dos grandes temas que posam colocar em perigo seu mandato. Muitos acreditam que o que move o mundo é o dinheiro, os bens materiais que tanto atraem as pessoas ou até mesmo a busca pelo prestígio e poder. Tudo isso é muito importante, considerando que mexem de verdade com o comportamento humano. Porém o que mais é capaz de provocar mudanças,  transcender teorias e transformar o mundo ou ESCONDER VERDADES é, de fato, a linguagem. 

Na semana que o STF, autoriza investigar a conduta do ministro Pazuello, sobre omissão da morte de aproximadamente cinquenta pessoas no estado do Amazônia, estas notícias aparecem como passe de mágica. O caso ficou conhecido pela imprensa como “escândalo do leite condensado” e já levou o governo a retirar da página “Portal da Transparência”, onde por norma são divulgadas as listas de despesas do governo executivo em compras com dinheiro público, a publicação sobre os gastos de 2020. Segundo a imprensa, foram vários item superfaturados e por mais escandaloso que seja estas compras, não se pode ligar diretamente ao presidente, mas as vítimas por falta do oxigênio podem bater na porta do Planalto.

Bolsonaro é um verdadeiro artista (ilusionista) mestre na ligeireza dos movimentos (principalmente das palavras) capazes de fazer desaparecer ou deslocar o foco de um escândalo sem que o espectador dê ciência que está sendo enganado.

Nas falas de Bolsonaro, há dois aspectos importantes: a forma e o público alvo e, nesse caso, não estamos falando apenas do eleitorado, mas de toda essa base que é de ordem da estrutura da sociedade. Temos aí os militares, os evangélicos, os lobbies que o apoiaram, mas também temos a imprensa e a esquerda, que ressalta a incoerência dos pronunciamentos do presidente brasileiro com aquilo que ele representa. Quando o presidente Jair Bolsonaro disse, nesta 4ª feira (27. jan.2021), que “é pra enfiar no rabo de vocês da imprensa essa lata de leite condensado”, ele utiliza suas técnicas de linguagem do carisma do poder e da brutalidade. É um paradoxo: quanto mais um líder político se mostra brutal, mais ele terá o favoritismo de uma parte da população que se encontra frustrado.

        


O "discurso" de um chefe de Estado vai além de suas palavras - ou palavrões - e também é analisado através de suas ações enquanto figura pública. Nesse contexto, ao desrespeitar todos os profissionais e as empresas que eles representam, chama para si toda atenção desviando e retirando o foco do epicentro do covid-19 e dos seus supostos crimes de omissão.

 


ARTIGO - Hoje faz 58 anos da Guerra da Lagosta (Padre Carlos)

 

Hoje faz 58 anos da Guerra da Lagosta

 


 

Quando a diplomacia falha e esgota todo tipo de negociação, não resta alternativa a não ser decidir com uma exibição de força. Hoje estava lembrando dos marujos brasileiros que se colocaram em situação de confronto militar em meados da década de sessenta para defender o Brasil. Faz mais de cinquenta anos, que aqueles bravos marinheiros colocaram suas vidas em risco para salvar um dos grandes patrimônio da nossa nação, além disso, estamos falando do sustento de milhares de pessoas que vive nas costas do litoral nordestino com a pesca da lagosta.


O quadro operacional dos nossos navios e da esquadra, bem como do armamento e munição, eram precários. O Barroso poderia navegar, mas somente com quatro das suas oito caldeiras (o mínimo necessário para colocá-lo em movimento era três).

Naquele 28 de janeiro, a neblina era forte, às dez da manhã o Paraná estabeleceu contato de radar com um alvo na superfície, a 36.000 jardas, marcação 330º. Os oficiais diziam entre eles: só pode ser o Tartu. Este era o nome do contratorpedeiro francês que eles estariam caçando. As condições climáticas não permitiram identificação visual à distância. O Paraná passou a se comunicar por holofote, mas podia-se sentir uma tensão no ar, não de medo, mas de preocupação com as centenas de vidas que poderiam ser ceifadas se um dos lados deixarem de agir com prudência. Depois dos cerimoniais marítimos, o Paraná aproximou-se do D636 Tartu, além de seis lagosteiros praticamente parados. O contratorpedeiro brasileiro acompanhou os navios franceses por algum tempo e monitoraram as frequências de rádio, depois se afastou. Do alto, um P-15 da FAB também acompanhava os movimentos.


Deste dia em diante, a França passou a respeitar nossos limites territoriais e mandamos um aviso para todos aqueles que estavam violando nossa soberania. Assim foi estabelecida uma escala de patrulha com o propósito de manter sempre um navio próximo dos pesqueiros e outro à distância, podendo intervir quando necessário.

Hoje quero homenagear todos aqueles marinheiros e em especial um marujo daquele grupo: Manuel Bittencourt Pereira, para você meu tio, irmão e padrinho, saiba que temos muito orgulho de sua bravura e sentimento de nação.

ARTIGO - Precisamos dizer mais: parabéns, obrigado e, por favor! (Padre Carlos)

 


Precisamos dizer mais: parabéns, obrigado e, por favor!

 


Ontem completei sessenta e um anos de vida e não posso deixar de pensar em tudo que vivi até aqui. Sinto que amadureci suficiente para entender muitas coisas nesta vida. Assim, venho percebendo nos últimos tempos que aumentaram as felicitações pela passagem do meu aniversário. Acredito que isto se deva ao fato do Facebook está recordando aos seus membros os aniversários dos “amigos” e isto termina facilitando o contato com pessoas a quem não telefonaríamos diretamente para lhes dar os parabéns.


Como disse o poeta português Álvaro de Campos: “No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, / Eu era feliz (…) / Hoje já não faço anos. / Duro. /Somam-se-me dias. /Serei velho quando o for. / Mais nada. / Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...”. O passado, de felicidade que insiste em permanecer com o tempo, às vezes, quando sentimos que os outros se lembram de nós…

No entanto, parabenizar os outros pelas suas conquistas alcançadas é algo que não costumamos fazer, e quando isto acontece, não fazemos de forma espontânea. Será que o sucesso dos outros nos incomoda tanto ao ponto de nos tornarmos indiferente a conquista alheia?

Muitas vezes, ficamos satisfeitos quando alguém consegue algo importante – quando é nomeado para algum cargo no governo do estado mesmo você não sendo lembrado pelas lideranças do partido, quando é promovido, quando recebe um louvor, quando compra um carro novo, quando muda para uma casa maior, quando se torna pai… Nestes momentos, habitualmente, não é difícil cumprimentá-lo e dizer-lhe que parabenizamos por tal acontecimento.

Porém, em determinadas situações, muitas vezes, não conseguimos encontrar as palavras certas ou o abraço certo para partilhar com os companheiros – é o caso, por exemplo, de quando um conhecido nos diz que conseguiu terminar um projeto que nós iniciamos e por algum motivo abandonamos, quando um vizinho nos diz que vai fazer uma reforma na sua casa, ou, mesmo, quando um colega no trabalho nos diz que o filho teve uma excelente nota numa determinada matéria.

Nestes momentos, seja pela falta de intimidade com as pessoas, seja pela falta de afinidade pelo assunto, acabamos não ficando tão satisfeitos e não parabenizamos os outros por questões práticas da vida diária. O certo, é que não estamos habituados a reagir com um sentimento de satisfação.


Festejar as conquistas e vitórias dos outros com alegria, é algo que nem todos conseguem fazer ou, pelo menos, não têm o hábito de fazer. Porém, é um hábito que deveria fazer parte do nosso dia-a-dia, como dizer “obrigado” ou, “por favor”. É um hábito que só faria bem, tanto a nós próprios como aos outros. A nós, porque nos aproximaria do que ha de bom dentro da gente; ao outro, porque  sentiria mais a nossa presença na sua vida.

Da mesma forma, como temos dificuldade de dizer parabéns, obrigado e, por favor, é difícil ter a humildade de pedir desculpa…

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...