quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

ARTIGO - Precisamos dizer mais: parabéns, obrigado e, por favor! (Padre Carlos)

 


Precisamos dizer mais: parabéns, obrigado e, por favor!

 


Ontem completei sessenta e um anos de vida e não posso deixar de pensar em tudo que vivi até aqui. Sinto que amadureci suficiente para entender muitas coisas nesta vida. Assim, venho percebendo nos últimos tempos que aumentaram as felicitações pela passagem do meu aniversário. Acredito que isto se deva ao fato do Facebook está recordando aos seus membros os aniversários dos “amigos” e isto termina facilitando o contato com pessoas a quem não telefonaríamos diretamente para lhes dar os parabéns.


Como disse o poeta português Álvaro de Campos: “No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, / Eu era feliz (…) / Hoje já não faço anos. / Duro. /Somam-se-me dias. /Serei velho quando o for. / Mais nada. / Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...”. O passado, de felicidade que insiste em permanecer com o tempo, às vezes, quando sentimos que os outros se lembram de nós…

No entanto, parabenizar os outros pelas suas conquistas alcançadas é algo que não costumamos fazer, e quando isto acontece, não fazemos de forma espontânea. Será que o sucesso dos outros nos incomoda tanto ao ponto de nos tornarmos indiferente a conquista alheia?

Muitas vezes, ficamos satisfeitos quando alguém consegue algo importante – quando é nomeado para algum cargo no governo do estado mesmo você não sendo lembrado pelas lideranças do partido, quando é promovido, quando recebe um louvor, quando compra um carro novo, quando muda para uma casa maior, quando se torna pai… Nestes momentos, habitualmente, não é difícil cumprimentá-lo e dizer-lhe que parabenizamos por tal acontecimento.

Porém, em determinadas situações, muitas vezes, não conseguimos encontrar as palavras certas ou o abraço certo para partilhar com os companheiros – é o caso, por exemplo, de quando um conhecido nos diz que conseguiu terminar um projeto que nós iniciamos e por algum motivo abandonamos, quando um vizinho nos diz que vai fazer uma reforma na sua casa, ou, mesmo, quando um colega no trabalho nos diz que o filho teve uma excelente nota numa determinada matéria.

Nestes momentos, seja pela falta de intimidade com as pessoas, seja pela falta de afinidade pelo assunto, acabamos não ficando tão satisfeitos e não parabenizamos os outros por questões práticas da vida diária. O certo, é que não estamos habituados a reagir com um sentimento de satisfação.


Festejar as conquistas e vitórias dos outros com alegria, é algo que nem todos conseguem fazer ou, pelo menos, não têm o hábito de fazer. Porém, é um hábito que deveria fazer parte do nosso dia-a-dia, como dizer “obrigado” ou, “por favor”. É um hábito que só faria bem, tanto a nós próprios como aos outros. A nós, porque nos aproximaria do que ha de bom dentro da gente; ao outro, porque  sentiria mais a nossa presença na sua vida.

Da mesma forma, como temos dificuldade de dizer parabéns, obrigado e, por favor, é difícil ter a humildade de pedir desculpa…

 


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