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Adeus ao Companheiro Edmilson Carvalho
Em nossas vidas há pessoas que
delas participam de forma diferenciada e que por isso produzem marcas
indeléveis. Não me refiro a parentes e amores, que já por natureza exercem
envolvimentos profundos. Refiro-me a pessoas amigas ou não que se tornam referências,
quer pela amizade que constroem, quer pelo comportamento que demonstram ou pelo
exemplo que transmitem. E não há necessidade de existência de um convívio mais
acentuado, bastando às alegrias mútuas que afloram nos encontros mesmo casuais.
Embora saibamos que Thanatos
não avisa a hora de sua chegada, a surpresa pela notícia da partida da pessoa a
quem temos amizade, respeito ou admiração, sempre nos deixa desolados,
abrindo-se um vácuo de grande extensão em nossas vidas. Se tivermos convivido
com ela, de imediato brotam as lembranças dos bons momentos que fizeram
estabelecer a solidez daquela amizade. Alguns incidentes ruins se ocorreram e
que tiveram importância apenas para testar a amizade, também se apresentam,
mas, sem peso algum.
Ocorreu comigo neste final de
tarde de 8 de setembro, quando tomei conhecimento da transição de um grande
amigo que cerrou seus olhos repentinamente para esta vida. O companheiro de
militância no PCdoB na década de setenta e marchou junto comigo até 1981,
quando se deu o racha. O professor Edimilson Carvalho, sempre teve um carinho
com os quadros do partido que vinha da periferia e do movimento operário. Partidário da igualdade humana pelo espírito
solidário que vibrava em sua interioridade, defensor dos princípios que o
marxismo de Marx e Engels nunca existiu para o proletariado brasileiro.
Arquiteto de formação, Edmilson
trabalhou sempre em planejamento econômico, área em que se especializou na
Cepal (Comissão Econômica para a América Latina). Teve destacada atuação na
Sudene, em Recife (1962 a 1973) e na Secretaria de Planejamento da Bahia.
Professor de Economia Política e Teoria Política. Na ultima vez que fui visitá-lo
com Zezeu, ele estava ensinando na Universidade Católica de Salvador.
Esta notícia que Elias Dourado
acaba de me informar me deixou consternado e com o coração pesaroso pela perda
dessa pessoa que, embora fosse enérgico em suas atitudes, determinado em suas
decisões e inflexível em suas responsabilidades, era de uma generosidade ímpar,
de uma solidariedade intensa e de uma humanidade exemplar.
Cumpriu o amigo a sua missão
com idealismo, responsabilidade, coragem, capacidade, comprometimento,
dedicação e amor ao socialismo e a luta operária. Foi um comunista, um
arquiteto um professor humano, que lutou pelos seus ideais até o ultimo suspiro.
Agora dorme o sono dos justos, mergulhado na misericórdia do Criador. Esta é
minha singela homenagem ao amigo. Descanse em paz, meu Companheiro.