quarta-feira, 8 de setembro de 2021

ARTIGO - O Adeus ao Companheiro Edmilson Carvalho (Padre Carlos)

 

O Adeus ao Companheiro Edmilson Carvalho



 

Em nossas vidas há pessoas que delas participam de forma diferenciada e que por isso produzem marcas indeléveis. Não me refiro a parentes e amores, que já por natureza exercem envolvimentos profundos. Refiro-me a pessoas amigas ou não que se tornam referências, quer pela amizade que constroem, quer pelo comportamento que demonstram ou pelo exemplo que transmitem. E não há necessidade de existência de um convívio mais acentuado, bastando às alegrias mútuas que afloram nos encontros mesmo casuais.

Embora saibamos que Thanatos não avisa a hora de sua chegada, a surpresa pela notícia da partida da pessoa a quem temos amizade, respeito ou admiração, sempre nos deixa desolados, abrindo-se um vácuo de grande extensão em nossas vidas. Se tivermos convivido com ela, de imediato brotam as lembranças dos bons momentos que fizeram estabelecer a solidez daquela amizade. Alguns incidentes ruins se ocorreram e que tiveram importância apenas para testar a amizade, também se apresentam, mas, sem peso algum.

Ocorreu comigo neste final de tarde de 8 de setembro, quando tomei conhecimento da transição de um grande amigo que cerrou seus olhos repentinamente para esta vida. O companheiro de militância no PCdoB na década de setenta e marchou junto comigo até 1981, quando se deu o racha. O professor Edimilson Carvalho, sempre teve um carinho com os quadros do partido que vinha da periferia e do movimento operário.  Partidário da igualdade humana pelo espírito solidário que vibrava em sua interioridade, defensor dos princípios que o marxismo de Marx e Engels nunca existiu para o proletariado brasileiro.

Arquiteto de formação, Edmilson trabalhou sempre em planejamento econômico, área em que se especializou na Cepal (Comissão Econômica para a América Latina). Teve destacada atuação na Sudene, em Recife (1962 a 1973) e na Secretaria de Planejamento da Bahia. Professor de Economia Política e Teoria Política. Na ultima vez que fui visitá-lo com Zezeu, ele estava ensinando na Universidade Católica de Salvador.

Esta notícia que Elias Dourado acaba de me informar me deixou consternado e com o coração pesaroso pela perda dessa pessoa que, embora fosse enérgico em suas atitudes, determinado em suas decisões e inflexível em suas responsabilidades, era de uma generosidade ímpar, de uma solidariedade intensa e de uma humanidade exemplar. 

Cumpriu o amigo a sua missão com idealismo, responsabilidade, coragem, capacidade, comprometimento, dedicação e amor ao socialismo e a luta operária. Foi um comunista, um arquiteto um professor humano, que lutou pelos seus ideais até o ultimo suspiro. Agora dorme o sono dos justos, mergulhado na misericórdia do Criador. Esta é minha singela homenagem ao amigo. Descanse em paz, meu Companheiro.

 

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