domingo, 12 de setembro de 2021

ARTIGO - Nosso tecido social esta dilacerado (Padre Carlos)

 

 

 

 

 

 

Reconstruir o tecido social

 

 


 

         Outro dia me fizeram esta pergunta: o que podemos esperar do próximo presidente? Eu olhei aquele jovem que mais parecia comigo nos tempo de movimento estudantil e disse: esta Terra - o país que somos - nesta quadra da história exige mais de nós! Não podemos esquecer este fato para não nos limitarmos em fazer remendos no tecido social ferido pela polarização que tem assolado o país. Precisamos reconstruir esse tecido e pensar nas próximas gerações.


Quando levanto estas questões, quero dizer que precisamos de uma liderança que possa repactuar o país e ser capaz de formular um projeto que seja transformador na vida dos brasileiros. Para que isto aconteça, duas questões são fundamentais: primeira, a sociedade brasileira - começando pelo presidente – precisa ser capaz de romper com a tolerância e condescendência face à pobreza e segundo, não sermos ingênuos na busca de soluções mágicas para daqui a décadas, como forma de escamotear os problemas que estamos vivendo e que são crônicos em nossa sociedade.

A profunda relação entre o trabalho, o emprego e a proteção social está no cerne de qualquer estratégia para reconstrução do tecido social. É preciso valorizar o trabalho e criar mais e melhor emprego, o que passa por reforçar e qualificar o tecido produtivo e garantir os direitos sociais e trabalhistas deste povo. Nestes campos, temos que colocar de lado as políticas de remendos e dar passos consistentes que possam romper com posturas oportunistas ou tacanhas muito enraizadas na nossa sociedade.

O tecido produtivo está deslaçado, não basta proporcionar para este seguimento linhas de créditos. Se a economia for tratada apenas como um país agrário, alavancada pelo agronegócio, fruto de uma forte política de importações criando uma dimensão desproporcionada de serviços de baixo valor agregado e de baixos salários; se continuarmos com estas políticas e não olharmos o nosso parque industrial nem reconstruirmos o nosso mercado interno e não encararmos os desequilíbrios regionais sistêmicos, não criará as bases para reconstruir o tecido social. Mudaremos de um posto Ypiranga para outro qualquer. Desta forma, para as políticas econômicas serão necessário assegurar um sistema de relações trabalhistas em condições de se dar efetividade o diálogo e à negociação coletiva.

O sistema de proteção de que precisamos exige compromissos de solidariedade social estruturada. Cidadãos dependentes da caridade de outrem perdem a dignidade e a liberdade e são reprodutores de pobreza, em todo o espaço das suas relações sociais. É indispensável reforçar os programas sociais como uma forma de atacar a fome e a pobreza, enquanto a nova política econômica não criar as condições necessária para que seja revista. Isso depende, em primeiro lugar, do volume de emprego, do valor dos salários e da existência de vínculos trabalhista para todos os trabalhadores - brasileiros.

Os setores políticos e econômicos que aproveitaram o aumento do PIB no Governo Lula, quando apresentou expansão média de 4% ao ano, entre 2003 e 2010, isto é, anterior a crise criada no final da década passada, passaram a agir nesta crise  transferindo, injustamente, riqueza e poder do trabalho para o capital. Este tipo de comportamento oportunista, só agrava as rasuras deste tecido social.

        


Diante de tudo isto, creditamos que a interrupção desse processo de desagregação social só poderá ocorrer com o fim da pobreza e da injustiça social. Assim, enquanto um quarto da população brasileira, 52,7 milhões de pessoas, viverem em situação de pobreza ou extrema pobreza, este tecido estará dilacerado e jamais será o penhor dessa igualdade que fala o hino. 

 

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

ARTIGO - O Vereador Dr. Andreson, denunciou superfaturamento na compra de teste de Covid-19 (Padre Carlos)

 

 

A Independência desta casa é condição sem a qual não há democracia.

 


 

A Câmara Municipal de Vitória da Conquista é o Poder Legislativo do nosso município, suas funções principais são: legislar, fiscalizar, julgar e administrar. Ela representa toda a comunidade, porque ali está a maioria das correntes de pensamento da população, representando os mais diversos setores da sociedade.


A importância dos poderes municipais, serem independentes e harmônicos ficou claro nesta manhã quando o presidente daquela Casa respondeu ao vereador Dr. Andreson (PC do B), que a harmonia dos dois poderes no nosso município é importante, mas a independência daquela casa é condição sem a qual não há democracia.

Ao responder ao parlamentar sobre as sérias denuncia da existência de um suposto esquema de superfaturamento na compra de teste de Covid-19 pela administração municipal, o presidente da Câmara Luís Carlos Dudé (MDB), deixou claro o papel daquela casa e aguarda a chegada dos suposto documentos fidedignos que aponta as irregularidades, para que juntos possam tomar as devidas providencias. Desta forma, ao afirmar que tem um dossiê comprovando as compras irregulares efetuadas pela Prefeitura de Vitória da Conquista, o vereador precisa tornar público estas provas para que aquela casa possa avaliar a veracidade estes documentos e buscar os devidos esclarecimentos do poder executivo.

Mesmo fazendo estas acusações, o parlamentar não deixou de reconhecer a lisura da prefeita Sheila Lemos (DEM) e da sua família. Assim, mesmo fazendo esta denuncia, ele sabe muito bem que conhecendo a prefeita e sua família, ela jamais concordaria com este tipo de comportamento e se comprovado, os agentes público serão responsabilizados pelos seus atos.

 


Quando o presidente da Câmara de Vereadores e o líder da bancada se situação se colocam a disposição para apurar supostos desvios de recursos, não podemos negar que algo mudou na Prefeitura. A força dos atos e a forma que a prefeita vem administrando esta cidade, falam por si só. Temos que admitir que isto é um fato e contra fatos não há argumentos.

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

ARTIGO - O Brasil é um país de Macunaíma (Padre Carlos)

 

 

Os ídolos de barro

 


O que leva um cidadão comum a eleger uma personalidade como o seu ídolo? A pergunta me veio à cabeça depois de ver pessoas no mundo do esporte e das telenovelas, se comportando como se não tivesse responsabilidade com o imaginário do seu povo. A cada dia me convenço que somos verdadeiramente um país de Macunaímas (o herói sem caráter).


Antes de qualquer coisa, que fique claro: não considero atletas nem atores ou atrizes um ídolo, na acepção da palavra. Faço a ressalva porque ser um mestre da bola ou da dramaturgia nem sempre é o suficiente. Vide Ronaldinho Gaúcho, recebido em delírio na Gávea e depois corrido da vida pública e saindo pela porta dos fundos da história, sem jamais conquistar de verdade o coração dos fãs.

         O ídolo de verdade precisar ser bem mais que isso. E ter carisma, aquela qualidade intangível que faz com que nos encantemos por quem, às vezes, nem é tão excepcional assim. Desta forma, poderia dizer que meus ídolos são aqueles que seguiram o caminho que quero percorrer e que tiveram o futuro que espero ter.

Pelé, 52 anos atrás, quando marcou o milésimo gol, disse aos jornalistas que perguntaram: a quem você dedica esta conquista? “Dedico este gol às criancinhas pobres do Brasil. A gente tem de olhar para elas.” Depois de cinqüenta anos, ainda não entendo como alguém pode sentir carinho pelas crianças pobres e não entender que a maior pobreza é o abandono.

 Faço parte de uma geração que viu a Seleção Brasileira conquistar o tricampeonato da Copa do Mundo. Com Zagallo como treinador, ele teve ousadia de reunir no mesmo time uma legião de Craques da camisa 10 em seus clubes. Tratava-se de gênios da bola, não de ídolos , este é nosso erro. Tive a oportunidade de ver em atividade o maior jogador do Brasil e até mesmo do mundo.

 Quando a TV mostrou o rei, aquele ídolo para muitos, sendo obrigado a fazer o DNA e registrar a filha Sandra, após recorrer por 13 vezes em 6 anos, me veio suas palavras no milésimo gol. “as criancinhas pobres do Brasil.”

 Quando assistir o desespero desta filha pedindo ao “pai” para visitá-la, quando estava internada com câncer terminal e ele não atendeu, passei a entender que um ídolo se faz com gestos concretos, não com retórica: “as criancinhas pobres do Brasil”

 De todos os exemplos do herói sem caráter no país de Macunaímas, o que me revoltou mais, foi quando a imprensa revelou que o “pai” não apareceu nem no velório da filha e ainda justificou a ausência porque nunca teve sentimento por ela.


Depois de tudo o que presenciei nesta vida, posso dizer que meu verdadeiro ídolo é meu Pai. Ele, um homem simples e braçal. Mas de uma generosidade e um senso de paternidade muito grande. Certa vez, minha mãe adoeceu e minhas tias pediram para ficar com a gente enquanto ela se recuperava, meu pai olhou para minhas tias e falou: ninguém me separa de meus filhos. Foi este homem que me mostrou que precisamos começar protegendo as criancinhas pobres do Brasil, pela nossa casa.   Obrigada por ser minha inspiração para ser alguém melhor a cada dia.

 



 

 

 

 

 

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

ARTIGO - O Adeus ao Companheiro Edmilson Carvalho (Padre Carlos)

 

O Adeus ao Companheiro Edmilson Carvalho



 

Em nossas vidas há pessoas que delas participam de forma diferenciada e que por isso produzem marcas indeléveis. Não me refiro a parentes e amores, que já por natureza exercem envolvimentos profundos. Refiro-me a pessoas amigas ou não que se tornam referências, quer pela amizade que constroem, quer pelo comportamento que demonstram ou pelo exemplo que transmitem. E não há necessidade de existência de um convívio mais acentuado, bastando às alegrias mútuas que afloram nos encontros mesmo casuais.

Embora saibamos que Thanatos não avisa a hora de sua chegada, a surpresa pela notícia da partida da pessoa a quem temos amizade, respeito ou admiração, sempre nos deixa desolados, abrindo-se um vácuo de grande extensão em nossas vidas. Se tivermos convivido com ela, de imediato brotam as lembranças dos bons momentos que fizeram estabelecer a solidez daquela amizade. Alguns incidentes ruins se ocorreram e que tiveram importância apenas para testar a amizade, também se apresentam, mas, sem peso algum.

Ocorreu comigo neste final de tarde de 8 de setembro, quando tomei conhecimento da transição de um grande amigo que cerrou seus olhos repentinamente para esta vida. O companheiro de militância no PCdoB na década de setenta e marchou junto comigo até 1981, quando se deu o racha. O professor Edimilson Carvalho, sempre teve um carinho com os quadros do partido que vinha da periferia e do movimento operário.  Partidário da igualdade humana pelo espírito solidário que vibrava em sua interioridade, defensor dos princípios que o marxismo de Marx e Engels nunca existiu para o proletariado brasileiro.

Arquiteto de formação, Edmilson trabalhou sempre em planejamento econômico, área em que se especializou na Cepal (Comissão Econômica para a América Latina). Teve destacada atuação na Sudene, em Recife (1962 a 1973) e na Secretaria de Planejamento da Bahia. Professor de Economia Política e Teoria Política. Na ultima vez que fui visitá-lo com Zezeu, ele estava ensinando na Universidade Católica de Salvador.

Esta notícia que Elias Dourado acaba de me informar me deixou consternado e com o coração pesaroso pela perda dessa pessoa que, embora fosse enérgico em suas atitudes, determinado em suas decisões e inflexível em suas responsabilidades, era de uma generosidade ímpar, de uma solidariedade intensa e de uma humanidade exemplar. 

Cumpriu o amigo a sua missão com idealismo, responsabilidade, coragem, capacidade, comprometimento, dedicação e amor ao socialismo e a luta operária. Foi um comunista, um arquiteto um professor humano, que lutou pelos seus ideais até o ultimo suspiro. Agora dorme o sono dos justos, mergulhado na misericórdia do Criador. Esta é minha singela homenagem ao amigo. Descanse em paz, meu Companheiro.

 

ARTIGO - O sete de setembro bolsonarista (Padre Carlos)

 

O impeachment é a salvação da direita.


 

Com a saída de Trump do cenário político e dos palcos da ultra-direita, Jair Bolsonaro, torna-se o maior símbolo do populismo mundial, este fato chama a atenção de todo o mundo sobre dois aspectos: o primeiro se refere aos delírios do presidente na busca da centralização total do poder, como na figura do Rei. Para Bolsonaro, assim como Luiz XIV, "O Estado sou eu." O segundo, está relacionado ao seu núcleo duro, mas também sobre o risco da democracia e sua capacidade de mobilização em chamar seu público para colocar em pauta uma agenda autoritária.

        


Se me perguntassem há um ano se esta avaliação estaria correta, eu diria que sim e que a verticalidade entre Trump e Bolsonaro, poderia desestabilizar a América Latina. Hoje, o cenário é outro, as forças autoritárias não representam mais uma ameaça real e todo o esforço da extrema-direita neste feriado, teve como objetivo, mandar um aviso para a direita dita liberal-democrata, que ele não vai sair fácil do jogo e qualquer tentativa de torná-lo inelegível, poderia colocar a estabilidade e a ordem em risco.

Estes foram os verdadeiros motivos que estão por traz das intenções do bolsonarismo. Talvez por isso, o resultado das patéticas manifestações que ele convocou ontem represente na verdade o desespero de um político acuado e com medo de ser deposto por certo setores da direita que sabem que para surgir uma terceira via e um candidato palatável e com chances reais de vitória, teria que furar a bolha da polarização e tira-lo da eleição.

         Assim quando ele diz: “Querem me tornar inelegível em Brasília. Só Deus me tira de lá. Só vou sair preso, morto ou com a vitória.” Ele deixa claro que não são os crimes de responsabilidade que entrarão em pauta, mas a forma como a direita brasileira vai se reagrupar e para isto precisa de um candidato que represente o oposto a utra-direita.

As elites aceitaram Bolsonaro enquanto ele fazia todo o trabalho sujo de vender nossas empresas e entregar nossas riquezas. Aceitou um presidente sob suspeita a saúde mental. Elas aceitaram o seu fascínio por armas, a paranóia que o levava a encontrar inimigos em todos os cantos, um narcisismo extremo. Mas não aceitará ser responsabilizada pelas loucuras e delírios que levaram mais de seiscentas mil mortes.

As manifestações não correram como ele imaginava. Bolsonaro como bom ator, neste feriado não soube desempenhar bem o seu papel, e as suas manobras de diversão não conseguiram desviar as atenções do desastre que tem sido a sua presidência: aumento do desemprego e pobreza; gestão desastrosa da pandemia tendo como pano de fundo um negacionismo irresponsável; nepotismo; tencionando as crises: social e política; crescente isolamento internacional.

Apesar do apoio de parte das Forças Armadas, o exército brasileiro, mesmo tendo uma longa história de intervenção política, demonstrou que não comunga dos delírios do presidente, e a maioria da direita e centro-direita, que apesar de não quererem fazer uma auto-critica por ter votado nele em 2018, reafirmou que é formada por gente “sensata”. Mesmo que “enganada” por uma vez, não voltará a embarcar nos delírios de um homem perturbado e perigoso.

Cada vez mais isolado, resta a Bolsonaro o apoio de setores evangélicos e da polícia militar. Não podemos esquecer que este apoio num país onde as igrejas evangélicas têm uma capacidade de convencimento sobre seus fieis e uma percentagem significativa da população, ainda representa um quarto do eleitorado.


O certo é que o grito do Ipiranga não deixou de dar razão ao desespero de Bolsonaro. Ontem, os brasileiros mostraram que, apesar das compreensíveis desilusões com a prática política, a sua escolha passa pelo reforço da democracia e não pelo populismo. Bolsonaro ainda fanatiza, mas o caminho para o impeachment é a salvação da direita.


 

 

terça-feira, 7 de setembro de 2021

ARTIGO - Uma carta a minha geração (Padre Carlos)

 

Uma carta a minha geração



Prezados,

 

Manuel de Barros disse certa vez que o homem, cresce, amadurece e morre. Eu acrescentaria que antes de morrer ele fica emotivo. Ele busca encontrar o sentido da sua vida e passa a ter saudades das pessoas que são ou foram importantes na sua vida.


Hoje tive muita saudade dos amigos da infância, dos companheiros de militância dos anos de chumbo, dos anos de formação da filosofia e da teologia. Saudade de uma Pituba em transição de balneário para bairro de classe média. Como diz o poeta: “Eu tinha estrelas nos olhos, um jeito de herói, era mais forte e veloz, que qualquer mocinho de Cowboy.” Queria fazer uma revolução, sonhava em transformar o mundo e ser feliz. Ainda hoje, quando passo naquelas ruas, lembro as manifestações e faço questão de percorre os caminhos que fazíamos para fugir da repressão.  Depois dos sessenta, você passa entender a finitude das coisas e lembrando o seu passado, busca como se fosse um monge, aproveitar cada minuto desta vida.

Assim, quando descobrir estas certezas, passei a não ter mais arrependimentos. Como diz o poeta: ”Porque a vida só se dá pra quem se deu pra quem amou pra quem chorou pra quem sofreu”. A vida é muito curta pra você acordar com arrependimentos. Por isto, amei todas as pessoas que me trataram bem e orei para as que me desprezaram. Fiz tudo isto, por acreditar que tudo acontece por alguma razão. Posso dizer que tive uma segunda chance, agarrei com as duas mãos, e isso fez mudar a minha vida, deixei acontecer! Beijei devagar, perdoei rápido, abracei forte a nova vida. Deus nunca me disse que a vida seria fácil, ele simplesmente prometeu que iria valer à pena e foi isto mesmo o que aconteceu.

         Minhas prioridades eram juntar riquezas e por isto estava esquecendo que o verdadeiro tesouro estava ao meu lado. Entendi que nasci sem nada e passei boa parte da vida, lutando por tudo aquilo que não era meu e mesmo que tivesse conquistado não levaria quando morresse, porque o que se leva desta vida é o que se vive, o que se faz.


Quando exercia o ministério sacerdotal, estes questionamentos não saiam da minha cabeça: A gente nasce, cresce e morre. Mas se não fizer nada nesta vida fica parecendo que nem passou por ela. Eu confesso a vocês que este medo sempre esteve presente na minha vida. Vou deixar quando partir desta vida, uma família linda, amigos irmão que a vida me presenteou. Falam em plantar uma arvore ou escrever um livro. Eu digo que se planta amor, amizade e carinho e com estes sentimentos se escreve o mais lindo livro que alguém já ousou botar no papel da vida.

 

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

ARTIGO - A Baía dos Porcos e Bolsonaro (Padre Carlos)

 

Estes atos antidemocráticos ferem princípios constitucionais

 


Este mês fez cinco anos do golpe contra a Constituição e a Presidente Dilma. Assim, na véspera do sete de setembro me lembrei de uma frase que reflete bem o que estamos passando: Na política não há amigos, apenas conspiradores que se unem. Desta forma passei a entender que errar é humano, colocar a culpa dos nossos erros em outra pessoa é política. O Brasil tem vivido uma polaridade política, não entre direita e esquerda, mas entre os que defendem a democracia e os que querem um regime autoritário. São estes os motivos que tem levado uma parcela da população a pedir a volta do regime militar, a dissolução do Congresso Nacional e o impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal. São atos reivindicatórios que estão enquadrados como crime de responsabilidade e mesmo tendo apoio de setores das Forças Armadas, não podem ficar impune tais manifestações.


Sabemos que a democracia, etimologicamente falando, significa governo do povo, pelo povo e para o povo, porém, esse mesmo povo que está sendo convocado pelos simpatizantes deste governo, tem que entender que o seu direito e o direito do seu presidente, termina onde começa o do próximo e que seus ideais não podem se sobrepor a outros direitos também essenciais para a sociedade e o Estado de Direito.

Quando se milita a mais de quarenta anos na política, passamos por diversas situações que nos permitem avaliar a conjuntura em que se vive. Assim, ao observar os últimos acontecimentos, deparo-me com um governo mais fraco do que nunca e, apesar do medo de certos setores da esquerda de um golpe, vejo um presidente desesperado para não ir para cadeia e buscando ganhar fôlego para conseguir terminar seu governo através destes protestos nesta data que comemoramos 199º aniversário da independência do Brasil.

Bolsonaro tem apostado suas fichas nos atos de 7 de setembro como uma demonstração de força e apoio popular, num momento em que tensiona cada vez a relação com o Poder Judiciário, que pode cassar a chapa e seu mandato ou pressionar a Procuradoria Geral e o Parlamento sobre os crimes de responsabilidade que vem cometendo, assim, ele dirige suas investidas especialmente aos ministros Alexandre de Mores e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), estes são alvos de ataques constantes do presidente.

Além disso, o presidente voltou a aventar a possibilidade de uma ruptura caso o Judiciário não reveja atitudes que, em sua visão, prejudicam o país.


Os cidadãos e as nossas autoridades, não podem praticar atos antidemocráticos e que ferem princípios constitucionais É preciso que todos tenhamos o discernimento que a democracia impõe a cada um de nós um conjunto de regras que precisa ser obedecido. Será que temos liberdade total para falarmos e fazermos aquilo que quisermos? Há limites para o exercício das nossas liberdades? A resposta é sim. A liberdade de expressão e pensamento não são direitos absolutos, eles encontram limites na lei.

Assim, querendo ou não, terão que ficar como gostam de dizer: no seu quadrado.

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...