Reconstruir o tecido social
Outro
dia me fizeram esta pergunta: o que podemos esperar do próximo presidente? Eu
olhei aquele jovem que mais parecia comigo nos tempo de movimento estudantil e
disse: esta Terra - o país que somos - nesta quadra da história exige mais de
nós! Não podemos esquecer este fato para não nos limitarmos em fazer remendos
no tecido social ferido pela polarização que tem assolado o país. Precisamos reconstruir
esse tecido e pensar nas próximas gerações.
A profunda relação entre o trabalho, o
emprego e a proteção social está no cerne de qualquer estratégia para
reconstrução do tecido social. É preciso valorizar o trabalho e criar mais e
melhor emprego, o que passa por reforçar e qualificar o tecido produtivo e
garantir os direitos sociais e trabalhistas deste povo. Nestes campos, temos
que colocar de lado as políticas de remendos e dar passos consistentes que possam
romper com posturas oportunistas ou tacanhas muito enraizadas na nossa
sociedade.
O tecido produtivo está deslaçado, não basta proporcionar
para este seguimento linhas de créditos. Se a economia for tratada apenas como
um país agrário, alavancada pelo agronegócio, fruto de uma forte política de
importações criando uma dimensão desproporcionada de serviços de baixo valor
agregado e de baixos salários; se continuarmos com estas políticas e não olharmos
o nosso parque industrial nem reconstruirmos o nosso mercado interno e não encararmos
os desequilíbrios regionais sistêmicos, não criará as bases para reconstruir o
tecido social. Mudaremos de um posto Ypiranga para outro qualquer. Desta forma,
para as políticas econômicas serão necessário assegurar um sistema de relações
trabalhistas em condições de se dar efetividade o diálogo e à negociação
coletiva.
O sistema de proteção de que precisamos exige
compromissos de solidariedade social estruturada. Cidadãos dependentes da
caridade de outrem perdem a dignidade e a liberdade e são reprodutores de
pobreza, em todo o espaço das suas relações sociais. É indispensável reforçar os
programas sociais como uma forma de atacar a fome e a pobreza, enquanto a nova
política econômica não criar as condições necessária para que seja revista.
Isso depende, em primeiro lugar, do volume de emprego, do valor dos salários e
da existência de vínculos trabalhista para todos os trabalhadores - brasileiros.
Os setores políticos e econômicos que
aproveitaram o aumento do PIB no Governo Lula, quando apresentou expansão média
de 4% ao ano, entre 2003 e 2010, isto é, anterior a crise criada no final da
década passada, passaram a agir nesta crise transferindo, injustamente, riqueza e poder do
trabalho para o capital. Este tipo de comportamento oportunista, só agrava as
rasuras deste tecido social.
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