terça-feira, 14 de setembro de 2021

ARTIGO - Um "Estado Social" com Supremo e tudo (Padre Carlos)

 

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        Um pacto político passa necessariamente por um pacto social








Os problemas estruturais da pobreza e da exclusão social no Brasil, não se resolvem apenas com medidas isoladas e pontuais. Assim como na medicina, é indispensável fazer o “diagnóstico das causas da pobreza” para acabar com ela e para prevenir reincidências. Por isto, o aumento da pobreza e da extrema-pobreza em nosso país, tem demonstrado a importância de se criar de fato um Estado Social.


O "Estado Social", que me refiro, é um conjunto de medidas dirigidas à melhoria das condições de vida dos brasileiros. Devem ser conquistas consolidadas de políticas de Estado, não de governo. Isto é, ações que possam proporcionar a criação de mais vagas nas creches, de benefícios fiscais a jovens adultos, da melhoria do Bolsa família e de apoios pontuais às famílias carentes.

É preciso que esta direita dita liberal-democrata entenda de uma vez, que um Estado moderno é um Estado social de direito democrático, onde a dimensão do social não se separa do econômico e é tida como mais-valia para este, e onde o direito é respeitado em todos os seus campos, principalmente no do trabalho. O "Estado social" é um compromisso coletivo que o poder político deve evidenciar sempre, até porque a sua existência não depende apenas da "vontade política". A sua construção e viabilidade obriga a todos, principalmente aos atores: econômicos, os setores privado, público e social criarem as condições para sua existência.

 Hoje, diante do aumento da pobreza em nosso país, a necessidade de uma recuperação da nossa economia precisa ser intrinsecamente, socioeconômica e se faz urgente. Sabemos que pela cultura escravagista que ainda insiste sobreviver na nossa sociedade, levará alguns dirigentes de confederações patronais, diante do menor sinal de preocupação do poder político com as políticas sociais e trabalhistas, buscarem apoio na imprensa corporativa e em seus representantes no parlamento, para barrar qualquer avanço nestas pautas. Estas políticas e reformas que este setor empreendeu no governo Temer e Bolsonaro foram comprovadamente às causadoras do aumento da pobreza em nosso país.


Queremos deixar claro, que um pacto político passa necessariamente por um pacto social e nestes acordos precisarão esta clara não só para este governo, mas para os futuros, saberem qual a economia e qual a sociedade que queremos?

 

 

 

 

 

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

ARTIGO - Uma carta testamento vem sempre acompanhada com um tiro no peito. (Padre Carlos)

 

Um tiro no pé.

 


Meu pai sempre me dizia que os maiores covardes são aqueles que mais querem status de valentões. Foi assim, com enorme surpresa que eu assisti esta semana ao vergonhoso recuo de Jair Bolsonaro, diante de todo o mundo. Confesso aos senhores, que aquela figura abatida e com um semblante como se tivesse beijado a lona, não parecia nada com aquele personagem incendiário que durante meses atacou de todas as formas e feitios a Justiça e a nossa democracia.

        


Como acreditar se tratar da mesma pessoa que alguns dias atrás ameaçavam descumprir ordens do Supremo Tribunal Federal e incitava seus apoiadores contra os ministros da corte, em pleno Sete de Setembro. Esta mesma autoridade que acenou diversas vezes para uma ruptura entre os poderes, fazendo de forma concreta ameaça de golpe de Estado. Este mesmo homem que na terça-feira aos delírios buscava a centralização total do poder, como na figura do Rei. Para ele, assim como Luiz XIV, "O Estado sou eu." Agora, menos de uma semana, estava na minha frente, fazendo um inesperado ‘mea culpa’, pedindo desculpa pelos excessos antidemocráticos e garantindo que as ameaças, insultos e injúrias dos últimos meses foram apenas fruto “do calor do momento”. Ao atribuir “este momento," quer que acreditemos que não cometeu crime nem teve "intenção de agredir" os poderes.

Diante deste “milagre,” Alexandre de Moraes, passou, no léxico do presidente, de "canalha" por ter condenado a prisão de bolsonaristas que tiveram atitudes inconstitucionais, a "jurista e professor", em apenas 48 horas.

 

Neste país, uma carta testamento vem sempre acompanhada com um tiro no peito, mas como de valentão virou como disse o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, "frouxo e covarde," não podemos esperar tal comportamento. Se com uma carta testamento o velho político da década de cinqüenta deu o tiro no peito, com estas qualidades que Maia revelou do presidente, com certeza  este tiro foi no pé.


O recuo do discurso do presidente, entretanto, causou um curto-circuito entre a sua base de adoradores. A militância oscilou entre o apoio cego e incondicional ao presidente e o desembarque do Governo, algo que costuma ocorrer com políticos que demonstram fraqueza e estão balançando no poder.

Diante de tanta fraqueza, a direita já rendeu o bolsonarismo para tentar emplacar a terceira via.

 

 

domingo, 12 de setembro de 2021

ARTIGO - Nosso tecido social esta dilacerado (Padre Carlos)

 

 

 

 

 

 

Reconstruir o tecido social

 

 


 

         Outro dia me fizeram esta pergunta: o que podemos esperar do próximo presidente? Eu olhei aquele jovem que mais parecia comigo nos tempo de movimento estudantil e disse: esta Terra - o país que somos - nesta quadra da história exige mais de nós! Não podemos esquecer este fato para não nos limitarmos em fazer remendos no tecido social ferido pela polarização que tem assolado o país. Precisamos reconstruir esse tecido e pensar nas próximas gerações.


Quando levanto estas questões, quero dizer que precisamos de uma liderança que possa repactuar o país e ser capaz de formular um projeto que seja transformador na vida dos brasileiros. Para que isto aconteça, duas questões são fundamentais: primeira, a sociedade brasileira - começando pelo presidente – precisa ser capaz de romper com a tolerância e condescendência face à pobreza e segundo, não sermos ingênuos na busca de soluções mágicas para daqui a décadas, como forma de escamotear os problemas que estamos vivendo e que são crônicos em nossa sociedade.

A profunda relação entre o trabalho, o emprego e a proteção social está no cerne de qualquer estratégia para reconstrução do tecido social. É preciso valorizar o trabalho e criar mais e melhor emprego, o que passa por reforçar e qualificar o tecido produtivo e garantir os direitos sociais e trabalhistas deste povo. Nestes campos, temos que colocar de lado as políticas de remendos e dar passos consistentes que possam romper com posturas oportunistas ou tacanhas muito enraizadas na nossa sociedade.

O tecido produtivo está deslaçado, não basta proporcionar para este seguimento linhas de créditos. Se a economia for tratada apenas como um país agrário, alavancada pelo agronegócio, fruto de uma forte política de importações criando uma dimensão desproporcionada de serviços de baixo valor agregado e de baixos salários; se continuarmos com estas políticas e não olharmos o nosso parque industrial nem reconstruirmos o nosso mercado interno e não encararmos os desequilíbrios regionais sistêmicos, não criará as bases para reconstruir o tecido social. Mudaremos de um posto Ypiranga para outro qualquer. Desta forma, para as políticas econômicas serão necessário assegurar um sistema de relações trabalhistas em condições de se dar efetividade o diálogo e à negociação coletiva.

O sistema de proteção de que precisamos exige compromissos de solidariedade social estruturada. Cidadãos dependentes da caridade de outrem perdem a dignidade e a liberdade e são reprodutores de pobreza, em todo o espaço das suas relações sociais. É indispensável reforçar os programas sociais como uma forma de atacar a fome e a pobreza, enquanto a nova política econômica não criar as condições necessária para que seja revista. Isso depende, em primeiro lugar, do volume de emprego, do valor dos salários e da existência de vínculos trabalhista para todos os trabalhadores - brasileiros.

Os setores políticos e econômicos que aproveitaram o aumento do PIB no Governo Lula, quando apresentou expansão média de 4% ao ano, entre 2003 e 2010, isto é, anterior a crise criada no final da década passada, passaram a agir nesta crise  transferindo, injustamente, riqueza e poder do trabalho para o capital. Este tipo de comportamento oportunista, só agrava as rasuras deste tecido social.

        


Diante de tudo isto, creditamos que a interrupção desse processo de desagregação social só poderá ocorrer com o fim da pobreza e da injustiça social. Assim, enquanto um quarto da população brasileira, 52,7 milhões de pessoas, viverem em situação de pobreza ou extrema pobreza, este tecido estará dilacerado e jamais será o penhor dessa igualdade que fala o hino. 

 

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

ARTIGO - O Vereador Dr. Andreson, denunciou superfaturamento na compra de teste de Covid-19 (Padre Carlos)

 

 

A Independência desta casa é condição sem a qual não há democracia.

 


 

A Câmara Municipal de Vitória da Conquista é o Poder Legislativo do nosso município, suas funções principais são: legislar, fiscalizar, julgar e administrar. Ela representa toda a comunidade, porque ali está a maioria das correntes de pensamento da população, representando os mais diversos setores da sociedade.


A importância dos poderes municipais, serem independentes e harmônicos ficou claro nesta manhã quando o presidente daquela Casa respondeu ao vereador Dr. Andreson (PC do B), que a harmonia dos dois poderes no nosso município é importante, mas a independência daquela casa é condição sem a qual não há democracia.

Ao responder ao parlamentar sobre as sérias denuncia da existência de um suposto esquema de superfaturamento na compra de teste de Covid-19 pela administração municipal, o presidente da Câmara Luís Carlos Dudé (MDB), deixou claro o papel daquela casa e aguarda a chegada dos suposto documentos fidedignos que aponta as irregularidades, para que juntos possam tomar as devidas providencias. Desta forma, ao afirmar que tem um dossiê comprovando as compras irregulares efetuadas pela Prefeitura de Vitória da Conquista, o vereador precisa tornar público estas provas para que aquela casa possa avaliar a veracidade estes documentos e buscar os devidos esclarecimentos do poder executivo.

Mesmo fazendo estas acusações, o parlamentar não deixou de reconhecer a lisura da prefeita Sheila Lemos (DEM) e da sua família. Assim, mesmo fazendo esta denuncia, ele sabe muito bem que conhecendo a prefeita e sua família, ela jamais concordaria com este tipo de comportamento e se comprovado, os agentes público serão responsabilizados pelos seus atos.

 


Quando o presidente da Câmara de Vereadores e o líder da bancada se situação se colocam a disposição para apurar supostos desvios de recursos, não podemos negar que algo mudou na Prefeitura. A força dos atos e a forma que a prefeita vem administrando esta cidade, falam por si só. Temos que admitir que isto é um fato e contra fatos não há argumentos.

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

ARTIGO - O Brasil é um país de Macunaíma (Padre Carlos)

 

 

Os ídolos de barro

 


O que leva um cidadão comum a eleger uma personalidade como o seu ídolo? A pergunta me veio à cabeça depois de ver pessoas no mundo do esporte e das telenovelas, se comportando como se não tivesse responsabilidade com o imaginário do seu povo. A cada dia me convenço que somos verdadeiramente um país de Macunaímas (o herói sem caráter).


Antes de qualquer coisa, que fique claro: não considero atletas nem atores ou atrizes um ídolo, na acepção da palavra. Faço a ressalva porque ser um mestre da bola ou da dramaturgia nem sempre é o suficiente. Vide Ronaldinho Gaúcho, recebido em delírio na Gávea e depois corrido da vida pública e saindo pela porta dos fundos da história, sem jamais conquistar de verdade o coração dos fãs.

         O ídolo de verdade precisar ser bem mais que isso. E ter carisma, aquela qualidade intangível que faz com que nos encantemos por quem, às vezes, nem é tão excepcional assim. Desta forma, poderia dizer que meus ídolos são aqueles que seguiram o caminho que quero percorrer e que tiveram o futuro que espero ter.

Pelé, 52 anos atrás, quando marcou o milésimo gol, disse aos jornalistas que perguntaram: a quem você dedica esta conquista? “Dedico este gol às criancinhas pobres do Brasil. A gente tem de olhar para elas.” Depois de cinqüenta anos, ainda não entendo como alguém pode sentir carinho pelas crianças pobres e não entender que a maior pobreza é o abandono.

 Faço parte de uma geração que viu a Seleção Brasileira conquistar o tricampeonato da Copa do Mundo. Com Zagallo como treinador, ele teve ousadia de reunir no mesmo time uma legião de Craques da camisa 10 em seus clubes. Tratava-se de gênios da bola, não de ídolos , este é nosso erro. Tive a oportunidade de ver em atividade o maior jogador do Brasil e até mesmo do mundo.

 Quando a TV mostrou o rei, aquele ídolo para muitos, sendo obrigado a fazer o DNA e registrar a filha Sandra, após recorrer por 13 vezes em 6 anos, me veio suas palavras no milésimo gol. “as criancinhas pobres do Brasil.”

 Quando assistir o desespero desta filha pedindo ao “pai” para visitá-la, quando estava internada com câncer terminal e ele não atendeu, passei a entender que um ídolo se faz com gestos concretos, não com retórica: “as criancinhas pobres do Brasil”

 De todos os exemplos do herói sem caráter no país de Macunaímas, o que me revoltou mais, foi quando a imprensa revelou que o “pai” não apareceu nem no velório da filha e ainda justificou a ausência porque nunca teve sentimento por ela.


Depois de tudo o que presenciei nesta vida, posso dizer que meu verdadeiro ídolo é meu Pai. Ele, um homem simples e braçal. Mas de uma generosidade e um senso de paternidade muito grande. Certa vez, minha mãe adoeceu e minhas tias pediram para ficar com a gente enquanto ela se recuperava, meu pai olhou para minhas tias e falou: ninguém me separa de meus filhos. Foi este homem que me mostrou que precisamos começar protegendo as criancinhas pobres do Brasil, pela nossa casa.   Obrigada por ser minha inspiração para ser alguém melhor a cada dia.

 



 

 

 

 

 

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

ARTIGO - O Adeus ao Companheiro Edmilson Carvalho (Padre Carlos)

 

O Adeus ao Companheiro Edmilson Carvalho



 

Em nossas vidas há pessoas que delas participam de forma diferenciada e que por isso produzem marcas indeléveis. Não me refiro a parentes e amores, que já por natureza exercem envolvimentos profundos. Refiro-me a pessoas amigas ou não que se tornam referências, quer pela amizade que constroem, quer pelo comportamento que demonstram ou pelo exemplo que transmitem. E não há necessidade de existência de um convívio mais acentuado, bastando às alegrias mútuas que afloram nos encontros mesmo casuais.

Embora saibamos que Thanatos não avisa a hora de sua chegada, a surpresa pela notícia da partida da pessoa a quem temos amizade, respeito ou admiração, sempre nos deixa desolados, abrindo-se um vácuo de grande extensão em nossas vidas. Se tivermos convivido com ela, de imediato brotam as lembranças dos bons momentos que fizeram estabelecer a solidez daquela amizade. Alguns incidentes ruins se ocorreram e que tiveram importância apenas para testar a amizade, também se apresentam, mas, sem peso algum.

Ocorreu comigo neste final de tarde de 8 de setembro, quando tomei conhecimento da transição de um grande amigo que cerrou seus olhos repentinamente para esta vida. O companheiro de militância no PCdoB na década de setenta e marchou junto comigo até 1981, quando se deu o racha. O professor Edimilson Carvalho, sempre teve um carinho com os quadros do partido que vinha da periferia e do movimento operário.  Partidário da igualdade humana pelo espírito solidário que vibrava em sua interioridade, defensor dos princípios que o marxismo de Marx e Engels nunca existiu para o proletariado brasileiro.

Arquiteto de formação, Edmilson trabalhou sempre em planejamento econômico, área em que se especializou na Cepal (Comissão Econômica para a América Latina). Teve destacada atuação na Sudene, em Recife (1962 a 1973) e na Secretaria de Planejamento da Bahia. Professor de Economia Política e Teoria Política. Na ultima vez que fui visitá-lo com Zezeu, ele estava ensinando na Universidade Católica de Salvador.

Esta notícia que Elias Dourado acaba de me informar me deixou consternado e com o coração pesaroso pela perda dessa pessoa que, embora fosse enérgico em suas atitudes, determinado em suas decisões e inflexível em suas responsabilidades, era de uma generosidade ímpar, de uma solidariedade intensa e de uma humanidade exemplar. 

Cumpriu o amigo a sua missão com idealismo, responsabilidade, coragem, capacidade, comprometimento, dedicação e amor ao socialismo e a luta operária. Foi um comunista, um arquiteto um professor humano, que lutou pelos seus ideais até o ultimo suspiro. Agora dorme o sono dos justos, mergulhado na misericórdia do Criador. Esta é minha singela homenagem ao amigo. Descanse em paz, meu Companheiro.

 

ARTIGO - O sete de setembro bolsonarista (Padre Carlos)

 

O impeachment é a salvação da direita.


 

Com a saída de Trump do cenário político e dos palcos da ultra-direita, Jair Bolsonaro, torna-se o maior símbolo do populismo mundial, este fato chama a atenção de todo o mundo sobre dois aspectos: o primeiro se refere aos delírios do presidente na busca da centralização total do poder, como na figura do Rei. Para Bolsonaro, assim como Luiz XIV, "O Estado sou eu." O segundo, está relacionado ao seu núcleo duro, mas também sobre o risco da democracia e sua capacidade de mobilização em chamar seu público para colocar em pauta uma agenda autoritária.

        


Se me perguntassem há um ano se esta avaliação estaria correta, eu diria que sim e que a verticalidade entre Trump e Bolsonaro, poderia desestabilizar a América Latina. Hoje, o cenário é outro, as forças autoritárias não representam mais uma ameaça real e todo o esforço da extrema-direita neste feriado, teve como objetivo, mandar um aviso para a direita dita liberal-democrata, que ele não vai sair fácil do jogo e qualquer tentativa de torná-lo inelegível, poderia colocar a estabilidade e a ordem em risco.

Estes foram os verdadeiros motivos que estão por traz das intenções do bolsonarismo. Talvez por isso, o resultado das patéticas manifestações que ele convocou ontem represente na verdade o desespero de um político acuado e com medo de ser deposto por certo setores da direita que sabem que para surgir uma terceira via e um candidato palatável e com chances reais de vitória, teria que furar a bolha da polarização e tira-lo da eleição.

         Assim quando ele diz: “Querem me tornar inelegível em Brasília. Só Deus me tira de lá. Só vou sair preso, morto ou com a vitória.” Ele deixa claro que não são os crimes de responsabilidade que entrarão em pauta, mas a forma como a direita brasileira vai se reagrupar e para isto precisa de um candidato que represente o oposto a utra-direita.

As elites aceitaram Bolsonaro enquanto ele fazia todo o trabalho sujo de vender nossas empresas e entregar nossas riquezas. Aceitou um presidente sob suspeita a saúde mental. Elas aceitaram o seu fascínio por armas, a paranóia que o levava a encontrar inimigos em todos os cantos, um narcisismo extremo. Mas não aceitará ser responsabilizada pelas loucuras e delírios que levaram mais de seiscentas mil mortes.

As manifestações não correram como ele imaginava. Bolsonaro como bom ator, neste feriado não soube desempenhar bem o seu papel, e as suas manobras de diversão não conseguiram desviar as atenções do desastre que tem sido a sua presidência: aumento do desemprego e pobreza; gestão desastrosa da pandemia tendo como pano de fundo um negacionismo irresponsável; nepotismo; tencionando as crises: social e política; crescente isolamento internacional.

Apesar do apoio de parte das Forças Armadas, o exército brasileiro, mesmo tendo uma longa história de intervenção política, demonstrou que não comunga dos delírios do presidente, e a maioria da direita e centro-direita, que apesar de não quererem fazer uma auto-critica por ter votado nele em 2018, reafirmou que é formada por gente “sensata”. Mesmo que “enganada” por uma vez, não voltará a embarcar nos delírios de um homem perturbado e perigoso.

Cada vez mais isolado, resta a Bolsonaro o apoio de setores evangélicos e da polícia militar. Não podemos esquecer que este apoio num país onde as igrejas evangélicas têm uma capacidade de convencimento sobre seus fieis e uma percentagem significativa da população, ainda representa um quarto do eleitorado.


O certo é que o grito do Ipiranga não deixou de dar razão ao desespero de Bolsonaro. Ontem, os brasileiros mostraram que, apesar das compreensíveis desilusões com a prática política, a sua escolha passa pelo reforço da democracia e não pelo populismo. Bolsonaro ainda fanatiza, mas o caminho para o impeachment é a salvação da direita.


 

 

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...