segunda-feira, 13 de setembro de 2021

ARTIGO - Uma carta testamento vem sempre acompanhada com um tiro no peito. (Padre Carlos)

 

Um tiro no pé.

 


Meu pai sempre me dizia que os maiores covardes são aqueles que mais querem status de valentões. Foi assim, com enorme surpresa que eu assisti esta semana ao vergonhoso recuo de Jair Bolsonaro, diante de todo o mundo. Confesso aos senhores, que aquela figura abatida e com um semblante como se tivesse beijado a lona, não parecia nada com aquele personagem incendiário que durante meses atacou de todas as formas e feitios a Justiça e a nossa democracia.

        


Como acreditar se tratar da mesma pessoa que alguns dias atrás ameaçavam descumprir ordens do Supremo Tribunal Federal e incitava seus apoiadores contra os ministros da corte, em pleno Sete de Setembro. Esta mesma autoridade que acenou diversas vezes para uma ruptura entre os poderes, fazendo de forma concreta ameaça de golpe de Estado. Este mesmo homem que na terça-feira aos delírios buscava a centralização total do poder, como na figura do Rei. Para ele, assim como Luiz XIV, "O Estado sou eu." Agora, menos de uma semana, estava na minha frente, fazendo um inesperado ‘mea culpa’, pedindo desculpa pelos excessos antidemocráticos e garantindo que as ameaças, insultos e injúrias dos últimos meses foram apenas fruto “do calor do momento”. Ao atribuir “este momento," quer que acreditemos que não cometeu crime nem teve "intenção de agredir" os poderes.

Diante deste “milagre,” Alexandre de Moraes, passou, no léxico do presidente, de "canalha" por ter condenado a prisão de bolsonaristas que tiveram atitudes inconstitucionais, a "jurista e professor", em apenas 48 horas.

 

Neste país, uma carta testamento vem sempre acompanhada com um tiro no peito, mas como de valentão virou como disse o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, "frouxo e covarde," não podemos esperar tal comportamento. Se com uma carta testamento o velho político da década de cinqüenta deu o tiro no peito, com estas qualidades que Maia revelou do presidente, com certeza  este tiro foi no pé.


O recuo do discurso do presidente, entretanto, causou um curto-circuito entre a sua base de adoradores. A militância oscilou entre o apoio cego e incondicional ao presidente e o desembarque do Governo, algo que costuma ocorrer com políticos que demonstram fraqueza e estão balançando no poder.

Diante de tanta fraqueza, a direita já rendeu o bolsonarismo para tentar emplacar a terceira via.

 

 

Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...