É verdade que nascemos revolucionários e morremos conservadores?
Como
professor de filosofia, venho percebendo que os Conceitos que definem nossas
ações e os que defendemos muitas vezes se apresentam de um jeito confuso e
sendo usado de forma indevida. É o caso do conservadorismo, como do
liberalismo, do socialismo e da modernidade. Há um conservadorismo possível
para o século XXI que nada tem a ver com associações erradas. Ser conservador
não é ser reacionário, nem tradicionalista, nem ser apologista do mau
populismo, nem fascista, da alt-right ou qualquer expressão extremista e
radical da direita, ou aceitar qualquer movimento que proponha mundos
alternativos, paranóicos e conspirativos e que seja antissistema por sistema.
Ser
conservador para um velho professor significa guardar o que há de melhor no que
fizemos e pensamos, para que as novas gerações possam adaptá-lo a cada tempo e corrigir
o que há para corrigir. Há um tesouro que é a o acumulo de toda a experiência
humana, que encontramos na nossa história e na nossa idéia de futuro, das nossas
ações em comum, como resultado dos laços sociais e da relação de liberdade individual
com a comunidade e o bem comum, da idéia da dignidade da pessoa e de sociedades
decentes.
Ser
conservador significa que não vale tudo, que existem limites e portas que não
se devem abrir. Ser conservador é saber que não somos deuses, que as promessas
de trazer o céu para a terra ou do homem-deus que é o homem demente não são
utopias, são estória que não tem lugar hoje em no movimento estudantil. Não
há uma bondade natural, nem uma maldade inevitável, mas nem tudo é relativo ou
simples contexto. Não há também conquistas irreversíveis, como é caso da
liberdade individual responsável, da democracia e da equidade que têm que ser
defendidas e reafirmadas. Não há sociedades idéias, mas sociedades reais.
Precisamos
acabar com o mito do velho reacionário e buscar o que existe de melhor na nossa
sociedade e valorizar toda a experiência acumulada que as gerações que nos
antecederam deixaram como herança para humanidade.