Confissões de um militante
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domingo, 28 de novembro de 2021
ARTIGO - Confissões de um militante (Padre Carlos)
quinta-feira, 25 de novembro de 2021
ARTIGO - A pandemia deixou claro que a Saúde é um dos pilares da Democracia (Padre Carlos)
A pandemia deixou claro que a Saúde é um dos pilares da Democracia
Com a crise pandêmica que ceifou mais de seiscentas
mil almas em nosso país, tem ficado cada vez mais claro que a Saúde é um pilar
de uma sociedade democrática. Por isso, não pode deixar de ser prioridade para qualquer
governo. Contudo, do discurso de bravata
de certos políticos à ação vai uma distância muito grande. E, se fica bem no
programa eleitoral ou de governo, também não ficava mal na vida real. Mas no
mundo da política é muito diferente.
Comecemos pela Saúde. Tão falada nos últimos meses
por causa da pandemia. Os profissionais de saúde que foram excessivamente; elogiados e
designados heróis pelo desempenho inexcedível no combate ao vírus, são os
mesmos que, hoje, não conseguem sequer receberem o salário nas cooperativas ou
nas empresas terceirizadas. Os nossos heróis, são explorados e não têm a quem
recorrer, é estes homens e mulheres que foram para linha de frente, que
gostariam de ver algumas das suas reivindicações atendidas. Um dos gargalos nesta piramide, são as relações de trabalho dos Tec. de Enfermagem e as Home Care em relação as baixas remunerações pelos pantões. Estes profissionais terminam assumindo uma carga de trabalho excessiva para ganhar mais que um salário. Porque será que o Concelho Regional de Enfermagem não levantou esta bandeira?
O retrato completa-se com uma completa falta de
pessoal, o aumento da dependência de horas extra e mais contratação de
trabalhadores contratados por cooperativas. O cenário que se vive nos hospitais
brasileiros é descrito como caótico, de escassez e à beira da ruptura.
Transversal a todo o país.
Precisamos ser mais justo para aprofundar uma
análise mais precisa e fazer as perguntas que importam. São conhecidos todos os
números associados à covid-19: os mortos, os novos casos, os recuperados, os
internamentos e a vacinação. Mas importa saber o que não é dito todos os dias:
Como decorreu a atividade de saúde relativa às restantes patologias? Como
evoluiu a mortalidade não Covid durante a pandemia? A vida não é só Covid e, no
Brasil, muitas pessoas foram vítimas indiretas. Foi evidente a quebra das
consultas presenciais de cuidados preventivos, durante a pandemia. Mais de um
terço da população declarou ter desistido de um exame médico ou tratamento
necessário durante os primeiros doze meses da pandemia.
quarta-feira, 24 de novembro de 2021
ARTIGO - As prévias revelam a decadência do PSDB (Padre Carlos)
A utradireita e o
Bolsonarismo vieram ocupar um vazio que o DEM e do PSDB nunca souberam (ou não
quiseram) preencher
O vexame que o PSDB tem
passado já era previsível, a prévia somente revelou a decadência e a guerra
interna daquele que foi o maior partido de centro direito brasileiro.
O
caso mais evidente é o PSDB - que nasceu no processo de redemocratização e buscando
uma identidade de centro parecida com o trabalhismo Inglês ou a social
democracia alemã. Podemos dizer que apesar da elite intelectual e parcela da burguesia
seguirem o tucano como se professasse uma fé, a polarização com o PT nestes
tinta anos, levou o partido a uma guinada a direita e a tomarem posições que
poderiam fazer alguns fundadores revirarem de seus túmulos.
A
sociedade evoluiu, a globalização transformou nossos sonhos e nossas realidades,
veio à digitalização, mas o PSDB não se importava e como seus candidatos sempre
chegavam ao segundo turno, a direita vinha a reboque. Não fez uma autocrítica
nem impediu a guinada de seus quadros em direção a utradireita e agora vai
sendo ultrapassado por todos.
Podemos
dizer que as forças democráticas se parecem como um tecido orgânico e por isto,
fizeram emergir novas ‘causas’, como os direitos que foram arrancados da
constituição, como a defesa da democracia e do estado de direito etc., e o PSDB
do saudoso Mario Covas, não liderou - porque estava amarrado a uma ideologia do
poder e da classe dominante.
Tal
como o PSDB, também o DEM está em processo de envelhecimento acelerado e em
vias de extinção. O caso é muito diferente; mas parece impossível que um
partido que até há dias tinha quadros excelentes esteja desaparecendo, enquanto
partidos sem qualquer tradição, sem quadros, quase sem dirigentes crescem de
mês para mês.
Como
é possível que o bolsonarismo e a Iniciativa Utra- Liberal tenham ultrapassado
o PSDB com tanta facilidade? O que Bolsonaro e seus seguidores têm que o PSDB
não tem? De inicio podemos dizer que, não tiveram vergonha de se dizer ‘de
direita’ - coisa que o PSDB nunca fez. Acusado de ‘fascista’ no período da
redemocratização, definiu-se como um ‘grupo de direita sem vergonha de ser e
defender seus ideais’.
Enquanto
o PSDB e o DEM por razões táticas de sobrevivência, sempre negaram publicamente
que eram de direita, depois deixou de fazer sentido quando chegou ao governo. Era
difícil perceber por que razão o partido mais à direita do Parlamento se
recusava a dizer-se de direita.
Com
a morte de Mario Covas, o partido perde não apenas seu fundador, mas parte da
sua essência e nos momento mais difícil, era com ele que muitos eleitores se
identificavam - e a sua deriva para a utradireita cortou o elo emocional entre
o eleitorado e o partido.
Sabemos
que no Brasil há eleitores de direita, como em todo o mundo, o fato de o PSDB
nunca ter querido assumir-se como da direita - e a posterior inclinação para a
utradireita do seu líder Aécio Neves - deixou uma parte do eleitorado órfã. Durante
muito tempo, os eleitores de direita não tinham onde votar. Foi esse vazio que
o Bolsonarismo e a extrema-direita vieram preencher, embora de formas
diferentes.
Esta nova direita
passou a dirige-se à classe média, a eleitores mais sofisticados, mais urbanos,
defendendo uma liberdade quase sem limitações. Seus projetos são individualistas
e não coletivista. É contra todo o tipo de entraves que compliquem o
desenvolvimento do indivíduo e a afirmação do seu ‘eu’. Neste sentido, é a
favor de um Estado mínimo, preconiza baixar impostos e apóia abertamente à
iniciativa privada. Aceita as desigualdades como conseqüência natural das
próprias diferenças entre os seres humanos - opondo-se às ideologias que
defendem a igualdade.
O
Bolsonarismo é um fenômeno e uma direita diferente do PSDB e do DEM eles não
falam para a classe média, mas para o ‘povo’. É liberal na economia,
mas não na política: defende a autoridade do Estado e critica a sua passividade
perante a indisciplina e o crime.
Neste
aspeto, foi o primeiro partido ou vertente de pensamentos a ter a coragem (ou o
desplante, conforme o ponto de vista) de afrontar valores democráticos que se
consideravam intocáveis.
Tendo falhado o seu
momento histórico nos anos 80 - quando não assumiu as causas tradicionais de centro
e guinou à direita -, o PSDB tornou-se um partido inútil.
Ao contrário do que
se diz, não foi João Doria que o matou. Quando ele o herdou, já o PSDB estava
morto há muito tempo. O PSDB nasceu e morreu com Fernando Henrique Cardoso;
este foi o seu pai e o seu coveiro.
segunda-feira, 22 de novembro de 2021
ARTIGO - Qual o papel dos leigos na Igreja? (Padre Carlos)
Qual o papel dos leigos na Igreja?
O Concílio Vaticano II
recuperou o papel dos leigos na Igreja. Como dizia Frater Henrique: “deixaram
de ser a massa amorfa dos cristãos que se submetiam às ordens da hierarquia e
passaram a ser considerados co-responsáveis na tarefa da evangelização”.
Desde
o Concílio têm surgido novos movimentos, associações de fiéis e novas
comunidades que procuram dar resposta aos desafios suscitados pelos meios que
os leigos freqüentam. Geralmente seguem o carisma de um fundador ou fundadora,
promovendo novas formas de estar e de atuar na Igreja e no Mundo.
No mês
de setembro, em Roma, o Papa Francisco reuniu-se com responsáveis destes novos
movimentos. Eles são para o Papa "um sinal claro da vitalidade da
Igreja", bem como "uma força missionária e uma presença
profética" que garante "esperança para o futuro". O Papa
agradeceu-lhes a contribuição que têm dado pela sua presença no Mundo,
sobretudo nestes últimos anos marcados pela pandemia, nos quais muitos
movimentos estiveram na linha da frente do apoio às vítimas e aos mais pobres.
O Papa
aproveitou a ocasião para não deixar dúvidas sobre um decreto do Dicastério
para os Leigos, a Família e a Vida, publicado a 11 de junho deste ano. O
decreto procura regular a forma como essas associações são governadas. Ele
busca impedir que, com exceção dos fundadores, os dirigentes se eternizem nos
cargos, podendo apenas cumprir dois mandatos consecutivos de cinco anos.
O Papa
não esqueceu algumas novas comunidades eclesiais que se afastaram do seu
carisma de fundação, que se afastaram do seu carisma e que, por isso, tiveram
de ser encerradas. O Papa identificou o "abuso do poder" como a
gênese dessas distorções.
sexta-feira, 19 de novembro de 2021
ARTIGO - Analise de conjuntura tem que ser um olhar crítico (Padre Carlos)
Analise
de conjuntura tem que ser um olhar crítico
Cada vez
mais isolado, sem apoio da sociedade, sem idéias para o Brasil e sem uma
alternativa clara para oferecer à população nas próximas eleições, o
bolsonarismo tenta repetir uma polarização com o anti-petismo e aposta em uma
frente com os liberais e setores do centro. Diante desta falta de proposta, só
resta o discurso populista, pois não se constrange ao manifestar sua falta de
apreço pela democracia e pela liberdade.
Diante da
inércia e da falta de representatividade, não se pode ignorar a intervenção
estapafúrdia do presidente nos compromissos internacional, quando se notabiliza
cada vez mais pela enorme dificuldade de articular um pensamento minimamente
coerente, lógico e concatenado.
Fica claro
que, assim como não entende de economia, política, gestão pública, liderança e
inúmeros outros assuntos para os quais deveria dar mais atenção. Bolsonaro não consegue interpretar ou
identificar o que são liberdades, democracia e república. Res publica "coisa do povo", "coisa
pública". Ignora a origem da palavra república. A família esqueceu por
completo que o termo normalmente se refere a uma coisa que não é considerada
propriedade privada, mas a qual é, em vez disso, mantida em conjunto por muitas
pessoas.
Tal
comportamento intolerante e antidemocrático de apropriar segundo o Ministério
Público de parte do salário dos funcionários do gabinete, como tentar nomear
seu filho embaixador em Washington ou intervir na estrutura do Estado, não são
atitudes nada republicana.
Não
podemos negar, que a direita que busca se distanciar do bolsonarismo tem certa
culpa com tudo o que está acontecendo, Essa direita de que falamos com certa
vergonha e um profundo pesar se assemelha cada vez mais à extrema-direita da
qual tanto pretende se diferenciar. São grupos que tentam censurar e tirar
proveito da situação. É uma visão arcaica, anacrônica, reacionária e até mesmo
fascista.
Quando
afirmamos a necessidade de construirmos uma alternativa concreta que unifique o
campo das forças democráticas para as eleições de outubro, é também em função
disso. A esquerda não tem maioria para governar e o centro e parcela da
burguesia precisam entender que é hora de uma Geringonça brasileira
e para que o país saia desta crise é preciso um grande pacto e sem os setores
que representam todos os seguimentos ficaremos refém do Centrão e dos seus
caciques.
segunda-feira, 15 de novembro de 2021
ARTIGO - Nossa República e seu défice democrático (Padre Carlos)
Nossa República e seu défice
democrático
O legado das lutas
emancipatórias na América Latina é um ótimo lugar para iniciar um relato das
origens da idéia de resistência e as atuais lutas que se travam neste continente.
Mas, embora a natureza dessa relação esteja longe de ser tão claro quanto isso,
a herança da luta contra os colonizadores é clara no Novo Continente, atingindo
o seu apogeu na idéia de Democracia.
Até o início do século
passado, as minorias letradas pautavam as vidas da restante população predominantemente
analfabeta. As elites era o completo oposto da idéia de equilíbrio e, apesar das
revoltas como aconteceu no Brasil como a do Forte de Copacabana e da Coluna
Prestes, só em 1930, o povo despertou. Por breves instantes, houve esperança.
No entanto, os filhos da revolução voltaram a cair e, embora a História nunca
se repita, pudemos constatar do Norte ao Sul um aggiornamento da onda azul nos EUA do partido democrata ao outro hemisfério com uma
“onda vermelha” na América Latina, esta sim com reais possibilidades de se
concretizar.
Além dos governos de caráter revolucionário, como a da
Venezuela que segue com um governo central sob Maduro, assim como Cuba e
Nicarágua, mesmo com as perdas dos sonhos da sua revolução, teve também a Argentina,
que desbancou a política neoliberal, elegendo um governo com votos populares.
A Bolívia voltou a pertencer a seu povo e os “cocaleiros”, através
de Lucho Arce. O Equador, após a fim do governo de Rafael Correia, perseguido
pelas elites, à esquerda apesar de não ter ganhado as eleições, deixou claro
que tem força para voltar ao poder.
O México também está com a
esquerda, desde as últimas eleições. O Peru e a Colômbia, também estão com uma
esquerda com mais chance de sucesso, nas próximas eleições e a articulação
entre os países e seus povos, favorecem este cenário.
A relação entre promessas e
realidade, não podem ocupar um discurso populista para seguir ocupando o espaço
político, seja à esquerda ou à direita e com a perda relativa do
protagonismo internacional e uma política externa de menor intensidade
nos governos Temer e Bolsonaro ficam evidentes cada vez mais a importância que
o Brasil deve ocupar no cenário internacional.
Mas o caminho do projeto
de integração latino americana não será fácil, desde as crises políticas as quartelas
e os golpes das elites econômicas. Apesar dos avanços democráticos, não podemos
negar que a democracia latina americana atravessa uma fase verdadeiramente
difícil, fruto de respostas fracas e hipócritas a problemas internos e de
política externa por parte das suas instituições. A confiança dos latinos nos
seus sistemas de governo tem-se deteriorado e alguns povos confiam cada vez
menos nos seus governantes, tendo isso ficado bem patente nas últimas eleições.
A descrença aumentou um pouco por todo o Novo Continente e a comunicação
política transformou-se em algo enredado e confuso.
Num meio em que a
corrupção se tem tornado progressivamente numa realidade, a abnegação dos
jovens face à política é cada vez mais preocupante. Hoje em dia, o voto é o bem
mais precioso que este povo tem para se libertar e, depois de tanto tempo
convivendo sob as conseqüências nefastas de uma pandemia, os cidadãos voltam-se
para os seus líderes e instituições à procura de soluções. Depois de quase dois
anos extremamente penoso para muitos, podemos constatar a falta que faz uma
liderança capaz de conduzir com habilidade política, as lutas e projetos para
construção da soberania não só do Brasil, mas de toda a América
Latina.
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