quinta-feira, 25 de novembro de 2021

ARTIGO - A pandemia deixou claro que a Saúde é um dos pilares da Democracia (Padre Carlos)

 

A pandemia deixou claro que a Saúde é um dos pilares da Democracia

 




Com a crise pandêmica que ceifou mais de seiscentas mil almas em nosso país, tem ficado cada vez mais claro que a Saúde é um pilar de uma sociedade democrática. Por isso, não pode deixar de ser prioridade para qualquer governo.  Contudo, do discurso de bravata de certos políticos à ação vai uma distância muito grande. E, se fica bem no programa eleitoral ou de governo, também não ficava mal na vida real. Mas no mundo da política é muito diferente.  


Não podemos negar que de hoje em diante e, durante alguns anos, ouviremos sempre falar da pandemia. A partir de março de 2020, entramos na era pandêmica. Um terremoto social provocado por uma epidemia que, a pesar de ter atingido o mundo inteiro, foi combatida de formas diferentes por certos governos

Comecemos pela Saúde. Tão falada nos últimos meses por causa da pandemia. Os profissionais de saúde que foram excessivamente; elogiados e designados heróis pelo desempenho inexcedível no combate ao vírus, são os mesmos que, hoje, não conseguem sequer receberem o salário nas cooperativas ou nas empresas terceirizadas. Os nossos heróis, são explorados e não têm a quem recorrer, é estes homens e mulheres que foram para linha de frente, que gostariam de ver algumas das suas reivindicações atendidas. Um dos gargalos nesta piramide, são as relações de trabalho dos Tec. de Enfermagem e as Home Care em relação as baixas remunerações pelos pantões. Estes profissionais terminam assumindo uma carga de trabalho excessiva para ganhar mais que um salário. Porque será que o Concelho Regional de Enfermagem não levantou esta bandeira?

O retrato completa-se com uma completa falta de pessoal, o aumento da dependência de horas extra e mais contratação de trabalhadores contratados por cooperativas. O cenário que se vive nos hospitais brasileiros é descrito como caótico, de escassez e à beira da ruptura. Transversal a todo o país.

Precisamos ser mais justo para aprofundar uma análise mais precisa e fazer as perguntas que importam. São conhecidos todos os números associados à covid-19: os mortos, os novos casos, os recuperados, os internamentos e a vacinação. Mas importa saber o que não é dito todos os dias: Como decorreu a atividade de saúde relativa às restantes patologias? Como evoluiu a mortalidade não Covid durante a pandemia? A vida não é só Covid e, no Brasil, muitas pessoas foram vítimas indiretas. Foi evidente a quebra das consultas presenciais de cuidados preventivos, durante a pandemia. Mais de um terço da população declarou ter desistido de um exame médico ou tratamento necessário durante os primeiros doze meses da pandemia.


O estado da Saúde de um país é um sinal da sua vitalidade e da sua vocação para o progresso. Nenhum país pode conviver com um regime democrático se não souber cuidar dos seus. Mas se esta é uma base estrutural da Democracia, é hoje o nosso barômetro para um quadro verdadeiramente preocupante. A casa que é a democracia já está comprometida. E, se continuamos a ignorar as rachaduras, seremos responsáveis quando ela for abaixo!

 

 

 

 

Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...