Nossa República e seu défice
democrático
O legado das lutas
emancipatórias na América Latina é um ótimo lugar para iniciar um relato das
origens da idéia de resistência e as atuais lutas que se travam neste continente.
Mas, embora a natureza dessa relação esteja longe de ser tão claro quanto isso,
a herança da luta contra os colonizadores é clara no Novo Continente, atingindo
o seu apogeu na idéia de Democracia.
Até o início do século
passado, as minorias letradas pautavam as vidas da restante população predominantemente
analfabeta. As elites era o completo oposto da idéia de equilíbrio e, apesar das
revoltas como aconteceu no Brasil como a do Forte de Copacabana e da Coluna
Prestes, só em 1930, o povo despertou. Por breves instantes, houve esperança.
No entanto, os filhos da revolução voltaram a cair e, embora a História nunca
se repita, pudemos constatar do Norte ao Sul um aggiornamento da onda azul nos EUA do partido democrata ao outro hemisfério com uma
“onda vermelha” na América Latina, esta sim com reais possibilidades de se
concretizar.
Além dos governos de caráter revolucionário, como a da
Venezuela que segue com um governo central sob Maduro, assim como Cuba e
Nicarágua, mesmo com as perdas dos sonhos da sua revolução, teve também a Argentina,
que desbancou a política neoliberal, elegendo um governo com votos populares.
A Bolívia voltou a pertencer a seu povo e os “cocaleiros”, através
de Lucho Arce. O Equador, após a fim do governo de Rafael Correia, perseguido
pelas elites, à esquerda apesar de não ter ganhado as eleições, deixou claro
que tem força para voltar ao poder.
O México também está com a
esquerda, desde as últimas eleições. O Peru e a Colômbia, também estão com uma
esquerda com mais chance de sucesso, nas próximas eleições e a articulação
entre os países e seus povos, favorecem este cenário.
A relação entre promessas e
realidade, não podem ocupar um discurso populista para seguir ocupando o espaço
político, seja à esquerda ou à direita e com a perda relativa do
protagonismo internacional e uma política externa de menor intensidade
nos governos Temer e Bolsonaro ficam evidentes cada vez mais a importância que
o Brasil deve ocupar no cenário internacional.
Mas o caminho do projeto
de integração latino americana não será fácil, desde as crises políticas as quartelas
e os golpes das elites econômicas. Apesar dos avanços democráticos, não podemos
negar que a democracia latina americana atravessa uma fase verdadeiramente
difícil, fruto de respostas fracas e hipócritas a problemas internos e de
política externa por parte das suas instituições. A confiança dos latinos nos
seus sistemas de governo tem-se deteriorado e alguns povos confiam cada vez
menos nos seus governantes, tendo isso ficado bem patente nas últimas eleições.
A descrença aumentou um pouco por todo o Novo Continente e a comunicação
política transformou-se em algo enredado e confuso.
Num meio em que a
corrupção se tem tornado progressivamente numa realidade, a abnegação dos
jovens face à política é cada vez mais preocupante. Hoje em dia, o voto é o bem
mais precioso que este povo tem para se libertar e, depois de tanto tempo
convivendo sob as conseqüências nefastas de uma pandemia, os cidadãos voltam-se
para os seus líderes e instituições à procura de soluções. Depois de quase dois
anos extremamente penoso para muitos, podemos constatar a falta que faz uma
liderança capaz de conduzir com habilidade política, as lutas e projetos para
construção da soberania não só do Brasil, mas de toda a América
Latina.
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