sexta-feira, 19 de novembro de 2021

ARTIGO - Analise de conjuntura tem que ser um olhar crítico (Padre Carlos)

 

Analise de conjuntura tem que ser um olhar crítico



Cada vez mais isolado, sem apoio da sociedade, sem idéias para o Brasil e sem uma alternativa clara para oferecer à população nas próximas eleições, o bolsonarismo tenta repetir uma polarização com o anti-petismo e aposta em uma frente com os liberais e setores do centro. Diante desta falta de proposta, só resta o discurso populista, pois não se constrange ao manifestar sua falta de apreço pela democracia e pela liberdade.


A lamentável campanha levada a cabo por simpatizantes e mesmo alguns próceres da utradireita, que vieram o público para defender um golpe militar e o fechamento do STF, representa a falência política e moral e do completo descompasso entre certos setores da direita e o mundo real. Se, por um lado, já tivemos bolsonaristas e entusiastas da extrema-direita criando uma rede de fake news, e disseminarem toda forma de ódio e divisão na sociedade, hoje fica mais difícil, diante da tomada de posição daquela Corte. Estamos vendo um recuo de lideranças deste setor diante da incapacidade de seu líder formalizar uma pauta e apesar da onda conservadora não contar com parcela da burguesia, não podemos negar a importância que teve o choque que os Ministros da Suprema Corte deram em alguns membros fundamentalistas, servindo assim, para que seu chefe fizesse um recuo técnico. Fico imaginando se, em meio à tamanha cegueira ideológica, os que hoje defendem a ditadura a tortura e o AI5, também seriam capazes de queimar livros que, porventura, criticassem os seus Mitos ou contraísse suas cartilhas.

Diante da inércia e da falta de representatividade, não se pode ignorar a intervenção estapafúrdia do presidente nos compromissos internacional, quando se notabiliza cada vez mais pela enorme dificuldade de articular um pensamento minimamente coerente, lógico e concatenado.

Fica claro que, assim como não entende de economia, política, gestão pública, liderança e inúmeros outros assuntos para os quais deveria dar mais atenção.  Bolsonaro não consegue interpretar ou identificar o que são liberdades, democracia e república. Res publica  "coisa do povo", "coisa pública". Ignora a origem da palavra república. A família esqueceu por completo que o termo normalmente se refere a uma coisa que não é considerada propriedade privada, mas a qual é, em vez disso, mantida em conjunto por muitas pessoas.

Tal comportamento intolerante e antidemocrático de apropriar segundo o Ministério Público de parte do salário dos funcionários do gabinete, como tentar nomear seu filho embaixador em Washington ou intervir na estrutura do Estado, não são atitudes nada republicana.

Não podemos negar, que a direita que busca se distanciar do bolsonarismo tem certa culpa com tudo o que está acontecendo, Essa direita de que falamos com certa vergonha e um profundo pesar se assemelha cada vez mais à extrema-direita da qual tanto pretende se diferenciar. São grupos que tentam censurar e tirar proveito da situação. É uma visão arcaica, anacrônica, reacionária e até mesmo fascista.

Quando afirmamos a necessidade de construirmos uma alternativa concreta que unifique o campo das forças democráticas para as eleições de outubro, é também em função disso. A esquerda não tem maioria para governar e o centro e parcela da burguesia precisam entender que é hora de uma Geringonça brasileira e para que o país saia desta crise é preciso um grande pacto e sem os setores que representam todos os seguimentos ficaremos refém do Centrão e dos seus caciques. 


O Brasil não pode, de forma alguma, ficar refém de uma polarização entre, à direita e à esquerda, precisamos construir um projeto com o tripé da sociedade (Estado - mercado - sociedade civil) com o triângulo de Foucault. À esquerda e seus aliados precisam entender que o poder está por toda parte e provoca ações ora no campo do direito, ora no da verdade. Deve ser entendido como uma relação flutuante, não estando em uma instituição (Partido) nem em ninguém (Liderança), enquanto não aprendermos isto, estaremos à mercê da democracia e da própria liberdade. As diversas facetas do obscurantismo, que se retroalimentam e se confundem entre si, devem ser duramente combatidas no âmbito democrático. Ou deslocamos uma base ideológica e construirmos um projeto de unidade popular ou seremos inconseqüentes.

 

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