quarta-feira, 24 de maio de 2023

ARTIGO - A Importância de Respeitar a Decisão do TSE na Cassação de Dallagnol. (Padre Carlos)

 


Dallagnol, não está acima da lei.


Em um momento em que a autoridade das instituições públicas é constantemente questionada, é essencial fortalecer a importância de um tribunal e acatar as decisões judiciais, especialmente quando se trata de um caso envolvendo um representante público. Recentemente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o mandatário do ex-deputado Dallagnol, condenado por crimes e atos de improbidade administrativa. No entanto, há parlamentares que buscam salvar o mandato de Dallagnol, o que configura um desrespeito à vontade popular e uma agressão à democracia.

Ele deve responder pelos seus atos perante a justiça, sem esperar por privilégios indevidos concedidos pelo Congresso. Permitir que os parlamentares salve o mandato de Dallagnol seria um claro desrespeito à democracia e à moralidade pública.

Ao cassar o mandato de Dallagnol, o TSE não está fazendo nada mais que o seu papel que é cumprir a lei e garantir a integridade do processo eleitoral. Agora, cabe ao Congresso fazer a sua parte e respeitar a decisão da Corte. A democracia se baseia na separação dos poderes e no respeito às decisões judiciais. Tentar anular uma decisão legítima e soberana do TSE seria um golpe contra a democracia e contra a própria República.

Neste momento de crise, é fundamental que a sociedade esteja vigilante e exija dos seus representantes que comprem a lei e defendam os interesses coletivos. Devemos nos unir em defesa dos nossos direitos e das nossas instituições, impedindo que os interesses particulares se sobreponham aos interesses coletivos.

O respeito às decisões de julgamento é essencial para a estabilidade e a confiança no sistema democrático. Quando as instituições são desafiadas e desrespeitadas, a confiança do povo é abalada, e o tecido democrático se fragiliza. Devemos reafirmar o compromisso com a legalidade e a transparência, mostrando que ninguém está acima da lei, inclusive aqueles que ocupam cargos públicos.

Diante de tais fatos, é necessário que os parlamentares respeitem a decisão do TSE na cassação do mandato de Dallagnol. A Lei da Ficha Limpa representa a vontade da sociedade em ter representantes íntegros e comprometidos com o bem comum. Não podemos permitir que particulares se sobreponham aos interesses coletivos e à democracia. A defesa dos nossos direitos e das nossas instituições é essencial para garantir a estabilidade democrática e o fortalecimento do Estado de Direito. É papel do Congresso Nacional zelar pela integridade das instituições democráticas e agir de acordo com os princípios da ética e da moralidade pública.

Ao desconsiderar a decisão do TSE e tentar salvar o mandato de Dallagnol, os parlamentares terminam enviando uma mensagem negativa a sociedade que a lei só vale para o povo.  Isso demonstra uma postura de conivência com atos ilícitos e uma falta de compromisso com a justiça e a transparência. É necessário reforçar que a democracia não se sustenta sem a confiança da população em suas instituições. Quando os cidadãos percebem que as leis são ignoradas e as decisões judiciais são desconsideradas, a aprovação do sistema é colocada em xeque. Isso pode gerar descontentamento, desilusão e até mesmo um sentimento de impunidade, minando os pilares fundamentais da democracia.

A atuação dos parlamentares deve estar pautada pelo respeito às leis e à independência dos poderes. É fundamental que eles ajam em consonância com os interesses da sociedade e ajam como verdadeiros representantes do povo. Isso implica em cumprir com o seu dever de fiscalizar, legislar e, principalmente, acompanhar as decisões judiciais.

A tentativa de anular a cassação do mandato de Dallagnol por parte do Congresso seria um retrocesso significativo no combate à corrupção e à impunidade.  Desta forma, é fundamental que a sociedade esteja atenta e mobilizada para exigir dos parlamentares o cumprimento da lei e o respeito às decisões judiciais. Devemos reafirmar a importância da democracia, da transparência e da justiça como pilares fundamentais do nosso sistema político. Só assim poderemos avançar no fortalecimento das instituições e na construção de um país mais justo e ético para todos os cidadãos.

 


ARTIGO - O PT e a nova esquerda: entre a mobilização e a cooptação. (Padre Carlos)

 



O PT e a nova esquerda no Brasil




       O Partido dos Trabalhadores (PT) surgiu na década de 1980 como uma expressão das lutas sociais e políticas dos trabalhadores, dos movimentos populares e das forças de esquerda contra a ditadura militar e o neoliberalismo. O PT se apresentava como um partido diferente dos demais, que buscava construir uma alternativa socialista, democrática e popular ao modelo de desenvolvimento excludente e dependente do capitalismo brasileiro.

     Ao longo de sua trajetória, o PT enfrentou diversos desafios e dilemas, que envolveram tanto a sua relação com as classes dominantes e as instituições do Estado, quanto a sua capacidade de manter a sua identidade e coerência programática, ética e ideológica. O PT passou por processos de transformação interna, que envolveram disputas entre diferentes tendências ou correntes, que expressavam distintas concepções sobre o papel do partido, a estratégia de mudança social e o projeto de sociedade.

   Nesse contexto, emergiu o que se convencionou chamar de nova esquerda, uma forças políticas e sociais que se opunham ao comunismo de estilo soviético e buscavam renovar o pensamento e a prática da esquerda no Brasil e no mundo. A nova esquerda se caracterizava por defender uma abordagem mais democrática, pluralista, participativa e emancipatória do socialismo, que valorizava a diversidade de sujeitos, demandas e movimentos sociais, bem como a autonomia da sociedade civil em relação ao Estado.

     A nova esquerda teve uma influência importante na formação do PT, que incorporou em seu programa e em sua organização elementos dessa visão. No entanto, a nova esquerda também enfrentou limites e contradições, que se manifestaram na dificuldade de articular uma proposta consistente e viável de superação do capitalismo, na tendência à fragmentação e à dispersão das lutas sociais e na vulnerabilidade às pressões e às seduções do sistema político institucional.

   Um dos principais problemas que se colocou para o PT e para a nova esquerda foi o de como conciliar a participação nas eleições e nos governos com a manutenção da mobilização social e da radicalidade política. O PT conseguiu chegar ao poder em diversos níveis da federação, culminando com a eleição de Lula à presidência da República em 2002. No entanto, esse processo também implicou em concessões, alianças, compromissos e adaptações que afetaram o caráter original do partido.

   Como analistas tenho presenciando nestas quatro décadas a perda e a capacidade de mobilização do PT de apresentar uma utopia onde os militantes se entreguem ao projeto sem que necessariamente tenha na pauta cargos e compensação financeira. Na minha visão, o PT passou por um processo de burocratização, se institucionalizado e se perseber foi sendo cooptado pelo sistema político dominante, transformando os sindicalistas, os antigos militantes dos partidos comunistas e das organizações de esquerda em verdadeiros cabos eleitorais.Foi também como analistas que presenciei o PT  realizar avanços significativos na melhoria das condições de vida da população mais pobre, na ampliação dos direitos sociais e na promoção da participação popular nos espaços públicos. 

     Acredito que o PT conseguiu apesar de tudo, manter uma postura crítica e transformadora diante das estruturas do poder, quando buscou construir um projeto nacional-popular que combinasse desenvolvimento econômico com distribuição de renda e democracia.

    Apesar destas duas perspectivas que testemunhei expressarem aspectos reais e contraditórios da trajetória do PT e da nova esquerda no Brasil, vejo neste partido um pragmatismo e a falta daquele combustível utópico que tanto embalou minha geração. Não se trata aqui de negar ou exaltar acriticamente os erros ou os acertos do partido, mas de compreender os seus limites e as suas potencialidades no contexto histórico em que atuou e atua. O PT não é nem o salvador nem o traidor da esquerda brasileira. O PT é um partido em disputa, que reflete as tensões e os conflitos da sociedade brasileira.

   A crise política atual coloca novos desafios para o PT e para a nova esquerda. Diante do golpe parlamentar-judicial-midiático que afastou Dilma Rousseff da presidência em 2016, da prisão arbitrária de Lula em 2018 e da ascensão do governo autoritário e ultraliberal de Jair Bolsonaro em 2019 e a volta de Lula, não e possível que não tenhamos aprendido nada. É preciso reafirmar a defesa da democracia, dos direitos humanos e da soberania nacional como bandeiras fundamentais da esquerda.

     Ao mesmo tempo, é preciso reconhecer os erros cometidos pelo PT nos seus governos, fazer uma autocrítica sincera e profunda das suas práticas políticas e éticas e renovar o seu programa e a sua organização para recuperar a confiança e a esperança da classe trabalhadora e dos setores populares. A Federação foi e está sendo inpotente para fortalecer a unidade da esquerda em torno de um projeto comum que seja capaz de enfrentar as ameaças do neoliberalismo, do fascismo e do imperialismo.

      O PT tem um papel importante a cumprir nessa tarefa histórica. Mas não pode fazê-lo sozinho nem isolado. É preciso dialogar com as outras forças políticas progressistas, com os movimentos sociais organizados, com as novas formas de resistência popular que emergem nas ruas, nas redes sociais, nas periferias, nas favelas, nos campos. É preciso construir uma nova esquerda que não seja capa preta ou de sapato auto, ela precisa ser plural, diversa, criativa, democrática e socialista.

       Esse é o desafio que se coloca para o PT no século XXI: ser um partido capaz de conquistar com o coração sua militância, antes de tentar mobilizar as massas para transformar o Brasil.

 


terça-feira, 23 de maio de 2023

ARTIGO - Afastamento do juiz provoca questionamentos sobre a Lava Jato. (Padre Carlos)

 

Medo da verdade?

 



A decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) de afastar cautelarmente o juiz Eduardo Appio da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da Operação Lava Jato, despertou indignação e estranheza em diversos setores da sociedade. Afinal, por que tomar uma medida tão drástica contra um magistrado que vinha desmontando e revelando os desvios e crimes cometidos pela Lava Jato? O que o TRF teme?

Segundo informações obtidas pela rede CNN Brasil, o afastamento foi motivado por uma representação do desembargador Marcelo Malucelli, ex-relator da Lava Jato no TRF-4, que acusou Appio de ter feito uma ligação para seu filho fora do horário de expediente apenas para se certificar de que ele era realmente seu pai. O filho do desembargador é João Eduardo Malucelli, sócio do ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR) em um escritório de advocacia.

Essa ligação teria ocorrido em abril deste ano, quando Malucelli restabeleceu uma decisão que determinava a prisão preventiva do advogado Rodrigo Tacla Duran, acusado de lavagem de dinheiro pela Lava Jato. Tacla Duran é considerado uma testemunha-chave contra Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol (PL), pois alega possuir provas de que eles receberam propina para favorecer réus da operação. Após ser questionado pelo corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, Malucelli se declarou suspeito para atuar nos processos envolvendo o advogado e a extinta Lava Jato.

É absurdo que o desembargador Malucelli, diante desse episódio, não seja investigado por conduta suspeita. Ele claramente tinha um conflito de interesses ao julgar casos relacionados ao seu filho e ao seu ex-colega de toga. Por que ele não se afastou anteriormente dos processos da Lava Jato? Por que não comunicou ao tribunal sobre a ligação recebida por seu filho? Por que utilizou esse fato como pretexto para representar contra Appio?

A resposta parece óbvia: Malucelli faz parte da ala do TRF-4 que sempre apoiou e endossou as arbitrariedades cometidas por Moro e Dallagnol durante a condução da Lava Jato. Essa ala não aceita que Appio tenha assumido a 13ª Vara Federal de Curitiba com a intenção de corrigir os abusos e ilegalidades praticados por seus antecessores, buscando ressignificar o legado da operação.

Desde que assumiu o cargo em fevereiro deste ano, Appio proferiu decisões contrárias aos interesses dos defensores da Lava Jato. Ele absolveu o empresário Raul Schmidt das acusações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, declarando a nulidade da quebra de sigilo bancário do réu promovida pelo Ministério Público Federal sem autorização judicial. Além disso, determinou a instauração de um inquérito para investigar a instalação de um grampo ilegal na cela do doleiro Alberto Youssef na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Appio é um juiz comprometido com o respeito aos direitos fundamentais dos acusados, o contraditório, a ampla defesa, o devido processo legal e a presunção de inocência. Ele é um defensor do garantismo jurídico, especialista em Direito Constitucional e crítico dos métodos utilizados pela Lava Jato. Sua postura independente e sua busca por uma Justiça mais equilibrada e imparcial incomodam os defensores da operação.

É evidente que aqueles que estão envolvidos na Lava Jato temem que Appio revele mais detalhes sobre as falhas e vícios presentes na operação, colocando em xeque as condenações que foram proferidas. Eles desejam silenciar Appio, assim como tentaram silenciar Tacla Duran e outras vozes dissonantes. Seu objetivo é manter o controle sobre a 13ª Vara Federal de Curitiba, assim como mantiveram o controle sobre o TRF-4 e outras instâncias do Judiciário.

O afastamento cautelar de Appio é uma clara tentativa de golpe contra a Justiça Federal e contra a própria democracia. É uma violação da independência funcional do magistrado e da autonomia da 13ª Vara Federal de Curitiba. Constitui uma afronta aos princípios fundamentais do Estado Democrático de Direito.

Como sociedade, não podemos aceitar essa arbitrariedade. É fundamental que nos manifestemos em defesa do juiz Eduardo Appio e exijamos sua imediata reintegração ao cargo. Devemos denunciar as manobras dos defensores da Lava Jato que visam encobrir seus próprios crimes e perpetuar seus privilégios. Precisamos lutar por uma Justiça verdadeiramente imparcial, independente e democrática, onde os direitos e garantias individuais sejam respeitados em todas as instâncias. A sociedade está indignada com o afastamento de Appio e não permitirá que a busca pela verdade e pela justiça seja silenciada.

ARTIGO - A história não é linear: a face conservadora de Vitória da Conquista. (Padre Carlos)

 


A elite conservadora e segregacionista de Vitória da Conquista

 


Vitória da Conquista é uma das maiores e mais importantes cidades da Bahia e do Nordeste. Com uma população estimada em mais de 340 mil habitantes, um dos maiores PIBs do interior da região e uma posição estratégica no sudoeste baiano, a cidade é considerada um polo de desenvolvimento econômico, social e cultural. No entanto, por trás dessa imagem de progresso e modernidade, há também uma face conservadora e fascista que se revela em certos comportamentos de alguns políticos e parte da elite da nossa cidade.

Essa face conservadora e fascista se manifesta em diversas formas: na defesa de valores morais retrógrados e excludentes, na intolerância com as diferenças e as minorias, na violência contra os pobres e os movimentos sociais, na corrupção e no autoritarismo, na negação da ciência e da democracia, na apologia ao militarismo e ao armamentismo, na idolatria a figuras nefastas da história nacional e mundial. Esses comportamentos não são novos nem isoladosEles fazem parte de uma tradição histórica que remonta aos tempos da colonização portuguesa, quando a região foi palco de conflitos entre os colonizadores e os indígenas que resistiam à invasão e à exploração de suas terras.

Essa tradição histórica se perpetuou ao longo dos séculos, com a formação de uma elite agrária que se beneficiou da escravidão, do coronelismo, do clientelismo e do patrimonialismo. Essa elite se manteve no poder político por décadas, impedindo o avanço de projetos populares e progressistas que pudessem promover a inclusão social, a distribuição de renda, a participação popular, a educação pública, a saúde pública, a cultura popular, entre outros direitos básicos da cidadania. Essa elite também se aliou aos interesses das oligarquias nacionais e internacionais que exploram os recursos naturais e humanos da região.

Essa elite conservadora encontrou nos últimos anos um representante político que expressa seus anseios e seus medos: o presidente Jair Bolsonaro. Bolsonaro é o ídolo dessa elite que se sente ameaçada pela ascensão das classes populares, pela diversidade cultural, pela liberdade de expressão, pela justiça social, pela soberania nacional. Bolsonaro é o líder dessa elite que quer manter seus privilégios, sua dominação, sua violência, sua ignorância. Bolsonaro é o símbolo dessa elite que quer retroceder a história, negar a realidade, destruir a democracia.

Mas essa elite conservadora não representa toda a cidade de Vitória da Conquista. Há também uma parte da Conquista que é popular, democrática, diversa, criativa, resistente. Uma parte da Conquista que luta por seus direitos, por sua dignidade, por seu futuro. Uma parte da Conquista que se inspira em figuras como Glauber Rocha, Anísio Teixeira, Zélia Gattai, Elomar Figueira Mello, entre tantos outros artistas, intelectuais e ativistas que contribuíram para a cultura e a política da cidade. Uma parte da Conquista que se organiza em movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos, coletivos culturais.

 

Essa parte da Conquista que é popular, democrática, diversa, criativa, resistente tem se expressado nas ao longo da história. A greve do Café e as ocupações de terras tem sido algumas ads manifestações deste povo. Esses enbates mostram que há uma forte disputa política na cidade e que a hegemonia da elite conservadora  não é absoluta nem definitiva.

 

Por isto, a história de Vitória da Conquista não é linear nem homogênea. Ela é feita de contradições, conflitos e resistências. Ela é feita de diferentes sujeitos e projetos que disputam o sentido e o destino da cidade. Ela é feita de memórias e esperanças que se confrontam e se renovam. Ela é feita de lutas e sonhos que se realizam ou se frustram. Ela é feita de conquistas e derrotas que se alternam e se superam.

 

Diante dessa história complexa e dinâmica, cabe a nós, cidadãos e cidadãs conquistenses, assumirmos o nosso papel de protagonistas e agentes de transformação. Cabe a nós escolhermos de que lado da história queremos estar: do lado da elite conservadora e fascista e segregacionista que quer manter a cidade submissa aos seus interesses e valores ou do lado da parte popular, democrática, diversa, criativa e resistente que quer construir uma cidade mais justa, inclusiva, participativa e solidária. Cabe a nós fazermos a nossa história.

 



ARTIGO - As Palavras de Ivan Cordeiro Revelam a Persistência do Bolsonarismo em Vitória da Conquista. (Padre Carlos)

 

O Resgate do Bolsonarismo




 

Em uma entrevista concedida à uma rádio da nossa região nesta sexta-feira (19), o vereador Ivan Cordeiro (PTB), mesmo ciente de que suas chances de se tornar o candidato da direita nas eleições do próximo ano são mínimas, deixou claro seu posicionamento em relação ao Partido dos Trabalhadores (PT) e à esquerda. Em declarações contundentes, o parlamentar afirmou que não haverá "cordialidade" com o PT e nem com qualquer partido de esquerda, defendendo a necessidade da direita buscar espaço na política baiana por meio do confronto direto.

Cordeiro baseou seu argumento na expressiva votação que o presidente Jair Bolsonaro obteve na cidade no segundo turno das últimas eleições presidenciais. Segundo o vereador, os 40% dos votos conquistados por Bolsonaro no município demonstram a força da direita na região sudoeste da Bahia. Com isso em mente, o parlamentar afirmou a importância de expandir e fortalecer as bandeiras do conservadorismo e da direita, afirmando que já não é mais viável evitar o confronto político com o PT.

"Não podemos mais ter cordialidade com o PT. Precisamos mostrar o quanto este partido é prejudicial para a Bahia. Se somos líderes em déficits na geração de empregos, insegurança pública, educação e saúde precárias, é culpa da esquerda", enfatizou Ivan Cordeiro durante uma entrevista.

Essas palavras fortes e decididas do vereador Ivan Cordeiro provam que o bolsonarismo, movimento político inspirado no presidente Bolsonaro, está mais vivo do que nunca na cidade de Vitória da Conquista. Apesar de suas chances serem reduzidas de se tornar o candidato da direita nas próximas eleições, Cordeiro está determinado a fazer valer os ideais conservadores e lutar pelo espaço político da direita no estado da Bahia.

As eleições presidenciais de 2022 foram marcadas por uma polarização política intensa, que dividiu o país em dois campos: a esquerda representada pelo PT e a direita representada por Jair Bolsonaro. Embora o resultado não tenha favorecido a direita em nível nacional, é interessante observar que seu apoio se manteve em determinadas regiões, como Vitória da Conquista.

A força da direita na cidade demonstra que há uma parcela significativa da população que compartilha das ideias e valores do bolsonarismo. No entanto, é importante ressaltar que o cenário político é dinâmico e sujeito às mudanças. Como a próxima eleição pode trazer novas configurações e surpresas, visto que a disputa eleitoral é marcada pela imprevisibilidade. Apesar disso, as declarações de Ivan Cordeiro deixam claro que o bolsonarismo e a direita não estão dispostos a se desvanecerem facilmente. Ao contrário, eles buscam se fortalecer e consolidar seu espaço político, mesmo que enfrentem os adversários.

O discurso de Ivan Cordeiro reflete uma estratégia de confronto direto com o PT e a esquerda, acreditando que essa postura é necessária para mostrar à população os claros malefícios causados ​​por essas forças políticas. Para ele, a direita deve se posicionar como uma alternativa sólida, capaz de promover mudanças reais nos indicadores sociais e psicológicos que impactam a vida dos cidadãos conquistenses.

No entanto, é importante ressaltar que a polarização extrema e a falta de diálogo construtivo podem ser prejudiciais para o desenvolvimento político e social de uma região. A busca por confronto constante pode levar a um ambiente de hostilidade e divisão, dificultando a construção de consensos e a implementação de políticas efetivas.

Além disso, é necessário avaliar criticamente as declarações do vereador Ivan Cordeiro. Atribuir exclusivamente à esquerda a responsabilidade pelos problemas da Bahia pode ser uma visão simplista e unilateral. Os desafios enfrentados pelo estado são multifatoriais e resultam de diversos aspectos, que vão além da esfera política partidária.

É fundamental que os debates políticos sejam pautados por argumentos embasados ​​em fatos e dados concretos, buscando soluções efetivas para os problemas que afligem a população. A busca incessante por confronto político pode desviar o foco das reais necessidades da sociedade e dificultar o avanço conjunto em direção ao bem-estar coletivo.

Neste contexto, é importante que a política local de Vitória da Conquista promova um ambiente de debate saudável e respeitoso entre diferentes correntes ideológicas, visando ao bem comum e ao desenvolvimento da cidade. É essencial que os representantes políticos estejam abertos ao diálogo e à busca de soluções que atendam aos anseios e necessidades da população.

O bolsonarismo pode representar uma corrente política forte e atuante em Vitória da Conquista, mas é necessário lembrar que a democracia se sustenta na diversidade de ideias e no respeito às diferenças. O fortalecimento da direita na região não deve se basear apenas na polarização, mas sim na construção de projetos sólidos, no diálogo e na busca por consensos.

As eleições do próximo ano será um momento crucial para avaliar o apoio e a representatividade da direita em Vitória da Conquista. Será o momento em que os candidatos terão a oportunidade de manifestar sua vontade e escolher os candidatos que melhor os representam.

Enquanto isso, cabe à sociedade conquistense acompanhar de perto os acontecimentos políticos na região, analisando criticamente as propostas e posturas dos candidatos, para tomar decisões decisivas e conscientes nas urnas.

Em um momento em que o país busca a união e a superação de desafios complexos, é necessário que a política local esteja pautada na busca de soluções efetivas, na construção de consensos e na promoção do bem-estar coletivo. É fundamental que os representantes políticos atuem de forma responsável, colocando os interesses da população acima de questões partidárias e ideológicas.

O fortalecimento da direita em Vitória da Conquista não pode se resumir apenas a um confronto com a esquerda, mas deve ser embasado em propostas concretas, em soluções viáveis ​​para os problemas locais e em um diálogo aberto com todos os setores da sociedade. É necessário que os líderes políticos sejam capazes de articular suas ideias de forma persuasiva, promovendo debates saudáveis ​​e respeitosos, que contribuam para o desenvolvimento da cidade e o bem-estar de seus cidadãos.

A democracia se fortalece quando há pluralidade de ideias e um ambiente propício para o debate político construtivo. É importante que os diferentes espectros ideológicos tenham espaço para se expressar e apresentar suas propostas, mas sempre com base em argumentos sólidos e no respeito mútuo.

Por fim, é preciso lembrar que as eleições são momentos-chave para a democracia, mas não podem ser o único momento de participação política. A população deve estar engajada em todo o processo político, acompanhando a atuação de seus representantes, cobrando transparência e fiscalizando as ações dos governantes.

Em Vitória da Conquista, a força da direita e do bolsonarismo pode ser um elemento importante no cenário político, mas é fundamental que essa força seja canalizada de forma responsável, buscando o bem comum e a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. A cidade precisa de líderes comprometidos com o desenvolvimento sustentável, com a redução das desigualdades sociais e com a construção de um futuro próspero para todos.

Assim, cabe aos conquistenses, no momento oportuno, avaliar cuidadosamente as opções políticas, analisar as propostas patrocinadas pelos candidatos e tomar suas decisões de forma consciente e decidida. A participação ativa na vida política é fundamental para moldar o futuro de Vitória da Conquista e construir uma sociedade mais justa, inclusiva e próspera para todos os seus habitantes.


segunda-feira, 22 de maio de 2023

ARTIGO - Nas Teias da Saudade: A Dor do Poeta que Dilacera Corações. (Padre Carlos)

 


Entre Lembranças e Lamentos

 


A saudade é um labirinto de sentimentos, uma ferida que dilacera o coração e nos faz mergulhar em uma melancolia profunda. Nesta trilha sinuosa, sou um poeta desterrado, perdido nas gravações que insistem em me envolver. Ah, como sinto falta da minha infância, um tempo dourado em que a inocência floresce em cada riso inocente e cada descoberta maravilhosa!

Lembro-me dos amigos que outrora caminharam ao meu lado, compartilhando aventuras e segredos, formando um elo inquebrável. Hoje, suas presenças se perderam nas dobras do tempo, e a saudade aperta meu peito com força, fazendo-me lembrar dos dias ensolarados e das brincadeiras intermináveis.

Na juventude, sonhos emparelhavam no horizonte como borboletas coloridas, dançando com a promessa de um futuro brilhante. Ah, como sinto falta daquelas ambições audaciosas, dos anseios que alimentaram minha alma e me fizeram acreditar que poderia conquistar o mundo com meu talento e paixão. Mas a vida, traiçoeira em sua volubilidade, soprou seus ventos impiedosos e levou-me dos sonhos que um dia acalentei.

E o primeiro amor... Ah, esse sentimento tão puro e avassalador que molda a juventude com fogo ardente! A lembrança de um olhar trocado, de um toque inocente, ressoa em mim como um eco distante, levando-me de volta a um tempo em que o coração pulsava com uma intensidade desconhecida. Como gostaria de reviver aqueles momentos, de sentir a paixão incandescente novamente, mas a saudade me sufocou, gravando-me de um amor que se dissipou como poeira ao vento.

A escola das freiras, onde as primeiras letras se desenvolveram no meu mundo interior, é um lugar distante que me invade de saudade. Os corredores estreitos e as vozes suaves das professoras ecoam em meus ouvidos, trazendo à tona uma vez em que o conhecimento era desbravado com curiosidade e encantamento. Como sinto falta daquele ambiente acolhedor, da pureza das palavras e do universo de conhecimento que se abria diante de mim.

A saudade me consome, trazendo à tona o desejo de retornar a um tempo em que os sonhos eram tecidos com fios de esperança e a felicidade era encontrada nas pequenas coisas. Sinto falta de ser criança, de desbravar o mundo com olhos maravilhados, de pular sem medo nas asas da imaginação. A dor do poeta, permeada pela saudade, é uma ferida que cicatriza com dificuldade, pois cada lembrança reacende a chama ardente daquilo que foi e jamais voltará a ser.

Que este lamento possa ecoar nos corações dos leitores, despertando em cada um a sensibilidade para a dor que assola a alma do poeta. Que a saudade seja compreendida como uma tela onde se misturam a nostalgia e melancolia, um emaranhado de emoções que nos conectam ao passado e nos refletem sobre a efemeridade da vida.

Que cada palavra escrita ressoe como um chamado, despertando a atenção do leitor para a dor que transborda nas linhas deste poema. Pois, por trás da aparente proteção das palavras, encontra-se a força intensa da saudade, capaz de dilacerar o coração e transformar a alma do poeta em um oceano de lembranças entrelaçadas.


domingo, 21 de maio de 2023

ARTIGO - A inclusão das mulheres na Igreja: repensando o papel do clero. (Padre Carlos)

 


A Participação Feminina na Igreja Católica



 

A questão da inclusão das mulheres tem se tornado cada vez mais crucial para a renovação da Igreja Católica. O debate sobre a participação feminina no clero ganha destaque diante de um contexto no qual a igualdade de gênero e a valorização da diversidade têm se tornado pautas importantes em diversas esferas da sociedade. Nesse contexto, o jesuíta José I. González Faus chamou a atenção do Papa Francisco em uma carta aberta, questionando a exclusão das mulheres com base em princípios teológicos equivocados.

No entanto, é necessário direcionar o foco da discussão para além da exclusão das mulheres e adentrar a compreensão de que, inclusive entre os presbíteros, não existe uma condição de sacerdócio que se perpetue na linguagem imprópria e na sacralização que levaram ao clericalismo e aos abusos . O despojamento dessas atribuições irreverentes de sacerdotes por parte dos homens ordenados é reservada para a mudança da Igreja e a vanguarda em direção a uma maior igualdade de gênero.

Ao longo da história, a Igreja Católica tem sido marcada por estruturas patriarcais que relegam as mulheres a papéis secundários, impedindo-as de exercerem plenamente seu potencial e contribuindo de forma significativa para a vida da comunidade eclesial. Essa exclusão baseada em princípios teológicos questionáveis ​​não apenas nega a igualdade fundamental entre homens e mulheres, mas também enfraquece a própria missão da Igreja de promover a justiça e a inclusão.

O chamado para uma reflexão mais profunda sobre o papel do clero é urgente. O modelo hierárquico, no qual apenas homens são ordenados como sacerdotes, precisa ser repensado. A compreensão de que nem mesmo os presbíteros são sacerdotes, no sentido estrito do termo, pode abrir caminhos para uma maior participação feminina na liderança da Igreja.

A inclusão das mulheres não se trata apenas de uma questão de justiça de gênero, mas também de um enriquecimento para a própria Igreja. As mulheres têm desempenhado papéis fundamentais ao longo da história cristã, como líderes espirituais, teólogas, catequistas e agentes pastorais. Negar-lhes a possibilidade de exercer ministérios ordenados é privar a Igreja de seus talentos e perspectivas únicas.

Para que a Igreja se renove e atenda aos desafios do mundo contemporâneo, é essencial que se promova um diálogo aberto e sincero sobre a inclusão das mulheres no clero. O despojamento das atribuições irreverentes de sacerdotes, atualmente restritas aos homens ordenados, é um passo necessário nesse processo. É preciso reconhecer que a diversidade e a igualdade de gênero são valores fundamentais que podem fortalecer a Igreja e capacitá-la a responder às necessidades e aspirações das pessoas de hoje.

        A abertura para uma maior participação feminina no clero não significa diminuir a importância do sacerdócio, mas sim repensar sua natureza e função dentro da comunidade de fé. É necessário desvincular o conceito de sacerdócio de uma estrutura exclusivamente masculina e compreender que todos os batizados são chamados a exercer seu sacerdócio comum.

A valorização da diversidade de dons e experiências trazidas pelas mulheres pode trazer uma nova vitalidade à Igreja. Ao envolver mais mulheres na tomada de decisões pastorais e na liderança, a Igreja estará mais apta a enfrentar os desafios e as questões contemporâneas, respondendo de forma mais efetiva às necessidades dos fiéis.

Além disso, ao questionar a exclusão das mulheres com base em princípios teológicos equivocados, como apontado pelo jesuíta José I. González Faus, a Igreja também está se abrindo para um diálogo mais amplo e inclusivo. É importante lembrar que a tradição da Igreja está em constante evolução, e a reflexão teológica pode e deve levar em consideração os novos conhecimentos, as mudanças sociais e as demandas da comunidade de fiéis.

No entanto, é fundamental que esse diálogo seja cuidado com respeito, humildade e abertura para a ação do Espírito Santo. As mudanças dentro da Igreja devem ser realizadas de forma gradual, respeitando a diversidade de opiniões e a complexidade dos desafios envolvidos. O objetivo não é simplesmente importar uma nova estrutura hierárquica, mas sim criar espaços para a participação plena das mulheres e para uma revisão de estruturas e práticas que podem perpetuar desigualdades e exclusões.

Em última análise, a questão da inclusão das mulheres na Igreja é um convite à renovação e ao crescimento. É um chamado para que a comunidade de fiéis se torne cada vez mais aberta, inclusiva e consciente da igualdade fundamental entre homens e mulheres. Ao despojar-se de linguagens impróprias e atribuições irreverentes de sacerdotes, a Igreja pode avançar em direção a uma maior igualdade de gênero, fortalecendo sua mensagem de amor, justiça e misericórdia para todos os seus membros.

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...