terça-feira, 23 de maio de 2023

ARTIGO - A história não é linear: a face conservadora de Vitória da Conquista. (Padre Carlos)

 


A elite conservadora e segregacionista de Vitória da Conquista

 


Vitória da Conquista é uma das maiores e mais importantes cidades da Bahia e do Nordeste. Com uma população estimada em mais de 340 mil habitantes, um dos maiores PIBs do interior da região e uma posição estratégica no sudoeste baiano, a cidade é considerada um polo de desenvolvimento econômico, social e cultural. No entanto, por trás dessa imagem de progresso e modernidade, há também uma face conservadora e fascista que se revela em certos comportamentos de alguns políticos e parte da elite da nossa cidade.

Essa face conservadora e fascista se manifesta em diversas formas: na defesa de valores morais retrógrados e excludentes, na intolerância com as diferenças e as minorias, na violência contra os pobres e os movimentos sociais, na corrupção e no autoritarismo, na negação da ciência e da democracia, na apologia ao militarismo e ao armamentismo, na idolatria a figuras nefastas da história nacional e mundial. Esses comportamentos não são novos nem isoladosEles fazem parte de uma tradição histórica que remonta aos tempos da colonização portuguesa, quando a região foi palco de conflitos entre os colonizadores e os indígenas que resistiam à invasão e à exploração de suas terras.

Essa tradição histórica se perpetuou ao longo dos séculos, com a formação de uma elite agrária que se beneficiou da escravidão, do coronelismo, do clientelismo e do patrimonialismo. Essa elite se manteve no poder político por décadas, impedindo o avanço de projetos populares e progressistas que pudessem promover a inclusão social, a distribuição de renda, a participação popular, a educação pública, a saúde pública, a cultura popular, entre outros direitos básicos da cidadania. Essa elite também se aliou aos interesses das oligarquias nacionais e internacionais que exploram os recursos naturais e humanos da região.

Essa elite conservadora encontrou nos últimos anos um representante político que expressa seus anseios e seus medos: o presidente Jair Bolsonaro. Bolsonaro é o ídolo dessa elite que se sente ameaçada pela ascensão das classes populares, pela diversidade cultural, pela liberdade de expressão, pela justiça social, pela soberania nacional. Bolsonaro é o líder dessa elite que quer manter seus privilégios, sua dominação, sua violência, sua ignorância. Bolsonaro é o símbolo dessa elite que quer retroceder a história, negar a realidade, destruir a democracia.

Mas essa elite conservadora não representa toda a cidade de Vitória da Conquista. Há também uma parte da Conquista que é popular, democrática, diversa, criativa, resistente. Uma parte da Conquista que luta por seus direitos, por sua dignidade, por seu futuro. Uma parte da Conquista que se inspira em figuras como Glauber Rocha, Anísio Teixeira, Zélia Gattai, Elomar Figueira Mello, entre tantos outros artistas, intelectuais e ativistas que contribuíram para a cultura e a política da cidade. Uma parte da Conquista que se organiza em movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos, coletivos culturais.

 

Essa parte da Conquista que é popular, democrática, diversa, criativa, resistente tem se expressado nas ao longo da história. A greve do Café e as ocupações de terras tem sido algumas ads manifestações deste povo. Esses enbates mostram que há uma forte disputa política na cidade e que a hegemonia da elite conservadora  não é absoluta nem definitiva.

 

Por isto, a história de Vitória da Conquista não é linear nem homogênea. Ela é feita de contradições, conflitos e resistências. Ela é feita de diferentes sujeitos e projetos que disputam o sentido e o destino da cidade. Ela é feita de memórias e esperanças que se confrontam e se renovam. Ela é feita de lutas e sonhos que se realizam ou se frustram. Ela é feita de conquistas e derrotas que se alternam e se superam.

 

Diante dessa história complexa e dinâmica, cabe a nós, cidadãos e cidadãs conquistenses, assumirmos o nosso papel de protagonistas e agentes de transformação. Cabe a nós escolhermos de que lado da história queremos estar: do lado da elite conservadora e fascista e segregacionista que quer manter a cidade submissa aos seus interesses e valores ou do lado da parte popular, democrática, diversa, criativa e resistente que quer construir uma cidade mais justa, inclusiva, participativa e solidária. Cabe a nós fazermos a nossa história.

 



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