domingo, 2 de julho de 2023

ARTIGO - Enfermeiros e Técnicos de Enfermagem: Desamparados diante da Disparidade de Poder. (Padre Carlos)

 



A Disproporcionalidade de Negociações entre Profissionais da Saúde e seus patrões.



     No recente debate sobre os direitos trabalhistas dos profissionais da saúde, uma questão crucial vem à tona: a disproporcionalidade de negociações entre a categoria e os empresários. Em particular, a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), chamou a atenção, deixando muitos enfermeiros e técnicos desamparados diante de seus carrascos. Essa disparidade evidencia a falta de poder de barganha dos trabalhadores da área da saúde e a necessidade urgente de uma mudança de paradigma.

     Enfermeiros e técnicos de enfermagem desempenham um papel vital em nossa sociedade, cuidando dos doentes, aliviando o sofrimento e garantindo que os serviços de saúde sejam prestados de forma adequada. No entanto, esses profissionais frequentemente se veem em condições precárias de trabalho, com salários insuficientes para sustentar uma vida digna. Um exemplo alarmante disso é o fato de muitos técnicos de enfermagem estarem recebendo, após os descontos, menos do que um salário mínimo.

     Nesse contexto, é fundamental que as entidades responsáveis pela defesa dos direitos dos trabalhadores, como o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), atuem de forma incisiva na denúncia desses abusos. Os enfermeiros por terem curso superior e estarem em cargos de coordenação não podem ser utilizados como "capitães do mato" em relação aos demais profissionais de saúde. É preciso unir forças em prol de uma causa comum: a valorização e o reconhecimento da importância desses profissionais.

     Infelizmente, a decisão do STF, que determina que patrões e empregados entrem em negociação coletiva como critério para pagamento do piso salarial, abre espaço para a aplicação de valores inferiores ao estabelecido. Embora a intenção por trás dessa proposta seja evitar demissões em massa ou o comprometimento dos serviços de saúde, ela coloca em risco a estabilidade financeira e a qualidade de vida dos profissionais da área.

   É fundamental ressaltar que os enfermeiros e técnicos de enfermagem merecem um tratamento justo e equitativo, assim como qualquer outro profissional. Eles estão na linha de frente, enfrentando condições adversas e dedicando-se incansavelmente à saúde e ao bem-estar dos pacientes. Negociar condições salariais adequadas e justas não deve ser uma opção, mas sim um direito básico assegurado por uma legislação trabalhista sólida.

   É imperativo que as autoridades competentes revejam essa decisão e se empenhem em garantir que os profissionais da saúde sejam devidamente valorizados. É preciso proporcionar-lhes um ambiente de trabalho digno, com salários condizentes com sua importância para a sociedade. A valorização desses profissionais não é apenas uma questão de justiça social, mas também de garantia da qualidade dos serviços de saúde prestados à população.

   Chegou o momento de superar a disproporcionalidade nas negociações entre os profissionais da saúde e os empresários. É fundamental que haja um equilíbrio de poder, para que os trabalhadores tenham condições adequadas de trabalho e remuneração justa.

      Para alcançar essa equidade, é necessário fortalecer as organizações sindicais e as entidades representativas dos profissionais da saúde. Essas instituições desempenham um papel crucial na defesa dos direitos trabalhistas e na negociação coletiva em nome dos trabalhadores. É essencial que os enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais profissionais da área se unam em sindicatos e associações, fortalecendo sua voz e poder de negociação.

     Em última análise, a disproporcionalidade nas negociações entre os profissionais da saúde e os empresários é um reflexo de desequilíbrios mais amplos em nossa sociedade. É um chamado para que repensemos nossas prioridades e coloquemos a dignidade e o bem-estar das pessoas no centro de nossas decisões.

     Os profissionais da saúde merecem condições de trabalho justas, remuneração adequada e reconhecimento por seu esforço e dedicação. É hora de agirmos coletivamente para corrigir essa disproporcionalidade e garantir que os enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais profissionais da área sejam tratados com o respeito e a dignidade que merecem. A saúde de nossa sociedade depende disso.

 

sábado, 1 de julho de 2023

ARTIGO - A Abordagem Neoliberal do Jornal O Globo Sobre a Petrobras. (Padre Carlos)

 

O Desprezo Pela Soberania Nacional

 


A matéria recente publicada pelo jornal O Globo, intitulada "Petrobras reduz preço da gasolina e perde R$ 21 bi em valor de mercado na Bolsa", revela mais uma vez a postura tendenciosa e parcial da mídia tradicional ao tratar de assuntos relacionados à Petrobras. Ao ignorar o papel estratégico da estatal como patrimônio do povo brasileiro, o jornal demonstra uma visão equivocada e, por vezes, contraditória sobre a empresa e sua relação com o mercado financeiro. Este artigo de opinião busca evidenciar essa postura e desmistificar a visão privatista adotada pelo Jornal O Globo.

A falta de perspectiva social e estratégica: A reportagem em questão foca, de maneira isolada, na reação negativa do mercado financeiro à redução do preço da gasolina promovida pela Petrobras. No entanto, omite deliberadamente os benefícios que tal medida traz para os consumidores, a inflação e, principalmente, para a soberania energética do Brasil. Ao negligenciar esses aspectos, o jornal deixa de cumprir seu papel de informar adequadamente a população e acaba por contribuir para a disseminação de uma visão distorcida da realidade.

Omissão da queda do dólar e contradição de posicionamento: Outra falha gritante da matéria é a omissão da queda significativa do dólar nos últimos meses, fator que possibilitou a redução do preço da gasolina. Enquanto a moeda norte-americana apresentou uma desvalorização de 12,4%, passando de R$ 5,66 para R$ 4,96, o jornal O Globo parece ignorar esse fato relevante ao criticar a diminuição no valor dos combustíveis. É curioso observar que, em períodos em que o dólar estava em alta, o mesmo jornal defendia os aumentos sucessivos dos preços dos combustíveis, justificando-os como necessários para evitar prejuízos à Petrobras. Essa incoerência revela uma postura oportunista e contraproducente.

A Petrobras como patrimônio do povo brasileiro: Um aspecto fundamental ignorado pela matéria é o fato de a Petrobras ser uma empresa pública, controlada pelo Estado brasileiro e com a União Federal como acionista majoritária. Tal configuração faz com que a estatal não possa ser analisada apenas sob a ótica do lucro e do mercado, mas também sob a perspectiva do interesse público e do desenvolvimento nacional. A Petrobras desempenha um papel crucial na exploração das riquezas do pré-sal, que pertencem ao povo brasileiro, e na garantia do abastecimento de combustíveis em todo o país. Além disso, a empresa é um dos principais investidores em pesquisa e inovação, gerando empregos qualificados e impulsionando o desenvolvimento tecnológico no Brasil.

 A matéria do jornal O Globo revela-se, assim, como tendenciosa, parcial e distante da realidade. Ao desconsiderar o papel estratégico da Petrobras para o Brasil e ao não reconhecer que a queda do dólar possibilitou a redução do preço da gasolina, o jornal demonstra um viés neoliberal e privatista que desvaloriza o interesse nacional em prol dos interesses do mercado financeiro.

É lamentável constatar que um veículo de comunicação tão influente como O Globo adote essa postura, pois isso contribui para a disseminação de uma narrativa distorcida sobre a Petrobras e desinforma a população. Ao negligenciar os benefícios para os consumidores, para a inflação e para a soberania energética do país, o jornal compromete sua função de informar e forma uma visão deturpada sobre a estatal.

Cabe aos leitores e à sociedade como um todo estar atentos a essas distorções e buscar fontes de informação mais abrangentes e confiáveis. A diversidade de opiniões e o acesso a diferentes perspectivas são fundamentais para uma sociedade democrática e bem informada.

Em conclusão, a postura adotada pelo jornal O Globo em sua matéria sobre a Petrobras é um exemplo de como a mídia tradicional pode negligenciar o interesse nacional em detrimento de interesses financeiros. É essencial que os veículos de comunicação exerçam seu papel de forma ética, imparcial e responsável, fornecendo informações precisas e contextualizadas para o público. Somente assim poderemos construir uma sociedade informada e consciente de seus direitos e deveres.


ARTIGO - Home Care: a importância de garantir direitos trabalhistas .(Padre Carlos)

 

A qualidade de vida dos profissionais da saúde

 


          A expansão do serviço de Home Care no Brasil tem sido uma resposta à necessidade de uma assistência em saúde mais próxima e adequada às demandas individuais dos pacientes. No entanto, o crescimento dessa modalidade de atendimento também trouxe consigo desafios e problemas que precisam ser enfrentados e solucionados.

          Uma das principais questões envolvendo o Home Care no Brasil diz respeito à forma como os profissionais de enfermagem são remunerados e contratados. Muitos técnicos de enfermagem que atuam nesse setor enfrentam uma carga horária excessiva, muitas vezes ultrapassando os limites estabelecidos pelo Conselho Regional de Enfermagem (COREM). Além disso, esses profissionais costumam receber por plantão, o que pode levar a uma remuneração insuficiente para suprir suas necessidades básicas.

          Para contornar essas questões, algumas empresas criaram um sistema de cooperativas que mantêm os profissionais de enfermagem sem vínculo empregatício direto com a empresa. Embora essa prática possa parecer uma solução aparente para a flexibilização da contratação, na prática, acaba prejudicando os técnicos de enfermagem. Os descontos aplicados nos valores dos plantões reduzem significativamente a bonificação recebida, muitas vezes levando-a a ser inferior a um salário mínimo.

          É fundamental que o piso salarial para técnicos de enfermagem seja estabelecido e respeitado pelas empresas que oferecem serviços de Home Care. Esse piso não apenas garantiria uma remuneração justa e condizente com as responsabilidades desses profissionais, mas também serviria como uma forma de desmascarar a prática das cooperativas, que muitas vezes têm o objetivo de reduzir custos às custas dos direitos trabalhistas dos enfermeiros.

          A valorização e o respeito aos técnicos de enfermagem são essenciais para a qualidade do atendimento prestado no Home Care. Esses profissionais são fundamentais para o bem-estar dos pacientes, oferecendo cuidados especializados e humanizados no ambiente familiar. No entanto, a precarização das condições de trabalho e a remuneração inadequada afetam diretamente a motivação e o desempenho desses profissionais, comprometendo, por consequência, a qualidade do serviço prestado.

          É importante que as autoridades competentes, como o COREM e o Ministério da Saúde, estejam atentas a essas práticas e ajam em prol dos direitos dos técnicos de enfermagem que atuam no Home Care. A fiscalização rigorosa das empresas que oferecem esse tipo de serviço, bem como a aplicação de sanções adequadas em caso de descumprimento das leis trabalhistas, são medidas necessárias para coibir abusos e garantir que os profissionais sejam tratados de forma justa.

          O Home Care tem o potencial de ser uma modalidade de assistência em saúde altamente benéfica tanto para os pacientes quanto para os profissionais envolvidos. No entanto, é necessário que sejam tomadas medidas para garantir que essa prática seja realizada de forma ética e justa. A valorização dos técnicos de enfermagem, por meio do estabelecimento de um piso salarial adequado e do combate às práticas abusivas das cooperativas, é essencial para o de técnicos de enfermagem e o desenvolvimento sustentável do Home Care no Brasil.

          Em suma, o Home Care é uma modalidade de assistência em saúde que tem o potencial de transformar o cenário da saúde no Brasil, proporcionando um atendimento mais humanizado, personalizado e acessível. No entanto, é necessário garantir que os profissionais de enfermagem sejam valorizados e remunerados adequadamente, combatendo práticas abusivas e promovendo a capacitação e qualificação desses profissionais. Somente assim poderemos construir um sistema de Home Care sólido e eficiente, capaz de atender às demandas da população de forma ética e sustentável.

 

 

 

sexta-feira, 30 de junho de 2023

ARTIGO - As Mulheres Baianas na Luta pela Independência. (Padre Carlos)

 

 

 


 

Heroínas Esquecidas da História

 


          Neste ano de 2023, celebramos os 200 anos da independência da Bahia, um marco histórico que consagrou a luta pela emancipação política do Brasil. No entanto, é essencial reconhecer que essa conquista não teria sido possível sem a valiosa contribuição das mulheres. No contexto do 2 de Julho, data emblemática da independência baiana, três mulheres destacam-se como heroínas: Joana Angélica, Maria Quitéria e Maria Felipa. Suas histórias de coragem, ousadia e patriotismo representam a diversidade e a força das mulheres baianas, que não se deixaram abater pela opressão e violência.

  Joana Angélica, uma religiosa, desempenhou um papel crucial na defesa do Convento da Lapa, onde o general Labatut, líder das forças brasileiras, estava refugiado. Em 19 de fevereiro de 1822, ela enfrentou os soldados portugueses que tentavam invadir o convento e acabou sendo mortalmente ferida por uma baioneta. Sua morte provocou indignação e revolta entre os baianos, tornando-se um grito de resistência que impulsionou a guerra.

     Maria Quitéria, por sua vez, foi uma heroína militar que se disfarçou de homem para se alistar no exército brasileiro. Sua bravura e habilidade no manejo das armas foram evidenciadas em várias batalhas contra as tropas portuguesas. Ela se tornou a primeira mulher a receber a patente de cadete honorária do Exército Brasileiro, concedida pelo imperador Dom Pedro I, em reconhecimento aos seus serviços.

     Já Maria Felipa, uma líder popular, comandou um grupo de mulheres negras, índias e mestiças na Ilha de Itaparica. Por meio de estratégias de guerrilha, ela atacou as embarcações portuguesas que cercavam a ilha, chegando a incendiar 42 navios. Além disso, Maria Felipa utilizava sua astúcia e poder de sedução para atrair os soldados inimigos e derrotá-los com galhos de cansanção, uma planta urticante.

          Essas três mulheres são exemplos vivos de heroísmo e patriotismo, que merecem ser lembrados e homenageados no 2 de Julho. Elas simbolizam a importância das mulheres na independência da Bahia e na formação do Brasil como nação. Suas histórias inspiram e incentivam as mulheres de hoje a lutarem pelos seus direitos, por sua dignidade e por sua participação plena na sociedade.

   Ao resgatarmos a memória dessas heroínas, reconhecemos que a independência da Bahia não foi uma conquista exclusiva dos homens. A participação das mulheres foi fundamental para o alcance desse objetivo histórico, mesmo diante de um contexto de desigualdade de gênero e de restrições impostas pela sociedade da época. As mulheres baianas demonstraram sua capacidade de liderança, coragem e engajamento na luta pela liberdade.

      Além disso, as histórias de Joana Angélica, Maria Quitéria e Maria Felipa evidenciam a importância da inclusão e da diversidade na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

       Essas mulheres representam diferentes camadas sociais e etnias, que se uniram em prol de um objetivo comum: a independência da Bahia. Suas ações demonstram que a luta pela liberdade transcende barreiras e que a diversidade é uma força que impulsiona mudanças significativas.

     É fundamental destacar que a participação das mulheres na independência da Bahia não se limitou apenas às figuras de Joana Angélica, Maria Quitéria e Maria Felipa. Inúmeras mulheres anônimas contribuíram para a causa, seja na retaguarda, fornecendo apoio logístico e cuidando dos feridos, ou atuando ativamente no campo de batalha.

       No entanto, é preciso reconhecer que, mesmo após dois séculos da independência da Bahia, as mulheres ainda enfrentam desafios em sua busca por igualdade de direitos e reconhecimento. A luta pela emancipação feminina é contínua e necessita do engajamento de toda a sociedade para superar as barreiras do preconceito e da desigualdade de gênero.

         A história das heroínas do 2 de Julho nos inspira a reafirmar o papel crucial das mulheres na construção do nosso país. É necessário que suas contribuições sejam valorizadas e que as conquistas alcançadas por elas sirvam de exemplo para as futuras gerações.

      Nesse sentido, é imprescindível promover a igualdade de oportunidades, garantir o acesso das mulheres à educação, à saúde e ao mercado de trabalho, assim como incentivar sua participação ativa na política e nos espaços de poder. Somente assim poderemos alcançar uma sociedade mais justa e equitativa, na qual o potencial e a voz das mulheres sejam plenamente reconhecidos e valorizados.

             À medida que celebramos os 200 anos da independência da Bahia, devemos lembrar e enaltecer a importância das mulheres nessa conquista histórica. Joana Angélica, Maria Quitéria, Maria Felipa e tantas outras mulheres que contribuíram para a independência são exemplos de coragem, força e determinação que nos inspiram a seguir lutando por um futuro mais igualitário e inclusivo.

         Que as heroínas do passado sejam as luzes que nos guiam na busca por uma sociedade em que todas as mulheres possam exercer sua plena cidadania e serem protagonistas de suas próprias histórias. A independência da Bahia é uma lembrança viva de que a luta pela liberdade e pela justiça deve contar com a participação ativa e valorização das mulheres.

 

 

ARTIGO - PT precisa rever estratégia para vencer eleições municipais em Vitória da Conquista." (Padre Carlos)

 


 

Estratégia em xeque!

 


A pré-candidatura do deputado Waldenor Pereira à prefeitura de Vitória da Conquista, anunciada com mais de um ano de antecedência, pode ter sido um tiro no pé para o Partido dos Trabalhadores (PT). Ao invés de fortalecer sua candidatura, ele acabou estimulando a concorrência e dificultando a formação de uma frente ampla capaz de enfrentar a atual prefeita, Sheila Lemos, que conta com o apoio de ACM Neto e das forças conservadoras da cidade.

Além disso, o presidente do PT local, Isaac Bomfim, gerou um mal-estar ao impor regras para a escolha dos pré-candidatos a vereador da federação, desrespeitando as instâncias partidárias e vetando nomes que não eram de seu agrado. Essa atitude foi vista como autoritária e antidemocrática por muitos filiados e aliados.

Outro problema que o PT enfrenta é a falta de articulação com outros partidos de centro, que poderiam agregar votos ao seu projeto político. O exemplo mais claro é o da vereadora Lúcia Rocha, que tem uma boa penetração no eleitorado conservador e que poderia ser uma vice ideal para Waldenor. No entanto, o PT parece não se interessar por essa aliança, deixando espaço para que ela se aproxime de outros candidatos.

Essa postura pode custar caro ao PT, que já perdeu as últimas duas eleições municipais para o grupo de ACM Neto. Uma análise dos resultados das eleições estaduais de 2022 mostra que o PT tem dificuldade em conquistar o voto do centro-direita, que é majoritário em Vitória da Conquista. No primeiro turno, ACM Neto teve quase 10 pontos percentuais a mais que Jerônimo do PT na cidade. No segundo turno, a diferença aumentou para mais de 18 pontos percentuais.

Portanto, se o PT quiser ter chances reais de vencer as eleições municipais de 2024, precisa rever sua estratégia e buscar uma maior abertura e diálogo com outras forças políticas. Caso contrário, corre o risco de repetir o fracasso dos últimos pleitos e ver sua hegemonia ser ameaçada na região.  A política é uma arena de negociações e acordos, e o PT precisa se adaptar a essa realidade para garantir seu espaço político e avançar com seu projeto.

 

Uma possível solução para o PT seria uma ampla reavaliação de suas estratégias e uma abertura para dialogar com os partidos de centro, buscando estabelecer alianças que fortaleçam sua base eleitoral. A figura da vereadora Lúcia Rocha, com sua capacidade de diálogo e penetração no eleitorado conservador, poderia ser um trunfo importante para o partido. Ignorar essa possibilidade seria um erro estratégico grave.

 

O histórico recente do PT em Vitória da Conquista evidencia a necessidade de mudança de estratégia. Perder duas eleições municipais consecutivas para o grupo liderado por ACM Neto deve servir como um alerta para que o partido busque formas de conquistar o eleitorado de centro-direita, que é predominante na cidade.

 

Para reverter essa situação desfavorável, o PT deve investir em uma campanha sólida, que apresente propostas claras e efetivas para os desafios enfrentados pela população de Vitória da Conquista. É importante que o partido demonstre capacidade de diálogo, articulação política e governabilidade, elementos essenciais para conquistar o voto do centro-direita e ampliar sua base eleitoral.

 

Em suma, a pré-candidatura antecipada de Waldenor Pereira à prefeitura de Vitória da Conquista pode ter sido um tiro no pé para o PT. A falta de articulação com outros partidos de centro, a imposição de regras internas e a falta de flexibilidade nas alianças políticas podem comprometer as chances do partido de conquistar a prefeitura. É hora de rever estratégias, promover diálogo interno e buscar uma maior abertura para formar uma frente ampla capaz de enfrentar os desafios da atual prefeita e de suas alianças conservadoras. Somente assim o PT poderá ter chances reais de vencer as eleições municipais de 2024 e manter sua relevância política na região.

 

 


quinta-feira, 29 de junho de 2023

ARTIGO - A Lava Jato sob suspeita. (Padre Carlos)

As denúncias de Tacla Duran




          A Operação Lava Jato, que se tornou um símbolo do combate à corrupção no Brasil, está cada vez mais questionada por suas práticas e métodos. As recentes revelações do advogado Rodrigo Tacla Duran, em entrevista ao UOL, colocam em xeque a credibilidade e a legalidade da força-tarefa que conduziu as investigações e os processos envolvendo políticos, empresários e agentes públicos.

          Tacla Duran, que foi advogado da Odebrecht e é acusado de lavagem de dinheiro pela Lava Jato, afirmou que foi vítima de extorsão e chantagem por parte de advogados que se diziam intermediários do ex-juiz Sergio Moro e do ex-procurador Deltan Dallagnol. Segundo ele, esses advogados cobravam “taxas de proteção” para evitar que ele fosse preso ou investigado em Curitiba, onde a operação tinha sede.

          O advogado disse que chegou a pagar essas taxas, mas depois rompeu o acordo por não ter garantias de que as ameaças cessariam. Ele também afirmou que possui provas periciais que comprovam os pagamentos e as conversas com os intermediários, mas que essas provas nunca foram investigadas pelo Ministério Público ou pela Justiça.

          As denúncias de Tacla Duran são graves e merecem ser apuradas com rigor e isenção. Se confirmadas, elas podem configurar crimes de corrupção, abuso de autoridade, violação de sigilo e obstrução da Justiça por parte dos envolvidos na Lava Jato. Além disso, elas podem comprometer a validade das provas e das condenações obtidas pela operação, que já foi alvo de outras críticas e contestações.

          Não se trata de defender ou absolver os acusados de corrupção pela Lava Jato, mas sim de exigir que a lei seja cumprida por todos, inclusive pelos que se dizem seus guardiões. A Lava Jato não pode se colocar acima da Constituição e do Estado Democrático de Direito, nem usar de meios ilícitos para atingir seus fins. A luta contra a corrupção é legítima e necessária, mas não pode se transformar em uma cruzada moralista que atropela os direitos e as garantias fundamentais dos cidadãos.

           A sociedade brasileira tem o direito de saber a verdade sobre a Lava Jato e seus protagonistas. Por isso, é urgente que o advogado Tacla Duran possa vir ao Brasil e prestar depoimento na Câmara dos Deputados, conforme autorizado pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal. É preciso também que as autoridades competentes investiguem as denúncias com seriedade e transparência, sem corporativismo ou partidarismo.

          A Lava Jato não pode ser blindada nem intocável. Ela deve ser fiscalizada e responsabilizada pelos seus atos, assim como qualquer outra instituição ou poder da República. Só assim poderemos garantir a democracia, a justiça e o Estado de Direito no Brasil.

 


ARTIGO - “Mãe querida, nem precisa ir tão longe, como no teu hino. Nem precisa que os ricos saiam de mãos vazias e o pobres de mãos cheias. Nem pobre nem rico”.. (Padre Carlos)

 


  “Despediu os ricos de mãos vazias.” (Lucas 1,53)

 


O cântico de Maria, conhecido como Magnificat, é um dos textos mais belos e proféticos da Bíblia. Nele, Maria expressa sua gratidão e louvor a Deus por sua eleição como mãe do Salvador, mas também anuncia a revolução que Deus está realizando na história humana. Uma revolução que implica uma profunda inversão dos valores que regem o mundo.

Como teólogo, eu diria que o cântico de Maria expressa a vontade de Deus de libertar os pobres e oprimidos da opressão dos ricos e poderosos. Essa declaração não é somente um testemunho de um acontecimento histórico, mas uma proclamação profética das estruturas de pecado que produzem a desigualdade e a injustiça social. Maria nos chama hoje, assim como chamou aqueles bispos há quase sessenta anos em Roma, a descer até as catacumbas para fazer um pacto profundo e uma opção, tomando consciência da situação dos excluídos e a nos solidarizar com eles.

Essa afirmação também é uma convocação à conversão e à transformação. Maria nos desafia a questionar os valores dominantes da sociedade, que idolatram o dinheiro, o poder e o prestígio. Ela nos propõe uma nova escala de valores, baseada no amor, na justiça e na fraternidade. Ela nos chama a seguir o exemplo de seu Filho Jesus, que se fez pobre entre os pobres e veio para servir e não para ser servido.

Essa inversão de valores não é apenas uma questão individual, mas também coletiva e política. Maria nos convoca a participar da construção do Reino de Deus na terra, um reino onde os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. Um reino onde os ricos serão chamados a partilhar seus bens com os pobres e os pobres serão exaltados em sua dignidade e liberdade.

Essa é a proposta teológica de libertação que Maria nos faz em seu cântico. Uma proposta que nos inspira a viver como discípulos e discípulas de Jesus Cristo, comprometidos com a causa dos pobres e marginalizados. Uma proposta que nos desafia a sermos agentes de mudança em nosso mundo, lutando por uma sociedade mais justa, solidária e fraterna.


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...