quinta-feira, 29 de junho de 2023

ARTIGO - A Lava Jato sob suspeita. (Padre Carlos)

As denúncias de Tacla Duran




          A Operação Lava Jato, que se tornou um símbolo do combate à corrupção no Brasil, está cada vez mais questionada por suas práticas e métodos. As recentes revelações do advogado Rodrigo Tacla Duran, em entrevista ao UOL, colocam em xeque a credibilidade e a legalidade da força-tarefa que conduziu as investigações e os processos envolvendo políticos, empresários e agentes públicos.

          Tacla Duran, que foi advogado da Odebrecht e é acusado de lavagem de dinheiro pela Lava Jato, afirmou que foi vítima de extorsão e chantagem por parte de advogados que se diziam intermediários do ex-juiz Sergio Moro e do ex-procurador Deltan Dallagnol. Segundo ele, esses advogados cobravam “taxas de proteção” para evitar que ele fosse preso ou investigado em Curitiba, onde a operação tinha sede.

          O advogado disse que chegou a pagar essas taxas, mas depois rompeu o acordo por não ter garantias de que as ameaças cessariam. Ele também afirmou que possui provas periciais que comprovam os pagamentos e as conversas com os intermediários, mas que essas provas nunca foram investigadas pelo Ministério Público ou pela Justiça.

          As denúncias de Tacla Duran são graves e merecem ser apuradas com rigor e isenção. Se confirmadas, elas podem configurar crimes de corrupção, abuso de autoridade, violação de sigilo e obstrução da Justiça por parte dos envolvidos na Lava Jato. Além disso, elas podem comprometer a validade das provas e das condenações obtidas pela operação, que já foi alvo de outras críticas e contestações.

          Não se trata de defender ou absolver os acusados de corrupção pela Lava Jato, mas sim de exigir que a lei seja cumprida por todos, inclusive pelos que se dizem seus guardiões. A Lava Jato não pode se colocar acima da Constituição e do Estado Democrático de Direito, nem usar de meios ilícitos para atingir seus fins. A luta contra a corrupção é legítima e necessária, mas não pode se transformar em uma cruzada moralista que atropela os direitos e as garantias fundamentais dos cidadãos.

           A sociedade brasileira tem o direito de saber a verdade sobre a Lava Jato e seus protagonistas. Por isso, é urgente que o advogado Tacla Duran possa vir ao Brasil e prestar depoimento na Câmara dos Deputados, conforme autorizado pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal. É preciso também que as autoridades competentes investiguem as denúncias com seriedade e transparência, sem corporativismo ou partidarismo.

          A Lava Jato não pode ser blindada nem intocável. Ela deve ser fiscalizada e responsabilizada pelos seus atos, assim como qualquer outra instituição ou poder da República. Só assim poderemos garantir a democracia, a justiça e o Estado de Direito no Brasil.

 


Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...