As denúncias de Tacla Duran
A Operação Lava Jato, que se
tornou um símbolo do combate à corrupção no Brasil, está cada vez mais
questionada por suas práticas e métodos. As recentes revelações do advogado
Rodrigo Tacla Duran, em entrevista ao UOL, colocam em xeque a credibilidade e a
legalidade da força-tarefa que conduziu as investigações e os processos
envolvendo políticos, empresários e agentes públicos.
Tacla Duran, que foi advogado da
Odebrecht e é acusado de lavagem de dinheiro pela Lava Jato, afirmou que foi
vítima de extorsão e chantagem por parte de advogados que se diziam
intermediários do ex-juiz Sergio Moro e do ex-procurador Deltan Dallagnol.
Segundo ele, esses advogados cobravam “taxas de proteção” para evitar que ele
fosse preso ou investigado em Curitiba, onde a operação tinha sede.
O advogado disse que chegou a pagar
essas taxas, mas depois rompeu o acordo por não ter garantias de que as ameaças
cessariam. Ele também afirmou que possui provas periciais que comprovam os
pagamentos e as conversas com os intermediários, mas que essas provas nunca
foram investigadas pelo Ministério Público ou pela Justiça.
As denúncias de Tacla Duran são graves e
merecem ser apuradas com rigor e isenção. Se confirmadas, elas podem configurar
crimes de corrupção, abuso de autoridade, violação de sigilo e obstrução da
Justiça por parte dos envolvidos na Lava Jato. Além disso, elas podem
comprometer a validade das provas e das condenações obtidas pela operação, que
já foi alvo de outras críticas e contestações.
Não se trata de defender ou absolver
os acusados de corrupção pela Lava Jato, mas sim de exigir que a lei seja
cumprida por todos, inclusive pelos que se dizem seus guardiões. A Lava Jato
não pode se colocar acima da Constituição e do Estado Democrático de Direito,
nem usar de meios ilícitos para atingir seus fins. A luta contra a corrupção é
legítima e necessária, mas não pode se transformar em uma cruzada moralista que
atropela os direitos e as garantias fundamentais dos cidadãos.
A sociedade brasileira tem o direito
de saber a verdade sobre a Lava Jato e seus protagonistas. Por isso, é urgente
que o advogado Tacla Duran possa vir ao Brasil e prestar depoimento na Câmara
dos Deputados, conforme autorizado pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo
Tribunal Federal. É preciso também que as autoridades competentes investiguem
as denúncias com seriedade e transparência, sem corporativismo ou partidarismo.
A Lava Jato não pode ser blindada nem
intocável. Ela deve ser fiscalizada e responsabilizada pelos seus atos, assim
como qualquer outra instituição ou poder da República. Só assim poderemos
garantir a democracia, a justiça e o Estado de Direito no Brasil.
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