quinta-feira, 29 de junho de 2023

ARTIGO - “Mãe querida, nem precisa ir tão longe, como no teu hino. Nem precisa que os ricos saiam de mãos vazias e o pobres de mãos cheias. Nem pobre nem rico”.. (Padre Carlos)

 


  “Despediu os ricos de mãos vazias.” (Lucas 1,53)

 


O cântico de Maria, conhecido como Magnificat, é um dos textos mais belos e proféticos da Bíblia. Nele, Maria expressa sua gratidão e louvor a Deus por sua eleição como mãe do Salvador, mas também anuncia a revolução que Deus está realizando na história humana. Uma revolução que implica uma profunda inversão dos valores que regem o mundo.

Como teólogo, eu diria que o cântico de Maria expressa a vontade de Deus de libertar os pobres e oprimidos da opressão dos ricos e poderosos. Essa declaração não é somente um testemunho de um acontecimento histórico, mas uma proclamação profética das estruturas de pecado que produzem a desigualdade e a injustiça social. Maria nos chama hoje, assim como chamou aqueles bispos há quase sessenta anos em Roma, a descer até as catacumbas para fazer um pacto profundo e uma opção, tomando consciência da situação dos excluídos e a nos solidarizar com eles.

Essa afirmação também é uma convocação à conversão e à transformação. Maria nos desafia a questionar os valores dominantes da sociedade, que idolatram o dinheiro, o poder e o prestígio. Ela nos propõe uma nova escala de valores, baseada no amor, na justiça e na fraternidade. Ela nos chama a seguir o exemplo de seu Filho Jesus, que se fez pobre entre os pobres e veio para servir e não para ser servido.

Essa inversão de valores não é apenas uma questão individual, mas também coletiva e política. Maria nos convoca a participar da construção do Reino de Deus na terra, um reino onde os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. Um reino onde os ricos serão chamados a partilhar seus bens com os pobres e os pobres serão exaltados em sua dignidade e liberdade.

Essa é a proposta teológica de libertação que Maria nos faz em seu cântico. Uma proposta que nos inspira a viver como discípulos e discípulas de Jesus Cristo, comprometidos com a causa dos pobres e marginalizados. Uma proposta que nos desafia a sermos agentes de mudança em nosso mundo, lutando por uma sociedade mais justa, solidária e fraterna.


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