terça-feira, 30 de abril de 2019

O diaconato feminino. Uma questão em aberto.


O diaconato feminino. Uma questão em aberto.

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            Quando passamos a conviver com um presbitério, ou mesmo com um clero de determinada diocese, percebemos que a ordenação de mulheres enfrenta hoje uma resistência muito mais de caráter cultural, do que históricas e, até, teológicas.
            Aconteceu o mesmo com o acesso das mulheres para assumir papéis de liderança na sociedade, na economia e na política. Até a década de quarenta do século passado, podemos constatar que a presença de mulheres estava limitada a setores da nossa economia e não exercia algumas atividades os quais só eram reservadas os homens: hoje não existe mais esta separação e em quase todos os setores econômicos encontramos a presença feminina.
             Em muitos casos, as mulheres tornaram-se maioritárias, como na docência nas universidades e politécnicos. Nos cargos de gestão, porém, os homens continuam a ter uma presença preponderante.
            Em agosto de 2016 o Papa Francisco criou a Comissão Pontifícia para o Diaconato Feminino, com o objetivo de estudar se, no passado, as mulheres já teriam sido ordenadas diáconos. No final do ano passado, a comissão entregou ao Papa as suas conclusões, que ainda não foram tornadas públicas.
            Segundo os pesquisadores: Phyllis Zagano, professora de espiritualidade na universidade americana de Hofstra, em Hempstead, Nova Iorque, e o padre jesuíta Bernard Pottier, docente no Institut d"Etudes Théologiques de Bruxelas, na Bélgica." Ambos estudam há décadas a questão da ordenação de mulheres. Não têm dúvidas de que já foram
ordenadas diáconos no passado, sustentando que há razões teológicas para serem novamente admitidas ao diaconato, como acontece noutras igrejas cristãs não católicas. Não impõem as suas convicções ao Papa no relatório entregue, mas, nas suas declarações à Agência Ecclesia, transparece o desejo de que ele atue no sentido da restauração do diaconato no feminino, deixando algumas sugestões.
            Há mais de 50 anos, podemos presenciar a participação de leigos e leigas, pregando a Boa Nova nas Comunidades Eclesiais de Base a Celebração da Palavra e o trabalho de evangelização, tem demostrada que a presença feminina é fundamental para a Igreja em movimento. Apesar da presença constante das mulheres na Igreja, podemos constatar como o clericalismo e o machismo tem ocupado o imaginário do católico e não podemos negar que esta cultura é fruto de uma mentalidade clerical.  Quando exercia o ministério, em conversa com uma paroquiana sobre essa modalidade, ela referiu que gostavam muito das celebrações orientadas pelas religiosas, mas preferiam quando era um leigo, "porque um homem no altar é outra imponência!". O padre - surpreendido com esta resposta que sublinhava as resistências culturais que a ordenação de mulheres tem de vencer - era eu, nos meus primeiros anos de pároco.
            A história da Igreja, segundo os peritos, parece comprovar que já houve mulheres ordenadas pelo menos diácono. As razões teológicas e práticas que justificaram essa opção no passado podem ser invocadas para voltar a ordenar mulheres. Sobretudo agora, depois de o diaconato permanente ter sido restaurado e permitir a ordenação de homens casados. As objeções culturais, essas, serão mais difíceis de vencer. Mas acabarão por ceder.
Padre Carlos


ARTIGO - A poesia como remédio ( Padre Carlos )


A poesia como remédio


            Quem não viveu os horrores da guerra, não tem ideia como esta ferida perpassou no imaginário do povo europeu. Desta forma, não poderia surgir uma filosofia existencialista como foi concebida por Sartre, se o seu publico não tivesse sido testemunha ocular de toda aquela barbárie para entender a importância da vida e da existência do ser. Com isto, gostaríamos de lembrar aos leitores, que os elementos da natureza humana, como: angústia, má-fé e liberdade, são as peças centrais, para entendermos o sentido humanista do existencialismo.
        Assim, chamamos à atenção para o fato da ligação entre filosofia e poesia, quando alguém filosofa esta criando uma poesia e quando escrevemos uma poesia temos que filosofar. A força do poema quando é declamado, faz chegar ao público à expressão sensível da beleza ou da dor, ganhando um significado nos mínimos detalhes buscando assim rimar com alegria e tristeza que gostaríamos de expressar.
        Trabalhar os traumas e conflitos existenciais que ficaram para traz era agora a missão de todos aqueles sobreviventes. Perguntar a um francês ou um alemão no pós-guerra algo relacionado ao período de ocupação seria uma indelicadeza, pois este assunto suscitava os demônios de um tempo de terror.
O agente que traz a esperança e traduzem os sonhos as emoções, dores e nostalgias de um povo é sem duvida o poeta. Só através dos olhos e dos textos destes anjos, podemos entender e traduzir todos estes sentimentos, só mesmo através das poesias poderia chegar ao mais profundo das alegrias e dores destas almas.
        Non, rien de rien, non, je ne regrette rien, (Não, nada, não, eu não me arrependo de nada) com estas palavras, Édith Piaf, começa a revelar atraves da chanson como se libertou dos medos e traumas de um peíodo da história. Assim ela diz: “É pago, varrido, esquecido, não me importo com o passado.” A diva traz nos seus clássicos, as dores e tristeza das perdas que foram colecionando nesta vida.
        A história é feita de hérois, mas também de fracos, medrosos e vendidos, aos atos de coragem, se contrapõem oas de traições, falcidades e todo tipo de hipocresia. A França ocupada tinha uma população que se manteve neutra durante a ocupação, presenciando a ação do inimigo em seu país, esta neutralidade não foi salutar para os franceses. Outro fato que podemos enumerar é a presença de alguns fraçeses ajudando os nazistas a consolidarem a ocupação (colaboracionistas) e por fim as forças de resistência.
        Relatos das francesas no início da ocupação diziam que os jovens soldados alemães tinham uma beleza comparada aos deuses gregos. Durante a ocupação nazista, quase cem mil crianças nasceram de relações entre francesas e os saldados alemães, este total só trinta por cento foi oficialmente reconhecido. Estes acontecimentos abriram feridas de grandes proporções. no inconsciente coletivo deste povo.
        Romper com o silêncio de todos estes traumas, sofrimento e perda eram necessários. Foi através da arte, que a Europa pode nos pós-guerra, traduzir toda aquela dor fazemdo do artista, poeta o interprete de um povo que precisa reconciliar com seu passado.Romper com o silêncio de todos estes traumas, sofrimento e perda eram necessários. Foi através da arte, que a Europa pode nos pós-guerra, traduzir toda aquela dor fazemdo do artista, poeta o interprete de um povo que precisa reconciliar com seu passado.
        Assim como não há mal que dure para sempre e não há tristeza que não tenha fim, a Europa se reergueu de todo o fragelo da guerra e mesmo carregando todo aquele passado de dores e tristeza, soube olhar para frente e acreditar que existe um amanhã.
Padre Carlos.


Amigo não é coisa e se guarda no coração

Amigo não é coisa e se guarda no coração


Quantos amigos eu posso afirmar que tenho realmente? Poucos, pouquíssimos! Os dedos de uma mão podem ser mais do que suficiente para contar as amizades verdadeiras que conseguir conquistar ao longo da minha vida. Claro, que posso contar inúmeros colegas, pessoas mais próximas, etc. Mas amigos de verdade são raros, e durante as crises que tenho enfrentado tomei consciência que elas não afastaram meus amigos, apenas selecionaram.

Diante destes questionamentos, passei a catalogar as amizades em todas as fases da minha vida. Há os amigos da infância, da adolescência, da época de seminários da militância política etc. Os caminhos que foi percorrendo em minha trajetória de vida, nem sempre permitiu manter tais amizades. Assim no meu caso: as mudanças de cidades e bairros me fizeram perder contato. A distância geográfica, o distanciamento, as condições de comunicação foram outros fatores que reduziram basicamente o encontro com os amigos. Para ilustrar o que estou falando, é preciso dizer que não havia internet, e-mail, facebook, nem mesmo telefone residencial (imagino que hoje é muito mais fácil manter contato com os amigos distanciados geograficamente). Confesso que tenho tentado e conseguido refazer alguns contatos, mas na maioria, restam apenas às recordações, as doces lembranças de uma época.

Por onde andará o meu amigo de infância do bairro da Pituba, quando este era um balneário onde a classe média passava as férias. E o amiga que estimulou os meus primeiros passos na militância política ? Onde estarão os amigos do tempo da Pastoral Operária, da militância no núcleo de base do PT no Nordeste de Amaralina (Salvador.) Por onde andarão os amigos do Seminário de Filosofia (Vitória da Conquista) e Teologia (Belo Horizonte)?
Os amigos estão presentes, seja nas recordações ou nas possibilidades do reencontro. O certo é que uma verdadeira amizade permanece, ainda que o tempo e as condições dificultem ou impossibilitem o encontro físico. O advento da internet permitiu reencontrar alguns, mas o passar dos anos revelou-se desgastante. Tentei resgatar e manter contato, mas as respostas nem sempre foram positivas – e, em alguns casos, prevaleceu o silêncio. Compreendo, não somos mais o que fomos no passado; nos transformamos, somos outros em novas realidades e com novas amizades – ainda que o que vivemos resista em nós, um passado que teima em se fazer presente.


As potencialidades da comunicação via internet não mudaram o que já estava sedimentado. Em outras palavras, as amizades do passado parecem ter parado no tempo – o reencontro via Facebook, por exemplo, não mudou o caráter nem a qualidade das mesmas. A presença dos amigos via virtual não supriu a ausência real. O tempo e a distância geográfica, além daquela construída pela diferença dos caminhos percorridos, produziram efeitos nem sempre positivos. Embora a amizade permaneça, guardada afetuosamente em algum lugar do eu, ela não é vivenciada. Ficaram apenas as recordações, porém significativas.

Comecei a refletir sobre tudo isto, sobre as vantagens e desvantagens de ter um perfil com milhares de “amigos”. Quais os interesses? O que há de comum entre nós? Os amigos pessoais, conhecidos e aqueles com os quais estabeleci uma relação mais intensa, ainda que no âmbito virtual, estavam “perdidos” entre tantos. Então, comecei a ser mais criterioso, mais seletivo. Percebi o trabalho e dificuldade de selecionar os “amigos”.
Quantos aos amigos reais espero reencontrá-los pessoalmente ou mesmo no âmbito virtual. O mais importante, porém, é que os sentimentos de amizade permanecem vivos. Inovações tecnológicas são fundamentais, mas não mudam o essencial! O tempo, à distância e a ausência de contato não suprimiram a amizade. Ainda que ausentes e distantes geograficamente, os amigos permanecem presentes. Apesar das dificuldades, consegui manter contato com alguns deles e não esqueci os que não vejo há anos!
Afora o passado, há o presente, o tempo em que vivemos. Neste, é fundamental as amizades construídas em Vitória da Conquista e na vida nos últimos anos. Triste do indivíduo que não tem amigos reais, ainda que os dedos das mãos sejam suficientes para contá-los. Para ter milhares de amigos virtuais bastam apenas alguns clicks; para perdê-los também. No entanto, é muito mais complexo ter amizades reais e duradouras! O importante é saber discernir bem os amigos e “amigos”, realidade e virtualidade!
Padre Carlos

As rosas não falam


As rosas não falam



As rosas sempre tiveram um papel importante nas minhas lembranças e reflexões. No jardim do seminário onde morei havia muitas roseiras! Afinal, Vitória da Conquista é conhecida como a cidade das rosas.

As rosas são de uma beleza extasiante, especialmente as vermelhas. Rosas vermelhas me fazem lembrar Rosa Luxemburgo, a vermelha. Li suas cartas e descobri uma personalidade sensível, amante da natureza e atenta aos detalhes mais singelos da vida.

N.R.: 
Rosa Luxemburgo foi uma filósofa e economista marxista polaco-alemã. Tornou-se mundialmente conhecida pela militância revolucionária ligada à Social-Democracia da Polônia, ao Partido Social-Democrata da Alemanha e ao Partido Social-Democrata Independente da Alemanha.Wikipédia
Nascimento5 de março de 1871, Zamość, Polônia
Falecimento15 de janeiro de 1919, Berlim, Alemanha

Hoje, fiquei admirando as rosas do jardim da praça e pensava nos cuidados que o jardineiro teve com aquela roseira, para que aquele milagre acontecesse. E sendo testemunha daquela obra de Deus, um pensamento se apoderou de mim: Assim também é o amor.

Como a roseira, ele precisa de cuidados! Sem a seiva que o alimenta e o revigora, perece. Como a roseira, o amor tem espinhos que ferem e faz sangrar. Os espinhos são inerentes à natureza da roseira, apesar da beleza das rosas. 

Se o amor é belo como elas, há também espinhos que causam ferimentos e dores dilacerantes. Pois o sofrer e a capacidade de causar sofrimento faz parte do amar.

Se cultivarmos a roseira com carinho, ela continuará a gerar rosas que embelezam e alegram o nosso viver. O ser humano precisa ser tratado com o mesmo carinho, o amor precisa ser cultivado. Então, mesmo quando pareça inexistente, desabrochará novamente.

Pois, ainda que adquira outras formas, que se manifeste em outras condições e tome outras direções, o amor resiste ao tempo e permanece no ser que ama. As rosas nascem, perecem e são substituídas por outras produzidas pela mesma roseira.

A roseira não tem memória nem sentimentos, ela apenas reproduz o ciclo da vida. Se ela pudesse lembrar e sentir, as rosas que no passado desabrocharam e se extinguiram estariam presentes nela. Como a roseira, geramos diversas experiências de amar, amores que jamais esquecemos.

Desta forma, amar é uma experiência extraordinária.  O amor é “algo em si mais importante e sagrado do que o objeto que o inspira. 

E isso porque ele permite ver o mundo como um cintilante conto de fadas, porque faz aflorar o que há de mais nobre e mais belo no ser humano, porque eleva o que há de mais comum e insignificante e o craveja de brilhantes e porque possibilita viver em embriaguez e êxtase”, escreveu Rosa Luxemburgo.

Como a roseira, se cuidarmos para que não faltem os ingredientes necessários à sua existência e não nos esquecermos de tomar os devidos cuidados para não nos ferirmos com os espinhos, o amor subsiste e resiste às intempéries da vida.

No amor sempre vai depender da perspectiva que o outro olha para o seu parceiro. Talvez por isto Machado de Assis nos chamou a atenção que há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho.

Enquanto outras sorriem por saber que os espinhos têm rosas. Não existem rosas sem espinhos, não existem relações duradouras sem renúncia.

Padre Carlos.




A Escola é sem Partido?


A Escola é sem Partido?


           
Um amigo me questionou sobre o meu posicionamento a respeito da proposta de lei sobre Escola sem Partido. Sempre fui honesto em tudo que faço, por isto, acho melhor assumir a não neutralidade. 
        Como escreve Paulo Freire: “Em nome do respeito que devo aos alunos não tenho por que me omitir, por que ocultar a minha opção política, assumindo uma neutralidade que não existe. Esta, a omissão do professor em nome do respeito ao aluno, talvez seja a melhor maneira de desrespeitá-lo”.

        Também desrespeita o aluno quem disfarça posições políticas sob o manto de um discurso pretensamente científico, ou seja, faz parecer ciência o que de fato nada mais é que ideologia não declarada.

 Outro fator importante, é não desrespeitar com o abuso de autoridade conferida institucionalmente para impor ideias políticas, sejam elas conservadoras, liberais, marxistas ou mesmo anarquistas. O papel do professor não é doutrinar alunos, nem muito menos agir como o pastor que alicia almas para o seu rebanho. Na verdade, não cabe ao docente fazer proselitismo político em sala de aula, menos ainda doutrinar, “fazer cabeça” dos seus alunos.

 Porém é bom que se deixe claro, que não existe professor politicamente neutro; o mesmo se aplica aos estudantes. Somos seres sociais, compartilhamos visões sociais de mundo que orientam posições e práticas sociais, apesar das nossas escolhas, somos chamados a criar uma consciência critica para que os nossos alunos tenham competência de discernir e fazer suas escolhas.

  Assim, podemos esclarecer no âmbito político, que o atual cenário brasileiro é resultado do golpe parlamentar de 2016, que levou o Brasil a regressão social econômica não vista há 20 anos e que resultou na ascensão política das fo

rças fascista ao poder.

 Trabalhando as ideias, podemos observar com os alunos os discurso do presidente eleito e constatar como ele usa das mesmas técnicas populistas infestadas de comentários racistas, homofóbicos e xenofóbicos. Parece que estamos em 1945, mas é 2019!

     

  Trabalhar com fatos históricos é de fundamental importância para que eles entendam que se pegar qualquer discurso de Hitler e trocar as palavras Alemanha por Brasil e judeus por gays, você acharia que as frases pertencem ao conjunto de pessoas que acabam de chegar ao Planalto.

Como diz Max Weber, “... a tarefa do professor é servir aos alunos com o seu conhecimento e experiência e não impor-lhes suas opiniões políticas pessoais.


Padre Carlos



domingo, 28 de abril de 2019

“Quem nunca curtiu uma paixão Nunca vai ter nada, não”


“Quem nunca curtiu uma paixão
Nunca vai ter nada, não”

            Defendemos com todas as nossas forças a liberdade, levamos a cabo varias revoluções e empreendemos varias frentes de batalha, mas, depois de tudo, o que conta mesmo é o descanso do guerreiro é o beijo, é o amor, é o carinho da amada é a certeza que tenho alguém que me espera de braços aberto, mesmo quando os nossos ideais não são comuns.
            Somos criados para viver em liberdade, é ela que acende em nós o ideal da revolução e a aceitação da luta como forma de atingir essas conquistas. Lutamos por aquilo em que acreditamos, mas também lutamos por aquilo em que outros acreditam, porque temos a capacidade de sentir empatia pelos ideais daqueles que nos rodeiam e de nos sentirmos impelidos a defendê-los, fazendo da sua a nossa bandeira.
            Envolvemo-nos constantemente em lutas, grandes, pequenas ou minúsculas. Lutamos por uma vaga no estacionamento, como lutamos também por direitos iguais para todos; lutamos pelo reconhecimento do nosso trabalho, como lutamos em defesa dos animais; lutamos por um lugar nos transportes públicos assim como lutamos pela paz no mundo, ou pela erradicação da pobreza ou da fome. Somos capazes dos atos mais altruístas como dos mais egoístas e, quotidianamente, lutamos para viver e, algumas vezes, para sobreviver.
            Somos feitos do desejo de guerrear, ele faz parte da nossa natureza humana, nos dando capacidade de lutar por tudo: grandes ideais ou pequenas discussões. E é quando percebemos a falta de sentido para as pequenas lutas, aquelas que só nos desgastam e em nada contribuem para a nossa felicidade (e, muitas vezes, muito menos para a dos outros), que devemos questionar sobre o motivo que nos leva a empreender tal luta. Quando buscamos conhecer o nosso interior, encontramos a causa dos nossos sofrimentos, solucionamos as consequências e encontramos em nós as força para mudar.
            Como diz Cecília Meireles: “E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza. E deixemos de coisa, cuidemos da vida. Pois senão chega a morte. Ou coisa parecida. E nos arrasta moço. Sem ter visto a vida.”.
            Só conscientes das nossas virtudes e dos nossos defeitos conseguimos criar espaço, no nosso coração, para o amor. Como Dizia o Poeta Vinicius de Moraes: Não há mal pior. Do que a descrença. Mesmo o amor que não compensa. É melhor que a solidão. Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair. Pra que somar. Se a gente pode dividir? Eu francamente já não quero nem saber. De quem não vai porque tem medo de sofrer.  Ai de quem não rasga o coração. Esse não vai ter perdão.
            Esse é o grande pecado, quem não amar estará perdido.  O amor é, pois, o que nos redime e nos consola o que fica depois de todas as guerras travadas, depois de toda a vida embaçada, minúscula, imprecisa e preciosa como nenhuma outra coisa. O amor é alimento, força motriz é o norte e o oriente, que nos permite manter a cabeça bem erguida neste mundo de meu Deus.
Padre Carlos.



sábado, 27 de abril de 2019

Parlamento é vocação


Parlamento é vocação



           



            A essência da política está no garantir o bem-estar da população em geral, sem priorizar interesses individuais. A política é a arte de bem servir o povo, mas só cumpre esse papel quem possui a vontade de ajudar ao próximo.

            Infelizmente, nem todas as pessoas que assumem uma atuação política, possuem como interesse principal o cuidado com o povo e com a Coisa Pública. Quando falo em servir ao povo, quero me referir acima de tudo exercer a vocação parlamentar, porque não basta vontade, popularidade se não for acompanhada por uma vocação ao parlamento é ela que traz a certeza da competência de um mandato eficaz.
            Infelizmente, não bastam votos amizades e uma estrutura de campanha é preciso acima de tudo ter vocação, e o que constatamos nesta legislatura é que  alguns  parlamentares não corresponde as estes aptidões e quando falo me refiro no campo da situação e na oposição. Um líder comunitário pode ter um desempenho exemplar e se destacar na comunidade, mas isto não quer dizer que tenha vocação para o parlamento, da mesma forma o líder sindical. Você traz de berço, nasce com ela é um  ministério, uma missão e uma verdadeira vocação.

 

             Porque estou lembrando isto. O fato é que nesta sexta-feira, 26 ao fazer uso da tribuna livre na Câmara Municipal, o ex-vereador Arlindo Rebouças, não só fez uma série de cobranças ao Executivo Municipal, como lembrou para alguns membros daquela casa, como fazer política e acima de tudo, como fazer oposição. Confesso aos senhores que naquele momento, desejei que fosse um dos nossos quadros da esquerda que tivesse fazendo aquela fala. Uma verdadeira aula como se faz oposição e demostrando de forma clara que o papel de fiscalização que compete aquela bancada, não está sendo efetivamente exercido por alguns membros daquela bancada salvo algumas exceções.

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            O papel da oposição é apontar falhas e investigar “ O que queremos na verdade é que fiscalizem todas estas denuncias: se a Emurc faz as planilhas para executar as obras sem licitação”.” “ O contrato com a Torre de pouco mais de R$ 600 mil por mês e “agora mais de um milhão de reais sem licitação”. “A obra da Praça Vitor Brito que deveria ser executada em semanas demorou um ano,” etc, etc, e etc.
            Foram várias denuncias e não coloquei aqui todas, porque nosso objetivo é outro. Mas, gostaria de lembrar aos servidores públicos parlamentares, que foi para isso que foram eleitos. Assim, se os vereadores são de oposição devem fazer o dever de casa de forma exemplar, isto é, tem que fiscalizar formar uma assessoria competente e mostrar trabalho.  A população vai cobrar se o vereador não fizer um mandato sério competente e responsável.
            Servir a comunidade conquistense é uma das ações mais nobres desempenhadas pelos nossos representantes. Assim, trabalhar para melhor a vida das pessoas e transformar realidades difíceis em esperança de dias melhores, são, indiscutivelmente, recompensas incalculáveis para aqueles que possuem esta vocação e a missão de desempenhar com dignidade e moral o espírito de homem público.

Padre Carlos




CADA LOUCO COM SUA MANIA



CADA LOUCO COM SUA MANIA

            Devemos respeitar o que as pessoas pensam ou fazem por mais absurdo que pareça.  Assim, gostaria de chamar a atenção dos nossos leitores sobre um fato inusitado ocorrido no Bairro Miro Cairo: em uma reunião aberta do prefeito Herzem Gusmão e grande parte do alto escalão da Prefeitura de Vitória da Conquista, o Líder do Prefeito na Câmara ao fazer uso da palavra, passa a fazer previsões fora de qualquer contexto eleitoral, chegando ao ponto de prever que seu líder, “Herzem será reeleito, ano que vem, no primeiro turno”. O homem que se acha: Michel de Nostredame, personalidade da história, que ficou famoso por sua suposta capacidade de vidência. O profeta francês Nostredame é uma das figuras mais icônicas quando o assunto são previsões para o futuro, que não é o caso do nosso vereador.
            Com uma péssima administração e enfrentando sérios problemas de caráter político e administrativos, como o colapso no sistema de transportes coletivos em Vitória da Conquista, na área da educação, saúde e na zona rural, Pereira como gosta de ser chamado, tem visto despencar sua popularidade e não existe no momento, qualquer fato político que posso reverter esta conjuntura. Assim, uma gestão fraca e incompetente, termina trazendo sérios problemas e um esforço descomunal e só uma pessoa com as característica de Jorge Bezerra poderia assumir este trabalho como líder do governo. Desta forma, defender o governo pode ser tarefa extremamente difícil, mesmo diante de uma bancada de oposição que não é irresponsável.  Acho até que é muito complacente com a gestão de Pereira, com algumas exceções.
            Como fiel escudeiro, não podemos negar a semelhança do parlamentar conquistense com o ex-deputado Carlos Marun, o defensor solitário de Cunha na sessão de cassação. No governo de Temer, este parlamentar sofreu pouca e boas, ao defender o indefensável e sustentar o insustentável. Podem lhe dar todos os adjetivos, mas, jamais poderão falar da fidelidade deste, mesmo quando o navio estava afundando.
             A fidelidade repercutiu no Parlamento e nas redes sociais. "Quero um marido fiel como o Marun", tuitou a apresentadora Astrid Fontenelle. "Só sobrou o Marun?", perguntou a comentarista política Cristiana Lôbo. "Só se ouve Carlos Marun", exclamou a jornalista Eliane Cantanhêde. 
            Voltando as profecias do nosso Nostredame do sudoeste baiano, esperamos que não se concretizem, pois todas as previsões do verdadeiro profeta se tratavam de catástrofe.
            O que eu quero dizer é que vejo qualidades no nosso vereador e por se tratar de um primeiro mandado, ainda tem muito que aprender com os seus pares.

Padre Carlos

PADRE CARLOS PT

O artesão das palavras

     


     Nesta trajetória de buscar traduzir os meus sentimentos e os que estão no inconsciente de uma comunidade, aprendi que nem sempre colocamos no papel o que queremos. Porque nem sempre o que queremos reflete o verdadeiro sentido do objeto de estudo que é, e sempre será, ensinar o homem e a mulher, a pensar. 
     É preciso sentir a dor de quem perde um grande amor, para aprender com as lagrimas do outro, o verdadeiro sentido do vazio e do abandono. Foi necessário recolher todas as pedras, para que eu pudesse construir com elas o meu caminho. Sim, a coragem de escrever foi se revelando de tal forma que fui me expondo com toda a minha nudez de pensamento e passei a revelar o que se encontrava no meu verdadeiro interior, me impulsionando na busca da metáfora elegante, na forma certa e na simetria perfeita. Isto sim, foi o que me fez articulista. 
     Escrever não é fácil, isso todo mundo já está cansado de saber, principalmente filosofia, antropóloga e história, buscando assim com este trabalho uma abordagem conjuntural. Mesmo sabendo de todas estas dificuldades, não desistir de colocar no papel meus sentimentos e as felicidades e dores de todos aqueles que estão precisando de alguém que possa traduzir. Assim, aprendi que nem tudo que é fácil é bom, são principalmente as dificuldades de escrever e entender o inconsciente de um povo, que fez com que eu mergulhasse cada vez mais neste mundo das ideias para que assim pudesse me sentir um verdadeiro artesão das palavras e conseguisse de forma precisa interpretar as alegrias e tristeza de um público especifica.

     Temos de admitir que, infelizmente encontramos neste meio alguns profissionais muito mais preocupados com o retorno financeiro da sua produção acadêmica, do que com as pessoas que participaram do mesmo. Outro personagem que também encontramos de um modo geral, são os medíocres, estes estão mais obstinados na conquista de posições, sabem vender um produto de péssima qualidade e tem através de amigos, uma máquina de propaganda para colocar em destaque o resultado da sua obra. Temos que saber ocupar os espaços vazios. Assim, profissionais que trabalha duro e buscam vencer pelo esforço de muita luta, termina não entendendo o mercado e se tornando displicentes para apresentar o seu trabalho e buscar o reconhecimento que este merece. Desta forma, temos que admitir que mediocridade não é burrice e estas pessoas sabem o que querem e traçam assim uma estratégia para alcançar seus objetivos. Esses medíocres, oportunistas e ambiciosos, têm a capacidade de salvaguardar suas posições conquistadas com verdadeiras muralhas de ferro, por onde os verdadeiros profissionais não conseguem passar. Em todas as áreas principalmente neste métier das letras, encontramos muitas fortalezas estabelecidas, as panelinhas e as amizades prevalecem e colocam as relações pessoais acima do talento e do profissionalismo.
Padre Carlos

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...