terça-feira, 30 de abril de 2019

A Escola é sem Partido?


A Escola é sem Partido?


           
Um amigo me questionou sobre o meu posicionamento a respeito da proposta de lei sobre Escola sem Partido. Sempre fui honesto em tudo que faço, por isto, acho melhor assumir a não neutralidade. 
        Como escreve Paulo Freire: “Em nome do respeito que devo aos alunos não tenho por que me omitir, por que ocultar a minha opção política, assumindo uma neutralidade que não existe. Esta, a omissão do professor em nome do respeito ao aluno, talvez seja a melhor maneira de desrespeitá-lo”.

        Também desrespeita o aluno quem disfarça posições políticas sob o manto de um discurso pretensamente científico, ou seja, faz parecer ciência o que de fato nada mais é que ideologia não declarada.

 Outro fator importante, é não desrespeitar com o abuso de autoridade conferida institucionalmente para impor ideias políticas, sejam elas conservadoras, liberais, marxistas ou mesmo anarquistas. O papel do professor não é doutrinar alunos, nem muito menos agir como o pastor que alicia almas para o seu rebanho. Na verdade, não cabe ao docente fazer proselitismo político em sala de aula, menos ainda doutrinar, “fazer cabeça” dos seus alunos.

 Porém é bom que se deixe claro, que não existe professor politicamente neutro; o mesmo se aplica aos estudantes. Somos seres sociais, compartilhamos visões sociais de mundo que orientam posições e práticas sociais, apesar das nossas escolhas, somos chamados a criar uma consciência critica para que os nossos alunos tenham competência de discernir e fazer suas escolhas.

  Assim, podemos esclarecer no âmbito político, que o atual cenário brasileiro é resultado do golpe parlamentar de 2016, que levou o Brasil a regressão social econômica não vista há 20 anos e que resultou na ascensão política das fo

rças fascista ao poder.

 Trabalhando as ideias, podemos observar com os alunos os discurso do presidente eleito e constatar como ele usa das mesmas técnicas populistas infestadas de comentários racistas, homofóbicos e xenofóbicos. Parece que estamos em 1945, mas é 2019!

     

  Trabalhar com fatos históricos é de fundamental importância para que eles entendam que se pegar qualquer discurso de Hitler e trocar as palavras Alemanha por Brasil e judeus por gays, você acharia que as frases pertencem ao conjunto de pessoas que acabam de chegar ao Planalto.

Como diz Max Weber, “... a tarefa do professor é servir aos alunos com o seu conhecimento e experiência e não impor-lhes suas opiniões políticas pessoais.


Padre Carlos



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