sexta-feira, 30 de julho de 2021

ARTIGO - Escola-civico-militar - (Padre Carlos)

 

Escolas públicas: soldado ou cidadão?

 

 


 

Ao tomar conhecimento através dos blogs da nossa cidade que a Prefeitura de Vitória da Conquista esta avaliando implantar o sistema de ensino dos colégios Militares, pude entender que além das questões pedagógicas, a questão de segurança também entrou definitivamente pelos portões dos nossos colégios. Podemos afirmar que em geral, as escolas militares são bem vistas pela população, sobretudo por seus índices na qualidade do ensino, que é, aliás, uma das justificativas do governo municipal para avaliar em implementá-las.


Na Bahia, algumas prefeituras já aderiram ao modelo, por meio de convênio entre a União dos Municípios da Bahia (UPB) e o Comando da Polícia Militar do estado. A tese que sustenta o modelo de escolas cívico-militares é a de que a divisão de responsabilidades da gestão entre militares (cuidando da administração e da disciplina) e os educadores, responsabilizando-se pelas questões pedagógicas, promove a pacificação das escolas, estimulando, de maneira indireta, a melhoria da aprendizagem.

Mesmo não concordando com o tipo de formação, não podemos negar que este modelo vem ganhando mais e mais visibilidade, ao mesmo tempo ele desperta dúvida e controvérsia, em função de seus fundamentos: 

Como professor de filosofia e cidadão envolvido no assunto, gostaria de deixar claro, que a militarização das escolas no nosso município não é o caminho. É a educação pública, gratuita, laica, democrática, inclusiva e de qualidade social que oferece formação ampliada para os sujeitos que vão transformar nossa realidade, por isto não abrimos mão do ensino crítico, criativo e emancipatório. Apesar de não estarmos recebendo esta educação pública em decorrência da falta de investimentos por parte dos poderes públicos e certa cultura corporativista classista.

Voltando ao ensino militar, gostaria de dizer que ele vai na contramão do que significa a educação transformadora de mentes e corações. E neste cenário de tanta dor, morte, é a esperança de que juntos e juntas vamos construir um amanhã melhor que nos move. E este novo amanhã começa dentro de uma escola que humaniza e rejeita as violências como estratégias pedagógicas.


A educação de qualidade, que queremos com ou sem o modelo militar, é aquela que fomenta a humanização de cada pessoa e seja capaz de transformar vidas. Muito além de um espaço para aprender a ler e escrever, uma escola deve ser lugar de liberdade, de livre expressão, que instigue a criatividade, a autoria, a produção de conhecimentos científicos, artísticos e tecnológicos, o senso crítico e a convivência humana solidária

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