segunda-feira, 19 de julho de 2021

ARTIGO - Mulheres propõem reforma para a Igreja (Padre Carlos)

 

Mulheres propõem reforma para a Igreja



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Quinhentos anos depois, a história pode se repetir. Ou vamos aprender com os nossos erros?

No dia 31 de outubro de 1517 Martinho Lutero afixou na Igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, as suas 95 teses, nestas atacavam, sobretudo a prática da Igreja Católica de vender indulgências, como uma forma de comercializar o sagrado. Lutero condenava o apego excessivo ao dinheiro, às riquezas e o paganismo da Igreja mesmo sabendo que havia outras coisas mais sérias para criticar. No fundo, Lutero desejava uma profunda reforma da instituição católica. Esta só aconteceu de fato no Concílio de Trento (1545-1563), mas não com a participação do agostiniano, que tinha sido excomungado em janeiro de 1521: diante da Reforma Protestante por ele promovida. Não podemos negar que este monge agostiniano teve o dom de despertar na Igreja Católica a necessidade de se reformar.


Quinhentos anos depois, quando a Igreja alemã vive um processo sinodal de reflexão sobre o futuro do cristianismo naquele país, um movimento de mulheres, denominado "Maria 2.0", deu visibilidade às preocupações como feminino é visto e tratado pela Igreja Católica. Desta forma, estas mulheres que parecem mais profetizas que reformista, repetiram o gesto de Lutero ao afixar nas portas das igrejas e catedrais por toda a Alemanha as suas sete teses, evocando o gesto daquele religioso. Também elas afirmam que se for preciso, abandonarão a instituição para que sejam desbravados novos caminhos.

Nas sete teses pedem que não sejam vedados determinados cargos em função do sexo. Pretendem uma maior participação de todos nas decisões eclesiásticas. Defendem maior transparência e respeito pelas pessoas vítimas de abusos sexuais. Recomendam a revisão da moral sexual. Propõem o fim do celibato obrigatório. Querem ver na Igreja uma maior responsabilidade e sustentabilidade na administração dos bens materiais. Aspiram a uma Igreja menos alienada das questões que preocupam os homens e mulheres de hoje.

Assim como há quintos ano, Já se levantam vozes com discursos de excomunhão e de punhos ferro para controlar este e outros movimentos. Que o Bom Deus tenha misericórdia desta Igreja e não deixe a história se repetir, pois não seria uma tragédia, mas diante dos avanços da modernidade, seria uma farsa deslavada.  Não podemos cometer os mesmos erros que há quinhentos anos: é melhor que elas contribuam para a renovação da Igreja do que serem postas fora desse dinamismo.


Também será decisivo para as reformas que a Igreja tanto precisa, um pouco de bom senso no curso deste processo. É preciso que as católicas alemãs não queiram impor as suas teses sem que haja um discernimento e uma negociação. Só com diálogo se poderá construir um futuro melhor para a Igreja.




 


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