sexta-feira, 30 de julho de 2021

ARTIGO - Morreu Otelo, mas a Revolução esta viva! (Padre Carlos)

 

Morreu Otelo, mas a Revolução esta viva!

 


Iniciamos a semana com a triste notícia da morte do Comandante Otelo Saraiva de Carvalho, militar e estrategista da "Revolução dos Cravos", morreu neste domingo de madrugada aos 84 anos, no Hospital Militar, em Lisboa.


Para entender quem foi este português é preciso saber que enfrentar Spínola e peitar o PCP em meados da década de setenta não era pra qualquer um, buscar o equilíbrio e defender a democracia, tanto no Brasil, como em Portugal era visto como traidor ou reformista. Minha geração sempre teve um profundo carinho por este revolucionário, sabíamos que havia léguas que nos separávamos, havia um oceano “Tanto mar, tanto mar, mas diante da ditadura aqui no Brasil e das notícias do desaparecimento e prisão de alguns, vinha à certeza de quanto era preciso, pá navegar, navegar. Otelo, sempre quis o povo no meio da revolução, ele sabia que nenhuma vanguarda substitui o desejo da maioria.

Foi uma triste coincidência, morreu no dia 25, o mesmo dia que, no século passado, o tornara protagonista da nossa história coletiva: o 25 de Abril de 1974 e o 25 de Novembro de 1975. Otelo Saraiva de Carvalho partiu, aos 84 anos, quase presenciou a Revolução dos Cravos completar 50 anos. Vamos ter que comemorar sem o comandante, daqui pra frente. Principalmente quando a comemoração dos caminhos da democracia requer uma reflexão sobre a liberdade e a luta contra o fascismo. O balanço será feito sem Óscar, o nome de código de quem planeou e dirigiu a Operação Fim de Regime. A diferença destes militares para os nossos, vai alem de primeiro para vinte cinco de Abril, o primeiro eram golpistas e implantou uma ditadura o segundo pôs fim a uma das mais longas ditaduras da Europa, a do Estado Novo português. Iniciado a partir de um golpe militar em 1926, transformado em ditadura civil e corporativa no início da década de 1930, sob a liderança de António Oliveira Salazar.


Para os militares portugueses, o inportante era a criação de um sistema que elevasse rapidamente o nível social, econômico e cultural de todo um povo que viveu 48 anos debaixo de uma ditadura. O comando militar dizia que este povo, que viveu 48 anos sob uma ditadura militar e fascista merecia mais. E não iriam tolerar que dois milhões de portugueses vivessem em estado de pobreza.

Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...