Uma Igreja de portas abertas
Estes
dias, semanas e meses de confinamento, trouxeram um vazio na nossa alma, a
ponto de chamar a atenção dos próprios místicos. Este vem acompanhado de um
medo que não conhecíamos e que parece agora um inquilino da nossa alma. O vazio
dos espaços confinados. O vazio da vida, como disse bem Dom Tolentino.
Foi penando neste vazio
e do medo que está povoando nosso coração, que me coloco a serviço da Igreja. Neste
momento de pandemia, o Papa Francisco nos convoca para sermos missionário de
uma Igreja de portas abertas. A nossa pertença ao Corpo de Cristo na história
dos homens e mulheres deste tempo passa, necessariamente, pelas escolhas efetivas
vindouras do nosso Batismo. Abrir as portas da Igreja significa abrir nossa
existência a Deus e aos nossos irmãos, significa ainda propor a misericórdia de
Deus nas nossas relações fraternas.
O Evangelho da Misericórdia de Jesus a todo
tempo coloca-nos diante dos dramas e alegrias da humanidade. Não podemos ser
indiferentes aos sofrimentos das pessoas, principalmente com os infectados com
o vírus e com os milhares de famílias que perderam seus entes queridos. Cabe à
Igreja colocar-se a serviço, pôr-se como a via do coração de Deus que alcança o
coração da humanidade. O serviço da Igreja passa por ações misericordiosas que
devem impactar a sociedade. Não podemos contentar-nos ao lugar da religião como
realidade privada. Não! A missão da Boa Nova de Jesus deve chegar a todos os
confins da terra; e somos convictos disso porque não apresentamos ideias ou pensamentos
interessantes, mas oferecemos a Pessoa de Jesus Cristo. Somente e a partir
dEle a Igreja tem credibilidade de ir ao encontro de todos os homens e mulheres,
e não podemos justificar nossa indiferença porque o mundo passa por uma crise
sanitária. Deus, que não é uma experiência privada, sacia a sede de todos os
homens.
Como superar os desafios que, constantemente,
buscam colocar Deus para fora das nossas vidas? O que a Igreja quer oferecer as
suas gerações futuras? Esse questionamento tem permanecidos ao longo desta quarentena,
e são questiona mentos importantes e que devem ser respondidos a partir do chão
histórico da Comunidade de Fé. O testemunho dos discípulos e missionários,
quando vivido com compromisso, vai colocando Deus novamente para o centro das
decisões. Tal testemunho fala da Pessoa de Jesus e nos convoca a alargar o
coração para o acolhimento de todos, principalmente dos mais sofredores.
Queremos, como Igreja de Jesus Cristo presente neste mundo, dar de graça o que
de graça recebemos, e recebemos Jesus Cristo. Queremos oferecer às gerações
futuras uma Igreja Missionária e Misericordiosa, uma Igreja que não negocia com
a cultura de morte. Eis o que efetivamente desejamos ser: uma Igreja de portas
abertas porque muito foi amada por Deus!