Os fracos, doentes
e idosos condenados à sua sorte
O Filósofo é o
profissional responsável por estudar a natureza de todas as coisas e suas
relações entre si, bem como a conduta e destino do homem. Assim,
avaliando a natureza humana, passei a entender como esta pandemia tem servido
para mostrar como a teoria do filosofo Hobbes, estava correta: “ O homem é mau”,
e devido esta maldade, não sabe viver em sociedade. A crise provocada por este
vírus, vem revelando como nossa sociedade é perversa, principalmente com quem
se encontra em uma situação de vulnerabilidade. Quando tomei
conhecimento do levantamento feito pelo TCU, de que 3,9 milhões de pessoas das classes A e B conseguiram sacar o auxílio emergencial, procurei
entender a natureza destas pessoas. Estas gentes acham que têm direito, porque consideram que
o dinheiro público não é de ninguém. Do ponto de vista moral e ético também
não acham errado e ainda comemoram pelas redes sociais. Divulgam churrascos
regados a cerveja ‘do auxílio emergencial’. Em momento algum pensam que tiram
de quem precisa. O curioso é que todos eles dizem que são a favor do Estado
mínimo e contra a corrupção.
Mas o que chama nossa
atenção no que diz respeito a ética e a responsabilidade pública, são os crimes
com as vendas dos ventiladores pulmonares. Trata-se, possivelmente, do
crime mais perverso cometido na história recente, no qual os representados,
agem dissimuladamente para auferir ganho milionário aproveitando-se da situação
de calamidade pública vivenciada pela contaminação humana pelo novo
coronavírus, em detrimento da vida da população. São comportamentos como
este, que termina obrigando a nos
posicionarmos como se estivéssemos em uma campanha eleitoral
permanente. Não podemos esquecer que haverá sempre os que ganham com
esta crise sanitária e outros que perdem.
Vivemos numa
sociedade materialista, em que só há um deus - o dinheiro. Vivemos num mundo
darwiniano, onde a seleção natural da espécie
ou da evolução vai ficando cada vez mais explicita com este vírus, criando na sociedade uma luta pela sobrevivência: os
ricos de um lado, os pobres do outro. Os ricos com tudo o governo, o estado, as
leis e os pobres com quase nada. Com a covid-19 o darwinismo acentuou-se:
fracos, doentes e idosos condenados à sua sorte; jovens, capazes e saudáveis
sobrevivem.
O Mundo de uma hora
para outra se tornou perigoso para se viver. O problema é que não temos para
onde ir! Como posso sair deste Mundo e abraçar um melhor, se não vejo saída? Este perigo vem acompanhado de um medo que não conhecíamos e
que parece agora um inquilino da nossa alma. Um vazio que revela toda a nossa
falta de humanidade, diante das mortes e sofrimento que passa o país. Mesmo assim, o papel do profissional da filosofia é chamar a atenção da sociedade para estes desvios éticos e apontar para um Mundo mais justo, solidário,
com doenças controladas, digno e que todos tenho direito a vida e a felicidade.
O medo continua,
ele está na esquina, no trabalho na rua, pelas notícias do aumento do número de
infetados. O medo torna as pessoas mesquinhas e irracionais. O que atualmente
comanda as nossas vidas são as crises econômica e a sanitária. A covid-19 não
só mata gente, mas também mata ideias de um mundo mais solidário, quando não a
mata, desacredita-as.
Além de colocar à prova
a forma como devemos enfrentar nossos medos, ela expõe toda a nossa falta
de humanidade. Esta crise global de saúde pública, esta pandemia é um teste à
natureza humana sobre a nossa dignidade. Como disse Kant: "O Homem é fim,
e nunca meio ou instrumento; portanto, independentemente da sua maior ou menor
utilidade, reclama um respeito incondicional."
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