terça-feira, 7 de julho de 2020

ARTIGO - Pós-pandemia e a Igreja (Padre Carlos)







Pós-pandemia e a Igreja



Apesar de ainda estarmos longe de vencer esta pandemia, é hora de começar a refletir sobre que mundo queremos e qual mundo sairá desta crise sanitária. O Papa Francisco tem pedido aos fiéis que reflitam sobre este tema e traga esta discussão para sua comunidade de fé para que todos posam contribuir com este novo projeto. Assim, uma das grandes preocupações do Santo Padre, nos últimos tempos, tem sido a falta de utopia e esperança, ele levanta estas questões e chama a atenção das autoridades e dos fies para repensar um mundo mais solidário.
A construção de utopias para sonharmos com um Mundo melhor, poderá partir dos místicos e dos filósofos, da Igreja e da Academia das ruas e da sabedoria do servo sofredor. Estes profissionais do saber e da esperança, terão como elementos o sofrimento e a perplexidade da humanidade com tudo que está passando, para semear a esperança de um futuro para humanidade.
Esta pandemia exige repensar o atual modo de produção industrial, a semiescravidão do trabalho informal, demonstrando assim, que não se pode deixar de pensar em um Estado que cuida do seu povo e de investir nos sistemas de saúde pública como um direito a vida. Estes são, temas que precisam ser colocados na agenda política.
Quando passar esta crise, não podemos voltar a ter os mesmos comportamentos nem pensar da mesma forma, o mundo não é mais o mesmo. Temos que combater a "globalização da indiferença" e o "vírus do egoísmo" com os "anticorpos da justiça, da caridade e da solidariedade" como disse o Papa. Temos que combater as outras pandemias que não chegam ao nosso quintal, como são a fome, a guerra, a pobreza e a devastação do meio ambiente.
Já antes da pandemia era claro o rumo que Bergoglio traçou para Igreja. Ele sonha e luta por uma "Igreja conciliadora que não se esgota no rito, mas - juntamente com as celebrações - promove a sinodalidade e a formação não clerical do laicado, acolhe todos, socorre os débeis, denuncia as injustiças e a corrupção, procura humanizar a economia, colabora na criação de um Mundo melhor, principalmente na promoção dos últimos e no respeito pelo ambiente".
Este sacerdote sem ministério sublinha que este rumo da Barca de Pedro tem suscitado oposições dentro da Igreja, estranhando que entre os que buscam desqualificar o bispo de Roma se encontrem os que antes, "com outros papas, se consideravam fidelíssimos ao Sumo Pontífice e agora parecem ter perdido a tão exaltada fidelidade e obediência".
Neste contexto de pós-pandemia, a Igreja Católica é chamada a apoiar o Sucessor de Pedro na denúncia das injustiças e da corrupção, na condenação da guerra e na luta contra a pobreza, na defesa do meio ambiente e na humanização da economia. Todos os que remarem em sentido contrário arriscam-se a perder o bonde da história de uma Igreja em movimento. Não podem continuar fechados nas sacristias em discussões estéreis que só eles próprios valorizam.

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