domingo, 1 de novembro de 2020

ARTIGO - Lembramos que jogo só acaba quando termina. (Padre Carlos)

 

Lembramos que jogo só acaba quando termina.




 



Faltando 15 dias para a eleição, o prefeito Herzem Gusmão continua atrás na disputa pela prefeitura de Vitória da Conquista. Segundo Pesquisa do Jornal A Tarde, divulgado por alguns Blogs da nossa cidade, aponta o candidato Zé Raimundo (PT) na liderança da disputa pela prefeitura de Vitória da Conquista (BA), 


     As obras que esta gestão vem tentando fazer no ano eleitoral não tem surtido efeito, e parecem que não diminuiu os ânimos dos que já decidiram votar no ex-prefeito. Muitos políticos ainda não aprenderam a utilizar a variável competência contra adversários em períodos eleitorais. A questão não é a intensidade com que se bate, mas o jeito como se bate!

         Zé Raimundo tem outras vantagens sobre Herzem. A primeira é que conta com um cabo eleitoral de peso – Guilherme Menezes, considerado o melhor prefeito que a cidade já teve nos últimos anos. O povo da nossa cidade não esquece que Vitória da Conquista em meados da década de noventa, era uma cidade sem crédito, quase que falida, com funcionários públicos passando todos os níveis de necessidades, sem autoestima e sem respeito. Em pouco tempo, com uma equipe de governo austera e comprometida, Guilherme sanou as dívidas da cidade, ajustou as contas com os credores e passou a pagar ao funcionalismo em dia. Desta forma restabeleceu a dignidade do Município e também de sua gente.  

        Temos que observar algo que poderia ser desvantagem para um e vantagem para o outro. Herzem não tem alternativo a não ser ganhar. Perdendo fica sem mandato - o pior cenário para o político profissional. Isso tem preocupado não só o candidato, mas todo o seu grupo. Já o professor José Raimundo, pode-se dar ao luxo de perder, pois teria seu mandato de deputado estadual para cumprir até 2022. Mas não é isto que estamos vendo, com os indicativos das pesquisas e a receptividade do povo na rua, presenciamos um candidato motivado e partindo pra cima do seu oponente.


       Essa situação reflete-se nos atos de campanha. Vemos um Zé Raimundo alegre e jovial, tentando demonstrar que todas as críticas, não o afligem. Repete a fórmula de 2004, apresentando-se hoje como a renovação (no caso atual). Já Herzem, carrega o mundo situacionista nas costas. O vemos sério, com o cenho cerrado. Representa os anseios, e as cobranças, daqueles que, por motivos diferentes, não gostaria de ver o grupo político comandado pelo governador de volta ao executivo municipal.

       Eis o ambiente político que nos levará até o dia 15 de novembro. Mas, eleição é um jogo e isso nos deixa, também, por conta das incertezas e do imprevisível. E como sempre se diz o jogo só acaba quando termina.





quinta-feira, 29 de outubro de 2020

ARTIGO - O que se espera do futuro prefeito (Padre Carlos)

 


O que se espera do futuro prefeito

 


A fome e a avassaladora desigualdade em nossa sociedade, a violência, a seca e as enchentes, os escândalos, a depauperação do espaço urbano e a desmontagem do projeto que levou vinte anos para construir, são alguns dos problemas que o futuro prefeito vai encontrar depois das eleições. Em 2021 não teremos eleições, não teremos guia eleitoral e não teremos as obras eleitoreiras. Em compensação não teremos, também, a pandemia, pois acreditamos que a sonhada vacina já tenha chegado. Em 2021 vamos nos concentrar em uma estratégia econômica que englobe todos os distritos, incluindo estas regiões do nosso município que vem sendo desprezados pelo poder municipal.


 Temos que discutir a crise climática a industrialização na Região do Sudoeste e como Vitória da Conquista vai liderar este processo. A crise pandémica atingiu com particular violência os municípios mais pobres do nosso estado, onde as cicatrizes das políticas neoliberal de Temer e Bolsonaro estão muito presentes. Além de todos estes problemas que os municípios enfrentam, temos a falta de utopias e esperança presente nos olhos da nossa gente. Por isto, precisamos como capital regional sinalizar esperança e dias melhores, para os conquistenses e seus parceiros. É preciso ter alguma sensibilidade social e proteger as pessoas mais pobres, são para estes que o novo governo precisa dar mais atenção.

Muito antes de Cristo nascer, os romanos já tratavam da questão de quem controla aqueles que controlam. Ou seja, eles já tentavam definir parâmetros para estabelecer os limites e domínios para o exercício da autoridade e do poder econômico. Para quem este governo trabalhou? Para quem mora na Olívia Flores, ou para quem está na periferia e na área rural?  Ao longo dos anos os conquistenses foram tentando entender de que maneira a sociedade poderia se organizar para exercer algum tipo de poder sobre aqueles que controlam o sistema político e durante vinte anos teve a oportunidade de exercer este controle. Na verdade, esta é a grande descoberta das sociedades modernas e democráticas. Existe um tipo de aparato que a sociedade utiliza, ou pelo menos tenta, para que se deixe claro aos que controlam que eles não estão acima do bem e do mal. A esse aparato damos o nome de voto! São através dos processos eleitorais que damos ou não consentimento aqueles que controlam para que exerçam o poder. É pelo voto que os cidadãos concordam que alguém controle o poder e que aceitam as regras em vigor.

Imaginem o tamanho da responsabilidade de quem escolhe aqueles que vão ter postos de comando para distribuir verbas, nomear pessoas, escolher fornecedores e fazer “licitações”. Quando o prefeito escolhe seus secretários está, na verdade, definindo os que vão executar as tarefas administrativas do governo. Ou seja, o comandante está escolhendo aqueles que vão comandar. É muita responsabilidade, vocês não acham?


Herzem Gusmão, por exemplo, deve saber bem do que estou falando. Será que o prefeito se arrependeu de nomear alguns que abdicaram da função de comandar ao se depararem com a situação dos bairros periféricos ou na área rural? O ato de delegar poderes é legítimo, necessário e indispensável. Mas, a autoridade eleita pelo voto, isto é, nosso prefeito, ou seja, aquele que delega, permanece responsável, perante o eleitorado, pelo desempenho (bom ou mau) do funcionário nomeado e pelos problemas que a cidade vem enfrentando.

 


terça-feira, 27 de outubro de 2020

ARTIGO - Herzem é o candidato mais rejeitado

 


HERZEM É O CANDIDATO MAIS REJEITA

 


Eu já disse, aqui mesmo no meu Blog, que a rejeição que os eleitores dispensam aos candidatos é um importante aspecto nas análises das possibilidades eleitorais de nossos prefeituráveis.  Eu já disse, também, que é mais fácil convencer o eleitor a mudar de voto, ou não votar branco ou nulo, do que convencê-lo a votar em um candidato que ele dispensa algum tipo de rejeição.


Em política eleitoral rejeição tem haver com confiança, com crenças, com capacidade intelectual e experiência política. Enfim, rejeição é algo associado a valores e questões subjetivas. Os candidatos gostam de generalidades. Sobre a rejeição, eles têm a justificativa na ponta da língua. Quando aparecem com rejeição alta dizem que isso acontece por que os eleitores não os conhecem bem. Dizem que a rejeição está alta porque a campanha ainda não começou. E tem candidato, adepto das teorias conspiratórias, que diz que sua alta rejeição é orquestrada pela imprensa e por seus adversários.

Mas, nada disso se sustenta quando analisamos os dados da rejeição condicional da pesquisa do jornal A Tarde realizada em Vitória da Conquista pelo próprio veículo entre os dias 24 e 29 de setembro. Segundo o estudo, a taxa de rejeição de Herzem Gusmão é uma das mais altas. O que se percebe é que não basta conhecer o candidato para não mais rejeitá-lo.

O primeiro motivo para que o eleitor rejeite o candidato é a alegação de não conhece-lo. Assim, não podemos dizer que é o caso do atual prefeito.  O que chama a nossa atenção esta rejeição a Herzem, é que estes números são bastante superiores à do seu principal adversário, o professor José Raimundo. O emedebista é o segundo com a maior rejeição (48%), atrás apenas de Salomão (51%). Zé Raimundo tem o menor índice (39%) nesse ponto não se aplica estes índices ao atual prefeito por ser um desconhecido.

Cai, assim, o mito alegado pelos candidatos da rejeição pelo desconhecimento do seu trabalho ou da sua “competência administrativa”. O eleitor que opta por esse motivo pode ter outras justificativas, mas por questões internas prefere não revela-las.

Outra motivação para a rejeição de candidatos em pesquisas é o fato de o eleitor considerar o candidato antipático vemos que algumas campanhas foram bem sucedidas na desconstrução de uma imagem negativa e outras nem tanto, o que demostra que o candidato da oposição tem chances reais de capitalizar os votos dos indecisos. Embora a rejeição a Herzem for consideravelmente maior quando comparada com os números de Zé Raimundo, não podemos dizer que a oposição já capitalizou estes indecisos, não podemos esquecer que o atual prefeito pode conseguir desenvolver um trabalho para minimizar sua rejeição, mesmo faltando pouco tempo para a realização das eleições. Não é hora do PT soltar fogos, apesar do caminho está aberto, tem muito chão para o petista conquistar estes eleitores.

 


Os dois conseguiram mudar a percepção de parte do eleitorado e isso se reflete na polarização da própria campanha, bem como, na pesquisa estimulada. Embutida nesta rejeição está os prós e contra das administrações petista também, devido a necessidade do eleitor buscar parâmetros para comparar. As duas gestões estão sendo colocadas à prova. Como falta pouco tempo para a eleição e a pandemia não permite grandes concentrações, mudando inclusive a forma de fazer campanha, entende-se que existe uma opinião cristalizada sobre estes candidatos neste quesito.

 

 


 

 

 


segunda-feira, 26 de outubro de 2020

ARTIGO - A América Latina volta a ser de esquerda (Padre Carlos)

 


A América Latina volta a ser de esquerda




 

Entre tantas incertezas vividas nos últimos meses, criadas pela pandemia do covid-19 e a crise econômica, a América Latina, parece despertar de um longo pesadelo e fica cada vez mais evidente que a onda conservadora esta dissipando e o continente não está mais dando uma guinada à direita.

O que podemos afirmar, é que na região, movimentos de esquerda, marcaram a última década, que começou com o que ficou conhecido como "maré rosa", com a eleição de partidos progressistas em quase todo o subcontinente.


Anos depois, a tendência se inverteu: candidatos mais à direita ascenderam ao poder em países como Argentina, Chile, Colômbia, Peru e Brasil. Já na Bolívia foi dado um golpe e na Venezuela, buscou dividir o exercito e criaram uma pressão para que o governo legitimamente eleito renunciasse.

Com a eleição do político de esquerda Andrés Manuel López Obrador no México, em julho de 2018, as forças de esquerda começaram a se levantar contra as reformas liberais e as perdas de direitos. Desta forma, a região começava a dar uma nova guinada a esquerda no continente.

A região se despede de 2020 sem um rumo político único e com uma instabilidade crescente, envolvida em manifestações populares, contrárias aos projetos econômicos liberais e as perdas de direitos trabalhistas.

As eleições que aconteceram em 2019 e 2020 na região têm revelado a ressaca conservadora e a grande decepção dos povos latino-americanos com os projetos que a direita vem executando e assim, o que se constata é uma grande decepção do eleitorado com os partidos tradicionalista. O humor anti-governo marcou as eleições mais recentes  na Argentina, por exemplo, em vez de reelegerem o conservador Mauricio Macri, preferiram conduzir o peronismo ao poder — optaram pela chapa que reunia Alberto Fernández e a ex-presidente Cristina Kirchner como vice.

         Na Bolívia, um ano após o golpe contra Evo Morales, os bolivianos voltaram às urnas no dia 18 e elegeram Luis Arce, do Movimento ao Socialismo, em primeiro turno, Já no Chile, presidido pelo conservador Sebastián Piñera, o povo foi às ruas e aprovaram a criação de uma Convenção Constitucional, composta totalmente por membros eleitos para redação da nova Carta Magna, contra uma minoria que defendia uma Comissão Mista Constitucional.

Essa ideia de que bastaria colocar a direita no poder na América Latina e os problemas estruturais estariam resolvidos não funciona mais. Um fator fundamental para o aumento do mal-estar social na América Latina estaria além das promessas que as reformais liberais traria uma onda de desenvolvimento, a desaceleração (ou em alguns casos estagnação) econômica em boa parte dos países a partir de 2014, com o fim do ciclo de boom das commodities que marcou os anos 2000, foi fundamental. A primeira reação a ela, em diversos países, foi à troca de governos de esquerda por outros de direita — o que, na maioria dos casos, não se traduziu em recuperação da atividade.


À questão econômica se soma uma série de problemas ainda não resolvidos na América Latina, como a desigualdade, a violência e a corrupção, que contribuem para aumentar a insatisfação popular em relação aos políticos que estão no poder e às elites políticas de forma geral.

A realidade se choca com a expectativa de milhões de latino-americanos que viram desaparecer seu sonho de consolidar sua ascensão à classe média, um sonho que hoje parece distante para muitos.  São as mesmas expectativas que levaram um candidato de esquerda como López Obrador a assumirem em 2018 o comando de uma das maiores democracias da região: o México.

         O grande desafio da esquerda na América Latina hoje é encontrar um modelo de desenvolvimento que contemple, além do crescimento econômico, o bem-estar social.

 

 


sábado, 24 de outubro de 2020

ARTIGO - A estrela volta a brilhar em Conquista ( Padre Carlos )

 


A estrela volta a brilhar em Conquista




 

O Brasil não é para amadores e a politica brasileira é seu maior exemplo devido a grande quantidade de partidos e grupos que se formam em torno de certos projetos de governo. Além disso, a conjuntura política brasileira passou a ter um elemento novo que até então tinha ficado de fora ou escondido entre as propostas conservadora, este novo personagem que chega ao tabuleiro é a ultradireita.


Deste o início da campanha das eleições municipais sustentei algumas posições que reafirmo aqui. A primeira delas é que seria um equívoco dos partidos de esquerda subordinar suas decisões e escolhas para as disputas municipais à lógica da formação de frentes. O argumento pró-frentes partia do pressuposto do enfrentamento ao fascismo e nos municípios médios e pequenos não vemos a necessidade deste alinhamento político. O que queremos dizer na verdade, é que não há nenhuma necessidade objetiva de formar frentes a não ser onde os interesses locais a determinem, como ficou claro em Vitória da Conquista, pois, nas eleições municipais, há uma pulverização de adversários, na sua maioria, de centro-direita e não de candidatos ideologicamente bolsonaristas.

 O momento das eleições municipais é o momento específico da construção partidária e do fortalecimento dos partidos. É o momento em que as agremiações precisam otimizar seus interesses. Foi assim, que os partidos de esquerdas pensaram ao se agrupar em torno de uma candidatura e não na fragmentação deste voto. Foi o sentimento de mudança da população e a necessidade de compor uma frente que estivesse motivada no segundo turno, que levou as forças progressistas do nosso município a apoiar a candidatura de Zé Raimundo.

 

Mas como avaliar este quadro em nossa cidade? Em primeiro lugar, precisamos entender algumas coisas, o que define as tendências de uma eleição municipal é se a conjuntura é de conservação ou de mudança. O ponto de referência é sempre a gestão e a avaliação do governante, no caso, o nosso prefeito. Há um claro equilíbrio entre a avaliação positiva e negativa da gestão Herzem com certo desgaste na área rural e em alguns bairros.  Este fator é determinante para a polarização e para passagem dele para o segundo turno. Como Herzem e Salomão têm o mesmo perfil político e ideológico, a tendência será que as duas candidaturas busquem ampliar o leque do eleitorado de direita e conservador consolidando este voto para a segunda etapa. Este trabalho de equipe tem como objetivo não construir uma terceira via, mas tencionar um eleitorado ideológico de direita e anti-PT para proporcionar ao candidato do MDB, uma sobrevida no segundo turno.

Apesar do Partido dos Trabalhadores serem a direção hegemônica do projeto, ele precisa se colocar como mediador entre os interesses das suas tendências e os partidos que compõe este consocio. Não podemos esquecer que precisamos manter motivada nossa militância e o nosso eleitor no segundo turno. Esta fase é mais delicada por não contar com a força das campanhas proporcionais e sem consolidar a frente como uma toda a majoritária ficaria vulnerável.


Além disso, é necessário unir esforços em torno de um projeto único de desenvolvimento político e econômico para o nosso município. Precisamos superar divergências internas e externas e reconstruir o consenso através de um concelho político, que contemple todas as forças envolvidas neste projeto. Foi estes elementos que fizeram o município avançar ao longo da duas décadas passada. Este deve ser o nosso ideal, o eixo que moveu Vitória da Conquista desde o final da década de noventa e motivou nossa gente a seguir em frente: com crescimento econômico com justiça social.

 


sexta-feira, 23 de outubro de 2020

ARTIGO - A elite brasileira é fruto da estrutura colonial escravista (Padre Carlos)

 


A elite brasileira é fruto da estrutura colonial escravista

 


O comportamento da elite brasileira ou parte dela revela que ainda não foi possível fazer a transição da estrutura colonial escravista para a sociedade cidadã em que vigora os princípios da democracia.


Enquanto outros países se aperfeiçoavam em suas legislações, no Brasil as camadas sociais e de pessoas às quais se intitulavam superiores nunca temeram as legislações de direitos humanos. Por isto, sempre tiveram a Constituição cidadã, como uma ameaça aos interesses de uma elite “meritocrática” e egoísta, ou da elite sagrada, ungida por direito de sangue e de berço e quando chegaram algumas conquistas nos governos de esquerda, encararam estas mudanças como uma agressão aos seus direitos que estavam sendo ameaçados por este projeto político.

 

Podemos constatar na atitude arrogante e preconceituosa de parte desta gente, a presença de aporofobia: o preconceito e a aversão e o ódio contra o pobre. Nossa elite tem como regra não aceitar a pobreza, identificada com a negritude , os nordestinos e os indígenas. Não existe a aceitação que os pobres são parte integrante da nação. Foi criado um sentimento dentro da elite brasileira, que ela é superior às outras classes e que a nação é composta só por ela.

Isto fica claro quando nos conflitos entre funcionários públicos vindo das camadas populares, precisam interpelar alguns membros desta elite quando porventura cometem alguma infração ou se acham no direito de não acatar certas leis.

Esta visão que está acima do bem e do mal, exige das pessoas que não fazem parte do seu círculo, um comportamento que consente em servir de maneira humilhante; esta visão e comportamento de parte destas pessoas são sempre orientados por uma percepção de que a lei serve para os outros, mas não para si mesmas.

Esta abordagem mais filosófica que sociológica, revela uma noção absolutista típica, na qual o soberano produzia as leis que ele mesmo desobrigava a cumprir. Nossa elite comporta-se como se estivesse na Idade Média e ela fosse o rei absolutista. Jamais aceitou a Constituição da Nova República e nunca se colocou na condição de cidadania em que todo e qualquer um e igual perante a lei.


        Pedir a um membro desta casta, para que cumpra a lei, é uma ofensa e pode resultar em represaria por parte dos seus pares que fazem parte da estrutura do Estado. A igualdade perante a lei, que funda a ideia de cidadania é tida como uma agressão e não podemos deixar de frisar que a noção de privilégio além de cultural tem como raiz a desigualdade.

 

 


Artigo - Um dia fomos jovens (Padre Carlos)

 


Um dia fomos jovens


 

Outro dia estava conversando com minhas filhas que o tempo passa e a gente nem vê. Quando nos damos conta, alguém está levantando no coletivo para você sentar. A vida ensina que os amores são passageiros. Mas os momentos com aquela pessoa são eternos. As amizades são únicas e o verdadeiro amor é imortal.  E a vida, é uma só. Não perca tempo.


Esta viagem inicia-se na minha memória, passa pela renovação dos tempos e encontra-se na continuidade de uma linha temporal que se mantém mesmo no caos.  Só assim, poderei construir o percurso da minha juventude na história recente do país, entre tempos calmos e conflituosos em que vivi. 

E aí ficaram as lembranças de uma Pituba em transição de balneário para bairro de classe média. O sonho de transformar o mundo e ser feliz. Daí a gente passa naquela rua outra vez, faz questão de sentir um gosto de amêndoa ou o cheiro da maresia que nos remeta à infância, conta e reconta as histórias para conhecidos em busca de matar a saudade, nem que seja só um pouquinho.

Não há nada mais gostoso do que relembrar os velhos tempos, “Você lembra, lembra, eu tinha estrelas nos olhos, um jeito de herói, era mais forte e veloz, que qualquer mocinho de cowboy”.

Se eu pudesse, voltar ao passado com certeza, não deixaria passar as oportunidade que perdi e os amigos que desencontrei. Se fosse possível, eu viveria tudo outra vez para matar essa saudade que mora no meu peito e faz com que os dias sejam mais difíceis do que pensei.

Depois de certa idade, não existe nada mais prazeroso que sentar em uma roda de amigos e falar sobre os momentos vividos. Falar sobre aquele amigo da filosofia ou da teologia que sumiu os namoros, paqueras, medos e enrascadas que vivi antes de entrar no seminário. É como se cada um formasse um pedaço da sua vida, como um quebra cabeça e quando todos se juntam você se sente completo. E num instantes, tudo o que passou retorna à sua mente como se tivesse acabado de acontecer.


        A vida é uma eterna nostalgia. Eu, por exemplo, estou sentindo uma saudade imensa dos tempos do grupo de jovens, da CVX, dos anos de formação e da militância política. Meu Deus, como era feliz naquele tempo e como parecia que os dias eram intermináveis.

Um dia fomos jovens, imaturos e cheios de sonhos para dar.

 

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...