sexta-feira, 23 de outubro de 2020

ARTIGO - A elite brasileira é fruto da estrutura colonial escravista (Padre Carlos)

 


A elite brasileira é fruto da estrutura colonial escravista

 


O comportamento da elite brasileira ou parte dela revela que ainda não foi possível fazer a transição da estrutura colonial escravista para a sociedade cidadã em que vigora os princípios da democracia.


Enquanto outros países se aperfeiçoavam em suas legislações, no Brasil as camadas sociais e de pessoas às quais se intitulavam superiores nunca temeram as legislações de direitos humanos. Por isto, sempre tiveram a Constituição cidadã, como uma ameaça aos interesses de uma elite “meritocrática” e egoísta, ou da elite sagrada, ungida por direito de sangue e de berço e quando chegaram algumas conquistas nos governos de esquerda, encararam estas mudanças como uma agressão aos seus direitos que estavam sendo ameaçados por este projeto político.

 

Podemos constatar na atitude arrogante e preconceituosa de parte desta gente, a presença de aporofobia: o preconceito e a aversão e o ódio contra o pobre. Nossa elite tem como regra não aceitar a pobreza, identificada com a negritude , os nordestinos e os indígenas. Não existe a aceitação que os pobres são parte integrante da nação. Foi criado um sentimento dentro da elite brasileira, que ela é superior às outras classes e que a nação é composta só por ela.

Isto fica claro quando nos conflitos entre funcionários públicos vindo das camadas populares, precisam interpelar alguns membros desta elite quando porventura cometem alguma infração ou se acham no direito de não acatar certas leis.

Esta visão que está acima do bem e do mal, exige das pessoas que não fazem parte do seu círculo, um comportamento que consente em servir de maneira humilhante; esta visão e comportamento de parte destas pessoas são sempre orientados por uma percepção de que a lei serve para os outros, mas não para si mesmas.

Esta abordagem mais filosófica que sociológica, revela uma noção absolutista típica, na qual o soberano produzia as leis que ele mesmo desobrigava a cumprir. Nossa elite comporta-se como se estivesse na Idade Média e ela fosse o rei absolutista. Jamais aceitou a Constituição da Nova República e nunca se colocou na condição de cidadania em que todo e qualquer um e igual perante a lei.


        Pedir a um membro desta casta, para que cumpra a lei, é uma ofensa e pode resultar em represaria por parte dos seus pares que fazem parte da estrutura do Estado. A igualdade perante a lei, que funda a ideia de cidadania é tida como uma agressão e não podemos deixar de frisar que a noção de privilégio além de cultural tem como raiz a desigualdade.

 

 


Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...