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A criminalização
de Lula e a entrega de Olga Benário aos Nazistas
Nos últimos
anos, temos presenciando quase um escândalo político ou jurídico por dia e como
não bastasse à fragilidade da nossa recente República, seus atores terminam arrastando o Estado brasileiro para
uma vala comum da história.
Diante
disto, quando tomamos conhecimento da forma como o Exército exerceu uma pressão política na votação
do HC de Lula, ficou evidente que não estavam apenas os magistrados
naquele salão do júri, mas as forças ocultas que Jânio Quadros um dia se referiu.
A pressão sobre Judiciário é
‘intolerável e inaceitável’, mas quando sofreram os juízes se calaram. Três
anos é muito tempo para os ministros protestarem.
Não foram as Forças Armadas, nem a Lava
Jato que cometeram tal injustiça, não foram os generais nem o Juiz Mouro, os
grandes responsáveis por tudo que tem acontecido de ruim aos brasileiros, foram
os juízes da Suprema Corte. Digo isto, porque se eles não tivessem afastado o candidato
que estava na frente das pesquisas, se não tivessem deposto um governo
legitimamente eleito e soberano, nada disto estaria acontecendo.
Este HC me
fez lembrar um fato semelhante num Brasil sob o Estado Novo de Getúlio Vargas,
os ministros do STF não conheceram o Habeas Corpus impetrado em favor de Maria
Prestes, nome de casada de Olga Benário. Grávida do líder comunista Luis Carlos
Prestes, ela foi extraditada para a Alemanha nazista com a salvaguarda do
Supremo e morta num campo de concentração aos 34 anos, depois do nascimento de
sua filha, a brasileira Anita Leocádia. Mas, diante de tantas injustiças, quase
esquecemos que foi o STF quem entregou Olga Benário aos Nazistas.
A história
que ficou gravada nas nossas mentes e relatada pelos órgãos da imprensa, foi
que no dia 23 de setembro de 1936, a judia alemã Olga Benário deu adeus ao
Brasil. Presa com o marido Luiz Carlos Prestes em cinco de março do mesmo ano,
ela foi deportada, embarcou no navio La Coruña rumo à cidade de Hamburgo. Nem o
fato de estar grávida impedira o presidente Getúlio Vargas, que assinara
decreto de expulsão no dia 28 de agosto, de entregá-la à Alemanha Nazista de
Adolf Hitler. Olga ainda apelou para ter a filha no Brasil. Sem sucesso. Acabou
morrendo num campo de concentração, aos 34 anos, em abril de 1942. Apagamos da
memória que o grande responsável foi o STF e colocamos toda culpa em Getúlio e
no Estado Novo.
Diante desta
interpretação, quem condenou Lula, foi a Suprema Corte, o juiz Mouro, os
Procuradores da República ou os Juízes do Supremo? Será que os fatos hoje
revelados pela Vasa Jato e pelo General Villas Bôas, não coloca a Suprema Corte
só como o carrasco que estava exercendo o seu papel? Quem de fato foram os
mandantes?
No imaginário
popular aquele que enverga a toga representa a justiça. Usar a toga, isto é,
ser ministro da Suprema Corte é tomar parte da comunidade daqueles que devem
dizer o que é justo. Assim, de forma inconsciente, ou consciente, protegemos
nossos arquétipos de justiça e projetamos em outras pessoas a responsabilidade
destes atos.