Na democracia, são os votos que asseguram
as armas ou são estas que dão sustentação aqueles?
Será entregue nesta quarta-feira (9) ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) o relatório das Forças Armadas sobre as eleições 2022. Este
documento não tem base legal para justificar as declarações do presidente do
PL, Valdemar da Costa Neto, que afirmou
em nota que iria aguardar o relatório
para dizer que se reconheceria ou não o resultado das urnas. Seja qual
for o resultado desta “investigação”, o TSE já declarou a vitória ao candidato
do Partido dos Trabalhadores. Estes fatos só servem para comprovar que estamos distantes de sermos uma democracia
consolidada e devem inquietar-nos.
Questionemos, p. ex., a presença das Forças Armadas como órgão fiscalizador ao
ponto de definir a legalidade do processo, tem base legal? Estamos realmente em
uma democracia sólida, são os votos que asseguram as armas ou são estas que dão
sustentação aqueles?
Por isto me lembrei de um fato histórico
que ocorreu na Grécia antiga. Segundo o historiador, Pirro, general grego,
disse ao ganhar a Batalha de Ásculo que outra vitória desta e ele estaria
perdido. Referia-se ao alto número de homens que perdera e a não ter mais onde
recrutar soldados. A batalha que Lula e a Frente Democrática, travaram contra o
fascismo e a vitória apertada, lembra que a democracia brasileira venceu a
disputa contra o fascismo, mas o bolsonarismo esta mais vivo do que nunca. Observando a realidade, constato o quanto esta
Frente se alargou ao ponto de tucanos e petistas darem as mãos para termos hoje
uma democracia.
Mesmo com todos os defeitos e imperfeições,
gostaria de deixar claro que a mais deficiente das democracias é sempre melhor
do que a mais eficiente das ditaduras. No entanto, atento para a fragilidade de
nossa democracia. Temos, neste momento,
ameaças de um revés autoritário e isto se dá devido à falta de consolidação do
estado democrático de direito. Mas, isso é tudo? Nossa democracia tem
seríssimas deficiências que esta eleição e a pós-eleição fez aflorar.
Temos eleições a cada dois anos, mas elas
são aguardadas e tratadas como se fosse um presente uma concessão que a direita
e as forças conservadoras oferecem ao povo.
Durante muitos anos ouvimos dizer que a democracia
brasileira estava consolidada. Afirmava-se que as eleições era uma festa da
democracia. Na verdade, o que a sociedade brasileira tem que entender que a
eleição nada mais é que o processo pelo qual escolhemos os nossos
representantes. Simples assim. Por que, depois de tanta luta , as instituições certificaram ,validaram e confirmaram a plena validade e legitimidade das eleições
brasileira, qualquer
interferência das Forças Armadas neste processo seria um golpe para democracia
e a vontade das urnas.