Conversa de Gente Grande
A nove meses da eleição que vai definir os rumos do
nosso município pelos próximos quatro anos – com a escolha do próximo prefeito
e vereadores é natural que haja um clima de ansiedade e até preocupação em
relação ao futuro.
De todo modo, a esta altura do período
pré-eleitoral, é preciso ter calma para não se deixar levar por resultados de
pesquisas ou atitudes voluntaristas que em nada contribuem para o bom andamento
do processo democrático.
Tenho reiterado que o nosso principal compromisso é
trabalhar pela construção da unidade das esquerda e uma ação urgente da direção
do PT, para incluir o PC do B e o PSB, ainda no primeiro turno se faz
necessário para que não haja resquícios que sempre terminam contaminando a
militância, sobretudo em uma conjuntura polarizada entre as forças democráticas
e as forças conservadoras.
De um lado, a Frente Conquista Popular, que
representa todos os avanços que esta cidade alcançou nestes últimos vintes
anos; de outro, um governo populista autoritário e reacionário, personificado
por um radialista que achava que poderia governar a terceira maior cidade da
Bahia com um microfone nas mãos.
Em uma quadra tão tumultuada da vida municipal e
nacional e diante da possibilidade concreta de que se configure tal disjuntiva,
é importante ter a consciência de que lançar candidaturas à Prefeito sem que
haja maior preocupação a respeito de sua viabilidade eleitoral e por outro
lado, ignorar as forças que nossos aliados, tanto eleitoralmente como
politicamente e não convidá-los para compor uma chapa que possa representar as
forças no parlamento, seria um erro imperdoável.
Isso pode gerar graves consequências e, via de regra, deixa um
profundo impacto até no relacionamento entre os militantes dos próprios
partidos. É preciso ter cuidado e evitar atropelos. Nesse
sentido, é evidente que as pesquisas de intenção de voto divulgadas a um ano das
eleições pouco ou nada dizem de significativo a não ser a polarização da
sociedade. Tais sondagens revelam pura e simplesmente a fotografia de um
momento ainda incipiente do cenário político e eleitoral, que muito
provavelmente terá uma visão da conjuntura nacional e desta forma, apresentará
nas pesquisas. Esses levantamentos, hoje, trazem apenas o chamado “recall” de
eleições anteriores e representam muito mais o nível de conhecimento dos
candidatos.
Já se sabe ao certo qual é o mote que presidirá a
próxima eleição – não será a busca pelo “novo” ou a reafirmação das estruturas
partidárias mais tradicionais – e, nesse aspecto, é evidente que as pesquisas
tem apontado uma polarização e desta forma, elas se tornam um bom indicativo a
orientar os agentes políticos e a sociedade. Mas este é um dado pontual,
isolado, que não reúne todos os elementos necessários para que corresponda
fidedignamente ao quadro global mais abrangente.
Se observarmos com atenção o que ocorreu na última
eleição em nossos municipais, será possível encontrar inúmeros exemplos de
pesquisas que não decifraram com precisão o cenário que se desenhava. O
fato de alguns candidatos aparecerem nos primeiros lugares na mais recente
pesquisa, para o prefeito de Vitória da Conquista, apenas corrobora que cenário
algum para outubro está definido neste momento.
Em meio a tantas indefinições, é forçoso reconhecer
que outubro está próximo e, ao mesmo tempo, muito longe. Há inúmeras variáveis
em jogo que ainda não se manifestaram. As obras os asfaltos tanto criticados
pelo atual prefeito. Na
Conquista do “faz-de-conta”, que pensava ter acabado com Pedralismo, criava-se
dificuldades para vender facilidades, sempre foi uma prática política entre
oposição e situação, não podemos deixar que este modo de fazer política
retorne. A oposição tem que entender, qual o seu papel e da sua importância
neste momento em que a comunidade conquistense pode ser mais uma vez
enganada. Ela tem que funcionar como fiscalizadora das ações deste
governo que tem demostrado a cada dia, para que veio. Um governo autoritário e
sem compromisso com uma boa administração, se não tiver uma oposição que saiba
dizer não, bem como, dirigentes partidário comprometidos com o reagrupamento da
Frente Conquista Popular, terminaremos se isolando e deixando que o governo
imponha sua pauta impopular e eleitoreira.
Ocorre que o papel dos
dirigentes dos partidos de esquerda é de corrigir os erros que levaram a nossa derrota
em 2016 e não tentar uma carreira solo ou puro sangue, em um momento tão sério
como estamos passando.
A máquina pública segue firme no seu processo de
retomada das obras na véspera da eleição, o que indica que o governo exercerá
certo protagonismo no pleito, ao contrário do que alguns previam.
Independentemente do que venha a acontecer, o mais
importante é unirmos todas as forças democráticas em torno de uma candidatura
competitiva, representativa de um projeto para nossa cidade e de um programa de
governo, e que também impeça uma disjuntiva entre o campo democrático, que
tanto bem faz a Vitória da Conquista. E
para isto, temos que ter responsabilidade nas escolhas da chapa majoritária.
Não podemos cometer erros primário como fizemos na eleição passada, o vice tem
que ter densidade eleitoral e representar uma força política que traduza
verdadeiramente em votos.
Não podemos negar que os políticos são ansiosos por
natureza. Pois, agora, todos nós devemos ter tranquilidade e trabalhar pensando
mais em Vitória da Conquista do que em nossos próprios interesses. Sábio, o
povo fará suas escolhas no momento oportuno. Essa hora ainda não chegou.
Há uma longa estrada para outubro. Tanto melhor se
caminharmos nela com calma, prudência e responsabilidade.
Padre Carlos
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