quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

ARTIGO - Conversa de Gente Grande (Padre Carlos)




Conversa de Gente Grande


A nove meses da eleição que vai definir os rumos do nosso município pelos próximos quatro anos – com a escolha do próximo prefeito e vereadores é natural que haja um clima de ansiedade e até preocupação em relação ao futuro.
De todo modo, a esta altura do período pré-eleitoral, é preciso ter calma para não se deixar levar por resultados de pesquisas ou atitudes voluntaristas que em nada contribuem para o bom andamento do processo democrático.
Tenho reiterado que o nosso principal compromisso é trabalhar pela construção da unidade das esquerda e uma ação urgente da direção do PT, para incluir o PC do B e o PSB, ainda no primeiro turno se faz necessário para que não haja resquícios que sempre terminam contaminando a militância, sobretudo em uma conjuntura polarizada entre as forças democráticas e as forças conservadoras.
De um lado, a Frente Conquista Popular, que representa todos os avanços que esta cidade alcançou nestes últimos vintes anos; de outro, um governo populista autoritário e reacionário, personificado por um radialista que achava que poderia governar a terceira maior cidade da Bahia com um microfone nas mãos.
Em uma quadra tão tumultuada da vida municipal e nacional e diante da possibilidade concreta de que se configure tal disjuntiva, é importante ter a consciência de que lançar candidaturas à Prefeito sem que haja maior preocupação a respeito de sua viabilidade eleitoral e por outro lado, ignorar as forças que nossos aliados, tanto eleitoralmente como politicamente e não convidá-los para compor uma chapa que possa representar as forças no parlamento, seria um erro imperdoável.   
      Isso pode gerar graves consequências e, via de regra, deixa um profundo impacto até no relacionamento entre os militantes dos próprios partidos. É preciso ter cuidado e evitar atropelos. Nesse sentido, é evidente que as pesquisas de intenção de voto divulgadas a um ano das eleições pouco ou nada dizem de significativo a não ser a polarização da sociedade. Tais sondagens revelam pura e simplesmente a fotografia de um momento ainda incipiente do cenário político e eleitoral, que muito provavelmente terá uma visão da conjuntura nacional e desta forma, apresentará nas pesquisas. Esses levantamentos, hoje, trazem apenas o chamado “recall” de eleições anteriores e representam muito mais o nível de conhecimento dos candidatos.
Já se sabe ao certo qual é o mote que presidirá a próxima eleição – não será a busca pelo “novo” ou a reafirmação das estruturas partidárias mais tradicionais – e, nesse aspecto, é evidente que as pesquisas tem apontado uma polarização e desta forma, elas se tornam um bom indicativo a orientar os agentes políticos e a sociedade. Mas este é um dado pontual, isolado, que não reúne todos os elementos necessários para que corresponda fidedignamente ao quadro global mais abrangente.
Se observarmos com atenção o que ocorreu na última eleição em nossos municipais, será possível encontrar inúmeros exemplos de pesquisas que não decifraram com precisão o cenário que se desenhava. O fato de alguns candidatos aparecerem nos primeiros lugares na mais recente pesquisa, para o prefeito de Vitória da Conquista, apenas corrobora que cenário algum para outubro está definido neste momento.
Em meio a tantas indefinições, é forçoso reconhecer que outubro está próximo e, ao mesmo tempo, muito longe. Há inúmeras variáveis em jogo que ainda não se manifestaram. As obras os asfaltos tanto criticados pelo atual prefeito. Na Conquista do “faz-de-conta”, que pensava ter acabado com Pedralismo, criava-se dificuldades para vender facilidades, sempre foi uma prática política entre oposição e situação, não podemos deixar que este modo de fazer política retorne. A oposição tem que entender, qual o seu papel e da sua importância neste momento em que a comunidade conquistense pode ser mais uma vez enganada.  Ela tem que funcionar como fiscalizadora das ações deste governo que tem demostrado a cada dia, para que veio. Um governo autoritário e sem compromisso com uma boa administração, se não tiver uma oposição que saiba dizer não, bem como, dirigentes partidário comprometidos com o reagrupamento da Frente Conquista Popular, terminaremos se isolando e deixando que o governo imponha sua pauta impopular e eleitoreira.
Ocorre que o papel dos dirigentes dos partidos de esquerda é de corrigir os erros que levaram a nossa derrota em 2016 e não tentar uma carreira solo ou puro sangue, em um momento tão sério como estamos passando.
A máquina pública segue firme no seu processo de retomada das obras na véspera da eleição, o que indica que o governo exercerá certo protagonismo no pleito, ao contrário do que alguns previam.
Independentemente do que venha a acontecer, o mais importante é unirmos todas as forças democráticas em torno de uma candidatura competitiva, representativa de um projeto para nossa cidade e de um programa de governo, e que também impeça uma disjuntiva entre o campo democrático, que tanto bem faz a Vitória da Conquista. E para isto, temos que ter responsabilidade nas escolhas da chapa majoritária. Não podemos cometer erros primário como fizemos na eleição passada, o vice tem que ter densidade eleitoral e representar uma força política que traduza verdadeiramente em votos.
Não podemos negar que os políticos são ansiosos por natureza. Pois, agora, todos nós devemos ter tranquilidade e trabalhar pensando mais em Vitória da Conquista do que em nossos próprios interesses. Sábio, o povo fará suas escolhas no momento oportuno. Essa hora ainda não chegou.
Há uma longa estrada para outubro. Tanto melhor se caminharmos nela com calma, prudência e responsabilidade. 


Padre Carlos



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