Nossos pequenos ditadores
Uma das coisas que venho pensando nos últimos tempo e que muitas vezes não damos atenção como esquerda e militante político é a falta da prática de fazer de forma constante uma autocrítica sobre a nossa caminhada.
Os padrões culturais que encontramos nos espaços que se materializam nossa vida é cheio de valores autoritários e estes comportamentos tem tomado grandes proporções nos últimos tempo. A onda conservadora e autoritária que tem varrido o mundo e com grande ênfase no Brasil, tem chamado minha atenção. São Chefes, professores, colegas, amigos e inimigos autoritários e o combate a tais práticas tornam nossa atuação cada vez mais urgente.
Após o lamentável vídeo em que o Ex-secretário da cultura, anuncia um novo projeto do governo federal, utilizando como referência um discurso de Joseph Goebbels, um dos idealizadores do nazismo, pude constatar, que a narrativa conservadora acontece em ondas e dentro de uma cadeia de comando. Este fato, lembrou-me de um texto pouco citado pelos filósofos de esquerda, “Carta sobre o Stalinismo”, de Lukács. Nesta obra, ele identifica o autoritarismo na URSS sob domínio de Stalin a uma espécie de pirâmide, em cujo vértice estava o ditador, e que, alargando-se sempre, na direção da base, compunha-se de “pequenos stalins”, os quais vistos de cima, eram objetos, e vistos de baixo, eram os produtores e mantenedores da pirâmide.
Não demos conta, que os pequenos stalins estavam nas igrejas, nos partidos, nas escolas e universidades à espreita de um líder autoritário para se realizarem. Nas igrejas é constante apresentarem mais elaborado e com ares maniqueístas inquestionáveis. Mas no poder eles se revelam e terminam botando as unhas de fora. Foi assim, recentemente na Secretaria da Cultura. Diante de tantos comportamentos conservadores e autoritário neste governo, o jornal francês Le Monde, um dos mais importantes do mundo, cunhou a expressão "Goebbolsonarista" depois do episódio de Roberto Alvim e indica que há outros nazistas no governo Bolsonaro.
Controlar as instituições do Estado, as universidades, a imprensa e a cultura são sempre intento de autoritários no poder. O pensamento livre é óbice no pensamento de pequenos stalins. Quando se juntam, a humanidade sofre, mas com mais intensidade, sofrem a classe trabalhadora.
O combate ao autoritarismo não pode neste momento deixar de ser a trincheira de luta da defender das minorias, os governos autoritários são a expressão da imposição violenta, quando a política assume abertamente a sua face mais trágica e aterrorizante, o poder legitimado pela força bruta, termina fazendo suas vítimas.
As palavras do pensador húngaro me fizeram entender os personagens da tragédia que se abateu sobre este país; elas mostram que mesmo os sistemas políticos mais opressivos são criações humanas e também se legitimam pela adesão consciente ou passiva.
Padre Carlos
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