sábado, 15 de fevereiro de 2020

ARTIGO - Direito a Sobrevivência (Padre Carlos)



Direito a Sobrevivência 


  
Entender a dinâmica do PT não é tarefa fácil e não pode ser simplificada. A mídia, por exemplo, não entende as forças dentro do Partido, principalmente em Vitória da Conquista, costuma tratar as correntes internas como o grupo do Ex-Prefeito ou do Deputado. Tenta construir a estrutura caciquista de outros partidos brasileiros dentro do PT. As tendências são a representação de que há um processo democrático dentro do partido, onde toda decisão é tratada por todos. Isso faz com que o PT se torne diferente dos demais onde as decisões são tomadas por líderes (caciques). 
O direito de tendência foi criado como uma forma democrática de se estabelecer a disputa interna no partido. Das divergências ente elas, tem-se desde a forma de organização do partido, até a construção de um modelo de sociedade.  
As correntes mostram que o PT é um partido aberto a discussões. Há uma pluralidade de ideias dentro do partido e isso é positivo. Desta forma, as tendências buscam dentro de seus quadros nomes capazes de representá-lo e assim surgem as candidaturas proporcionais dentro do PT. São elas que dão sustentação política as suas correntes de pensamento e formam uma base eleitoral. Porém, gostaria de levantar algumas questões que infelizmente acontece quando uma tendência ocupa uma estrutura de poder regional. Os mandatos, por exemplo. Hoje, os mandatos dos parlamentares, para não falar dos detentores de cargos executivos, têm uma força superior, em muitos casos, às próprias estruturas formais, aos diretórios. Eles dispõem de uma estrutura financeira muito poderosa e de canais privilegiados de intervenção. Desta forma, as Forças que não conseguiram eleger seus quadros ou que não fazem parte do círculo de amizade ou do grupo político do parlamentar ou do executivo, ficam alijado da estrutura de poder.  
   
Os coletivos tem que ser compostos por militantes que não se diferenciam pelo posto que ocupam, mas pela capacidade de elaboração, de trabalho e de  
liderança política. Os parlamentares e gestores do executivo, que por função passaram a controlar instrumentos que manejam recursos financeiros e empregos, não podem estar acima do Partido nem das tendências que representam, criando assim, relações de acomodação, por sobrevivência, entre os indivíduos obedecendo à cultura social tradicional – manda quem pode, obedece quem tem juízo. Com isso, o exercício dinâmico da liderança que de acordo com o debate ou tema fica difícil fluir livremente entre os membros do grupo, sendo desta forma, engessado pelo exercício de “chefia”. 
  
  
Pe. Carlos 
  
   

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