quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

ARTIGO - A imortalidade esta na obra do autor, por isto Nélida Piñon é imortal.

 

 

Viver em função da literatura, viver para a literatura.

 


A morte da escritora Nélida Piñon, reacendeu a necessidade de chamar a atenção da comunidade literária  sobre os verdadeiros critérios para escolha dos imortais da ABL. Infelizmente o sentido que a expressão Popular assobiar e Chupar Cana tem feito muito sentido nas ultimas escolhas dos membros daquela Academia. Ela se refere à ideia de uma pessoa fazer ao mesmo tempo duas coisas impossíveis, isto é, não é possível assobiar enquanto se chupa cana e vice-versa. Quem primeiro chamou a nossa atenção para esta questão foi o compositor Benito de Paula, quando na década de setenta do século passado, alguns jogadores de futebol e atores passaram a gravar musica, ele afirma que: cantor ou compositor, não podem ser ator nem jogador de futebol. Não podemos banalizar a ABL e achar que a imortalidade está somente naquelas cadeiras.

Temos que definir quais os critérios verdadeiros para se ingressar naquela casa. Ultimamente ser representante de conglomerados de comunicações ou ter uma quantidade de discos de ouro tem chamado mais a atenção dos imortais para escolha de seus pares que uma vida dedicada à literatura. Mas hoje não vou me prender a estas questões, quero memorizar esta grande escritora que foi e é referencia para diversas gerações pelo pioneirismo e coragem em abri caminhos para as mulheres de nosso tempo ocupar o métier das letras. A escritora foi à primeira mulher, em 100 anos, a tornar-se presidente da ABL, entre 1996 e 1997 e a primeira à frente de uma academia literária no mundo. Mas para isto, ela teve que Viver em função da literatura, viver para a literatura.

         Autora de mais de 20 livros, entre novelas, contos, literatura infanto-juvenil, ensaios e memórias. Estreou na literatura com o romance Guia-Mapa de Gabriel Arcanjo, lançado em 1961. O seu segundo livro Madeira Feito Cruz saiu dois anos depois, em 1963. Em 1984, lançou uma das suas obras mais marcantes: A República dos Sonhos. A Academia Brasileira de Letras destaca precisamente este romance no seu percurso, uma obra sobre uma família de imigrantes galegos no Brasil, em que “faz reflexões sobre a Galiza, a Espanha e o Brasil”.

Nélida Piñon morreu em Lisboa, no sábado passado, aos 85 anos. Para sempre iremos guardar o exemplo que ela deixou, de mulher lutadora e guerreira que não cai com o primeiro embate e que nunca recua, nem desiste. Sua imortalidade esta na sua obra e exemplo de vida. Descanse em paz minha escritora.


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