quarta-feira, 16 de setembro de 2020

ARTIGO - Um dia deste, vou contar esta história! (Padre Carlos)

 


 

 

Um dia deste, vou contar esta história!

 




 

Sempre fui apaixonado pela arte de escrever. Passo horas viajando por textos e palavras, na busca de uma metáfora que possa traduzir meus sentimentos ou a dor e as alegrias daqueles que não tem voz e com elas vou caminhando sem rumo pelo espaço em torno de frases imaginárias contando do concreto e do abstrato por onde passo. E, assim vagando nesta vida, transmito minhas ideias e os meus sentimentos. Como diz o poeta: “Peregrino nas estradas de um mundo desigual”. E nesta peregrinação, vou fazendo da pena a minha espada contando histórias de vidas e andanças, de pessoas, de fatos e coisas, de mágoas e sorrisos, de encontros e encantos e de desencontros e desencantos que já passei nesta vida.


Um dia deste, vou contar uma história especial perdida no tempo. Uma história muito linda. Uma história de amor que não se acabou quando uma das pobres almas que fizeram parte deste enredo sumiu na distância do tempo. Aquele final de tarde escurecia lentamente, num crepúsculo que jamais vira em sua vida. E, pondo-se o sol, a estrela que tantas vezes, do alto da Bahia de todos os Santos, juntos haviam visto, apareceu. Bela e radiante Vênus lá estava a brilhar como se fosse o seu amor a lhe dar adeus com os seus últimos raios se pondo atrás das ilhas.

Durante anos, aquela pobre criatura vagou sem sentir o afago daquela mão ao lado.  Nunca mais ouviu as doces palavras de amor que por tantos anos lhe serviram de canção. E as lágrimas brotaram. De início, lentas. Depois, aos borbotões. Escondido e encolhido em seu quarto, o amor, em incoercíveis soluços, explodiu…

Como aqueles pedaços de papéis cheios de rabiscos poderia lhe devolver a vida?  Nem parece que  se passaram dois anos desde a sua partida. Difícil escrever sobre algo em especial quando o pensamento apenas se volta para outras esferas, para as saudades que não são suas, para as coisas não vividas por você. Mesmo assim, se sente responsável por não deixar este amor ser esquecido no tempo e não permitir que estas pobres almas sejam vítimas da intolerância de um amor que se findou.


Mas a saudade que ela sente é um sentimento tão grande, tão impregnada em mim que posso sentir sua presença, não sei como um personagem pode ser tão real. Acredito que esta protagonista permanecerá ainda por muito tempo povoando meu imaginário e estará aqui dentro, no meu âmago, murmurando suas palavras em meus escritos ímpares.

Quando minha caneta passa escrever sobre estas pobres almas, sinto suas   dores e suas saudades como se os papéis que estou escrevendo estivessem molhados de lágrimas salgadas de sentimentos. Palavras assim tão doloridas que jamais imaginava que existissem nesta vida.

Um dia deste, vou contar esta história!

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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