segunda-feira, 1 de novembro de 2021

 

Mergulhe de cabeça no agora

 


Antes de entrar no seminário, passei um ano com os monges de Taizé e durante este período pude aprender como o tempo é contado e vivido de forma diferente deste que conhecemos.  Certa vez o Irmão Michel me disse que as crianças são felizes sem saber. Durante muitos anos fiquei com aquela frase na cabeça e só muita tempo depois passeia a entender o que aquele monge queria me dizer. Talvez seja exatamente essa ignorância que lhes permite alcançar a felicidade. Só são assim porque não sabem o que é felicidade, caso contrário passariam a pensar que aqueles momentos não iriam durar para sempre, e isto impediriam de aproveitar realmente.


É precisamente isso que acontece quando crescemos um pouco. Se por acaso percebemos que estamos felizes, lembramo-nos que aquela fonte de felicidade uma hora vai secar, e uma enorme tristeza abate-se em nós. A solução é transformar essa certeza em combustível para prolongar ao máximo enquanto podemos.

Esse é o grande problema da maioria das pessoas: viver com o desejo de que tudo o que proporciona prazer seja infinito. Lamento, não é. Na verdade, tudo é temporário, o que por um lado é um sinal de esperança, pois significa que o mal e a dor também acabarão passando. Andar constantemente com os olhos no futuro, preocupados com a duração dos acontecimentos, impossibilita-nos de ver o que está à nossa frente. Viver o momento, o agora, o presente. Viva este dia com todas as suas emoções, sentimentos, surpresas e oportunidades que Deus lhe oferece neste momento da sua vida. Viver o hoje com intensidade, porque o amanhã acontecerá naturalmente. A vida não pode ser adiada, no máximo, deixe-a em "standby" Agradeça o momento, sempre!

Se tivéssemos consciência de que as coisas não precisam ser eternas para terem valor, se aceitássemos que tudo na vida é constituído por momentos, por pequenos e finitos “para sempre”, e por pessoas com início e fim, viveríamos mais leves e menos ansiosos. Não sofreríamos tanto por antecipação e a dor do fim poderia transformar-se num “estou contente que tenha acontecido”. Em vez de chorarmos mortes, celebraríamos vidas.


Quando algo muito bom está prestes a acabar parece o fim do mundo, mas é só uma despedida que vai deixar espaço para que um novo começo brote. Porque, mesmo quando uma fonte seca, a imensidão do oceano traz sempre um novo nascedouro de novas maneiras de sermos felizes. Mergulhemos de cabeça no agora.

 

 

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