quarta-feira, 3 de novembro de 2021

ARTIGO - A pós-moderna é líquida (Padre Carlos)

 

O que será das futuras gerações?

 


Como professor de filosofia, não posso deixar de chamar a atenção dos leitores para esta nova ordem: a sociedade pós-moderna é líquida, já diz a sociologia. Era ontem e não é hoje, é hoje e não será amanhã. O modelo da sociedade é pastoso, movediço, sem forma, em constante movimento. Nada a orienta nada a prende nada a solta.

 


São estes novos valores que estão fazendo nossa sociedade adoecer. Ela é fruto das nossas patologias que se formam como uma neurose coletiva. Pior disso tudo é ter consciência que os homens que poderiam e deveriam nos curar, também estão doentes, aqueles que deveriam agir com lucidez, para saímos desta ciranda de dor, estão mais envolvidos que nós. Diante disso, a sociedade termina perdendo a esperança, fruto da falta de visão dos seus lideres e da falta de perspectiva de um país mais justo.

O Pior disso tudo, a desesperança e a incerteza de um futuro, pois não há mais nada em que se possa sustentar como patriótico e parcial. A sociedade está enlouquecida, fruto da insanidade das pessoas que criaram o caus. com suas próprias mãos. Pior, não existe bom senso, pois só vale a vontade dos mais fortes na selva de pedra.

O subjetivismo sobre os valores coletivos, do desperdício e da ostentação como forma de agredir, do ter sobre o ser, do insulto das classes dominantes sobre os pobres, enfim, do eu sobre todos, tornou-se a regra central desta nova ordem verde e amarela, pela qual as pessoas hoje se guiam.

O meu Deus, a minha liberdade, a minha vontade, o meu desejo, o meu prazer, tudo em nível individual, são os deuses vorazes a serem incessantemente servidos.

Assistimos a tudo de braços cruzados
até parece que nem somos nós os prejudicados.
Assim, a ignorância vai oprimindo a sabedoria, a força e a mentira superam o direito, a violência alavanca o terror, o demônio vence a deus. Por todos os lados ouvem-se gritos dos que ordenam e lamentos dos que obedecem por todos os lugares as maldades eclodem satisfazendo os injustos, por todos os momentos os honestos e inocentes se apequenam pela impotência de reagirem. O que me dói mais é ver o pensamento cristão ser violado e a nossa crença ser desrespeitada, a fé do povo simples ser questionada, a amizade e o companheirismo serem ultrajada e o verdadeiro amor ser traído.


Como posso apagar da minha memória todos aqueles que tombaram. Não posso apagar o passado de uma geração, nem esquecer o presente. Para esta gente, o futuro é descartado. A história é desaprendida, a vida é jogada, o amanhã é incerto. O descompromisso é permanente, o trabalho é temporário, o resultado é indiferente. A riqueza é exaltada, a pobreza é condenada. O rico é bajulado, o pobre é espezinhado. O jovem é enaltecido, o velho é desprezado.

Está sem rumo, como um barco à deriva num mar de tempestade. Aí, fico aqui a pensar com meus botões: o que será das futuras gerações?

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