quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

ARTIGO - Só eleição pode salvar nossa frágil democracia (Padre Carlos)

 


 O tesouro que chamamos de democracia.

 


Como professor de filosofia tenho convicção que estamos ficando sem grandes opções para os próximos embates. Não podemos nos prender no passado, temos que entender que nossas lideranças não são imortais e apesar da força destes ícones, a esquerda precisa se renovar para sobreviver na nova era política. 

Desta forma fiquei me perguntando hoje, porque ainda continuo votando? Eu voto, não porque veja um candidato que me enche os olhos e represente o futuro e o novo para a esquerda e o centro. Mas porque amo o Brasil e o seu futuro. Aprecio muito a democracia brasileira. Foram com estes questionamentos que as palavras de Platão chegaram aos meus ouvidos «Uma das desvantagens de não participar da Política é ser governado pelos corruptos e incompetentes ».

Nos últimos dias venho pensando como será fundamental cada voto nesta eleição, são eles que decidirão o futuro das novas gerações e estarão relacionados com o país que deixaremos para os nossos filhos. Durante séculos e séculos muitos dos nossos antepassados por esse mundo não tiveram voz no governo do seu País. Em muitos países isso ainda hoje acontece como se fosse uma questão corriqueira. Em outros, as eleições ocorrem, mas com resultados determinados desde o início. Eleições livres são como vasos de cristal, algo muito frágil. A história é a maior professora que temos, por isto, entendemos porque a democracias da antiguidade em Roma e Atenas caíram. Hoje em dia alguns cientistas políticos passaram a levantar a tese que a Democracia poderá não ser a melhor forma de governo, apontando o exemplo da China e de outros governos asiáticos.

Os jovens de hoje não entendem, mas este tesouro frágil que chamamos de democracia, custou caro aos nossos antepassados. Muito sangue foi derramado, muitas perseguições e sonhos perdidos e demasiadas famílias destroçadas. Será que merecemos este bem que herdamos?  Será que valeu a pena?

Não faltam exemplos de problemas nas democracias ocidentais. Incompetência, corrupção, demagogia e tirania da direita e da esquerda nos aparelhos partidários… Há sem duvida um custo muito alto para aceitar uma democracia. Mas qualquer instituição humana tem falhas. Não há humanos perfeitos e isso se aplica para qualquer organização humana. A democracia assegura que regularmente todo o poder, volta às mãos dos eleitores para ratificarem qual o melhor caminho que deveremos percorrer nos próximos quatro anos. Isso leva a correções de rumo regularmente. Como nos lembra certo escritor norte-americano, os políticos, tal como as fraldas, precisa de ser mudados com frequência. Sem o voto e a participação popular, isso se tornaria muito difícil, especialmente com políticos e líderes de caráter forte e carismático.

Muitas vezes esquecemos as vantagens e benefícios de vivermos em uma democracia. Segurança, saúde, liberdade, participação cívica, confiança nas instituições. É como o oxigénio que respiramos, só dá importância a ele, quando deixamos de ter acesso. Só pensamos nessas vantagens da democracia como regime político, quando nos faltam. Seria um grande erro pensar que as teremos sempre. Por isto, precisamos defendê-la como se protege uma criança indefesa. Viva a nossa democracia!

 

 

 

 


Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...