terça-feira, 25 de abril de 2023

ARTIGO - A luta pela dignidade dos que sofrem com transtornos mentais no Brasil. (Padre Carlos)

 


Uma homenagem aos pioneiros  do Movimento Antimanicomial

 


No Brasil, a história dos cuidados em saúde mental é marcada por violências, abusos e exclusão social. Durante décadas, as pessoas com transtornos mentais foram internadas em hospitais psiquiátricos que funcionavam como verdadeiros depósitos de seres humanos, onde eram submetidas a condições sub-humanas, tratamentos violentos e mortes sem investigação. Estima-se que pelo menos 60 mil pessoas morreram nessas instituições, muitas vezes sem identificação ou registro.

 

Diante desse cenário de horror, surgiu um movimento social que lutou pelos direitos das pessoas em sofrimento mental e pelo fim da lógica manicomial nos cuidados em saúde. Esse movimento ficou conhecido como Movimento Antimanicomial ou Luta Antimanicomial, e foi impulsionado por profissionais, familiares, usuários e militantes que denunciaram as atrocidades cometidas nos manicômios e propuseram novas formas de atenção baseadas na cidadania, na liberdade e na inclusão social.

 

O Movimento Antimanicomial foi o principal responsável pela reforma psiquiátrica brasileira, que começou nos anos 70 e se consolidou com a lei 10.216 de 2001, que estabeleceu os princípios da desinstitucionalização, da reabilitação psicossocial e da rede de serviços substitutivos ao modelo hospitalocêntrico. A reforma psiquiátrica brasileira é considerada uma das mais avançadas do mundo e um exemplo de luta pelos direitos humanos.

 

Neste artigo, queremos resgatar a memória da Dra. Zélia Serra que teve como arena desta luta a Capital Federal, também gostaríamos de resgatar a memória de todas as pessoas que foram vítimas do sistema manicomial e dos inúmeros militantes que se engajaram na luta pela transformação desse sistema. Queremos homenagear os que resistiram os que sonharam e os que construíram uma nova realidade para a saúde mental no Brasil. Queremos também reafirmar o compromisso com a defesa da vida, da liberdade e da dignidade das pessoas em sofrimento mental, que ainda enfrentam muitos desafios e ameaças em nossa sociedade.

Zélia é uma figura marcante na história da luta pela aprendizagem dos pacientes com transtorno mental. Seu legado é uma inspiração para muitos, e seu nome é lembrado como alguém que desenvolveu sua vida para melhorar a vida das pessoas que enfrentam desafios de saúde mental. Através de seu trabalho incansável e compromisso com a causa, Zélia conquistou uma posição de destaque na história, e seu impacto positivo continua a ser lembrado e celebrado.

Zélia foi uma defensora incansável dos direitos dos pacientes com transtorno mental, trabalhando arduamente para promover a compreensão, aceitação e inclusão dessas pessoas na sociedade. Ela lutou contra o estigma associado aos transtornos ansiosos, trabalhando para garantir que os pacientes fossem tratados com respeito, dignidade e igualdade.

Seu legado é evidente em muitos aspectos do campo da saúde mental, incluindo o acesso a tratamento compatível, a promoção de políticas de saúde mental toleradas em evidência, a defesa dos direitos dos pacientes e a educação pública sobre os desafios enfrentados pelas pessoas com transtornos mentais. O trabalho de Zélia Serra também ajudou a promover a importância do cuidado holístico e compassivo para os pacientes, destacando a necessidade de uma abordagem integrada e centrada na pessoa no tratamento de transtornos mentais.

Mesmo após sua morte, o legado de Zélia Serra continua vivo, servindo como uma inspiração para aqueles que continuaram lutando pela aprendizagem dos pacientes com transtorno mental. Sua coragem, dedicação e perseverança são lembradas e celebradas como um exemplo de como um indivíduo pode fazer uma diferença significativa na vida de muitos. Enquanto existe a história da luta pela despertada dos pacientes com transtorno mental, o nome de Zélia Serra continua sendo lembrado e honrado como uma verdadeira defensora e líder nessa causa.

Como disse a Dra. Zélia, uma das pioneiras da reforma antimanicomial de Brasília e  do Brasil: "Quando a utopia é o combustível que nos impulsiona para vida, não existe fronteira para os nossos sonhos". Que essa utopia continue nos inspirando a lutar por uma saúde mental democrática, humanizada e emancipatória.

 

Padre Carlos


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