sexta-feira, 14 de abril de 2023

ARTIGO - Peregrinações da Alma: Questionando a Sociedade e Abraçando o Sagrado na Busca da Verdade. (Padre Carlos)

 


Confissões de um padre

 


Quando entrei para o seminário tinha os olhos voltados para o horizonte e o coração inquietos, buscava nas entranhas da vida um sentido mais profundo, uma conexão com o sagrado que transcendesse  as convenções sociais. A inquietação que me trouxe a Vitória da Conquista me impelia a explorar as mais diversas fontes, mergulhar nas águas turvas da religião, na reflexão profunda da filosofia e na linguagem catártica da poesia. A espiritualidade se tornou o farol que me guiava nessa jornada de busca, desafiando-me a transcender as aparências e questionar as verdades tidas como absolutas.

Na religião, encontrei ritos e dogmas que me embalavam em uma sensação de conforto e pertencimento. Mas, também enxerguei as contradições, as dualidades que se escondiam por trás das fachadas imponentes. Percebi que muitas vezes a fé era usada como moeda de troca, uma forma de controle social, impondo normas e crenças que aprisionavam a liberdade da alma. As máscaras religiosas caíram diante dos meus olhos atentos, revelando uma verdade mais complexa e profunda.

Foi na filosofia que encontrei um terreno fértil para minha inquietação. As reflexões abstratas e os questionamentos sobre a existência me levaram a mergulhar nas reflexões do pensamento humano. Percebi que a busca pela verdade era uma jornada solitária, uma caminhada em meio às reflexões e ambiguidades da condição humana. As filosofias se entrelaçaram em uma dança de dualidades, onde o ser e o nada, o bem e o mal, o finito e o infinito se entrelaçaram em uma complexa teia de significados.

Mas foi na poesia que encontrei uma linguagem que transcendeu as limitações do pensamento lógico, uma forma de expressão que evocava o sublime e o sagrado de forma visceral. As palavras se tornaram notas em uma sinfonia de sentidos, criando imagens que desafiavam a mente e tocavam a alma. A poesia me convidava a mergulhar nas fechaduras da minha própria essência, a explorar as emoções e os sentimentos que habitavam em mim, muitas vezes esquecidos nas convenções sociais e nas expectativas impostas.

Foi assim que a espiritualidade se tornou para mim uma busca constante, uma jornada em busca de um sentido mais profundo na vida. Uma busca que me convidava a questionar as aparências e enxergar além do véu das convenções. Uma busca que me confrontava com minhas próprias dualidades, minhas contradições internas, e me convidava a integrar os opostos em uma dança harmoniosa. A espiritualidade se tornou um convite para olhar para dentro de mim, para encontrar o divino que habita em meu ser.

E assim, em meio a essa jornada, me vi questionando as convenções sociais que me cercavam. Percebi que muitas das normas e expectativas impostas pela sociedade eram apenas ilusões, camuflagens que escondiam a verdadeira natureza do ser humano.

 

 


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