Durante algumas décadas de militância política e de alguns anos de formação acadêmica, confesso aos senhores que nunca tinha lido ou tomado conhecimento de uma abordagem tão direta e honesta como esta que o compositor Tim Maia expressou: “Um país onde traficante é viciado, prostituta se apaixona, cafetão tem ciúmes e pobre é de direita não pode mesmo vir a dar certo”. Quem sabe estes não foram os verdadeiros motivos da sociedade brasileira não ter dado certo como projeto político?
Esse país é uma onda mesmo. Tem pobre que se diz classe média; Tem classe média que se diz rica. Pense numa muvuca desta! Antes do Impeachment da Presidente Dilma, um conceituado jornal do Estado de São Paulo levantou os seguintes dados: Um terço dos brasileiros que pertence à classe alta se considera pobre. E quase a metade daqueles que têm menor poder de consumo e renda (classes C e D) acham que são brasileiros de classe média. Além disso, tinha aumentado o número de pessoas, entre os vários estratos sociais, que acreditavam que estavam num situação financeira mais estável e que tinha melhorado de vida.
Seria cômico se não fosse trágico. A gente ri chora e se arrepende dos nossos próprios erros. E um dele foi não ter politizado as conquistas sócias. Deixamos o pobre de direita acreditar nas mentiras do Estado mínimo, na meritocracia, no individualismo, na competição etc. provenientes da ideologia liberal que pregava essas mentiras como contraponto do sucesso que foi os governos petistas. Sabíamos que este adestramento pela ideologia liberal se encontrava a anos presentes no inconsciente da população pobre deste país.
O pobre de direita não tem consciência de classe, assim ele age de maneira condicionada. Age já por reflexo condicionado, como os cães de Pavlov, em relação a todo e qualquer problema complexo histórico e social. Hannah Arendt escreveu em “Origens do Totalitarismo — Antissemitismo, imperialismo, totalitarismo”: A aliança entre a ralé e o capital está na gênese de toda política imperialista. Essa sua obra deixa explícita a promiscuidade existente entre o que ele chama de ralé se referindo àqueles que são excluídos pela sociedade burguesa/capitalista e o poder. É assim que vejo nosso governo hoje e seus fiéis apoiadores e também com a ralé, segundo Hannah Arendt, que apoia a ambos. Ficam na ilusão que chegarão a algum lugar e/ou serão beneficiados por políticas que só satisfazem às elites.
O problema é que o pobre de direita não se vê pobre, não sabe que é ralé, não se acredita ralé. Esta massa deixa-se manipular, habilmente iludida e fortemente explorada. O novo componente no cenário político e responsável em grande parte por esta situação são os religiosos, estes que deveriam lutar contra esta estrutura de poder, terminam vendendo suas ovelhas. Parafraseando Jung, acredito que o pobre de direita enquanto não tomar consciência da sua situação de manipulado e explorado, o seu inconsciente permanecerá dirigindo suas vidas e eles chamarão o triste mal que se abaterá sobre eles em destino.
“ Que Deus tenha misericórdia desta nação”.
Padre Carlos
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