Há oito anos chamava a atenção para este perigo.
Quando
decidi há oito anos escrever este breve artigo, estava sob forte impacto de
dois sentimentos: a urgência e a indignação. Naquela oportunidade, me sentir
como alguém que foi chamado pela história a tocar a rebate. Não fui o primeiro
e espero não ser o ultimo a abordar este assunto. Enquanto fazia uma abordagem
dos últimos acontecimentos na primeira metade da década passada na Europa,
o ninho esta sendo preparado no continente americano.
Uma das
coisas que tem chamado minha atenção nos últimos meses é o crescimento súbito
da extrema-direita em toda a Europa. Como militante e educador com formação
filosófica, não poderia deixar de abordar e partilhar este assunto. A onda que
assola quase todo o antigo continente me surpreendeu e acredito que deixou os
cientistas políticos numa situação um pouco incômoda, para explicar este
crescimento da ultradireita, considerando que os espectros da 2ª Guerra Mundial
e do totalitarismo ainda estão frescos na memória histórica de praticamente
todas as sociedades européias. Podemos perceber que está crescendo na Europa um
forte sentimento contra os imigrantes e, especialmente, uma enorme desconfiança
em relação aos muçulmanos. Os partidos que difundem idéias xenófobas, anti-imigração
e anti-islamitas estão se fortalecendo e exportando para fora dos seus terrenos
tradicionais a França, Itália e Áustria e conquistando países tradicionalmente
mais liberais como a Holanda ou a Escandinávia, chegando agora significativas
representações parlamentares nesses países. O medo bem como o fator sombra tem
sido a grande ferramenta política neste fenômeno de crescimento. Estes
elementos, embora seja abordagem psicológica, é de extrema importância para o
cientista político, entender tal fenômeno.
Depois
de anos de crise econômica, aumento do desemprego e crescimento da pobreza,
muitos europeus têm questionado sobre a integração cada vez mais estreita da EU
e esperam com o resultado da eleição uma mudança de paradigma, isto é, um
verdadeiro milagre.
A
presença de imigrantes em proporções importantes, nos grades países
industriais, suscita- quando o desemprego torna-se endêmicas – reações de
intolerância e ódio bem próximas da fobia. Turcos na Alemanha, indonésios nos
Países Baixos, indianos e paquistaneses na Grã-Bretanha, argelianos na França:
o ódio pelo outro não tem escrúpulo. Desde já, as reações xenófobas na Alemanha
atingiram um grau de violência que podem ser comparadas aos pogroms anti-semitas
das piores épocas. Não sabemos como enfrentar o vento de ódio e irracionalismo
que se levantou.
Segundo
Jung, quando projetamos nosso próprio lado sombra sobre outra pessoa,
tornamo-nos incapazes de vê-las como seres humanos comuns com características
boas e más. Hitler compreendia tudo isso por instinto. E, por essa razão,
incentivou a projeção de todo mal, de tudo que fosse mesquinho e não heróico,
sobre os judeus, que ele representou como a incorporação de tudo o que era
instável e não alemão.
Como
podemos perceber, este é o discurso da extrema-direita. Jean Marine Le Pen
alcançou 25% dos votos dos franceses com uma plataforma política tendo como
solução para o fim da imigração a aplicação do vírus africano Ebola.
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